No calendário judaico há duas festas rabínicas (estabelecidas por nossos Sábios e não diretamente pela Torá), Chanucá, que dura oito dias, e Purim, que dura apenas um dia. Ambas são intensamente celebradas em Israel e na Diáspora. Seus temas, que rememoram o triunfo do Povo de Israel sobre aqueles que tentaram destruí-lo, ressoam com profundidade entre os judeus de todo o mundo. Essas festividades marcam momentos históricos fundamentais para a sobrevivência dos Filhos de Israel.

Coloca-se uma questão: entre os muitos milagres que garantiram a sobrevivência de nosso povo ao longo de sua história, por que razão os acontecimentos de Chanucá e Purim merecem comemorações permanentes em nosso calendário, apesar de ocorridos há mais de dois mil anos? Uma das respostas é que as duas festividades ainda são tão relevantes quanto na época de sua instituição, tendo, entre seus temas centrais, o antissemitismo, que, como infelizmente temos visto, ressurgiu com força brutal após o massacre de 7 de outubro de 2023. Como veremos, ambas as celebrações destacam as manifestações desse ódio que persiste ao longo dos milênios e atualmente afeta não só os judeus da Diáspora, mas também o Estado de Israel.

Chanucá –  a guerra contra o Judaísmo

Chanucá rememora acontecimentos de cerca de 2.200 anos atrás em nossa terra ancestral. O principal mandamento dessa festa é acender a Chanuquiá – o candelabro de oito braços – em cada noite dos oito dias da festa, em lembrança ao milagre do azeite. No entanto, o tema central de Chanucá é a vitória militar que garantiu a continuidade do Judaísmo e, por extensão, do nosso povo. Esse triunfo aconteceu quando a Terra de Israel estava sob o domínio do Império Selêucida, um estado helenístico que surgiu após a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.E.C..

Os Hasmoneus, uma família de Cohanim (sacerdotes) popularmente conhecida como os Macabeus, liderou a luta contra as forças sírio-gregas da potência ocupante da Terra de Israel. O rei selêucida Antíoco IV buscava unificar seu império por meio da helenização – a adoção dos costumes, língua e práticas religiosas gregas. No entanto, suas políticas eram particularmente opressivas para a população judaica em Israel. Mais que uma luta por liberdade política, a revolta dos Macabeus foi um ato de resistência contra a assimilação forçada, que, de outra forma, teria resultado na extinção do nosso povo. Por comemorar essa vitória, Chanucá simboliza a resiliência da fé e da identidade judaica diante da opressão.

É fundamental destacar que, embora os sírio-gregos, sob as ordens de Antíoco IV, tenham perseguido os Filhos de Israel e cometido grandes atrocidades contra eles, sua guerra era direcionada ao Judaísmo e não ao nosso povo em si. O rei não visava a exterminar os judeus, mas a forçar todos eles à assimilação, o que contribuiria para a consolidação de seu império.

Atraente e amplamente adotado por muitas nações, o helenismo assemelhava-se aos valores seculares ocidentais modernos. Contudo, em muitos aspectos, representava a antítese do Judaísmo. Em vista disso, eclodiu um intenso conflito entre as forças do rei Antíoco IV e aqueles judeus que, fieis a D’us e aos mandamentos da Torá, resistiram à assimilação. É comum, entretanto, o equívoco de acreditar que todos os Filhos de Israel se uniram na guerra contra os sírio-gregos. Na realidade, muitos se tornaram helenistas: abandonaram o Judaísmo e adotaram não só os costumes, mas também os ideais dos dominadores. Os Macabeus não passavam de uma pequena facção que resistiu e lutou para preservar o Judaísmo. Chanucá, portanto, relembra o heroísmo dessa minoria dedicada que se opôs ao poderio de uma superpotência da época. Celebra a resiliência e a vitória final daqueles que, diante de intensa perseguição e violência, se recusaram com firmeza a abandonar sua fé e herança espiritual.

Purim – a guerra contra o Povo Judeu

Os acontecimentos rememorados em Purim ocorreram cerca de 200 anos antes dos celebrados em Chanucá. Uma diferença fundamental entre as duas festas está relacionada ao contexto geográfico e político das ocorrências relembradas em cada uma delas. Chanucá comemora uma vitória militar na Terra de Israel durante o período do Segundo Templo. Já Purim celebra o impedimento de um plano iminente de extermínio de todos os judeus, ocorrido na Diáspora, após a destruição do Primeiro Templo Sagrado de Jerusalém.

Encontra-se na Meguilat Esther, um dos livros do Tanach, a história de Purim, um relato da luta de Mordechai e da rainha Esther, bem como de seu êxito na prevenção de um massacre do Povo Judeu. Como rainha do rei persa Achashverosh, Esther desempenhou um papel fundamental ao frustrar um plano genocida do primeiro-ministro Haman, descendente de uma nação arqui-inimiga histórica de Israel, Amalek, que, ao longo da história, em tempos modernos inclusive, buscou repetidas vezes a destruição do nosso povo.

Embora as festas de Chanucá e Purim celebrem duas vitórias que garantiram a sobrevivência de nosso povo, não há dúvida de que o rei Antíoco IV e Haman usaram métodos distintos para alcançar seus propósitos nefastos. Como mencionado anteriormente, os sírio-gregos visavam não ao extermínio físico, mas à assimilação do Povo Judeu, com o abandono da Torá em favor do helenismo. A meta do rei Antíoco IV era erradicar a identidade judaica na Terra de Israel. Já o arqui-inimigo de Purim, Haman, buscava o extermínio físico total de todos os homens, mulheres e crianças judias, sem exceção ou concessão. Seu objetivo, ao contrário do rei Antíoco IV, não era pressionar nosso povo a uma assimilação completa, mas sim aniquilá-lo. Sua guerra não visava fins políticos ou consolidação do poder. Embora argumentasse ao rei Achashverosh que os judeus, com suas leis distintas e identidade única, eram indignos de confiança e desleais, Haman jamais indicou que os pouparia caso renunciassem ao Judaísmo.

Assim, Chanucá e Purim rememoram duas lutas distintas para a preservação da existência do nosso povo. A primeira destinava-se a salvar o Judaísmo, sem o qual, com o tempo, deixaríamos de existir como nação. Já a segunda objetivou a proteção do Povo Judeu contra a aniquilação física imediata. Assim, Chanucá celebra a defesa de nossa identidade religiosa e nacional – a alma do Povo de Israel – enquanto Purim destaca a luta por nossa sobrevivência física.

A distinção entre essas festas manifesta-se nas mitzvot (mandamentos religiosos) que cumprimos em cada ocasião. Como relembra uma guerra travada sobretudo por razões religiosas, Chanucá tem como prescrição maior o acendimento da Chanuquiá. Esse ato, além de simbolizar a motivação dos Macabeus no levante contra os sírio-gregos, remete ao milagre do azeite uma vez que, juntamente com a luz, representa a Torá e seus mandamentos. Por sua vez, Purim concentra-se na preservação da integridade física do Povo Judeu, portanto três dos seus quatro mandamentos principais envolvem atos físicos: enviar alimentos de presente (Mishloach Manot) a pelo menos um amigo, comemorar com uma refeição festiva (Seudat Purim) e dar dinheiro aos necessitados (Matanot L’evyonim) para que também possam participar da celebração. O quarto mandamento é ouvir a leitura da Meguilat Esther.

Em termos contemporâneos, Haman buscava o genocídio, a aniquilação total dos judeus. Já o rei Antíoco IV visava o policídio – a destruição da identidade e da autonomia nacional do nosso povo na Terra de Israel. No primeiro caso, ataca-se um grupo com base em sua etnia, religião ou raça, enquanto, no segundo, o objetivo é desmantelar a existência política ou a autonomia de uma população, em muitos casos com sua remoção da terra de origem, o que leva à dissolução de suas estruturas de governo, soberania e capacidade de autodeterminação.

Chanucá e o antissionismo

Nossos Sábios instituíram Chanucá e Purim como festas permanentes no calendário judaico porque comemoram acontecimentos decisivos na história do nosso povo. Se os Macabeus tivessem perdido a guerra ou a rainha Esther não tivesse conseguido frustrar a “solução final” de Haman, o Povo de Israel teria desaparecido e, com isso, todas as contribuições dos judeus e de sua religião para o mundo, em particular o monoteísmo, jamais se teriam concretizado. Entretanto, além de Chanucá e Purim rememorarem momentos fundamentais de nossa história antiga, os temas dessas festas permaneceram relevantes no decorrer dos últimos dois mil anos. O rei Antíoco IV e Haman tornaram-se símbolos duradouros de nossos adversários ao longo de milênios.

O rei Antíoco IV e suas forças representam aqueles que, no decurso da história, buscaram promover a assimilação dos judeus por meio da renúncia forçada à sua fé, herança e identidade. De fato, desde seu surgimento, o Povo de Israel viu-se coagido nesse sentido por várias nações. Algumas religiões, sobretudo aquelas com fins proselitistas, pressionaram-no, repetidas vezes, a converter-se, em certas ocasiões, por meio da violência. Cabe ressaltar que o helenismo foi prontamente adotado por todas as nações conquistadas pelos sírio-gregos, exceto os judeus, que resistiram com firmeza à assimilação.

Seria um erro, no entanto, acreditar que nosso povo só teve que se preocupar com outras identidades nacionais ou religiosas para preservar a sua própria. Toda nova ideologia com pretensões de adesão universal encontra, com frequência, por parte dos judeus, uma resistência à qual os promotores da novidade respondem, na maioria dos casos, com hostilidade, tal como os sírio-gregos. Um exemplo marcante dos tempos modernos foi a Revolução Russa de 1917. Inspirados pelos ensinamentos de Karl Marx, pensador abertamente antissemita, os comunistas exigiram que todos os judeus soviéticos abraçassem plenamente sua ideologia, cujos princípios fundamentais eram, em grande medida, diretamente opostos à Torá, com destaque para o ateísmo. A resposta a essa resistência foi uma perseguição atroz, com exílios e assassinatos.

Outra forma pela qual os soviéticos seguiram os passos de Antíoco IV foi em reiteradas tentativas de cometer policídio contra a pátria judaica. Cerca de 2.200 anos atrás, os sírio-gregos buscaram romper a conexão do nosso povo com sua terra por meio de uma ocupação seguida de assimilação. Nos tempos modernos, a União Soviética (URSS) buscou um objetivo semelhante ao promover e moldar o antissionismo com vista a minar, de maneira estratégica, a presença do Povo de Israel em seu país ancestral. Um fato relevante, porém pouco conhecido, é que esse movimento não surgiu no Oriente Médio como resposta à criação do Estado Judeu, em 1948, mas nasceu como política formal da URSS décadas antes disso.

Em 1918, os bolcheviques estabeleceram seções judaicas dentro do Partido Comunista e exigiram delas uma postura antissionista. Alegavam que o particularismo judaico, em especial o Sionismo, representava um obstáculo à sua “justa” missão de unir a humanidade sob o Comunismo. Alegavam, como ocorre com frequência hoje em dia, que há uma distinção entre o antissionismo e o antissemitismo – narrativa que a propaganda soviética perpetuou por décadas. Essa posição era fundamental para que o Partido Comunista mantivesse sua imagem de libertador da humanidade. Para evitar acusações de ódio aos judeus, os bolcheviques recorriam a sofismas e apresentavam-se como antissionistas. No entanto, tratava-se de uma atitude profundamente desonesta, pois eles logo começaram a perseguir os judeus e, para justificar suas ações e, ao mesmo tempo, negar qualquer intenção antissemita, rotularam-nos de sionistas. Esse discurso falacioso, hoje ecoado por alguns “progressistas”, ressurgiu principalmente após 7 de outubro de 2023.

No entanto, visando a aniquilar o Povo de Israel, a URSS fez mais do que mascarar seu antissemitismo como antissionismo: exportou essa prática para o mundo todo, para os Estados Unidos inclusive, por meio de suas extensas redes. Apesar da dissolução da União Soviética, muitas de suas ideologias tóxicas sobrevivem em todo o planeta. Hoje, a propaganda antissionista elaborada pelo regime comunista soviético prospera sobretudo nas universidades americanas e europeias, nas quais professores e ideias neomarxistas exercem muita influência, há décadas.

A URSS conseguiu exportar o antissemitismo, habilmente disfarçado de antissionismo, sob a alegação de que o movimento de independência nacional dos judeus era sinônimo de “racismo” e “colonialismo”, termos que ganharam força como acusações políticas. Pouco importavam nem a diversidade racial e étnica do nosso povo, nem o significado do Sionismo como retomada da independência e da pátria legítima por um grupo indígena. Na URSS, como retratado brilhantemente por George Orwell em 1984, as mentiras eram apresentadas como verdades. Assim, os soviéticos não só rotularam os judeus, o povo mais vitimado da história, como opressores racistas e colonialistas, mas também espalharam essa infâmia para seus estados-satélites e simpatizantes no exterior.

Hoje, os chamados progressistas, inclusive nos Estados Unidos e sobretudo nas universidades, seguem um roteiro estabelecido pelos soviéticos. Assim como os comunistas, negam com veemência serem antissemitas e alegam serem apenas antissionistas. Para justificar a hostilidade em relação a Israel e o desejo de sua erradicação, afirmam que o Sionismo é sinônimo de racismo e colonialismo, de forma que enquadram sua oposição como uma postura justa e humanitária. Ainda que os EUA, assim como seus aliados ocidentais, clamem vitória na Guerra Fria, a propaganda soviética (o neomarxismo e o antissemitismo rotulado de antissionismo) permeou as instituições desse país, incluindo escolas, universidades e parcelas expressivas do governo e da mídia. A URSS pode não mais existir como ente político, mas prospera em nível ideológico no coração de seu antigo adversário, os Estados Unidos da América.

A confluência das duas formas de antissemitismo

As duas formas de antissemitismo, o que poderíamos chamar de “tipo Chanucá” e “tipo Purim”, ajudam a esclarecer os desafios enfrentados pelo Estado de Israel e pelas comunidades judaicas na Diáspora, principalmente após 7 de outubro de 2023. Esse dia, o mais trágico para o nosso povo desde o Holocausto, marcou o início da guerra mais prolongada de Israel, que persiste até hoje.

Aberto e evidente, o antissemitismo do “tipo Purim” manifesta-se em ataques diretos e violentos contra o nosso povo onde quer que estejamos. Foi essa forma de ódio, concretizada em assassinatos indiscriminados e sádicos com intenção genocida, que se observou em 7 de outubro. A expressão máxima do antissemitismo do “tipo Purim” foi o Holocausto, quando Adolf Hitler, um Haman dos tempos modernos, exterminou seis milhões de judeus e, com isso, quase alcançou o objetivo do genocida dos tempos antigos: a aniquilação do nosso povo. Hoje, essa forma de antissemitismo é mais evidente no Irã (antiga Pérsia, onde se desenrolou a história por trás de Purim), país que clama abertamente pela obliteração dos sete milhões de judeus que vivem em Israel. A defesa militar do Estado Judeu e o reforço das medidas de segurança nas comunidades da Diáspora são as únicas maneiras de enfrentar o antissemitismo do ‘‘tipo Purim”, justamente porque essa forma de ódio envolve a violência física explícita.

Menos abertamente violento, mas por vezes igualmente insidioso, o antissemitismo do “tipo Chanucá” atua, em boa parte dos casos, de maneira dissimulada e, por isso, é despercebido ou subestimado. Essa manifestação de ódio aos judeus é perigosa justamente porque prepara o terreno para a outra. Atualmente, revela-se no antissionismo promovido por muitos governos, instituições acadêmicas e veículos de mídia.

Esse antissemitismo velado está repleto de mentiras, dissimulações e sofismas habilidosos. Aqueles que o adotam, sobretudo os mais sofisticados, costumam iniciar discursos ou entrevistas com um repúdio ao sentimento antijudaico, mas, em seguida, partem para uma retórica na qual condenam violentamente o Estado de Israel. Dessa forma, seguem um roteiro estabelecido pelos arquitetos originais do antissionismo, os soviéticos, que, enquanto professavam oposição a todas as formas de discriminação, perseguiam, de maneira atroz, as comunidades judaicas em seu território e defendiam a destruição do único Estado Judeu.

O antissemitismo do “tipo Chanucá”, por não apresentar apelos abertos ao genocídio ou à violência contra o nosso povo, envolve menos violência explícita que o do “tipo Purim”. Em vez de pedir a morte dos judeus, utiliza lemas como “From the River to the Sea, Palestine will be free” (“Do rio ao mar, a Palestina será livre”), um chamado para o policídio, ou seja, a destruição de Israel para que seja substituído por um 23º Estado árabe. Na realidade, ambas as formas do sentimento antijudaico atuam em conjunto. A propaganda antissionista, originada pela URSS, confere legitimidade ao antissemitismo violento ao oferecer uma justificativa não só para as guerras, mas também para o terrorismo que os judeus enfrentavam em sua terra ancestral antes ainda da fundação do Estado de Israel. Além disso, iniciada pelos bolcheviques em 1918 e disseminada desde então, constitui uma das principais causas do ressurgimento violento, a partir do 7 de outubro, do sentimento anti-israelense e antijudaico.

Ademais, os antissemitas, devido à convergência de seus objetivos, frequentemente tomam emprestadas táticas uns dos outros. Por exemplo, tal como Haman, Antíoco IV recorreu a práticas violentas contra nossos ancestrais. Haman, por sua vez, por opor-se à presença dos judeus na Terra de Israel, persuadiu o rei Achashverosh a impedir o retorno dos Filhos de Israel à terra ancestral, direito anteriormente lhes concedido por Ciro, o Grande.

Um bom exemplo de como os antissionistas de hoje ecoam estratégias usadas no passado pelos que odeiam os judeus são suas frequentes afirmações, em entrevistas, de que “não se pode utilizar a acusação de antissemitismo como um escudo para desviar as críticas a Israel”.

Os antissionistas costumam afirmar que nós, judeus, exploramos o Holocausto ou a longa história de antissemitismo para justificar toda e qualquer ação de Israel. Nossa resposta a essa colocação é espelhada no ocorrido: em uma palestra em abril de 2023 de David Nirenberg. O renomado historiador americano apresentou o exemplo de um “ativista” segundo o qual o antissemitismo “era apenas uma acusação que os judeus usavam para silenciar críticas e esmagar a liberdade de expressão”. Esse militante processou, com êxito, os jornais que o acusaram de antissemitismo. Infelizmente para aqueles que hoje recorrem a esse argumento, esse “ativista” era Adolf Hitler. Assim, empregam a mesma tática utilizada pelo líder nazista aqueles que afirmam que os judeus acusam os outros de serem antissemitas para silenciarem críticas ao Estado de Israel.

Concluindo com uma nota positiva e esperançosa: embora hoje o sentimento antijudaico tenha alcançado patamares não observados desde o Holocausto e seja um tema central tanto em Chanucá quanto em Purim, essas festas estão entre as mais alegres do nosso calendário. Ao acender a Chanuquiá e ouvir com alegria a leitura da Meguilá, nosso povo recorda, geração após geração, que o Povo de Israel, em última análise, triunfa sobre seus inimigos. Sobrevivemos a assírios, babilônios, sírio-gregos, romanos, nazistas e comunistas, bem como a Haman, aos seguidores dele e a inúmeros outros que nos tentaram eliminar. Da mesma forma, venceremos nossos adversários atuais, sejam eles a personificação de Antíoco IV ou de Haman.

O Midrash assegura-nos que, embora enfrente sofrimento e perseguição ao longo da história, o Povo Judeu acabará por triunfar. Hoje, desfrutamos de um privilégio único que não tínhamos há milênios: estamos de volta a Israel não como súditos, mas como soberanos. Ao contrário do que ocorria na época dos acontecimentos celebrados em Chanucá, hoje exercemos domínio na Terra de Israel, assim como já não estamos indefesos como nos tempos aos quais remete Purim. Uma reencarnação de Haman ameaça-nos desde a terra de origem desse genocida da Antiguidade, a Pérsia, hoje denominada Irã, mas agora contamos com um dos melhores exércitos do mundo, senão o melhor, para fazer frente a esse inimigo e seus aliados.

Além disso, no passado, os judeus na Diáspora enfrentavam o antissemitismo sem uma pátria que os acolhesse e os defendesse. Hoje, porém, por mais que se complique sua situação, têm em Israel um lar que sempre os receberá de braços abertos. Assim, com a ajuda de D’us, venceremos aqueles que estejam determinados a destruir-nos e, cedo ou tarde, o restante do mundo perceberá que os inimigos dos judeus, tais como nazistas e stalinistas, são, na realidade, inimigos da humanidade.

Am Israel Chai — o Povo de Israel vive. E continuará a viver enquanto os céus estiverem sobre a terra.

Bibliografia

Horn, Dara, Why the Most Educated People in America Fall for Anti-Semitic Lies, The Atlantic