As Três Semanas entre o 17º dia do mês de Tamuz e o nono de Menachem Av, conhecidas como Bein Hametzarim (denominação traduzida como “entre os lugares estreitos”), constituem um período anual de luto no qual lamentamos o rompimento das muralhas de Jerusalém, bem como a subsequente destruição tanto do Primeiro quanto do Segundo Templo Sagrado.

Essa expressão na língua hebraica evoca a sensação de estar em um local estreito ou apertado, reflexo das dificuldades e tragédias que nosso povo vivenciou repetidas vezes, justamente nessa época do ano ao longo dos milênios. Durante as Três Semanas, judeus de todo o mundo lamentam o aniquilamento do Beit HaMikdash – o Templo Sagrado –, cuja queda representa a perda da soberania dos Filhos de Israel sobre sua terra ancestral, a destruição de sua capital e a expulsão de um grande número deles de sua pátria pelas nações conquistadoras.

As Três Semanas começam em 17 de Tamuz, um dia de jejum que relembra o rompimento das muralhas de Jerusalém pelos babilônios e, séculos mais tarde, novamente pelos romanos. Entre o fim desse mês e o início do seguinte, intensificam-se as práticas de luto. Esse período desfavorável no calendário judaico culmina em Tishá b’Av, 9 de Av, quando também jejuamos, porém por mais tempo, e observamos mais proibições que no começo de Bein Hametzarim. A data que marca o fim da rememoração, Tishá b’Av, é a da queda de ambos os Templos Sagrados. Para os Filhos de Israel, é o dia mais triste do ano, no qual ocorreram várias das grandes catástrofes de sua História.

O jejum de 17 de Tamuz é um dos quatro mais curtos do calendário judaico: nada comemos e bebemos do amanhecer ao anoitecer. Já o de Tishá b’Av, assim como o de Yom Kipur, é mais longo: estende-se do pôr do sol de um dia ao anoitecer do dia seguinte. Nas duas datas, abstemo-nos, por mais de 24 horas, não só de alimentos e bebidas, mas também de outros prazeres como lavar-se, aplicar loções ou cremes, usar sapatos de couro e ter relações conjugais.

O 17º dia de Tamuz

Segundo o Talmud, nessa data, Shivá Assar b’Tamuz, nossos antepassados vivenciaram cinco acontecimentos trágicos, além de outros tantos no nono dia do mês de Menachem Av, Tishá b’Av.

O primeiro evento calamitoso de 17 de Tamuz é narrado no segundo livro da Torá, Shemot (Êxodo), na porção de Ki Tissa. Nessa data, Moshé desceu do Monte Sinai após lá passar 40 dias e 40 noites, período no qual D’us lhe ensinou Sua Lei e lhe deu as Tábuas com os Dez Mandamentos. Após retornar ao acampamento dos judeus e testemunhar a adoração do Bezerro de Ouro por eles, Moshé quebrou as Tábuas confeccionadas pelo Altíssimo. O pecado da idolatria e a consequente destruição das Tábuas da Lei foi um dos incidentes mais graves de nossa História. Ademais, marcou o 17 de Tamuz como um precedente de futuros acontecimentos trágicos para o Povo de Israel.

Foi durante a era do Primeiro Templo Sagrado que nossos antepassados vivenciaram uma segunda grande tragédia nesse mesmo dia. Com o cerco dos babilônios a Jerusalém, tornou-se impossível oferecer os sacrifícios diários conhecidos como Tamid, essenciais para os serviços realizados no Templo, além de fonte contínua de bênçãos e proteção. Sem esses rituais,houve uma profunda interrupção das práticas espirituais do Povo Judeu, um prelúdio da destruição do Beit HaMikdash.

A terceira catástrofe ocorrida em 17 de Tamuz foi o rompimento das muralhas de Jerusalém. No ano de 70 E.C., os romanos conseguiram adentrar a Cidade Sagrada, prenúncio da queda do Segundo Templo três semanas depois, em Tishá b’Av. De acordo com o Talmud de Jerusalém (Talmud Yerushalmi), foi naquela mesma data, mas em 423 a.E.C., que os babilônios irromperam pelas muralhas de Jerusalém a caminho de arrasar o Primeiro Beit HaMikdash, que, assim como o Segundo, caiu em Tishá b’Av. Essa repetição de acontecimentos calamitosos nas mesmas datas destaca a importância do 17º dia de Tamuz e o trágico padrão histórico a ele associado.

A quarta ocorrência catastrófica foi a queima da Torá por Apostomos, identificado pelo Meiri (Rabino Menachem ben Shlomo Meiri) como um militar grego que viveu na Terra de Israel durante a ocupação sírio-grega, na era do Segundo Templo. Conforme se acredita, Apostomos destruiu o rolo da Torá transcrito por Ezra HaSofer e mantido no Pátio do Santuário. Já que se tratava da cópia mais digna de crédito dos Cinco Livros da Torá e, como tal, era usada para verificar a precisão de outras, sua perda representa uma tragédia profunda com amplas repercussões.

O quinto acontecimento calamitoso ocorrido em 17 de Tamuz foi a colocação, também por Apostomos, de um ídolo no Santo dos Santos, uma profunda afronta ao local mais sagrado da Terra, no qual habitava a Shechiná, a Presença Divina. Isso não só profanou o Beit HaMikdash, mas também configurou um ataque espiritual ao Povo Judeu. Esse sacrilégio foi profundamente traumático para os Filhos de Israel, pois a idolatria, o pecado capital do Judaísmo, constitui a negação de toda a Torá.

O nono dia de Av

Foram mais graves que aqueles acima descritos os cinco acontecimentos trágicos para o nosso povo, os quais, segundo o Talmud, ocorreram em Tishá b’Av. Cabe ressaltar que, assim como as Três Semanas iniciadas em 17 de Tamuz culminam em 9 de Av, vários eventos calamitosos desta data, sobretudo a destruição de Jerusalém e do Templo Sagrado, resultaram de outros sucedidos em 17 de Tamuz.

A primeira ocorrência trágica de Tishá b’Av, conforme se discute no artigo “Os 12 Espiões, Tishá b’Av e a Terra de Israel”, desta edição, deu-se em 1313 a.E.C. e encontra-se descrita no quarto livro da Torá, Bamidbar (Números). Pouco mais de um ano após o Êxodo do Egito, nossos antepassados, prestes a entrar na Terra Prometida, pediram a Moshé que enviasse uma missão de reconhecimento para formular uma estratégia prudente de batalha. Moshé Rabenu concordou e mandou 12 homens de destaque para espionar a região, então conhecida como Canaã. Após explorar a área por 40 dias, os enviados retornaram ao acampamento judaico no deserto. Dez deles fizeram um relato sombrio e desanimador. A Terra Prometida seria inconquistável e, se ousassem guerrear contra os cananeus, os habitantes da região à época, os Filhos de Israel sofreriam uma terrível derrota. Em resposta a essa exposição, “o povo chorou naquela noite” (Números 14:1). Conforme o Talmud, era 9 de Av. Então, tomados pelo pânico, os judeus afirmaram, com veemência, que preferiam voltar à escravidão no Egito do que adentrar a terra ancestral e acabarem massacrados. Segundo a Torá, por meio de uma linguagem metafórica, D’us, tomado de fúria devido a essa demonstração pública de desconfiança em Seu poder e promessa, decretou que toda a geração que havia chorado naquela noite nunca entraria na Terra Prometida, privilégio que caberia apenas a seus filhos e só após vagarem no deserto por mais 39 anos.

Ainda conforme o Talmud, assim como o pecado do Bezerro de Ouro marcou um precedente para as outras tragédias ocorridas em 17 de Tamuz, a reação do Povo Judeu ao relato dos dez espiões estabeleceu 9 de Av como um dia de grandes infortúnios para as gerações seguintes de Filhos de Israel.

A segunda catástrofe a assolar nossos antepassados em Tishá b’Av foi a destruição do Primeiro Templo Sagrado, em 586 a.E.C., quando os babilônios, liderados pelo rei Nabucodonosor, invadiram Jerusalém. O Beit HaMikdash, construído pelo rei Salomão, era a morada de D’us Infinito na Terra e sua perda não só marcou o fim do local mais sagrado do mundo, mas também resultou no exílio de uma parcela considerável do Povo Judeu na Babilônia, um período de profundo sofrimento.

A terceira tragédia de 9 de Av foi a destruição do Segundo Templo pelos romanos, sob o comando de Tito, no ano 70 E.C. Esse acontecimento, que teve profundas repercussões no curso de nossa História, constitui o tema central de Tishá b’Av. De todas as tragédias lembradas no dia mais triste do ano, essa é a maior de todas porque, além de representar uma catástrofe e uma perda incalculável por si só, marcou a dissolução do Estado Judeu, então chamado de Yehudá (Judá). O fim da autonomia representou um ponto de inflexão na trajetória de nossa nação. De certa forma, foi o acontecimento mais trágico da nossa História, pois resultou em dois milênios de incontáveis sofrimentos que culminaram com o genocídio de seis milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Com a perda de seu antigo Estado nacional, nossos antepassados perderam todo tipo de liberdade e tornaram-se súditos de Roma e, posteriormente, das outras potências estrangeiras que ocuparam sua pátria. Já aqueles expulsos de sua terra ancestral tornaram-se uma minoria vulnerável em países estrangeiros e, muitas vezes, em meio a uma maioria hostil. Por quase dois mil anos, os judeus da Diáspora enfrentaram diferentes tragédias: discriminação, perseguição religiosa, expulsões, massacres, a Inquisição e pogroms. Foram quase dois milênios de antissemitismo que atingiram o ápice com o Holocausto.

A quarta catástrofe de Tishá b’Av foi a queda de Betar, grande cidade a sudoeste de Jerusalém com uma considerável população judaica que incluía estudiosos importantes da Torá. Essa comunidade, boa parte de seus líderes e Sábios inclusive, acreditavam que o governante local, Shimon Bar Kozba (também conhecido como Bar Kochba), era o Mashiach. Quando Betar caiu diante do Império Romano, 52 anos após a destruição do Segundo Templo, as legiões conquistadoras massacraram todos os seus habitantes, centenas de milhares de Filhos de Israel que não puderam nem sequer ser enterrados, pois as autoridades romanas não permitiram o sepultamento dos judeus mortos. A queda da cidade, um dos maiores massacres de judeus da História, foi considerada uma calamidade quase tão grande quanto a devastação do Beit HaMikdash. Além disso, a derrota na batalha final para os romanos, em 9 de Av, acabou com as esperanças de independência e redenção por meio de Bar Kochba, o que acirrou o profundo senso de tragédia nacional e luto.

A queda de Betar teve outra consequência calamitosa que reverbera até hoje. Após a revolta de Bar Kochba, o imperador Adriano, o governante romano mais cruel e opressivo em relação aos judeus, procurou apagar a conexão entre nosso povo e a terra ancestral, que foi renomeada para “Província Síria Palestina”, designação relacionada aos antigos filisteus, inimigos dos Filhos de Israel, em vez de “Judá”. A medida fazia parte dos esforços de Adriano para suprimir a identidade judaica de nossa pátria. Isso demonstra que o antissionismo, a forma atual do antissemitismo, é um fenômeno a-histórico originado das ações de um imperador romano cruel e antijudaico que viveu há quase dois mil anos. “Palestina” não é um nome de origem árabe, mas um apelido atribuído por Roma à nossa terra ancestral para humilhar o Povo de Israel e tentar extirpá-lo de sua pátria para sempre. Nunca houve um país soberano chamado Palestina e esse nome precede o nascimento do Islã, que ocorreria séculos mais tarde. No entanto, vemos que ainda dá frutos o plano nefasto do imperador Adriano, que, ao mudar a designação de nossa terra ancestral, inventou a mentira de que o Povo Judeu não é índigena e legítimo proprietário de sua pátria eterna. 

O Talmud relata uma quinta tragédia ocorrida em Tishá b’Av. Um ano após a conquista de Betar, os romanos araram o Monte do Templo, uma profanação do local mais sagrado de Jerusalém.  O então governador romano de Judá, Quinto Tineio Rufo (chamado no Talmud de Turnus Rufus), liderou esse ato sacrílego, mais uma grande humilhação e um profundo abalo para o Povo de Israel. O arar do Monte do Templo não só marcou a obliteração física da área sagrada, mas também representou uma tentativa de eliminar a identidade religiosa judaica. Esse acontecimento agravou a série de tragédias ocorridas no nono dia de Av associadas à destruição do Templo Sagrado, assim como à perda da soberania dos Filhos de Israel sobre sua pátria ancestral.

Por que lamentamos a perda do Templo Sagrado de Jerusalém

O Primeiro Beit HaMikdash existiu por 410 anos e o Segundo, por 420. Durante esses mais de oito séculos, foi o ponto de contato entre os Céus e a Terra, entre D’us Infinito e o homem. A centralidade do Templo Sagrado de Jerusalém para o Judaísmo é evidenciada pelos muitos mandamentos da Torá que dependem de sua existência.

O Beit HaMikdash era o lugar mais santo da cidade mais sagrada da Terra Sagrada – Eretz HaKodesh. Sua destruição teve repercussões profundas que persistem até hoje. A importância dessa Moradia Divina é tal que a Era Messiânica – a redenção final – está relacionada à sua existência. O Mashiach só terá nosso reconhecimento quando reconstruir o Templo Sagrado, que será eterno. A harmonia do mundo só será restaurada com o Terceiro Beit HaMikdash. Assim, depende do restabelecimento do Templo Sagrado de Jerusalém a utopia tão almejada pela humanidade: a Era Messiânica.

Segundo o Judaísmo, a destruição do Templo foi uma catástrofe não só para o Povo de Israel, mas também para toda a humanidade. O Beit HaMikdash, a morada Divina na Terra, era o local em que a Shechiná, a Presença de D’us, era mais sentida no mundo e, por isso, proporcionava uma conexão direta entre o homem e o Divino. Sua perda resultou em uma grande diminuição da revelação da Presença Divina, o que, por sua vez, afetou o tecido espiritual e moral do mundo.

Como morada de D’us na Terra, o Beit HaMikdash era o ponto focal para a paz e harmonia universal. Sua destruição representou uma quebra dessa ordem mundial ideal, o que acirrou o sofrimento e o caos. Além disso, na ausência do Templo, interromperam-se o sistema sacrificial e outros rituais que expiavam os pecados da humanidade e traziam bênçãos ao mundo, com efeitos sobre o bem-estar espiritual de todas as nações. Por exemplo, durante a festa de sete dias de Sucot, eram sacrificados setenta touros para que as outras setenta nações que constituem a humanidade desfrutassem de graças e paz. Com a perda do Templo Sagrado, todos os seres humanos perderam sua fonte de bênçãos, que trazia proteção espiritual e paz para todos, mesmo que não estivessem cientes disso.

Não é, portanto, coincidência que Tishá b’Av, a data da destruição de ambos os Templos Sagrados, seja um dia de tragédia tanto para o Povo de Israel quanto para o restante da humanidade. A perda do Beit HaMikdash marcou uma profunda ruptura na relação entre D’us e a humanidade, com graves e amplas repercussões espirituais e morais, além de consequências materiais extraordinárias. A 1ª Guerra Mundial, o momento mais tragicamente decisivo na História, iniciou-se em Tishá b’Av. Embora tenha superado esse conflito em termos de horrores, sobretudo para o Povo Judeu, a 2ª Guerra Mundial foi basicamente uma continuação da anterior. Não surpreende então que a data da queda do Templo, Tishá b’Av, seja a mesma em que se iniciou um verdadeiro cataclisma: uma sequência de confrontos mundiais interrelacionados que, juntos, resultaram na morte de aproximadamente 100 milhões de pessoas.

Uma nação que jejua por sua pátria e capital

Há razões teológicas e espirituais para as práticas de luto durante as Três Semanas, bem como para os jejuns de 17 de Tamuz e 9 de Av. Nossos Sábios ensinam, como se discute em textos cabalísticos, que um dia de jejum é um Et Ratson, um momento de favor Divino. Portanto, para contrariar a negatividade desses dias difíceis do calendário judaico, mas significativos, e buscar tanto elevação espiritual quanto a misericórdia de D’us, jejuamos.

Além disso, como ensinou Maimônides (o Rambam), um dos principais objetivos do jejum é incentivar a autorreflexão e o arrependimento. Nesses dias, os judeus, na tentativa de retificar as transgressões que levaram à queda do Templo Sagrado, jejuam coletivamente. Nossos Sábios ensinam que, a cada geração em que o Beit HaMikdash não é reconstruído, é como uma nova queda do Santuário. Portanto, esses dias de abstinência representam o arrependimento e o compromisso com a melhoria espiritual.

Além das razões metafísicas, tanto o luto durante as Três Semanas quanto o jejum em 17 de Tamuz e 9 de Av têm uma motivação prática, pois constituem um símbolo perpétuo da conexão inquebrantável do Povo Judeu com a Terra de Israel e Jerusalém. A observância de Bein Hametzarim, sobretudo do longo período de abstinência de Tishá b’Av, ressalta nossa ligação eterna com a pátria ancestral e o anseio de a ela retornar.

Nenhuma nação do mundo dedicou, por 2.500 anos ininterruptos, desde a queda do Primeiro Templo, um período inteiro de luto (três semanas) para lamentar a perda de sua terra e capital. Ao longo da História, povos exilados encontraram lares permanentes em outras localidades, mas não os judeus, que nunca deixaram de ansiar, nem sequer por um dia, pela volta à Terra de Israel e a Jerusalém. Assim, em todo o mundo, recitamos,três vezes ao dia, a oração da Amidá, na qual pedimos a D’us o retorno de nosso povo ao país ancestral e reconstrução não só de sua capital, mas também do Templo Sagrado. Essas preces e lembranças estão entrelaçadas em bênçãos diárias, como o Birkat Hamazon (após as refeições), e em muitos rituais, entre os quais a quebra do copo nos casamentos e a declaração de “No próximo ano, em Jerusalém” na conclusão do Seder de Pessach.

No entanto, nem mesmo a totalidade dessas práticas constitui uma declaração tão poderosa quanto o jejum de mais de 24 horas, durante o qual nos abstemos de comida e bebida para lamentar a destruição de Jerusalém e do Templo Sagrado. Muitas nações proclamam seu amor a essa cidade, no entanto nenhuma a amou e se enlutou por ela tão profundamente quanto os Filhos de Israel. Nenhuma, exceto a nossa, jejua todos os anos por Jerusalém.

Com base no seguinte versículo do profeta Isaías: “Alegrai-vos com Jerusalém e exultai por ela, todos os que a amam; regozijai-vos com ela, todos os que por ela se enlutaram” (Isaías 66:10), o Talmud ensina que “quem se enluta por Jerusalém merecerá e verá sua alegria futura; e quem não se enluta por Jerusalém não verá sua alegria futura.” (Talmud Bavli, Ta’anit 30b).

Rabi Avraham Yitzhak Kook (1865-1935), o primeiro Rabino-Chefe Ashkenazi do Mandato Britânico na Terra de Israel, explicou essa passagem da seguinte forma: o Talmud sabia que, ao soar da hora da reconstrução de Jerusalém, todos os que estivessem vivos naquele momento testemunhariam o ressurgimento da cidade. Mesmo aqueles que não houvessem lamentado sua destruição veriam seu renascimento. Portanto, o Talmud formulou suas declarações com precisão. É verdade que muitos verão Jerusalém reconstruída, mas somente aqueles que se entristeceram com sua destruição terão o mérito de ver a cidade em alegria; apenas aqueles que se afligiram com seu estado de ruína vivenciarão o júbilo da restauração de sua antiga glória.

No fim de sua obra clássica, O Kuzari, o Rabi Yehudá HaLevi observou que “Jerusalém não será reconstruída até que o Povo Judeu anseie por ela com o mais profundo desejo, até que valorizem suas próprias pedras e poeira”.

Desde a queda do Segundo Templo Sagrado, não houve um único dia em que os Filhos de Israel tenham deixado de lembrar-se de Jerusalém e ansiar por ela, nem de rezar pelo retorno a ela e pela reconstituição de sua antiga glória. O Talmud promete a todos nós que nos enlutamos pela Cidade Sagrada, observamos as Três Semanas e jejuamos em Tishá b’Av que, um dia, teremos o mérito de ver sua restauração, a qual só se concluirá com a construção do Terceiro Templo Sagrado.

Existe uma tradição segundo a qual a Redenção Messiânica ocorrerá em Tishá b’Av, que se tornará então a data mais feliz do calendário judaico. Que chegue muito em breve esse dia, no qual o profeta Eliyahu anunciará que a paz finalmente veio ao mundo.

Bibliografia

Talmud Yerushalmi - The Jerusalem Talmud - The Schottenstein Edition - Artscroll-Mesorah

What Are the Three Weeks?, artigo publicado no site https://www.chabad.org/library/article

17th of Tammuz: History, Laws and Customs, artigo publicado no site https://www.chabad.org/jewishholidays

Three Weeks Laws and Customs, artigo publicado no site https://www.chabad.org/jewishtraditions

Tisha 58, artigo publicado no site https://www.ravkooktorah.org/