No dia 20 de janeiro de 2009, Barack Obama assume a presidência dos Estados Unidos em um momento recheado de dúvidas e de esperanças.
A profunda crise na economia global, a ameaça do terrorismo, as guerras no Iraque e no Afeganistão, as ambições nucleares do Irã, entre outros temas, desafi am o novo governo norte-americano, assim como a questão israelo-palestina.
Personagem recente no cenário político mundial, Barack Obama enfrentou questionamentos ao longo da campanha sobre sua relação com Israel, em debate em que o presidente israelense, Shimon Peres, também opinou: “Não tenho a menor dúvida de que as relações entre Estados Unidos e Israel vão continuar calorosas, profundas, responsáveis”.
Shimon Peres fez essa declaração duas semanas depois da vitória de Obama nas eleições de 4 de novembro. Ao discursar em Jerusalém, o líder israelense relatou também uma conversa que teve com o presidente eleito dos EUA: “Quando Obama me perguntou o que poderia fazer por Israel, eu lhe disse: seja um grande presidente dos Estados Unidos”.
Questionado intensamente durante a campanha eleitoral em relação a suas posições sobre a aliança entre Estados Unidos e Israel, Barack Obama se esforçou para afastar dúvidas a respeito de suas opções no Oriente Médio. No começo de junho, exatamente quando a candidatura aparecia já como vitoriosa na disputa com Hillary Clinton pela indicação do Partido Democrata, Barack Obama discursou em Washington na conferência anual da Aipac, organização sediada na capital norte-americana e que atua para fortalecer os laços entre EUA e Israel.
Obama enfatizou seu compromisso com a segurança de Israel, descreveu sua posição sobre os principais temas que dominam a agenda do Oriente Médio e alinhou diferenças com os dirigentes republicanos. O líder democrata, no relato do “The New York Times”, foi aplaudido com intensidade. Depois, foi a vez de Hillary Clinton discursar. “Permitamme ser bastante clara”, disse a ex-primeira-dama. “Eu sei que o senador Obama será um bom amigo de Israel”.
Ao desenhar sua política para o Oriente Médio, no discurso de Washington, Obama defendeu, além do compromisso norte-americano com a segurança de Israel, colocar como uma das prioridades da Casa Branca contribuir para avançar o processo de negociação entre israelenses e palestinos que leve à existência de dois Estados convivendo em paz. E criticou o presidente Bush, que deslanchou uma iniciativa diplomática nessa direção no fi nal de 2007. “Eu não vou esperar até os dias fi nais da minha presidência”, discursou Obama. “Terei um papel ativo e assumirei um compromisso pessoal para fazer tudo o que puder para avançar a causa da paz, desde o início da minha administração”.
Barack Obama, no discurso na conferência anual da Aipac, explicou sua posição sobre o Irã. Repetiu a disposição de negociar com os adversários dos Estados Unidos, mas se preocupou em enfatizar que o diálogo não signifi ca abrir mão de compromissos como a segurança de Israel. “Eu farei tudo ao meu alcance para impedir o Irã de obter uma arma nuclear”, disse o líder democrata.
Protagonista de uma ascensão meteórica no cenário político Na viagem pela Europa e Oriente Médio, que incluiu uma visita a Amã, capital jordaniana, o candidato democrata também foi a Ramallah, para se reunir com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. O republicano John McCain visitou Israel em março, mas não manteve encontro com Abbas, fazendo o contato com o dirigente palestino por telefone. Depois de superada a campanha eleitoral e de se tornar o primeiro negro eleito presidente na história dos EUA, Barack Obama começou a montar sua equipe de governo. Escolheu, para a estratégica posição de chefe de gabinete, o deputado Rahm Emanuel, que, segundo a revista “Time”, pediu a seu rabino que desse a permissão para ele trabalhar durante o Rosh Hashaná, norte-americano, ganhou projeção nacional apenas em 2004, ao ser eleito senador federal e discursar na convenção do Partido Democrata, que naquele então escolheu John Kerry como candidato à presidência do país. Obama, 47 anos de idade, ao longo da campanha enfrentou as acusações de falta de experiência para ocupar a Casa Branca. A fi m de aplacar essas críticas, o democrata escolheu como companheiro de chapa Joe Biden, um veterano da política em Washington, no sexto mandato como senador. E com um ingrediente a mais: Biden apresenta um currículo com intensa atuação na diplomacia e na área de defesa, chegando a presidir o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA.
Algumas críticas, oriundas do campo republicano, apontaram Biden como “inconsistente” nas votações do Senado relacionadas a Israel. Mas o senador democrata rejeita esses ataques e antes, em entrevista a um programa de TV, em 2007, havia afi rmado: “Eu sou um sionista. Você não tem que ser judeu para ser um sionista”. O vice de Obama também descreveu Israel como o “maior aliado dos EUA no Oriente Médio”.
Durante a campanha eleitoral, no mês de julho, Barack Obama visitou Israel, numa agenda intensa que incluiu encontros com o ministro da Defesa, Ehud Barak; o líder do Likud, Benjamin Netanyhau, e o presidente Shimon Peres. O então candidato democrata visitou ainda o Muro das Lamentações e o Yad Vashem, em Jerusalém, e a cidade de Sderot, alvo freqüente de foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza. “Estou aqui nesta viagem para reafi rmar a relação especial entre Israel e os Estados Unidos”, declarou.
Na viagem pela Europa e Oriente Médio, que incluiu uma visita a Amã, capital jordaniana, o candidato democrata também foi a Ramallah, para se reunir com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. O republicano John McCain visitou Israel em março, mas não manteve encontro com Abbas, fazendo o contato com o dirigente palestino por telefone.
Depois de superada a campanha eleitoral e de se tornar o primeiro negro eleito presidente na história dos EUA, Barack Obama começou a montar sua equipe de governo. Escolheu, para a estratégica posição de chefe de gabinete, o deputado Rahm Emanuel, que, segundo a revista “Time”, pediu a seu rabino que desse a permissão para ele trabalhar durante o Rosh Hashaná, a fi m de negociar no Congresso norte-americano a aprovação do pacote de mais de 700 bilhões de dólares arquitetado como reação à gigantesca crise econômica que atingiu os Estados Unidos.
Rahm Emanuel trabalhou na Casa Branca como assessor de Bill Clinton, e se destacou na atuação política em Chicago, base eleitoral de Barack Obama. Conhecido pela hiperatividade e pela forte personalidade, Emanuel desponta como estrela ascendente no próximo governo norte-americano. David Axelrod, que se transformou num estrategista fundamental da campanha de Obama, declarou em 2006 que não precisava mais de um despertador. Motivo: telefonemas madrugadores de Rahm Emanuel durante a corrida para as eleições legislativas de dois anos atrás.
Bastante desenhada por Axelrod, a campanha eleitoral de Obama também conseguiu resultados expressivos junto à comunidade judaica norte-americana, que, segundo uma pesquisa de bocade- urna, canalizou 78% de seus votos ao candidato democrata. O patamar de 2008 é cerca de dois pontos percentuais acima do obtido por John Kerry, em 2004, e semelhante ao nível de apoio amealhado por Al Gore e Bill Clinton em eleições anteriores, segundo reportagem publicada pelo “The Jerusalem Post”.
Assim como a comunidade judaica conservou a tradição de apoiar majoritariamente o Partido Democrata, o presidente eleito Barack Obama também vai manter a aliança estratégica entre Israel e Estados Unidos, baseada em laços históricos e em valores democráticos. E são bastante fortes esses pontos que unem os dois países.
No fi nal de novembro, ataques terroristas atingiram a cidade de Mumbai, na Índia, matando quase 200 pessoas, entre elas seis judeus que estavam na Casa Chabad. Em reação à tragédia, Barack Obama declarou que os terroristas não vão derrotar a democracia da Índia e também não vão abalar a determinação de uma coalizão global para derrotar o terror. Obama enviou uma carta de condolências ao movimento Chabad Lubavitch. No texto, falou das atividades do rabino Gavriel Holtzberg e sua esposa, Rivka, que lideravam a Casa Chabad em Mumbai e que foram assassinados pelos terroristas. “Ao dirigir a Casa Chabad em Mumbai, Gavriel e Rivka proporcionavam um lar longe do lar para tantos viajantes judeus, realizando nesse seu canto do mundo a missão do Chabad Lubavitch de prestar serviços à comunidade judaica”, escreveu Obama na carta recebida pelo rabino Daniel Moskowitz, de Chicago.