O caminho para enfrentar esta nova batalha começou a ser traçado há 14 anos, quando dois jovens estudantes britânicos criaram, em Israel, o HonestReporting, uma organização que tem como objetivo defender o Estado Judeu e desmascarar a falta de equilíbrio das notícias quando o tema é o Oriente Médio.
Com uma equipe multidisciplinar de alto nível, utiliza todos os recursos tecnológicos e informações precisas para mostrar quem são os verdadeiros vilões da história.
Israel está no meio de uma batalha para ganhar a opinião pública – travada principalmente através da mídia. Para garantir uma cobertura justa da mídia internacional sobre Israel a HonestReporting foi criada em 2000, em Israel, por dois estudantes britânicos. Trata-se de uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, e sem vínculos com nenhum instituição judaica da Diáspora ou do Estado Judeu, partidos ou movimentos políticos. Esta desvinculação de qualquer esfera oficial lhe tem garantido credibilidade junto à opinião pública e, também, à mídia. Fundada por Joe Hyams e Simon Ploske, em Yom Kipur, logo após a eclosão da segunda intifada na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, pretende desmascarar o que considera uma sistemática tendenciosidade em relação a Israel na mídia ocidental. Como fazer isso, com tanta pressão dos inimigos de Israel?
Quem responde a essa pergunta é Joe Hyams, atual CEO da organização, em sua visita ao Brasil em maio último quando concedeu uma entrevista à Morashá: “Mostrar a realidade de Israel e do Oriente Médio através de fatos, dados e análises para defender o Estado de Israel, país demonizado pela mídia internacional nas últimas décadas, não é uma tarefa fácil. Especialmente quando sabemos que uma parte dos profissionais e empresas do setor têm posições preconcebidas em relação a Israel, independente do tema em questão, e a outra tem um grande desconhecimento sobre o país e as questões ligadas ao Oriente Médio, em geral.
A nossa preocupação é a influência e o impacto que esses segmentos têm na opinião pública, de modo geral, inclusive a juventude judaica. Por isso, este trabalho exige perseverança, determinação e vigilância contínua”. Durante sua permanência em São Paulo, ele participou de encontros com pais e alunos da Escola Beit Yaacov e com outras instituições da comunidade, explicando o trabalho realizado pela organização, sua importância para Israel e a Diáspora.
Um levantamento de dados realizado pela organização indica que, desde o ano 2000, já foram obtidos mais de centenas de pedidos de desculpas, retratações e revisões de notícias. “Nossos esforços estão mudando o perfil da mídia e as reportagem sobre Israel em quase todo o mundo. Nós nos dedicamos a defender Israel contra o preconceito dos meios de comunicação e, também, a fornecer ferramentas educativas e recursos para quem estiver interessado em trabalhar em prol de Israel ”.
A organização busca assegurar a realização de reportagens honestas e transparentes sobre o país, através de um monitoramento constante dos veículos de comunicação, procurando detectar informações erradas e, também, deturpadas. Simultaneamente, presta assessoria a jornalistas estrangeiros na cobertura do Oriente Médio, tanto fornecendo informações, dados e fatos, quanto sugerindo pautas e intermediando contatos para as matérias. Este trabalho é realizado através do Media Center, sediado em Jerusalém, que conta com uma equipe multidisciplinar de profissionais preparados para cumprir esta tarefa, assessorando jornalistas baseados em Israel ou apenas em visita ao país e aos territórios palestinos. Isso garante o livre fluxo de informações. O Centro recebe, em média, mais de mil solicitações, por ano, de jornalistas interessados em cobrir a região.
“A guerra entre Israel e seus inimigos não está mais sendo travada apenas nos campos de batalha. Tanques e bombas não são as únicas munições capazes de causar danos irreversíveis. Palavras e imagens, quando bem manipuladas, têm efeitos igualmente nocivos. Infelizmente, esta é uma guerra na qual Israel entrou há pouco tempo – nossos inimigos estão nela há mais de 40 anos – e a nossa desvantagem é imensa. Mas nós acreditamos que podemos diminuir os prejuízos e reverter esse quadro desde que se tenha consciência da realidade e da gravidade da situação”, diz Hyams. Ressalta, ainda, que é preciso ter a percepção e a convicção de que este é um trabalho importante e deve ser realizado.
Para ganhar pontos nessa guerra não basta conquistar o coração do público, é preciso, também, conquistar sua mente. Apresentar fatos concretos, dados plausíveis e explicações coerentes que façam as pessoas prestarem atenção, ouvirem e analisarem a situação sob novas óticas, aprendendo a identificar as calúnias, as distorções, as mentiras. Para Hyams, o apoio de um público bem-informado é fundamental para o fortalecimento do Estado de Israel no cenário internacional. Neste processo, não basta a correção dos fatos distorcidos nem a exposição das falhas da ética jornalística. É necessário, também, incentivar a publicação de reportagens positivas e não apenas de correção de fatos. “Nossa luta é contra a desinformação e a manipulação de fatos e imagens que dão às pessoas uma falsa impressão sobre o conflito no Oriente Médio. Infelizmente, notícias negativas sempre ganham manchetes lidas por grandes públicos e, quando há retratação, geralmente ninguém presta muita atenção e o espaço dedicado não é o mesmo”, ressalta Hyams.
Apesar de existir há apenas 14 anos, alguns números revelam a força e a credibilidade da organização, cujo site – www.honestreporting.com – tem mais de 140 mil assinantes. Cerca de 70% de seus recursos é decorrente de doações particulares, 23% de federações e fundações privadas e 1% de investimentos bancários e anúncios. O orçamento anual incluiu investimentos para manutenção do Media Center, monitoramento da mídia, direitos digitais, relações públicas, construção de comunidades online, conferências internacionais e despesas gerais. No ano passado, HonestReporting obteve a graduação 4 estrelas do Charity Navigator para gerenciamento fiscal e compromisso com responsabilidade e transparência.
Dentro dessa perspectiva, o HonestReporting organiza, também, programas específicos para grupos judaicos, tão suscetíveis à influência da mídia internacional quanto os demais. Segundo Hyams, é muito importante que os jovens conheçam a realidade para que possam se sentir orgulhosos de Israel e, consequentemente, atuem em defesa do país. “Que não se deixem enganar pelos que deturpam a imagem do país, com ou sem intenção”. Nos Estados Unidos, a organização trabalha dentro das universidades, através das Hillel House, que congregam os estudantes judeus.
Como parte de sua agenda anual, HonestReporting organiza, ainda, missões a Israel para judeus e não judeus de vários campos de atuação, que incluem uma passagem pela sede em Jerusalém, com palestras e várias outras atividades, que permitem aos visitantes terem uma noção concreta da realidade do país. “A experiência nos mostrou que uma viagem a Israel é, muita vezes, mais eficiente do que várias conferências, pois, quando estão no país as pessoas conseguem visualizar a geografia da região, sua extensão e a complexidade regional. Elas têm a oportunidade de ver de perto a integração entre os grupos étnicos que compõem a sociedade israelense, a coexistência de diferentes culturas,começando, assim, a ver de outra maneira as notícias divulgadas pela mídia”.
Nos últimos tempos, a HonestReporting tem-se dedicado a lutar contra a campanha internacional denominada Boicote, Desinvestimentos e Sanções – BDS (em inglês, Boycott, Desinvestment and Sanctions) cujo objetivo é, em última instância, deslegitimar o país. Lançada pelos palestinos e seus aliados em 2005, propõe a adoção de embargos a produtos e serviços de empresas israelenses produzidos nos territórios ocupados. Na verdade, gradativamente foi ampliando seu alvo para Israel como um todo. Isto é o que a HonestReporting tem procurado mostrar através de um trabalho constante.