Tishá b’Av, o nono dia do mês judaico de Menachem Av, é a data mais triste do calendário judaico. Nessa data caíram tanto o primeiro como o segundo Templos Sagrados de Jerusalém, além de ocorrerem outros eventos dolorosos para o Povo Judeu e para o restante da humanidade.
Entretanto, menos de uma semana depois, há outra data importante em nosso calendário: Tu b’Av, o 15º dia do mês de Av. Enquanto Tishá b’Av é o dia mais triste do calendário judaico, o dia 15 de Av é um dos mais felizes.
Dizem nossos Sábios: “Não há dias tão festivos para o Povo Judeu quanto 15 de Av e Yom Kipur”, pois não há alegria maior do que ter o perdão por seus pecados, em Yom Kipur, e, em Tu b’Av, a alegria pelos sete acontecimentos positivos que ocorreram nesse dia.
Entre esses, a celebração, na Antiga Israel, em que as moças solteiras saíam para dançar nos vinhedos, cantando: “Jovens, levantem os olhos e busquem a quem escolher como suas companheiras”. E os rapazes solteiros acorriam aos campos para escolher a sua pretendida. Como não há ocasião judaica mais feliz do que um casamento, o dia 15 de Av foi considerado um dos dias mais felizes do ano.
Tishá b’Av simboliza a queda do Templo Sagrado e a destruição de Jerusalém, com a morte de grande número de judeus nas guerras contra Roma. Tu b’Av, por outro lado, celebra casamentos judaicos. Enquanto o tema do dia 9 de Av é a destruição, o do dia 15 é a união para formar novas famílias, garantindo assim a continuidade do Povo Judeu.
O fato dessas duas datas tão significativas serem tão próximas transmite uma lição: nunca devemos perder a esperança, porque a escuridão é sempre seguida de luz e a salvação pode vir em um piscar de olhos. Da profunda tristeza de Tishá b’Av, o Povo Judeu se ergue e, pouco depois, comemora um dos dias mais felizes do ano.
O dia 15 de Av nos lembra, ano após ano, que não importa quão difícil seja a situação de uma pessoa, sua vida pode mudar por completo. Este mundo, ensina o Talmud, é uma grande roda gigante. Mesmo quem se encontra à beira de um “precipício” pode ser alçado repentinamente, às “maiores alturas”. Isto é verdade tanto para indivíduos quanto para uma nação ou, até mesmo, para o mundo todo. De fato, alguns dos maiores milagres de nossa história aconteceram após os períodos mais difíceis e dolorosos. Nossa libertação do Egito ocorreu logo após a escravidão e opressão egípcia. Da mesma forma, o Estado de Israel foi fundado pouco após o Holocausto.
Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz, escreveu que sua geração era a de Jó e Jerusalém. Ele vivenciou a destruição orquestrada pelo Nazismo e esteve presente tanto nos campos de extermínio quanto no dia em que Israel reunificou Jerusalém e o Kotel voltou para nossas mãos. Sua geração viveu o momento mais sombrio da História Judaica, mas apenas alguns anos depois, presenciou milagres pelos quais orávamos há quase dois mil anos.
O fato de Tu b’Av ocorrer poucos dias após Tishá b’Av não significa que a alegria de uma data anule a tristeza da outra. Os grandes triunfos do Povo Judeu não apagam suas tragédias. Jejuamos e lamentamos em Tishá b’Av, embora um dos dias mais felizes do ano ocorra menos de uma semana mais tarde, e continuamos a lamentar os quase sete milhões de judeus assassinados no Holocausto, apesar do retorno do nosso povo à Terra de Israel e a Jerusalém. Tu b’Av, portanto, nos ensina que nunca devemos perder a esperança, porque não importa quão longa ou escura seja a noite, ela sempre será seguida do amanhecer.
Mesmo durante nossos momentos mais sombrios, nunca perdemos a esperança, porque nosso próprio calendário nos ensina que a salvação é sempre iminente, ou seja, podemos dormir chorando, mas haverá risos pela manhã (Salmos 30:5). Entre as inúmeras contribuições inestimáveis que o Povo Judeu deu ​​ao mundo, uma delas é a crença inabalável em que o amanhã será melhor do que o hoje e que, por mais difíceis que sejam as circunstâncias atuais, venceremos e triunfaremos, sempre!
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