Outrora uma das mais prósperas da América Latina, a comunidade judaica venezuelana hoje se encontra em situação bastante delicada. Somente o tempo dirá que perfil terá, na próxima década.
A Venezuela é um país rico em petróleo e repleto de belezas naturais. Depois da 1ª Guerra Mundial, sua economia, até então de base essencialmente agrícola, transformou-se em economia petrolífera. A riqueza e o alto grau de tolerância do país começam a atrair, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, grande afluxo de imigrantes, provocando considerável aumento na população. Entre eles, contavam-se muitos judeus, que tiveram ativa participação na vida do país, muito contribuindo para seu crescimento e prosperidade. A situação da sociedade, em geral, e da comunidade judaica, em particular, mudou em 1983, quando o preço de barril despencou, levando às alturas as taxas de juros e multiplicando a dívida interna. A Venezuela entrou em grave recessão, que gerou instabilidade política e social.
Segundo dados de 2006*, mais da metade dos cerca de 16 mil judeus do país vivem na capital, Caracas, sendo a segunda comunidade mais expressiva a de Maracaibo, região rica em petróleo. Há comunidades menores em Porlamar e Puerto Cruz, bem como na Isla Margarita.
Origens históricas
Em 1498, Cristóvão Colombo chegava à costa da Venezuela, em sua terceira viagem ao novo continente; e, no ano seguinte, seria a vez de Américo Vespúcio, que explorou aquele litoral e chegou ao atual Lago de Maracaibo. Deparou-se com nativos que viviam no lago, em palafitas, casas construídas sobre estacas de madeira. Segundo consta, Vespúcio, bom italiano, achou que aquelas construções o remetiam a Veneza e, por isso, chamou a região de Venezuela, ou seja, Pequena Veneza. Segundo outra versão, Martín Fernández de Enciso, o geográfo que acompanhava a expedição, afirma, na obra Summa de Geografia (1519), que junto ao lago havia uma grande rocha plana, sobre a qual se constituíra um povoado indígena, conhecido como Veneciuela.
A Espanha colonizou aquelas terras a partir de 1520 e, em 1567, fundava-se a cidade de Caracas, que se tornaria o centro mais importante da região. No entanto, como não encontraram ouro, prata nem outra matéria-prima de valor comercial, a Espanha não teve grande interesse nesta colônia do Novo Mundo.
A história dos judeus da Venezuela tem início no século 17. Quando, em 1601, Felipe III, rei de Portugal e Espanha, permitiu aos conversos portugueses, a "Gente da Nação", estabelecer-se em suas colônias d'ultra-mar, muitos partiram para o Novo Mundo, inclusive para a Venezuela.
Sabe-se de conversos que se estabeleceram em Maracaibo e Caracas. Viviam em tranqüilidade; a atividade da Inquisição era esporádica, pois seus algozes nunca demonstraram zelo excessivo e, em toda a história do país, somente Joseph Diaz Pimienta foi preso e condenado à morte pelo Santo Ofício, em 1720.
Além de conversos ibéricos, estabeleceram-se na Venezuela outros grupos de judeus sefaraditas, de Livorno e da Holanda, e destes últimos se originará a comunidade judaica venezuelana, nos séculos 17, 18 e 19.
A presença judaica no restante do Caribe também remonta às primeiras décadas do século 17. Judeus holandeses, atraídos pelas oportunidades de comércio entre o continente e as Antilhas, assentam-se nas ilhas e territórios insulares no Mar do Caribe. Foram seguidos por outros grupos de sefaradim, fugindo à Inquisição. Na ilha de Curaçao, então sob domínio holandês, os judeus prosperaram rapidamente. Tornam-se influentes comerciantes marítimos, com freqüentes contatos com os venezuelanos, a quem se uniram para combater a pirataria que vitimava a região. A história dos judeus de Curaçao vai-se entrelaçar com as futuras comunidades judaicas da Venezuela.
Por volta de 1693, um grupo de judeus de Livorno deixa Curaçao e se estabelece em Tucacas, no litoral venezuelano, onde fundam a primeira comunidade judaica em terras venezuelanas: a Santa Irmandade. Infelizmente esta desapareceu, sem deixar registros ou documentos, nem sequer um cemitério para contar sua história.
A presença holandesa na região dera novo rumo ao comércio regional. Até então, a Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos das elites coloniais. Para quebrar o monopólio espanhol, navios holandeses contrabandeavam mercadorias, em um comércio que floresceu por contar com a ativa participação das classes dirigentes da Colônia. No início do século 18, os holandeses se estabeleceram no arquipélago de Tucacas Key e, em 1708, judeus de Amsterdã se juntaram a eles. Rapidamente Tucacas se transforma em importante centro de contrabando. Em cartas à Espanha, há menção ao comércio entre "criollos" venezuelanos e judeus. Em 1710, por fim têm êxito as várias tentativas de destruir Tucacas. Mas, em menos de um ano, holandeses, cristãos e judeus já estavam de volta ao local. Os judeus, liderados por Samuel Hebreo, fundam uma comunidade organizada, logo erguendo a primeira sinagoga da Venezuela. Em 1720, o entreposto comercial foi novamente arrasado por forças venezuelanas, que destroem a sinagoga e põem em fuga os habitantes da cidade.
No entanto, há registros de que sete anos mais tarde já havia, novamente, judeus em Tucacas.
A independência venezuelana
Nas Américas, a chegada do século 19 traz fortes sentimentos de independência. Enquanto, no período colonial, a rivalidade comercial entre a elite "criolla" venezuelana e os judeus holandeses criara profundas inimizades, já a oposição à presença espanhola, na América, serve para unir estes grupos. O ano de 1811 é tido como o da independência da Venezuela, mas, em 1812, as forças espanholas conseguem derrotar os patriotas venezuelanos. Para fugir dos espanhóis, após a desastrosa batalha de Puerto Cabello, Simon Bolívar refugia-se em Curaçao, hospedando-se na casa de Abraham Meza. El Libertador, como era chamado Bolívar, recebe o apoio dos mais importantes membros da comunidade sefaradita de Curaçao, principalmente de Mordechai Ricardo. Os líderes judeus de Curaçao foram os primeiros a apoiar, política e economicamente, o Exército Libertador. Entre os generais fiéis a Bolívar destacavam-se dois dos nossos, Benjamin Henriquez e Juan Bartolomeu de Sola. Este último lutou junto ao prócer também na Colômbia, onde comandou a cavalaria na luta decisiva que expulsaria os espanhóis.
Após a derrota definitiva, em 1821, e a conseqüente retirada da Espanha, a Venezuela passa a integrar a República da Grande Colômbia, juntamente com este país, o Equador e o Panamá. Somente após a morte de Simon Bolívar, a Venezuela se retiraria da Grande Colômbia, passando, em 1830, a constituir uma república independente.
Os judeus de Coro
Entre 1819 e 1825, uma profunda crise econômica atinge Curaçao e muitos judeus abandonam a ilha. Apesar das hostilidades que ainda lhes fazia a elite "criolla", grande parte dos judeus se estabelecem na Venezuela, principalmente na cidade de Coro, onde sua presença remontava ao século 17.
A primeira família judia assenta-se, na cidade, em 1820 e, dez anos depois, a comunidade judaica de Coro, que comportava 19 famílias sefaraditas, era o berço do judaísmo venezuelano. Em seu livro "Comunidad Judia De Coro", o rabino e historiador, Isidoro Aizenberg, relata a história desta comunidade. Citando-o: "O sucesso dos judeus não poderia passar despercebido, nem pela população nem pelo governo".
Em 1831, os habitantes "criollos" da cidade fazem um levante contra o rápido progresso econômico alcançado pelos judeus. Apesar de reprimir a revolta, o governo local impõe, em troca, um imposto "especial" de segurança, apenas incidente sobre os comerciantes judeus de Coro. Em janeiro de 1855, violentas manifestações anti-judaicas novamente sacudiram a cidade.
E, por conseguinte, todos os 168 habitantes judeus deixam a cidade, retornando a Curaçao.
Era a primeira expulsão de judeus de uma nação independente, na América do Sul. Três anos depois, alguns judeus retornam, tendo recebido garantia de segurança do novo governador militar. No entanto, são em número muito inferior aos que haviam partido. Em 1993, Coro foi declarada pela Unesco "Patrimônio Cultural da Humanidade" e, em 2004, o antigo cemitério judaico de Coro, com túmulos datados de 1832, "Monumento Histórico".
As comunidades judaicas do século 19
Durante a primeira metade do século 19, outros grupos de judeus sefaraditas começam a fincar raízes no país. Por volta de 1830, já havia comunidades em Caracas, Puerto Cabello, Maracaibo e Barcelona. Os imigrantes encontraram um país pobre, com uma precária economia rural, destruído por guerras civis e ditadores regionais.
Na década de 1860, as elites do país iniciaram um processo de modernização, no qual participaram proeminentes judeus, entre eles, o Juiz Isaac J.Pardo. Sendo também banqueiro, Pardo foi pioneiro na criação de um banco estatal e nas comunicações, instaurando o primeiro telegráfo nacional. Uma nova onda migratória sefaradita, vinda do Marrocos, assenta-se na Venezuela em fins do século 19.
Os primeiros judeus marroquinos chegaram em 1844, estabelecendo-se na cidade de Barcelona, onde conseguem autorização para fundar, em 1875, um cemitério judaico. Mas a grande migração, de Tetuan, Tânger e Melila, ocorreu nas últimas décadas desse século.
Os novos imigrantes eram muito diferentes dos judeus que já viviam em Coro ou Barcelona; até mesmo de seus correligionários de Curaçao. Estes descendentes das primeiras levas de judeus venezuelanos estavam completamente assimilados, enquanto que os marroquinos eram muito apegados às leis e tradições judaicas. E, como não possuíam grandes fortunas nem tampouco contatos comerciais ultramarinos, os marroquinos começam como caixeiros viajantes, daí prosperando ao ponto de se tornarem os pioneiros no comércio e indústria das Américas.
Seguiram-nos e fincaram raízes na Venezuela grupos menores de imigrantes, vindos do Egito, Líbano, Síria e dos Bálcãs.
Século 20
Segundo um censo oficial, do final do século 19, havia 247 judeus no país, como cidadãos, e, em 1926, já eram 882. Porém, estima-se que o número de habitantes judeus fosse bem maior, em torno de 2 mil, em 1926.
Para atender as necessidades da comunidade, os judeus sefaraditas fundaram, em 1907, a primeira organização comunitária, a Sociedade Benéfica Israelita, que se transformaria, em 1930, na Asociación Israelita de Venezuela. Esta instituição, sediada em Caracas, até hoje representa os judeus sefaraditas do país. Em 1936, a Asociación Israelita constrói a sinagoga El Conde, cujo estilo arquitetônico remete às sinagogas sefaraditas holandesas.
Infelizmente, no início de 1950, com a expansão da cidade de Caracas, a sinagoga foi demolida por decreto municipal.
É após a 1a Guerra Mundial, em parte pelas novas restrições à imigração impostas pelos Estados Unidos, que começam a chegar as primeiras levas de imigrantes asquenazitas. Eram, na maioria, jovens que fugiam das dificuldades econômicas e queriam refazer suas vidas em terras novas. Provinham, principalmente, da Romênia, Bessarábia, Polônia e Hungria.
A emigração judaica da Europa Oriental e Central cresceu após 1930. Vítimas de perseguições nazistas, à procura de um país que lhes abrisse as portas, muitos judeus buscam refúgio na Venezuela. É bem verdade que a partir de então, o governo venezuelano impõe restrições à entrada de judeus no país. Esta política perdura até a década de 1950. Mas, tais determinações não eram tão rigorosas como em outros países, sendo facilmente contornadas com a apresentação de falsos certificados de batismo e algum suborno.
Mesmo antes de Hitler iniciar a guerra, tanto os judeus alemães quanto os da Europa Central, sentindo-se ameaçados, tentaram traçar planos de fuga. Várias embarcações, com judeus a bordo, à procura de um porto seguro, testariam inutilmente a compaixão mundial.
As portas do mundo lhes estavam fechadas. A Venezuela foi uma exceção quando, em 1939, acolheu os passageiros de duas embarcações, a "Koenigstein" e a "Caribia", provenientes da Alemanha. Após receber apelos do Comitê Pró-Refugiados de Caracas, o então presidente General Eleazar Lopes Contreras deu permissão aos judeus embarcados nos navios para permanecer no país.
A maior parte dos ashquenazim só aportou na Venezuela após a 2ª Guerra Mundial. Sobrevivendo à Shoá, fincaram raízes neste país, engrossando as fileiras de sua comunidade. Em 1950, fundaram a Unión Israelita de Caracas e ergueram, na cidade, a primeira sinagoga asquenazita da Venezuela.
Em 1950 eram 6 mil os judeus da Venezuela, sendo acrescidos, até 1960, de cerca de outros mil, que vieram do Egito, Hungria e Israel.
A comunidade cresceu ainda mais após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando o país recebeu uma onda imigratória significativa do Marrocos e de outros países latino-americanos. Eram, na maioria, profissionais qualificados ou comerciantes e, como tal, muito bem recebidos pelo governo. Há estatísticas indicando que, entre 1960 e 1970, havia 30 mil judeus no país, enquanto dados mais conservadores estimam o número em 15 mil.
Atualidade
Na Venezuela, os judeus cresceram e prosperaram, criando associações sociais, culturais e esportivas e fundando escolas, sinagogas e centros comunitários. Rapidamente se integraram na sociedade local, enquadrando-se como classe média alta. Este quadro harmonioso, no entanto, modificou-se nas últimas décadas, após a recessão que assolou o país; mais acentuadamente, de fato, desde 1998, com a subida de Hugo Chávez ao poder.
Em termos econômicos, a comunidade judaica vem acompanhando a tendência de empobrecimento da sociedade venezuelana, em geral, e os outrora bem-remunerados profissionais vêem despencar o seu poder aquisitivo. A parcela judaica atendida pela assistência social comunitária também aumenta, a olhos vistos. Outro sinal de decadência foi o fechamentode uma das principais escolas da capital, no bairro judaico de São Bernardino.
Desde que Chávez assumiu o poder, a organização americana ADL, a Liga Anti-difamação, tem denunciado o crescente anti-semitismo local, em grande parte em decorrência da própria retórica presidencial e de seus partidários, à frente de importantes pastas e controlando a mídia governamental.
Decorrente da insegurança econômica e política, cresce o ritmo de emigração judaica.
Mesmo que os problemas econômicos sejam preocupantes, a emigração é hoje o principal desafio da comunidade. Segundo Pynchas Brenner, Rabino-chefe da Unión Israelita, há três cenários possíveis para o futuro judaico na Venezuela. Se Chávez continuar no poder por longo tempo e se mantiver a política atual, os judeus continuarão a emigrar a uma média de 2% a 3% ao ano; sem dúvida, uma tendência lenta, porém contínua. Se Chávez obtiver êxito com o que chama de "Revolução Bolivariana", bem ao estilo de Fidel Castro, e adotar políticas de extrema esquerda, 50% da comunidade deixará o país rapidamente. E o terceiro cenário: se Chávez deixar o poder, a vida comunitária será revigorada pelo retorno de 30 a 50% dos que tiverem partido. Somente o tempo dirá que perfil terá, na próxima década, esta comunidade, que já foi uma das mais bem sucedidas do continente latino-americano.
No final de 2006, novo relatório da ADL denunciou a preocupante mescla de anti-semitismo com um apoio integral ao radicalismo islâmico - além do anti-imperialismo e anti-americanismo - que se tornou "cartão de visita" do regime de Chávez. A ADL analisou declarações do presidente venezuelano, artigos na mídia financiada pelo governo e comentários de acadêmicos e líderes governamentais, que revelam a imagem de um regime altamente promotor de virulento anti-semitismo e antiisraelismo, que busca se posicionar como peça importante no tabuleiro regional e mundial.
Em março deste ano, em firme demonstração de sua solidariedade à comunidade judaica venezuelana, o Congresso Judaico Latino-americano (CJLA) realizou sua reunião internacional em Caracas. O encontro contou com a presença de mais de 70 líderes comunitários e coincidiu com o 40º aniversário da Confederação das Associações Israelitas da Venezuela, entidade-teto do judaísmo local. "Estamos aqui para mostrar à Venezuela e ao resto do mundo que os laços de união judaica estão mais fortes do que nunca", ressaltou Cláudio Epelman, diretor assistente do CJLA. Um dos temas do encontro foi a crescente aproximação entre o presidente venezuelano Hugo Chávez e o regime de Teerã.
O fortalecimento dos acordos econômicos entre os dois países, aliado às fortes críticas do presidente venezuelano a Israel são fatores que tornam mais delicada a situação dos judeus do país. Segundo Stephen Herbis, secretário geral do CJLA, "excetuando-se os países árabes, atualmente, o lugar mais problemático para os judeus é a Venezuela".
Vida comunitária
Na cidade de Caracas, onde há a maior concentração judaica do país, praticamente todas as suas 15 sinagogas seguem o rito ortodoxo, apesar de a maioria dos judeus serem mais identificados com sua herança cultural do que com a religiosa. A principal sinagoga sefaradita de Caracas é a Tiferet Israel. Construída em 1956, no lugar da sinagoga El Conde, tem um interior solene, com lindos vitrais coloridos em padrões geométricos, florais e arabescos.
As portas e os candelabros são os originais da antiga "El Conde".
A principal sinagoga asquenazita de Caracas, austera e moderna, ocupa o andar superior do edifício da Unión Israelita, no bairro de San Bernardino, onde se concentrava a comunidade dessa origem. No edifício há escritórios, espaços culturais e salões de festas, o maior dos quais pode receber 2 mil convidados.
Ainda em Caracas, a maioria das crianças em idade escolar freqüenta o Colégio Moral y Luces Herzl-Bialik, que se fundiu com o Colégio Hebraico. Já os colégios Cristobal Colón Sion e o Kolel Nahalat Yaacov seguem a linha mais ortodoxa. A principal organização cultural e social da capital é o clube judaico Hebraica e a principal revista comunitária é o semanário Nuevo Mundo Israelita.
(*) Fonte:
The Jewish People Policy Planning Institute - http://www.jpppi.org.il
Bibliografia:
Brener, Rabino Pynchas e Beker, Marianne K. Synagogues in Venezuela and the Carribean, past and present,Editorial Boker, Cracas, 1999
Tigay, Alan M., The Jewish Traveler: Hadassah Magazine's Guide to the World's Jewish Communities and Sights.
Becker, Avi, Jewish Communities of the World. Institute of the World Jewish Congress: ed. 1998-1990.