Lançamento : 1o de maio de 2005 , 18h30m Local : Teatro Arthur Rubinstein , clube – A Hebraica- . Rua Hungria , 1000 tel: 38188800Entrada gratuita /manobristas no local Após a exibição do filme haverá coquetel e bate papo com os “personagens” Luciano Oliveira e Odmar Braga-o poeta marrano pernambucano que irá autografar o […]

Lançamento : 1o de maio de 2005 , 18h30m

Local : Teatro Arthur Rubinstein , clube - A Hebraica- .
Rua Hungria , 1000 tel: 38188800
Entrada gratuita /manobristas no local

Após a exibição do filme haverá coquetel e bate papo com os “personagens” Luciano Oliveira e Odmar Braga-o poeta marrano pernambucano que irá autografar o livro “ Lembranças” -, as diretoras Elaine Eiger e Luize Valente e os historiadores da USP Anita Novinsky e Paulo Valadares.

RESUMO:

O Sertão nordestino é pano de fundo desta viagem às raízes do Brasil onde costumes e tradições apontam uma origem judaica que se confronta com o judaísmo oficial à partir do momento em que um grupo de pessoas resolver reivindicar essa identidade.

SINOPSE:

O que têm em comum Luciano Oliveira, um jovem médico da Paraíba, João Medeiros, um engenheiro aposentado de Natal e Odmar Braga, um policial negro pernambucano? Os três nasceram em famílias cristãs do sertão nordestino mas seguem a religião judaica .Não se converteram. São judeus retornados. Curioso? Inusitado? Judaísmo no sertão? E o que dizer do Monsenhor Araújo, um padre renomado do Seridó, extremamente católico , que se apresenta como judeu da diáspora? E de dona Cabocla, nascida e criada no vilarejo de Venha Ver, Rio Grande do Norte , beata, devota de 26 santos, e com hábitos nada cristãos como orar para Lua Nova , sepultar os mortos com mortalha e sem caixão e jogar fora as "águas" da casa quando falece alguém? Alguns costumes entre tantos outros arraigados na cultura sertaneja - como não comer carne de
porco , colocar pedrinhas em túmulos , cobrir os espelhos durante o luto - que até duzentos anos atrás levavam seus praticantes às fogueiras da Inquisição Portuguesa como judaizantes. Para Dona Cabocla, hábitos inconscientes... Para o Monsenhor Araújo, apenas uma herança histórica... Para Luciano, João e Odmar , indícios para assumir a condição judaica... E o que acontece quando os judeus do sertão se confrontam com o judaísmo oficial representado pela ortodoxia? São aceitos como judeus ? O documentário A Estrela Oculta do Sertão coloca frente a frente dois lados de uma mesma moeda . Ao confrontar o judaísmo oficial com o judaísmo dos retornados são trazidas à tona questões como tolerância , identidade , preconceito e fé . Até que ponto o reconhecimento do outro é mais importante do que a própria crença em quem somos?

FICHA TÉCNICA:

Duração: 85 min
Produtora: Fototema
Pesquisa, roteiro, produção,fotografia, direção,edição:
Elaine Eiger/ Luize Valente
Consultoria e participação especial:
Anita Novinsky/ Historiadora USP
Paulo Valadares / Historiador e genealogista USP
Nathan Wachtel / antropólogo do Collège de France
Trilha Sonora: grupos Longa Florata e Música Antiga da UFF
participação especial: Banda Klezmer Brasil

Mais informações: (011) 3032 9231 ou 8133 0323. Falar com Elaine Eiger e/ou Luize Valente.

COMO SURGIU A IDÉIA DO PROJETO:

A idéia do documentário A Estrela Oculta do Sertão surgiu há cinco anos a partir da leitura de uma matéria de jornal sobre uma pequena vila – menos de 800 habitantes – no extremo oeste do Rio Grande do Norte chamada Venha Ver. Segundo a reportagem um rabino americano havia constatado que a população local , apesar de totalmente católica, possuía hábitos nada cristãos , principalmente os relacionados aos costumes de morte. Os habitantes ,cujas famílias viviam na região há mais de 3 séculos, casavam entre si, conheciam sua genealogia e tinham certas práticas que eram passadas dentro da família, sem caráter religioso. Enterravam os mortos em terra limpa, sem caixão, envolvidos em mortalha, lavavam os corpos e cortavam as unhas dos defuntos, jogavam fora as águas da casa durante o velório. Rituais semelhantes aos praticados no judaísmo , muitos deles tão antigos que não são tão usuais hoje em dia.

O curioso é que Venha Ver se encontra numa das áreas mais pobres do país, possui apenas uma rua , uma igreja e um posto médico...o acesso é díficil , por estrada de terra, nos arredores moram cerca de 2500 pessoas, a maioria sem luz elétrica...a nós coube a pergunta : como essa parte da população poderia ter hábitos judaicos? Como o judaísmo teria chegado ao Sertão?

A partir daí começamos uma longa jornada que nos levou aos nossos colonizadores. O Brasil foi descoberto em 1500 pelos portugueses, apenas 3 anos depois do decreto do rei Dom Manuel que obrigou todos os judeus em Portugal a se converterem ao catolicismo .Ficaram conhecidos como cristãos novos , marranos , conversos, anusim. Era o início da Inquisição Portuguesa que só foi abolida em 1821. O que pouca gente sabe é que em Portugal, nesta época, 10% da população de 1 milhão de habitantes – cerca de 100 mil pessoas - era de origem judaica. Para se ter uma idéia, segundo o IBGE o Brasil de hoje, século XXI, tem 120 mil judeus...somos 180 milhões de habitantes.

Em 2002, realizamos o documentário Caminhos da Memória – A Trajetória dos Judeus em Portugal onde fomos à procura dos resquícios da presença judaica em território lusitano.

O contato com historiadores e antropólogos nos deu embasamento e , de certa forma, nos direcionou para o documentário que queríamos fazer desde o início: sobre as raízes judaicas do Brasil... afinal fomos colonizados pelos portugueses!

Segundo a historiadora da USP Anita Novinsky – autoridade mundial em Inquisição Portuguesa - 1 em cada 3 portugueses que aqui chegaram nas primeiras décadas do Descobrimento era cristão novo.

No entanto, o que se iniciou como um trabalho de registro de costumes e tradições , sem conotação religiosa , algo mais próximo da antropologia, ganhou vida e emoção quando chegou às nossas mãos a carta de um jovem médico da Paraíba que dizia-se judeu de origem cristã nova mas que não era reconhecido como tal pelo judaísmo oficial.

Foi o fio de uma meada que nos levou aos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba onde entrevistamos outros nordestinos na mesma situação. Pessoas que ao revirarem o passado descobriram que suas famílias tinham tradições de origem judaica, que mantiveram os costumes através de casamentos endogâmicos, e que, ao resolver retornar à religião judaica, encontravam as portas fechadas. Casos como o da família Medeiros de Natal- já na terceira geração de retornados ; do poeta negro pernambucano Odmar Braga e seus filhos e de Luciano Oliveira , o jovem médico da carta são uma amostra de um fenômeno que vem ganhando cada vez mais força no nordeste: a consciência do marranismo.

Desembarcamos em Recife em janeiro de 2004 e durante um mês rodamos o sertão – principalmente da Paraíba e Rio Grande do Norte , região do Seridó – indo até o extremo oeste do RN, na cidade de Venha Ver. Passamos por Natal , Mossoró ,Caicó, João Pessoa.Encontramos especialistas , famílias que retornaram ao judaísmo , famílias católicas com costumes judaicos. Constatamos em Venha Ver o que havíamos lido no jornal...

O documentário A Estrela Oculta do Sertão tem 85 minutos de duração. A primeira metade se passa no Nordeste apresentando os personagens e mostrando o que existe na cultura brasileira que pode ser apontando como de origem judaica.

Já a segunda acompanha a vinda do médico Luciano Oliveira, de 26 anos, a São Paulo , o encontro com a comunidade oficial e o confronto com os rabinos ortodoxos.

A partir daí são levantadas questões ligadas a preconceito, tolerância, fé, reconhecimento. Quem determina afinal se uma pessoa pode ou não seguir determinada religião? Os outros ou a própria pessoa? As respostas ficam para o espectador...

AS DIRETORAS:

Elaine Eiger é fotógrafa, nascida em São Paulo , Brasil, de família de origem judaica russa e polonesa. Na década de oitenta começou a fazer experimentos unindo fotografia, vídeo e computação gráfica. Nos anos 90 passou a se dedicar à fotografia documental registrando cidades, paisagens e pessoas . Começou a se interessar por temas ligados à questões judaicas fazendo 4 viagens a Israel que se transformaram, em 1998 , na exposição de fotos e textos
“Israel Rotas e Raízes”, realizada com a jornalista Luize Valente .

Luize Valente é jornalista, nasceu no Rio de Janeiro, Brasil e mora em São Paulo há 7 anos. É editora de texto e roteirista de jornalismo televisivo há 18 anos tendo trabalhado nas emissoras Globo ,Manchete, Globosat ( Canal GNT) e Bandeirantes. Passou por diversas editorias, especializando-se em coberturas internacionais, com destaque para o Oriente Médio. Em 1998 acompanhou a fotógrafa Elaine Eiger em sua quarta viagem a Israel.

Em 2000, a dupla transformou a exposição no livro “Israel Rotas e Raízes” ( 10 mil exemplares) . Um ano depois, iniciaram uma pesquisa sobre as raízes judaicas do Brasil, projeto que as levou até Portugal . O primeiro trabalho foi lançado em novembro de 2002 : o documentário Caminhos da Memória – A Trajetória dos Judeus em Portugal , 57 min , com quase 20 exibições no Brasil e Exterior . Em dezembro de 2004, finalizaram o segundo documentário : A Estrela Oculta do Sertão , sobre os judeus descendentes de convertidos pela Inquisição Portuguesa, há 500 anos , que vivem no nordeste do Brasil.