Tishá b´Av, o nono dia do mês hebraico de Menachem Av, é o dia mais triste do calendário judaico – a data em que foram destruídos ambos os Templos de Jerusalém. Desde a queda do Segundo Templo, vários eventos trágicos – tanto para o Povo Judeu como para o restante da humanidade – ocorreram nessa data.
O nono dia de Av e as Três Semanas de Luto que o precedem são dias de autorreflexão, em que devemos fazer um exame de consciência, tanto individual como coletivo.
Contudo, o judaísmo não vê com bons olhos a tristeza. Diz um ensinamento judaico que tudo que ocorre na vida é para o bem e que devemos nos esforçar para enxergar a luz. Mesmo em meio à escuridão. Qual, então, o aspecto positivo da data mais triste do ano judaico?
Tishá b’Av é também uma data que simboliza a eternidade judaica. É a própria evidência de que, apesar de todas as adversidades e tragédias que vivenciou, o Povo Judeu não apenas sobreviveu, mas floresceu. Qualquer pessoa que tivesse presenciado a queda do Segundo Templo de Jerusalém, o poderio romano e a destruição da pátria judaica, poderia apostar que o poderoso Império Romano duraria para sempre e que o Povo de Israel logo desapareceria da Terra. Ocorreu o inverso. O Império Romano desapareceu, tendo sido relegado aos livros de História. Já o Povo de Israel, apesar do exílio, das perseguições, dos massacres, da assimilação e do genocídio, permanece uma nação forte e vibrante. Um povo que foi expulso de sua pátria há dois milênios, a ela retornou, construiu um estado moderno e, em 66 anos, tornou-se um oásis de democracia, tecnologia e progresso no Oriente Médio.
Mark Twain,um dos grandes escritores norte-americanos, escreveu o seguinte a respeito dos judeus: “Se as estatísticas estão corretas, os judeus constituem apenas um por cento da raça humana (...). Adequadamente, jamais se ouviria falar dos judeus; porém se fala, e sempre se ouviu falar deles (...). Suas contribuições aos grandes nomes do mundo na literatura, ciência, arte, música, finanças, medicina também estão fora de proporção com seu pequeno número. Têm feito uma luta maravilhosa no mundo, em todas as épocas; e o têm feito com as mãos atadas nas costas (...)”.
As palavras de Mark Twain reverberaram ao longo dos séculos. O que ele escreveu a respeito do Povo Judeu vale especialmente para a geração que sobreviveu ao Holocausto, reconstituiu um Estado Judeu na Terra de Israel e fez com que o judaísmo voltasse a florescer.
“Somos a geração de Jó e de Jerusalém”, escreveu Elie Wiesel. De fato, a geração do Holocausto sofreu mais do que qualquer outra. Mas foi ela que liderou o retorno a Israel e Jerusalém e reconstituiu um Estado Judeu na Terra de Israel.
Tishá b’Av é o dia de Jó e de Jerusalém. Por um lado, é a data mais difícil do calendário judaico. Por outro, celebra a imortalidade do Povo Judeu. No nono dia de Av, jejuamos, lamentamos e nos enlutamos – tanto pela destruição da Casa de D’us como pelo exílio e sofrimento de nosso povo. Mas Tishá b’Av contém uma centelha sutil, mas muito poderosa: a constatação de que sobrevivemos aos assírios, aos babilônios, aos romanos, aos inquisidores, aos nazistas e a todos aqueles que lutaram, em vão, contra a eternidade dos Filhos de Israel.
Há uma tradição que ensina que Tishá b’Av, o dia em que caíram os dois Templos, será a data na qual o Terceiro Templo será erguido. A partir de então, o nono dia de Av deixará de ser o dia mais triste do calendário judaico e passará a ser o mais feliz.
Esperamos que essa era de paz se inicie em breve, para o Povo de Israel e para a humanidade toda.
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