18 de julho, 1947: um navio da Haganá, rebocado pela marinha britânica, aporta em Haifa. a bordo estavam 4.554 sobreviventes do genocídio nazista, todos determinados a viver em Eretz Israel, a terra de Israel, único lugar no mundo que aceitavam chamar de "lar".

Yossi Harel, que liderou o Mossad na década de 1950, assim reportou o evento: "O Estado de Israel não foi criado em 1948, quando foi formalmente declarado no Museu de Tel Aviv. Nasceu mais cedo, em 18 de julho de 1947, quando um antigo navio americano, bastante danificado, o "Exodus 1947", arrastou-se para dentro do porto de Haifa".

O navio se tornou símbolo da luta dos judeus, muitos deles sobreviventes do Holocausto, para emigrar para a Terra de Israel, na época, sob mandato britânico. O incidente mostrou ao mundo as catastróficas conseqüências da política britânica para a Palestina, em vigor desde a publicação do Livro Branco, em 1939, que restringia a apenas 1.500 o número de judeus que podiam entrar legalmente no país. O sofrimento dos passageiros do "Exodus 1947" e a injustiça contra eles perpetrada pelas autoridades inglesas causaram protestos mundiais contra a Grã-Bretanha, resultando em maior apoio nas Nações Unidas em favor da criação de um Estado Judeu.

Do término da 2a Guerra Mundial até janeiro de 1948, agentes de organizações judaicas, entre as quais a Haganá, o Mossad e o Irgun, haviam conseguido levar para a Eretz Israel 63 embarcações de refugiados judeus, 58 das quais foram interceptadas pelos ingleses. Dos 23 mil judeus que tentaram entrar "ilegalmente" na Terra de Israel, menos de 5 mil lograram-no, na primeira tentativa. Mas, apesar de todas as dificuldades e perigos - o bloqueio naval britânico, no litoral de Eretz Israel, e os 80 mil soldados britânicos que patrulhavam a região - o "tráfico ilegal" de refugiados judeus não foi interrompido.

Chegada a Eretz Israel

Quando, naquele 18 de julho, completamente avariado, o navio, puxado por um reboque, chega ao cais, em seu mastro tremulava a bandeira sionista. Os britânicos, à espera do navio "inimigo", estavam, naquela sexta-feira, em alerta total. Haviam fechado o porto, ao qual somente tinham acesso militares e policiais ingleses ou jornalistas da mídia internacional. No cais se viam tanques, policiais, militares e 500 homens da artilharia britânica. Ao lado do cais, aguardavam três navios-prisão: "Ocean Vigour", "Runnymede Park" e "Empire Rival". Os ingleses queriam fazer do "Exodus 1947" o exemplo para desencorajar, de uma vez por todas, a entrada de judeus na Terra de Israel. Mal sabiam que logo descobririam que a coragem e determinação que os guiava eram infinitamente mais fortes que o poderoso Império Britânico. O fogo de Auschwitz os moldara em aço...

Os judeus de Eretz Israel também aguardavam aquele navio. Mas, impedidos de se aproximar, milhares foram até a barreira militar inglesa e, a plenos pulmões, cantavam o Hativka, o Hino da Esperança, sua voz ressoando por todo o porto.Desde a noite anterior, toda a então Palestina estava em alerta. Jovens da Haganá haviam fixado um aviso de que naquela madrugada, a rádio Kol Israel transmitiria uma mensagem dos passageiros do "Exodus".

Logo após o nascer do sol, um jovem americano transmitiu a seguinte declaração, de bordo do navio: "Este é o barco de refugiados "Exodus 1947". Antes do amanhecer, cinco destróieres e um cruzador britânicos nos atacaram em águas internacionais, a 17 milhas da costa da Palestina. Os ingleses abordaram o navio de três direções e imediatamente abriram fogo, além de jogar bombas de gás lacrimogêneo. Um dos nossos está morto, no convés, e outros cinco não resistirão aos ferimentos; outros 120 foram feridos. Resistimos por mais de três horas, mas as severas baixas e as condições do barco, prestes a afundar, obrigaram-nos a seguir em direção a Haifa, para assim salvar a vida dos 4.554 refugiados". Quando o navio chegou ao porto de Haifa, três representantes das Nações Unidas, que se encontravam na Palestina, estavam no cais para assistir os britânicos "em ação". Eram membros da UNSCOP, a Comissão Especial das Nações Unidas para a Palestina, criada em abril de 1947, após a declaração do governo britânico de que o único caminho viável para resolver os problemas na Terra de Israel era submetendo-se a questão às Nações Unidas. A UNSCOP fora incumbida de avaliar a situação geopolítica da então Palestina e fazer suas recomendações. Seus membros lá se encontravam, já tendo visitado os campos de Pessoas Deslocadas (PD) da Europa, onde 250 mil judeus, sobreviventes da fúria hitlerista, encontravam-se presos à espera de uma solução.

Instituídos pelos aliados após o término da guerra por toda Europa Ocidental, os campos de PD abrigavam refugiados que não tinham para onde ir. A maioria eram judeus do leste europeu, sobreviventes da Shoá que não queriam voltar para seus lugares de origens. Os poucos que voltaram, na tentativa de encontrar familiares e amigos, foram recebidos com hostilidade e violência e o mesmo anti-semitismo que reinava antes da guerra. Ninguém no leste da Europa os queria e, mesmo que fossem bem-vindos, não queriam morar num lugar que se tornara o grande cemitério dos judeus europeus, no meio de um povo que colaborara com a matança.

Se na Europa os membros da UNSCOP haviam visto o desespero dos sobreviventes e sua determinação de ir para Eretz Israel, lá na Palestina viram, em toda a parte, a violência britânica contra os judeus. E se precisassem de mais uma prova da determinação judaica em fazer de Eretz Israel o seu lar, estavam prestes a encontrá-la, em meados de julho, naquele mesmo cais.

No cais de Haifa estava também Ruth Gruber, jornalista americana e correspondente do New York Herald Tribune, que acompanhava os membros da UNSCOP. Gruber cobriu a tragédia dos passageiros do "Exodus", despachando fotos e relatos comoventes que revelariam ao mundo a agonia, a coragem e a determinação dos judeus embarcados naquele navio.

As experiências da jornalista estão relatadas em dois livros: "Destination Palestine" e "The Ship that Launched a Nation: Exodus 1947".

A difícil viagem

O navio iniciara sua histórica viagem quando a organização American Friends of the Haganah o comprou por 40 mil dólares, para ser usado pela Aliá Beit - a organização de imigração judaica. Seu nome original, "President Warfield", foi trocado pela tripulação para "Exodus 1947". Adotaram o nome do segundo livro da Torá, Êxodo, que relata a libertação do Povo Judeu do Egito e o início de sua jornada à Terra Prometida.

O navio partiu de Baltimore, Estados Unidos, em direção à Europa. Depois de aportar na Itália, foi conduzido à França, de onde partiria para Eretz Israel, seu tão sonhado destino final.

Construído para abrigar 400 passageiros, foi reformado para acolher 4 mil. Seria o navio com o maior número de refugiados judeus, em toda a história do movimento sionista, a tentar furar o bloqueio naval britânico. A tripulação, composta de 35 jovens judeus americanos que se haviam voluntariado para a missão, era liderada por um grupo de judeus de Eretz Israel, treinados pela Haganá. Entre eles, representando o Mossad - o incipiente serviço secreto do futuro Estado de Israel - estava Yossi Harel, que, anos mais tarde, capturaria Adolf Eichmann. O capitão era Yitzhak "Ike" Aronowitz, um jovem de apenas 22 anos, que servira na Marinha Mercante britânica.

No dia 10 de julho, em Séte, num pequeno porto francês perto de Marselha, embarcaram 4.515 judeus, vindos de vários países europeus - Alemanha, Polônia, Hungria, Bélgica, França, Itália - e do Marrocos.

O sonho que os unia era o recomeço de uma nova vida na Terra de Israel. Mas, Ernest Bevin, o então Ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, que não disfarçava sua inclinação pró-árabe nem seu anti-semitismo, estava determinado a detê-los. Mesmo antes que o navio deixasse a França, Bevin pressionara o governo francês para que não autorizasse sua saída do porto. Ao saber que as autoridades francesas iriam apreender o navio, sua tripulação decide arriscar-se a sair do porto, mesmo sem a ajuda de um rebocador ou de um marinheiro francês. Mas, assim que chega ao largo, é interceptado em alto-mar pela marinha inglesa que o escolta pelo Mediterrâneo, ameaçando invadi-lo caso se dirigisse à Palestina.

Ainda em águas internacionais, onde a Marinha Real inglesa não tinha jurisdição, os marinheiros britânicos abordam o navio, armados com cassetetes e armas de fogo. Por outro lado, as armas dos judeus eram batatas e latas de carne casher. No entanto, qualquer sinal de resistência judaica, por menor que fosse, foi respondido pelos britânicos com tiros e violência. Morreram três judeus: dois adolescentes órfãos e um membro da tripulação, William Bernstein, de São Francisco, golpeado na cabeça. Dezenas de outros dos nossos foram gravemente feridos.

O destino dos passageiros do "Exodus"

Uma vez que o "Exodus 1947" atracou no porto de Haifa, os britânicos removeram seus passageiros, à força. Revistados, seus bens foram confiscados; as famílias, separadas - provocando pânico entre os refugiados - que ainda tinham abertas as feridas causadas em sua alma pelas "separações" impostas pelos nazistas. Em seguida, foram colocados nos três navios de deportação, na realidade, prisões flutuantes que os aguardavam, sinistras. Membros da tripulação e alguns dos jovens da Haganá, fingindo-se de refugiados, misturaram-se aos passageiros para os acompanhar.

Inicialmente, o destino desses passageiros eram os campos de internação em Chipre, onde os ingleses exilavam todo refugiado "ilegal" que tentava furar seu bloqueio. Mais de 26 mil já haviam sido exilados nos campos da ilha, onde viviam encurralados e cercados de arame farpado, as condições sanitárias eram mais do que precárias e havia uma terrível escassez de água. Mas, para quem, como eles, tinha sobrevivido ao inferno nazista, Chipre nada mais era do que "outro inferno, sob nova bandeira", uma parada dolorosa em sua volta para casa, Eretz Israel.

A jornalista Ruth Gruber, que se deslocara para Chipre para aguardar a chegada dos passageiros do "Exodus", relata que nos campos da ilha, além das deploráveis condições de vida, os judeus ainda eram constantemente humilhados e maltratados. O objetivo era, como declarara um oficial, desencorajá-los de deixar a Europa, pois "se os imigrantes judeus souberem que podem acabar aqui, talvez pensem duas vezes antes de tentar vir para a Palestina". Gruber conta várias histórias sobre a crueldade dos soldados ingleses, entre elas, uma contra uma criança judia, sobrevivente do Holocausto, que chegou em Chipre carregando consigo seu tesouro - uma foto da mãe - a única lembrança dela, assassinada em Auschwtiz. Ao ver a foto, um soldado inglês incumbido de revistar os judeus rasgou-a propositalmente. A menina catou os pedacinhos de papel e a todos que encontrava pedia para que alguém a ajudasse a "refazer a minha mãe".

Mas, para Ernest Bevin, mesmo o inferno de Chipre era pouco, em se tratando dos judeus do "Exodus 1947". Estava determinado a fazer destes "o exemplo" que poria por terra qualquer outra tentativa de imigração "ilegal" para aquela região. Queria "quebrar" a Aliá Beit para que nenhum judeu novamente tentasse furar o bloqueio britânico na Palestina. A idéia de Bevin, aprovada pelo Alto Comissário da Palestina, Alan Cunningham, era mandá-lo de volta à Europa, aos portos de origens, pois assim teriam um ganho adicional: desencorajariam os italianos e franceses a prestar qualquer tipo de ajuda à Aliá Beit.

Os três navios-prisão que, em 19 de julho, deixaram Haifa, chegaram em Port-de-Bouc, perto de Marselha, no dia 2 de agosto. Mas, o plano britânico de desembarcar os passageiros na França não deu certo: os judeus se recusaram a desembarcar e os franceses não permitiram qualquer tentativa britânica de desembarque forçado em suas águas territoriais. Ofereceram asilo e hospitalidade a todos que quisessem sair dos navios. Salvo um pequeno número de idosos e enfermos, todos os demais permaneceram a bordo. Perante a situação, um oficial francês, Albert Mallet, declarou, "A França entende a atitude dos refugiados".

A jornalista Ruth Gruber, que se deslocara a Port-de-Bouc para cobrir os acontecimentos, relata em seu livro, "The Ship that Launched a Nation: Exodus 1947": "Os franceses se entreolhavam, depois olhavam para mim... até que um deles finalmente disse, 'Isto nos envergonha'. Ao que eu lhe respondi, 'Você não é o responsável'. Ele retrucou, "Os seres humanos devem envergonhar-se quando presenciam uma injustiça'".

Entidades judaicas americanas e francesas providenciavam alimentos para os passageiros, pois, uma vez atracado no porto, os ingleses se recusavam a fazê-lo. Médicos franceses subiram aos navios a bordo e suas declarações à imprensa levaram todos a se referir aos navios como sendo "Auschwitzes flutuantes". Um calor sufocante, o pior em anos, seguido de chuvas torrenciais, castigavam o navio e sua preciosa carga humana. Os ingleses calcularam que esses fatores, aliados à falta de espaço e de condições sanitárias apropriadas, forçariam os passageiros a deixar os navios. Mas os judeus eram irredutíveis; somente desceriam em seu ansiado destino, único: a Terra de Israel.

Dentre todas as atitudes britânicas, a que mais perturbou os judeus foi quando os ingleses, que sistematicamente queimavam todos os livros em iídiche e hebraico enviados a bordo, queimaram um Chumash, os cinco livros da Torá Escrita. Revoltados, declararam uma greve de fome por 24 horas, como forma de chamar a atenção do mundo para o trágico desenrolar de seu destino. Num dos navios-prisão, o "Ocean Vigour", os judeus exibiam mensagens, em inglês e francês, que diziam, "Abram as portas da Palestina, nossa única esperança". Ao prefeito da cidade francesa, enviaram a seguinte mensagem: "Como permite que os ingleses nos tratem de forma tão desumana, a bordo deste navio nazista?"

Quando os ingleses chegaram à conclusão de que os judeus não sairiam mesmo por vontade própria, deram aos judeus do "Exodus" um ultimato: quem não desembarcasse em Port-de-Bouc até as 18h de 22 de agosto, seria levado à cidade alemã de Hamburgo. Apenas dois anos após a abertura dos campos de extermínio nazista, os britânicos acharam por bem enviar de volta os sobreviventes do Holocausto ao país que o havia perpetrado...

Ruth Gruber e outros jornalistas finalmente recebem permissão inglesa de subir a bordo.

Citamos as palavras da jornalista americana: "Na proa de cada embarcação havia uma jaula de macaco; no topo da jaula, espirais de arame farpado, enferrujado... Imprensados entre uma pequena privada verde e algumas chapas de aço, estavam centenas de pessoas que pareciam ter sido atiradas, de roldão, num canil... Amontoados, clamavam em todas as línguas, atropelando as palavras entre si... O sol ardente passava pelas grades, lançando listras de luz e sombra nos rostos dos refugiados e em seus corpos quentes, suados.... Pessoas idosas não se acanhavam de chorar, sentadas, ao perceber o futuro que as aguardava".

Ela também testemunha o protesto dos judeus a bordo o "Runnymede Park" à decisão britânica de mandá-lo de volta à Alemanha: pintaram uma suástica na bandeira inglesa. Fotografada por Ruth Gruber, a imagem foi publicada como "Foto da Semana" na famosa revista americana, Life Magazine. Esta foto e suas reportagens relatando o sofrimento dos passageiros judeus capturaram a atenção da mídia internacional e dos membros da UNSCOP, reunidos em Genebra para um parecer sobre a situação da então Palestina.

A chegada na Alemanha

Em 8 de setembro, um dos navios-prisão, o "Ocean Vigour", chega a Hamburgo. Através de um alto-falante, os judeus recebem ordens de desembarcar pacificamente. As crianças e parte das mulheres desembarcam, mas a metade deles se recusam. Tropas inglesas sobem ao navio, determinadas a obrigá-los a descer. Vários são violentamente espancados. Um dos refugiados, ao pisar em solo alemão, grita, aos prantos: "Voltamos. Voltamos para Auschwitz e Bergen-Belsen". Assim que desembarcam todos os judeus, foram colocados em caminhões e levados para um campo de detenção.

No dia seguinte, outro dos navios, o "Empire Rival", atraca no porto. E, para surpresa dos ingleses, os judeus desembarcam pacificamente. Não tardou para que os ingleses descobrissem que haviam plantado no navio uma bomba-caseira. Algumas horas depois, chega o último navio-prisão, o "Runnymede Park". Durante meia hora, ninguém desce. Frustrados, os ingleses dão um ultimato. Os judeus respondem às ameaças inglesas cantando, em hebraico, a tradicional canção Techezakna (Fortalecei-vos...). Duas horas mais tarde, os ingleses invadem o navio e forçam-nos a desembarcar. Os que resistem são tratados com brutalidade; 24 judeus acabam gravemente feridos; 13 tiveram que ser levados a um hospital; 11 foram presos, acusados de liderar a resistência. Os restantes são embarcados em trens e levados para os campos de detenção em Emden, Poppendorf e Amstau, perto de Lübeck. Lá esses refugiados tiveram permissão de viver como "Pessoas Deslocadas", não como prisioneiros. Em menos de dois anos após a derrota nazista, e os judeus novamente eram enjaulados, seu sangue derramado em solo alemão... Enquanto isso, os alemães a tudo assistiam, livres.

Durante um mês, os ingleses tentaram registrar e obter informações sobre os passageiros do "Exodus1947".

Mas a todas as perguntas os judeus respondiam com uma única resposta: Eretz Israel! "De onde você vem?", perguntavam os ingleses. "Eretz Israel," respondiam os judeus. "Qual o seu nome?" "Eretz Israel". "Tem cidadania de que país?" "Eretz Israel", e assim por diante.

O legado dos heróis do "Exodus 1947"

Assim que os refugiados do "Exodus 1947" chegaram nos campos britânicos de detenção, os judeus de Israel já estavam prontos para tirá-los da Europa. Liderados por membros do Palmach que, em Haifa, se haviam infiltrado entre eles e seguido viagem nos navios-prisão, fogem da detenção. Foram novamente para a Itália ou França, onde embarcaram em navios da Haganá à caminho da Terra Prometida. Todo judeu que esteve a bordo do "Exodus 1947" recebeu um certificado especial da Haganá, intitulando-o a tratamento especial.

Poucos meses depois, a maioria deles já haviam fugido da zona de ocupação inglesa, na Alemanha, e estavam a caminho da Terra de Israel. E, em 15 de maio, quando o Estado de Israel foi fundado, encontravam-se a salvo em solo judeu.

Por seu heroísmo e sofrimento,os passageiros do "Exodus 1947" se tornaram símbolo da resistência judaica. Acredita-se que tenha sido o incidente deste navio o que convenceu o governo americano de que devia acabar o mandato britânico sobre a Palestina e que caberia às Nações Unidas resolver o problema dos refugiados judeus. Os membros da UNSCOP, que acompanharam o drama dos judeus no "Exodus 1947", subseqüentemente declararam que a imagem dos judeus, sendo desembarcados à força dos navios-prisão ingleses, os convencera da urgência de uma solução para a imigração judaica para a Terra de Israel.

A dor, sofrimento e humilhação impostos aos corajosos integrantes do "Exodus 1947" mostraram ao mundo a premência da criação de um Estado Judeu em sua pátria ancestral, Eretz Israel.

Em 1958, Leon Uris escreveu um livro, Exodus, inspirado na história do navio, onde retrata o Holocausto, a imigração para a então Palestina e a criação do Estado de Israel. No livro, porém, a história do navio tem um final mais feliz: os judeus refugiados não são levados de volta à Europa e conseguem, através de uma greve de fome, dobrar as autoridades britânicas e descer na Terra de Israel. Em 1960, com o mesmo título, um filme baseado na obra de Leon Uris e estrelado por Paul Newman, chegou às telas do cinema - e ajudou a aumentar a popularidade do Estado de Israel no mundo.

Mas, mais do que o livro e filme homônimos, é a verdadeira história do "Exodus 1947" o que serve de lembrança ao mundo da necessidade de um Estado Judeu - uma pátria soberana e independente, lar incontestável de todos os judeus.

Bibliografia:

Gruber, Ruth "Exodus 1947: The Ship That Launched a Nation", Ed. Crown, 1999

Sachar,Abram Leon,"The Redemption of the Unwanted: From the Liberation of the Death Camps to the Founding of Israel".