Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, e ao longo dos últimos 76 anos, o país luta por sua sobrevivência. a questão central de todos os conflitos sempre foi a recusa do mundo islâmico em aceitar um Estado Judeu no Oriente Médio.
O início da história do moderno Estado de Israel é marcado por guerras e conflitos travados entre Israel e as diferentes nações árabes que visavam à sua destruição. Depois das derrotas árabes na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do Yom Kipur, a ideia de aniquilar Israel militarmente se mostrou inalcançável e os líderes muçulmanos decidiram mudar de estratégia. O Estado Judeu passou a confrontar adversários de natureza diferente, em guerras assimétricas. Israel deixou de enfrentar países e forças armadas regulares e passou a enfrentar grupos terroristas infiltrados em meio à população civil. O discurso de ódio e a promessa de destruir Israel está presente nos estatutos desses grupos e nas falas de seus líderes, na mídia árabe, em escolas, mesquitas e nas ruas.
Nesse novo tipo de guerra, os grupos fazem ataques suicidas e usam sua própria população como escudos humanos, escondendo-se e disparando mísseis a partir de escolas, mesquitas e hospitais; soltam balões incendiários, sequestram, estupram e matam. Quando Israel retalia, usam imagens de morte – algumas comprovadamente forjadas –, e cenas de escombros para atingir um de seus principais objetivos, que é abalar a imagem de Israel e isolar o país política e diplomaticamente. Essas imagens têm alimentado a propaganda anti-Israel no mundo.
Foi depois da Guerra do Yom Kipur que se criou uma falsa narrativa antissemita e antissionista, que aponta Israel como a grande potência militar, os “novos” nazistas, uma força colonizadora e bélica. Uma narrativa que aponta Israel como “o agressor” e os palestinos, “as vítimas”. Apesar de Israel ter sido vítima de inúmeras guerras que visavam a sua destruição, e vítima dos piores atos de terrorismo, inexplicavelmente há muitos que “compram” essa narrativa e defendem os terroristas.
Muitas das imagens dos atos hediondos cometidos pelos terroristas palestinos durante o pogrom do dia 7 de outubro de 2023 foram os próprios que as filmaram e transmitiram ao vivo. Eles queriam se “vangloriar” de suas proezas perante seus amigos e familiares. Registraram o massacre de homens, mulheres, crianças e idosos, a incineração de famílias vivas, o sequestro de pessoas e a depredação de comunidades inteiras. Mesmo perante essas imagens, em todo o Ocidente, inclusive nos campi das universidades americanas e europeias, nas mídias sociais e em organizações feministas, muitos justificam e apoiam os terroristas, culpando as próprias vítimas pelo ataque.
Porém, a história de Israel conta uma realidade muito diferente sobre um pequeno país constantemente atacado, lutando para sobreviver numa região hostil, contra países maiores em território e população. Um país que parecia destinado a desaparecer assim que nasceu, mas que lutou e floresceu apesar de estar cercado de inimigos que constantemente buscavam sua extinção.
O que se viu nestas sete décadas da existência de Israel foi a resiliência de um povo que, três anos após o Holocausto nazista, conseguiu lutar contra cinco exércitos árabes e não só sobreviver, mas construir um país próspero. Com trabalho árduo, os judeus converteram pântanos em terras agrícolas, ricas e férteis. Hoje o país é símbolo de modernidade, um país de startups, um país considerado um oásis de tecnologia.
Alguns dos países árabes que estiveram em guerra contra Israel já assinaram acordos de paz com o Estado Judeu. Os acordos de paz com o Egito (1979) e a Jordânia (1994) e os recentes Acordos de Abraão (2020) celebrados por Israel com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos mostram um redesenho da geopolítica no Oriente Médio. Esses acordos de paz e uma possível aproximação entre Israel e Arábia Saudita dão uma esperança em direção à normalização dos laços com pelo menos parte do mundo árabe e mostram que antigos inimigos podem sentar-se à mesa de negociações e superar suas diferenças.
Proporção de Israel frente ao mundo árabe
Atualmente a Liga Árabe é composta por 22 membros. São eles: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Catar, Comores, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Palestina1, Síria (suspensa), Somália, Sudão e Tunísia. Juntos, todos os países-membro cobrem uma área de 13,15 milhões de km², com cerca de 473,27 milhões de habitantes.
A título de comparação, a área total de Israel cobre cerca de 21 mil km2, com uma população de 9,56 milhões de pessoas. Isso representa 0,14% do total das terras dos países da Liga Árabe e do Irã, país que tem uma área de 1,65 milhão de km2.
Qual era a situação geopolítica do Oriente Médio, antes de 1947?
A maior parte do território que hoje compreende a Síria, Líbano, Jordânia e Israel ficou durante quatro séculos sob domínio otomano. Durante a 1a Guerra Mundial (1914-1918), o Império Otomano lutou ao lado da Alemanha e da Áustria-Hungria contra os Aliados – Grã-Bretanha, França, Sérvia, Rússia Imperial, Grécia, Portugal, Romênia e Estados Unidos.
Os ingleses, interessados em expulsar os turcos do Oriente Médio, fizeram três promessas contraditórias. Para os árabes, eles propuseram que, caso lutassem contra o Império Otomano, a Inglaterra lhes daria uma “grande nação árabe independente” sob o domínio da família hachemita2. Em novembro de 1917, firmaram a “Declaração Balfour”, onde se lia que Londres veria com “bons olhos” a criação de um “lar nacional judeu na Palestina” e, em 1915, já haviam concluído com a França o “acordo secreto” Sykes-Picot, pelo qual Londres e Paris dividiriam o Oriente Médio entre si.
Quando a guerra terminou, a França e a Inglaterra, nações vitoriosas, dividiram entre si o território do Império Otomano e a França recebeu o mandato para governar a Síria Otomana, que incluía o Líbano. A Grã-Bretanha foi incumbida do mandato sobre a Mesopotâmia (atual Iraque) e a Palestina Otomana (que incluía Israel e a atual Jordânia).
No início do mandato, os britânicos foram receptivos à imigração judaica; mas perante as reações violentas e hostis dos árabes palestinos, Londres passou a limitar e, em seguida, proibir a entrada de judeus.
Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha, na década de 1930, os nazistas começaram a perseguir, segregar e a exterminar o Povo Judeu. Mais e mais judeus europeus tentavam emigrar para a Terra de Israel, mas eram impedidos pelos ingleses. A grande maioria dos que foram obrigados a voltar à Europa acabaram sendo assassinados pelos nazistas durante o Holocausto.
Em 1946, os judeus constituíam mais de um terço da população da Palestina sob mandato britânico. Incapazes de encontrar uma solução que satisfizesse judeus e árabes, em 1947 a Grã-Bretanha encaminhou essa questão às Nações Unidos, para lá ser resolvida.
O que foi a Partilha da Palestina elaborada pela ONU?
Um comitê das Nações Unidas decidiu que a melhor solução para o conflito na Palestina britânica seria dividir o território em dois Estados: um judeu e um árabe. Em 1947, a ONU aprovou a Partilha, que teria Jerusalém como uma cidade internacional. Essa decisão levou à criação do Estado de Israel, em 1948. Os árabes, porém, recusaram-se a aceitar a Partilha, não estabeleceram seu próprio Estado e não reconheceram a legitimidade do Estado de Israel. As nações árabes decidiram “jogar os judeus ao mar” e se prepararam para travar a primeira guerra para eliminar o Estado Judeu.
O que foi a Guerra de Independência de Israel (1948-49)?
Países que lutaram contra Israel: Egito, Transjordânia (posteriormente intitulado de Jordânia), Síria, Líbano e Iraque.
Alguns números: Enquanto Israel contava com 140 mil homens em suas recém-formadas forças armadas, os árabes possuíam mais de 720 mil homens: 300 mil egípcios, 60 mil transjordanianos, 300 mil sírios, 10 mil iraquianos e 50 mil árabes palestinos, sem considerar o apoio da Arábia Saudita e outros aliados da Liga Árabe.
Mudança de fronteiras: Ao final da guerra, Israel conquistou mais da metade do território que havia sido designado pela ONU para a formação de um Estado palestino. A Transjordânia (Jordânia) conquistou a Cidade Velha de Jerusalém e a Cisjordânia; o Egito ocupou a Faixa de Gaza. Os dois territórios também haviam sido designados para a formação de um Estado palestino.
Resumo do Conflito:No dia 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion declarou a independência do Estado de Israel. No dia seguinte, logo após a saída dos britânicos, os exércitos regulares do Egito, Transjordânia, Síria, Iraque e Líbano invadiram o recém-fundado Estado Judeu. O conflito foi a ampliação da luta que já vinha ocorrendo entre os judeus do Ishuv (comunidade judaica na Palestina britânica) e os árabes palestinos, com auxílio de voluntários vindos de vários países árabes.
A guerra foi travada ao longo de todas as fronteiras do país: contra a Síria e o Líbano, ao norte; contra o Iraque e a Transjordânia a leste; contra o Egito e batalhões sudaneses, ao sul; e, no interior do país, contra a população árabe. A superioridade dos árabes era inegável, tanto em armamento quanto em forças de combate.
Até a declaração de independência, Israel não tinha um exército regular, apenas grupos paramilitares – a Haganá, o Palmach e outros. Declarado o Estado todas as forças de combate judaicas foram unificadas dando origem às Forças de Defesa de Israel (FDI). Essas necessitavam desesperadamente de armamento, equipamentos, munições e aeronaves. No entanto, Israel enfrentava um embargo internacional de armamentos que incluía todos os países que estivessem engajados em conflito armado. Esse embargo favorecia os países árabes que já tinham exércitos estabelecidos – armados e treinados.
A Tchecoslováquia foi o único país que ignorou o embargo e vendeu armas que permitiram ao recém-criado exército de Israel defender-se. A escassez de armas certamente teria custado aos judeus a existência de seu estado. E uma derrota do Estado de Israel representaria seu desaparecimento como nação.
Contrariando todas as expectativas e previsões, os judeus derrotaram os exércitos árabes. Os inimigos não contavam com um trunfo que Israel possuía: os judeus sabiam que se quisessem ter uma nação não tinham outra alternativa a não ser a vitória. A Guerra de Independência se encerrou em meados de 1949 com armistícios entre Israel e cada um dos demais países envolvidos, com exceção do Iraque. Os países árabes se recusaram a assinar um acordo de paz com Israel. Eles novamente juraram que “jogariam os judeus no mar” e destruiriam Israel.
Após 15 meses de luta, Israel não apenas garantira sua existência como o único Estado Judeu no mundo, mas também assumira o controle sobre uma área que era cinco mil km2 superior àquela que lhe fora concedida pelas Nações Unidas.
Todos os árabes palestinos se tornaram refugiados?
Durante a Guerra de Independência, centenas de milhares de árabes palestinos abandonam suas casas. Estima-se que cerca de 70% da população árabe que vivia no território designado pela ONU, como parte de um Estado Judeu, se tenha refugiado em países árabes vizinhos. Alguns por medo, a maioria por orientação das estações de rádio árabes vizinhas e uma parte deles foram forçados a sair. Acreditaram nas promessas transmitidas pelas rádios de que os judeus seriam derrotados e que eles voltariam vitoriosos e tomariam para si as terras dos judeus. Como isso não ocorreu, se estabeleceram em outros países árabes. A maioria desses países sempre os tratou não como “irmãos”, mas como cidadãos de segunda categoria, sem possibilidade de absorção em suas sociedades. Em especial no Líbano, Jordânia e em Gaza (sob domínio egípcio), os refugiados palestinos foram instalados em “campos provisórios”. Estes campos, quase todos ao longo da fronteira com Israel, tornaram-se uma arma política para se conseguir concessões políticas e doações da ONU e de muitos países e organizações ocidentais.
Em contrapartida, os árabes que permaneceram em Israel se tornaram cidadãos plenos, com direitos iguais, e hoje representam 20% da população israelense.
Histórico do controle sob a Cisjordânia e Gaza
Ao término da Guerra de Independência, a Cisjordânia estava sob domínio jordaniano, e Gaza, sob domínio egípcio. Os dois territórios, abocanhados pelas duas nações, em 1948, faziam parte da área onde, ainda de acordo com a Partilha de 1947, deveria ter sido criado um estado árabe. Os refugiados palestinos viveram praticamente 20 anos, de 1948 a 1967, sob domínio da Jordânia e Egito.
Em 1950, a Jordânia anexou a Cisjordânia, mas a anexação foi considerada ilegal pela maior parte da comunidade internacional, incluindo a Liga Árabe. A Jordânia deu cidadania aos residentes da Cisjordânia, vislumbrando uma “Grande Jordânia”, com território a leste e a oeste do Rio Jordão. A anexação mais do que triplicou a população jordaniana, que passou de 400.000 para 1.300.000.
O Egito, que havia conquistado Gaza, não considerou o território como parte do país e não permitiu que os refugiados se tornassem cidadãos egípcios ou migrassem para o Egito ou para outros países árabes onde pudessem ser integrados à população. É importante ressaltar que, em nenhum momento, o Egito ou a Jordânia cogitaram criar um estado palestino nessas áreas.
Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel conquistou esses territórios. No final da guerra, embora Israel e a Jordânia estivessem tecnicamente em guerra, já que não havia sido assinado um tratado de Paz, foi adotada uma política conhecida como “pontes abertas”. E a Jordânia, confinada a exercer um papel ativo na administração da Cisjordânia, pagava salários e pensões aos funcionários públicos, ajudava no sistema educacional e em outros serviços.
Em 28 de julho de 1988, o rei Hussein cancelou um programa de desenvolvimento que planejava investir $1,3 bilhão de dólares na Cisjordânia. A administração jordaniana da Cisjordânia terminou quando a Jordânia decidiu romper os laços, em 31 de julho de 1988 – durante a Primeira Intifada. O rei Hussein anunciou que todos os palestinos que viviam na Jordânia preservariam sua cidadania jordaniana, enquanto os que viviam na Cisjordânia eram palestinos.
O que desencadeou a Crise no Canal de Suez ?
Países envolvidos: Grã-Bretanha, França e Israel lutaram contra o Egito.
Resumo do Conflito: O presidente egípcio Gamal Abdel Nasser declarava de forma persistente que, apesar do armistício, seu país se encontrava em permanente estado de guerra com Israel.
Em 1956, Nasser nacionalizou o controle do Canal de Suez, que era administrado por uma companhia de investimentos franco-britânica, e bloqueou o Estreito de Tiran, única ligação de Israel com o Mar Vermelho, através do Golfo de Ácaba.
Ao mesmo tempo, Israel sofria com os constantes ataques do Egito, país que permitia e incentivava grupos de fedayeen – guerrilheiros árabes – a atacar Israel a partir de Gaza e do Sinai. Os fedayeen cometiam atos de terror e de sabotagem, assassinatos e colocavam minas terrestres. Em retaliação, as forças israelenses constantemente atacavam a fronteira.
Em um discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o embaixador israelense Abba Eban alertou: “Registramos 1.339 casos de confrontação militar provocados pelo Egito, 435 ocorrências de incursões terroristas em nosso território e 172 atos de sabotagem. Como resultado das hostilidades egípcias dentro do Estado de Israel, 364 israelenses foram mortos e 101 feridos”.
Israel, França e Grã-Bretanha se uniriam numa operação militar destinada a recuperar e garantir a passagem de navios pelo canal de Suez e tirar Nasser do poder. Em 29 de outubro de 1956, tropas israelenses invadiram a Península do Sinai. A operação foi codificada como Mosqueteiro, em alusão ao romance “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas.
Os Estados Unidos criticaram essa campanha militar e a União Soviética ameaçou entrar no conflito para ajudar Nasser. Diante da posição dos EUA e URSS, a Grã-Bretanha, França e Israel decidiram encerrar o ataque em 7 de novembro do mesmo ano. A Guerra do Suez durou apenas alguns dias.
Israel ocupou a Faixa de Gaza e o Sinai por quatro meses. A URSS e os Estados Unidos obrigaram Israel a se retirar desses territórios, garantindo em troca uma área desmilitarizada entre Israel e o Egito. Forças de Emergência das Nações Unidas (UNEF) garantiriam uma zona-tampão de 200 km entre os dois países, assegurando, ainda, que o Estreito de Tiran estaria aberto a navios israelenses.
Após a Crise de Suez, Nasser expulsou 25 mil judeus do Egito e confiscou suas propriedades, perseguindo os que ficaram no país. Além disso, nacionalizou empresas inglesas e francesas.
Como resultado do conflito e sua vitória política, Nasser fortaleceu-se no poder, tornando-se o herói do mundo árabe. O alinhamento do Egito com a União Soviética garantiu o fornecimento de toneladas de armamentos e centenas de tanques e aviões de combate soviéticos que seriam usados em suas futuras guerras contra Israel.
O que era a OLP?
Em 1964, os palestinos criaram a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Seu objetivo era destruir Israel e estabelecer um Estado palestino no lugar do Estado Judeu. O terrorismo e a violência da OLP levaram a conflitos não apenas com Israel, mas também com outros estados árabes que a repudiavam.
Durante a década de 1960, a Jordânia serviu como principal base para os terroristas palestinos. Em setembro de 1970, o rei Hussein ordenou que os guerrilheiros da OLP deixassem a Jordânia. Quando eles se recusaram, o exército jordaniano abriu fogo contra esses guerrilheiros, derrotando a OLP após ter massacrado milhares de pessoas.
Após ser expulsa da Jordânia, a OLP mudou-se para o sul do Líbano de onde continuou a lançar ataques contra Israel. A organização atacava frequentemente kibutzim e moshavim, além de escolas e estradas. Foi responsável pelo terrível massacre da delegação israelense nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, levado a cabo pela organização Setembro Negro. Em resposta, Israel atacou as bases da OLP no Líbano e em outros locais.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano, com o objetivo de destruir as forças da OLP no país. Como consequência dessa guerra, Yasser Arafat e a liderança da OLP foram expulsos do Líbano.
Anos depois, em 1988, Arafat declarou que a OLP havia, supostamente, renunciado ao terrorismo e que, finalmente, aceitava o direito de existência de Israel, pedindo a criação de um Estado palestino ao lado de Israel. Em 1993, Arafat assinou os Acordos de Oslo, com Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel e Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos.
Mas não durou a “renúncia” ao terrorismo. Durante a Segunda Intifada, membros da OLP assumiram a autoria de ataques terroristas contra israelenses. A OLP foi processada nos Estados Unidos por matar e ferir americanos durante uma série de ataques terroristas em Israel entre 2001-2004. Foi condenada a pagar uma sentença de US$ 655,5 milhões. O veredito foi anulado em segunda instância por falta de jurisdição federal dos EUA sobre ações cometidas no exterior.
O que foi a Guerra dos Seis Dias (1967)?
Países envolvidos: Em 1967, Israel realizou um ataque preventivo contra o Egito e a Síria. A Jordânia também entrou na guerra.
Alguns números: O exército egípcio tinha 210 mil homens, 100 mil deles no Sinai. Ao norte, a Síria tinha 63 mil homens, e, à leste, a Jordânia contava com 55 mil soldados. Após a mobilização dos reservistas, Israel tinha 250 mil combatentes. Os inimigos tinham mais do que o dobro de tanques e 682 aviões de combate. Compunham a Força Aérea de Israel 202 aviões.
Mudança de fronteiras: Na Guerra dos Seis Dias Israel conquistou a Península do Sinai, a maior parte das Colinas do Golã, a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e a Cidade Velha de Jerusalém.
Resumo do Conflito: Em meados da década de 1960, 2,5 milhões de israelenses viviam cercados de 122 milhões de árabes. Em 1967, aumentava a concentração de forças inimigas ao longo das fronteiras de Israel.
Após 1949, não havia fronteiras efetivas entre Israel, Síria, Egito e Jordânia, mas apenas linhas de armistício, traçadas quando cessaram os combates e tendo como único parâmetro a posição das forças armadas de Israel e dos árabes. O Egito controlava o Estreito de Tiran e a Faixa de Gaza. A Síria dominava o Mar da Galileia, principal fonte de água de Israel, e as Colinas de Golã. À Jordânia pertenciam a Cisjordânia e a Cidade Velha de Jerusalém, que havia tomado militarmente e governava desde 1948, contrariando a determinação das Nações Unidas para a Partilha, de 1947, de que a cidade seria internacional.
As frágeis fronteiras de Israel após a Guerra de Independência eram pouco defensáveis. Cercado de inimigos, o Estado Judeu possuía 15 km de largura e qualquer ataque repentino poderia dividir o país.
Nas semanas que antecederam o conflito, Israel estava cercado por exércitos do Egito, Jordânia e Síria, com o apoio do Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, postados ao longo das linhas de armistício. Se eles atacassem simultaneamente, as FDI teriam que lutar em três frentes, tendo que dividir suas forças quando mal tinham o número de homens e armas necessários para enfrentar o Egito.
Apesar do armistício entre Israel e seus vizinhos, terroristas árabes – os fedayeen – atacavam fronteiras israelenses, matando civis. Em maio de 1967, Nasser, o presidente egípcio, ordenou novamente o bloqueio do Estreito de Tiran à navegação israelense. Fortalecido pelo apoio soviético, ele passou a provocar Israel afirmando que pretendia “destruir Israel”. Em maio de 1967, ele declarava que “não entraremos na Palestina (Israel) com seu solo coberto de areia; lá entraremos com seu solo saturado em sangue”.
Em 16 de maio daquele ano, Nasser ordenou que as tropas das Nações Unidas – que garantiam uma área desmilitarizada entre Israel e o Egito – deixassem o Egito. A ONU acatou a ordem e três dias mais tarde as forças da UNEF deixavam suas posições. Imediatamente tropas egípcias avançaram tomando posições ao longo da fronteira de Israel. No dia 20 de maio, 100 mil soldados egípcios e mais de mil tanques já estavam no Sinai.
Nasser firmou um pacto militar com a Jordânia e deu seu apoio a ataques da Síria contra o Estado Judeu. Era evidente que os países árabes, liderados por Nasser, preparavam um iminente ataque a Israel. Nas palavras do presidente iraquiano Abdul Rahman Arif, “O mundo árabe foi unido por um denominador comum – riscar Israel do mapa”.
A mídia árabe anunciava um iminente ataque. No Sinai, as forças egípcias já estavam na fronteira israelense; o exército iraquiano preparava-se para reforçar a frente oriental jordaniana, e a Síria apontava sua artilharia do alto do Golã. A TV do Cairo transmitia imagens de multidões gritando “Morte aos judeus” e uma rádio egípcia, “A Voz do Trovão”, repetia ameaças do tipo “Façam as malas antes de serem mortos”.
Em 5 junho de 1967, certos de um iminente ataque egípcio, os israelenses atacaram o Egito e a Síria. Em algumas horas, a aviação israelense destruiu as forças aéreas de ambos os países. Esse ataque aéreo preventivo – e em sua legítima defesa – foi uma decisão tomada após semanas de agonizante indecisão e foi fundamental para diminuir a esmagadora superioridade numérica árabe tanto em soldados quanto em aviões e tanques.
Dentro de seis dias, Israel derrotou o Egito, Jordânia e Síria e conquistou a Península do Sinai, as Colinas do Golã, a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e, sobretudo, a Cidade Velha de Jerusalém. A captura de grandes extensões de território dos estados árabes vizinhos triplicou o tamanho de seu território, criando uma importante zona defensiva para Israel. Mas, a maior de todas as conquistas foi ter possibilitado a reunificação de Jerusalém, Capital Eterna do Povo Judeu, após dois mil anos.
Em 10 de junho, Israel aceitou o armistício. A vitória esmagadora obtida em apenas seis dias mudou o cenário geopolítico do Oriente Médio. Israel deixava de ser um estado que lutava somente por sua sobrevivência e emergia como uma potência regional e militar.
A conquista da Faixa de Gaza e da Cisjordânia traria implicações geopolíticas profundas para o Estado Judeu.
O que foi a chamada Guerra de Atrito (1967-1970)?
País que lutou contra Israel: Egito.
O fim da Guerra dos Seis Dias, em 1967, e a surpreendente vitória militar de Israel deixou a totalidade do Sinai até a margem oriental do Canal de Suez sob ocupação israelense. Mas, o cessar-fogo com o Egito manteve o silêncio ao longo do Canal de Suez apenas por algumas semanas.
Três meses após o cessar-fogo, inconformados com a derrota, os estados árabes formularam a Resolução de Cartum, que acabou se tornando conhecida pela fórmula dos “Três não”: não à paz, não ao reconhecimento do Estado de Israel e não às negociações com Israel.
A estratégia do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser para o próximo conflito com Israel previa o desgaste dos israelenses numa guerra de atrito cujo objetivo era consumir os recursos humanos e a economia de Israel. Nasser acreditava que, pelo fato de a maior parte do exército israelense ser formada por reservistas, não poderia resistir a uma longa guerra de atrito. Ele acreditava que Israel seria incapaz de suportar o fardo econômico e que as baixas constantes minariam o moral israelense. Nasser então ordenou ataques esporádicos, de maneira a não provocar, como resposta, uma guerra total.
A Guerra de Atrito ou Guerra de Desgaste, como ficou conhecida, durou três anos e teve um alto custo econômico e em termos de vidas. O balanço de mortes israelenses entre 15 de junho de 1967 e 8 de agosto de 1970 – quando foi declarado um cessar-fogo – foi de 1.424 soldados e mais de 100 civis. Foram feridos dois mil soldados e 700 civis.
A Guerra foi um prenúncio de que o Egito e a Síria estavam se reorganizando militarmente e que, quando o Egito se sentisse pronto, já tendo recuperado sua força aérea, aconteceria um novo confronto.
O que foi a Guerra do Yom Kipur (1973)?
Países que lutaram contra Israel: Síria, Egito, Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Líbia, Argélia, Sudão e Tunísia.
Alguns números: No início do conflito, os inimigos de Israel conseguiram mobilizar o equivalente ao total das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao longo das fronteiras israelenses.
No início da guerra, nas Colinas do Golã cerca de 180 tanques de Israel enfrentaram aproximadamente 1.400 tanques sírios. Cerca de 1.350 tanques, 14.000 veículos militares e 100.000 egípcios atravessaram o Canal do Suez. Para rechaçar o ataque egípcio, ao longo de uma fronteira de centenas de quilômetros, Israel contava com apenas 488 soldados, a maioria deles reservistas da Brigada Etzioni, e 291 tanques.
No total, nove estados árabes participaram do esforço de guerra. Uma divisão iraquiana de 18 mil homens e centenas de tanques deslocados para a região central do Golã atacaram posições israelenses. A força aérea iraquiana também operou nas Colinas do Golã. A Arábia Saudita e o Kuwait garantiram o suporte financeiro e enviaram seus destacamentos. A Líbia enviou aviões Mirage; o Sudão, cerca de seis mil homens; a Argélia, três esquadrões de aviões de combate e bombardeios, além de uma brigada de blindados e 150 tanques; e a Tunísia entre mil e dois mil soldados.
Resumo do Conflito:Na tarde de Yom Kipur, 6 de outubro de 1973, no dia mais sagrado do calendário judaico, o Egito e a Síria atacaram Israel – a Síria no Golã e o Egito no Sinai. As forças árabes pegaram o Estado Judeu de surpresa e encontram o país despreparado. No começo da guerra Israel já havia perdido um quinto de sua força aérea e muitos de seus tanques. Surpreendido e tendo de lutar em duas frentes, num primeiro momento o país enfrentou grandes dificuldades e muito temor.
Nas primeiras 48 horas, os exércitos inimigos avançaram significativamente. Israel encontrava-se em uma posição defensiva. Perdera o controle sobre a quase totalidade das áreas tomadas em 1967 e se via diante da possibilidade de invasão iminente de seu território. Contudo, menos de três semanas depois, em uma das mais impressionantes reviravoltas da história militar, seus exércitos estavam a caminho do Cairo e Damasco. A vitória israelense na guerra só não foi mais esmagadora porque a União Soviética ameaçou entrar no conflito e usar armas nucleares para defender os países árabes. Embora Israel tenha saído vitorioso, foi uma vitória amarga. O custo em vidas foi altíssimo – 2.800 mortos e 8.800 feridos. As baixas israelenses foram maiores do que a soma total dos mortos nas guerras de 1956, 1967 e na Guerra de Atrito.
A Guerra do Yom Kipur foi um momento decisivo na história do Oriente Médio. Israel não apenas emergiu vitorioso do conflito, mas a guerra plantou as sementes de um futuro acordo de paz com o Egito.
Foi na Guerra do Yom Kipur que, pela primeira vez, no século 20, os países árabes produtores de petróleo decidiram usá-lo como instrumento político. Ameaçando reduzir a produção e aumentar os preços, impuseram um embargo aos países que apoiavam Israel. Foi o chamado primeiro choque do petróleo, que tanto abalou a economia mundial.
Essa guerra também representou o último conflito em que Israel se viu em guerras com outros países e suas forças armadas regulares. A partir de então, a estratégia árabe mudou, e Israel passou a enfrentar grupos terroristas infiltrados e camuflados em meio a civis, e uma guerra de difamação.
O que foi o Acordo de Camp David (1979)?
Segundo os especialistas, foi a partir da derrota dos árabes na Guerra do Yom Kipur que o presidente egípcio Anwar al-Sadat se conscientizou de que não poderia obter concessões dos israelenses através do conflito armado, mas apenas através de negociações.
Em 1977, Sadat surpreendeu o mundo ao anunciar que estava disposto a ir até Israel para fazer as pazes com o Estado Judeu. Convidado pelo primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, Sadat foi a Jerusalém e discursou no Knesset, o parlamento israelense.
Assinaram, em 1978, o primeiro acordo de paz entre Israel e um país árabe, o chamado Acordo de Camp David, ratificado em 1979 através do Tratado de Camp David. No acordo, Israel devolveria a Península do Sinai ao Egito em troca de paz e reconhecimento diplomático.
Líderes árabes condenaram Sadat, alegando que ele havia traído a causa árabe ao ter feito as pazes com Israel. Sadat pagou pela paz com a própria vida, assassinado num atentado em 1981, por radicais muçulmanos que se opunham à paz com Israel.
Por que Israel entrou no Líbano em 1982?
Em 6 de junho de 1982, em meio à guerra civil libanesa, as Forças de Defesa de Israel (FDI), com o apoio de milícias cristãs libanesas, invadem o sul do Líbano e chegam até Beirute. As FDI lutaram contra a OLP e, durante curto espaço de tempo, contra forças do exército sírio.
O objetivo de Israel era pôr fim aos ataques terroristas da OLP, destruindo a infraestrutura militar da organização, no Líbano, e minando-a como entidade política. Após dois meses de intensos bombardeios israelenses, foi negociada a retirada da OLP do Líbano. Outro objetivo também era possibilitar um governo libanês liderado por cristãos maronitas pró-Israel e garantir décadas de paz entre os países.
As forças de Israel se retiraram de Beirute, porém continuaram a ocupar território na fronteira ao sul do Líbano durante 18 anos – somente se retirando realmente em 2000 – operando principalmente ao sul do rio Awali. O objetivo era criar uma zona de segurança que garantisse a segurança dos residentes do norte de Israel.
No entanto, com o desaparecimento da OLP do Líbano, a zona tornou-se foco de um novo conflito entre o exército israelense e o recém-surgido grupo terrorista xiita Hezbollah. Fundado por militantes da Guarda Revolucionária Iraniana, o Hezbollah é ativamente apoiado pelo Irã – com armas, treinamento e dinheiro – sendo seu aliado mais próximo.
O Hezbollah se estabeleceu nas áreas predominantemente xiitas do Vale do Bekaa, a leste de Beirute. Ao longo da década de 1980, a organização realizou ataques cada vez mais sofisticados contra Israel e participou ativamente na guerra civil no Líbano.
O que foi a Primeira Intifada? Quais foram suas consequências?
Entre 1987 e 1991, jovens palestinos protestavam e lançavam paus e pedras contra soldados e civis israelenses, nos territórios de Gaza e da Cisjordânia, no que ficou conhecido como a Primeira Intifada. Em 1988, um ano após a eclosão desta Intifada, o rei Hussein renunciou a toda a responsabilidade legal e administrativa na Cisjordânia.
Essa Primeira Intifada levou à criação do Hamas.
O que foram os Acordos de Oslo (1993)?
Em setembro de 1993, em uma cerimônia na Casa Branca, o líder palestino Yasser Arafat e o então primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, junto com o presidente americano Bill Clinton, trocaram apertos de mãos selando o primeiro dos Acordos de Oslo. Os Acordos traziam uma esperança de paz para o conflito árabe-israelense que, infelizmente, nunca se concretizou.
O acordo inicial era composto de uma declaração de princípios que previa um acordo definitivo no prazo de cinco anos, mas sem especificar os pormenores de um eventual tratado definitivo e sem lidar com as questões mais controversas. Os Acordos de Oslo deram início à criação de um governo autônomo palestino – a OLP se tornava a Autoridade Palestina – e Israel passaria gradativamente o controle de Gaza e de partes da Cisjordânia para esse governo criado e administrado pelos palestinos. Israel não iria mais governar os palestinos, retirando-se das maiores cidades da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
A criação de um estado palestino, previsto pelos acordos, foi erodida por sucessivos atos de violência.
Tratado de Paz Israel – Jordânia (1994)
O tratado de paz entre Jordânia e Israel, assinado em outubro de 1994, promove a segurança e a cooperação econômica e reconhece a soberania e o direito de existir de Israel. Embora estivessem em guerra desde a declaração do Estado de Israel, Israel e Jordânia mantiveram contatos secretos e acordos mutuamente benéficos ao longo desse período.
A Jordânia se tornou o segundo país árabe, depois do Egito, a normalizar relações com Israel.
O que foi a Segunda Intifada (2000-2005)?
Entre 2000 e 2005, a Segunda Intifada e seus homens-bomba atingiram o Estado Judeu, assassinando cerca de 1.000 israelenses, mais de 120 deles menores de idade, e ferindo milhares de outros. Eram frequentes os ataques suicidas em bares, restaurantes, ônibus e locais públicos.
A Segunda Intifada levou à construção da cerca de defesa – por Israel – que separa a Cisjordânia do Estado Judeu. A construção da cerca foi controversa, porém eficaz em impedir a infiltração de terroristas da Cisjordânia em Israel. Em 1996, um muro já havia sido erguido separando a Faixa de Gaza de Israel.
Israel se retira da Faixa de Gaza (2005)
Em 1967 Israel ocupou a Faixa de Gaza acreditando que o território constituía uma barreira ao avanço de um possível ataque egípcio, em direção ao centro do país. Em 2005, numa decisão unilateral, Israel decidiu retirar todos os seus militares e civis de Gaza. Nenhum judeu continuou lá.
O que foi a Segunda Guerra do Líbano (2006)?
Em 2006, militantes do Hezbollah atacaram dois jipes israelenses, que patrulhavam a fronteira norte do país, iniciando a Segunda Guerra do Líbano. Dos sete soldados que estavam patrulhando, três foram mortos, dois ficaram feridos e dois foram sequestrados com vida. Israel respondeu com ataques aéreos contra alvos do Hezbollah, e com um bloqueio naval contra o Líbano, seguido de uma invasão terrestre.
Novamente, Israel lutava contra um grupo terrorista, em outra guerra assimétrica. Foram 34 dias de combates – predominantemente no sul do Líbano –, em meio à população civil.
A guerra terminou com um cessar-fogo e uma resolução da ONU prevendo o envio de 15.000 capacetes azuis como reforço da missão da ONU (FINUL) para manter a paz e segurança ao longo da fronteira do Sul do Líbano, com o auxílio de tropas do exército libanês.
Os corpos dos dois soldados sequestrados foram devolvidos dois anos depois, em uma troca de prisioneiros com o Hezbollah.
Guerras e Conflitos com o Hamas
Em 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares e, em 2007, tomou o controle da Faixa de Gaza da Autoridade Palestina, com grande violência. Desde então, nenhuma eleição foi realizada.
Desde que o Hamas chegou ao poder, em 2007, eles vêm lançando dezenas de milhares de foguetes contra as cidades israelenses. Israel conseguiu evitar maiores danos a suas cidades e sua população ao investir pesadamente na construção de abrigos antimísseis e na construção do Domo de Ferro, um sofisticado sistema de defesa antimísseis que destrói foguetes inimigos em pleno voo.
Em resposta à constante barragem de milhares de foguetes de médio e longo alcance, e de balões incendiários contra o território israelense, bem como de atentados terroristas, eclodiram entre Gaza e o Estado de Israel conflitos em 2008, 2009, 2012, 2014, 2021, 2022, 2023 e 2024.
Em resposta a esses constantes ataques, Israel tentou impor um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo ao enclave como forma de evitar que o Hamas importasse armas. Os eventos de 7 de outubro de 2023 demonstraram que esse bloqueio foi ineficaz. O Hamas revelou estar muito bem treinado e fortemente armado.
O que são os Acordos de Abraão (2020)?
Os Acordos de Abraão foram os acordos de paz assinados, em 2020, entre Israel e quatro países árabes – Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. Iniciativa diplomática do governo americano de Donald Trump, pavimentou o caminho para a paz e a cooperação econômica, científica e militar entre Israel e esses países. Desde 2020, a vida judaica tem ressurgido nesses países.
Os Acordos promoveram a estabilidade regional e representaram uma mudança significativa na dinâmica do Oriente Médio. A aproximação se deve em grande parte à ameaça iraniana. País de maioria persa e xiita, o Irã busca a supremacia regional e se posiciona como uma ameaça aos países de maioria árabe e sunita, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, entre outros.
Os Acordos de Abraão servem também de modelo para potenciais acordos futuros entre Israel e outros países de maioria árabe e muçulmana.
O que foi o Massacre do dia 7 de outubro (2023)?
No dia 7 de outubro de 2023, cerca de três mil homens fortemente armados, do grupo terrorista Hamas, romperam a cerca que separava a Faixa de Gaza e invadiram o sul de Israel. Poucos quilômetros adiante, invadiram o Festival de Música Supernova, no qual participavam milhares de jovens, e mataram 347 participantes. Destruíram 21 kibutzim e pequenas cidades, incendiando casas, destruindo propriedades, cometendo estupros e assassinando famílias inteiras, sem distinção de idade ou sexo. Mutilaram e estupraram suas vítimas diante de seus amigos e familiares, queimaram um bebê no forno, decapitaram pessoas e extirparam um bebê de dentro do ventre de sua mãe. Entraram com carros, motocicletas e parapentes, seguidos de uma multidão de moradores civis de Gaza, incluindo adolescentes e crianças. Pegaram de surpresa o país inteiro naquele Shabat de Simchat Torá.
Esse ataque terrorista foi o maior ato de violência contra o Povo Judeu desde o Holocausto e resultou em mais de 1.200 mortos e 13 mil feridos. Foram levados para Gaza 251 reféns, entre os quais 36 jovens do Festival Supernova, um bebê de nove meses, crianças e idosos acima de 80 anos.
Os perpetradores dessa selvageria gravaram, com câmeras que eles mesmos traziam ou, em muitos casos, com o celular das próprias vítimas, os requintes das atrocidades, e os transmitiam ao vivo, com grande orgulho, através das redes sociais.
As vítimas que sobreviveram aos ataques enfrentam problemas de saúde mental, alguns chegando a tirar suas próprias vidas por não conseguirem viver com o nível de violência que sofreram e com as recordações dos atos violentos que testemunharam.
Mais uma vez o país está em guerra. A resposta militar de Israel é destinada a resgatar os reféns e derrotar o grupo terrorista responsável pelo massacre. Israel novamente luta uma guerra assimétrica, enfrentando terroristas e milicianos que se escondem em meio à população civil; e uma guerra na mídia. As imagens de Gaza são usadas para abalar a imagem de Israel e os judeus ao redor do mundo têm sofrido e presenciado níveis jamais vistos de antissemitismo desde o Holocausto.
Guerra com o Hezbollah
Antes da guerra de 2024 com Israel, estimava-se que o Hezbollah era um dos grupos terroristas mais fortemente armados do mundo. De acordo com especialistas, o grupo contava com até 50 mil combatentes – 20 mil em tempo integral – mas a organização alega ter o dobro de membros.
A organização possuía 100 a 200 mil mísseis e foguetes, incluindo mísseis balísticos capazes de atingir Tel Aviv, foguetes não guiados de curto e longo alcance, além de imensos túneis subterrâneos, drones, mísseis antiaéreos, entre outros.
No dia seguinte ao 7 de outubro, o Hezbollah começou a lançar mísseis e foguetes no norte de Israel, a partir de sua base no Líbano, apoiando seu aliado, o Hamas. Desde então, o grupo terrorista tem disparado mais de 13 mil projéteis a partir do Líbano. Muitos temiam que o Hezbollah iniciasse, simultaneamente, uma guerra total contra Israel, forçando-o a lutar em duas frentes. Mas os primeiros ataques se mantiveram moderados e constantes.
A luta foi escalando, com constância, ao longo dos meses, até mudar, drasticamente, em julho, após um foguete disparado do Líbano ter matado 12 crianças. Israel, então, dá início a uma nova ofensiva que combina operações de inteligência altamente eficazes com ataques direcionados e incursões por terra, no Líbano. Em setembro, Israel desencadeia ataques surpresa com a detonação de pagers e walkie-talkies do Hezbollah. Dentro de poucas semanas Israel havia eliminado toda a alta liderança do Hezbollah, incluindo Sayyid Hassan Nasrallah, há muito chefe do grupo.
O objetivo da ofensiva militar é permitir que 60 mil israelenses, que foram evacuados devido aos ataques do Hezbollah, possam voltar a seus lares, no norte de Israel.
As vitórias obtidas por Israel no campo de batalha e no campo da inteligência simbolizam a coragem e audácia de um povo que tem a extraordinária capacidade de superar as maiores dificuldades, mesmo diante das circunstâncias mais difíceis. A guerra travada desde o fatídico 7 de outubro de 2023 é mais uma prova do sacrifício de seus jovens, que, nas horas mais sombrias da História de Israel, defendem a pátria com bravura e absoluto sacrifício e de um país que não voltará à plenitude de sua existência até que seus 101 reféns, que ainda estão em Gaza, sejam resgatados.
1 Em 1988, a Liga Árabe reconheceu a proclamação do Estado Palestino. A Palestina não é reconhecida oficialmente enquanto Estado por muitas nações – entre elas os Estados Unidos, a França, a Alemanha, a Inglaterra e o Japão.
2 É uma das dinastias mais antigas domundo, e sua linhagem remonta ao profeta Maomé. O atual rei da Jordânia pretence a esta dinastia.