Por que nossa tradição judaica conservou no nosso calendário a festa de Tu Bishvat, também designada por “Rosh Hashaná das árvores”? Nossos mestres nos respondem que o que faz a importância desta data é sobretudo o exemplo que a árvore nos inspira.

Por que nossa tradição judaica conservou no nosso calendário a festa de Tu Bishvat, também designada por “Rosh Hashaná das árvores”? Nossos mestres nos respondem que o que faz a importância desta data é sobretudo o exemplo que a árvore nos inspira.

Três partes compõem uma árvore: raízes, tronco e frutos. E assim também é o homem.

Raízes

Ninguém as vê. Estão escondidas sob a terra, mas paradoxo estranho, é destas que a árvore tirará toda sua força e vitalidade. Quanto mais fortes forem, mais forte será a árvore, sem que nenhum vento poderá arrancá-la da terra.

Para um judeu, a existência se baseia no mesmo princípio. As raízes são a fé que o liga a D’us e lhe dá forças para viver. Esta fé não é dominada pelo intelecto. Como as raízes, está embutida na consciência judaica e é a expressão mais sublime da sua união com D’us. É o que explica e ensina o Tanya (livro de base da tradição chassídica, escrito pelo Rabi Shneor Zalman de Liady): mesmo os judeus que praticamente nunca estudaram, estão prontos para oferecer sua vida em sacrifício, em vez de se converter. Nenhum estudo justifica seu gesto. Só a fé os leva a agir assim. E, como a árvore de raízes sólidas, nossa história está sempre viva, porque a fé de nossos pais está viva.

Tronco

É o que simboliza, para um judeu, a Torá e a prática das mitzvot, que devem ocupar a maior parte de sua existência. É através destas, como um tronco que é parte evidente da árvore, que o judeu pode se impor e se definir.

Frutos

No entanto, a plenitude de uma árvore só será atingida quando começar a dar frutos. Para que serviriam as raízes profundas e um tronco imponente, se nada vivo saísse dos mesmos? É pelos frutos que vemos se a árvore está realmente viva. Nossa vida judaica também deve seguir este exemplo. Não podemos nos contentar com um judaísmo cuja mera preocupação seja nossa própria pessoa. Como a árvore, devemos produzir frutos, isto é, influenciar as pessoas a nossa volta, quer estejam distantes ou próximas, para que o judaísmo que as compõe também se transforme em árvores sólidas, com futuro promissor.