O judaísmo acredita que o homem pode mudar a situação em que se encontre, bem como a tristeza e a depressão através de seus pensamentos, palavras e ações e, principalmente, tendo absoluta fé em que D'us é mais poderoso do que qualquer situação que se esteja vivendo.
Para entendermos os caminhos que o judaísmo nos indica para conseguir modificar nossa vida, precisamos, antes de mais nada, analisar aqueles momentos em que nosso estado de espírito nos leva a ficar abatidos, sem força, incapazes de enfrentar dificuldades. Isso pode gerar tristeza, cujos principais sintomas são o desânimo, a falta de vontade de desempenhar tarefas rotineiras e até de conviver socialmente. A tristeza nos leva à passividade e a anestesiar nossas emoções. Nossos Sábios ensinam que a tristeza é a porta para todos os males, pois torna a pessoa vulnerável a todas as coisas negativas.
Na realidade, a tristeza constitui um mecanismo de defesa diante das dificuldades, da dor e do sofrimento. Contudo, sofrer e sentir dor é um estado de espírito mais positivo que a tristeza, pois o próprio fato de sentirmos dor significa que ainda estamos sensíveis. A tristeza, por outro lado, nos anestesia, nos paralisa e nos torna apáticos e indiferentes, sem ânimo para mudar.
A Chassidut – ensinamentos místicos revelados pelos Mestres Chassídicos – que nos ensina a substituir medo e temor por amor e júbilo, também ensina que, quando estamos tristes, o melhor a fazer é nos deitarmos e tentar dormir, porque nada de positivo pode resultar desse estado de espírito.
A Chassidut aborda o tema da amargura – merirut, em hebraico. Diferentemente da tristeza, a amargura nos abala, mas não nos anestesia. Ao contrário da tristeza, a amargura nos dá um impulso para agir e conseguir tirar de dentro de nós o que nos aflige. Quando nosso estado de espírito nem sequer nos permite sentir amargura, isso significa que já estamos sem energia e vitalidade, sem a força necessária para conseguir sair da situação em que nos encontramos.
Uma pessoa triste acaba se acomodando – acostumando-se à situação, mesmo que seja desconfortável ou nociva. O motivo disso é que ela não encontra a força necessária para quebrar o círculo vicioso que envolveu sua vida. Palavras de encorajamento muitas vezes não têm resultados positivos, pois quem está afundado na tristeza acredita que, apesar de outras pessoas terem conseguido superar a tristeza, seu caso é diferente, insuperável.
Lutando contra a tristeza
Tristeza e depressão podem ser resultado de uma frustração de uma expectativa não realizada. Isso ocorre quando a realidade não corresponde ao esperado e, consequentemente, passa-se de um estado de euforia para um de profunda depressão. A euforia ocorre quando o ser humano tem grandes expectativas e acredita que conseguirá alcançá-las. Porém, se essas expectativas não se concretizam, ele entra em depressão.
Tristeza e depressão não dependem apenas de fatores externos. Em muitos casos esses sentimentos advêm de problemas internos – de um descompasso que existe dentro de nós, de uma avaliação errônea de nós mesmos. Para encontrar o caminho que nos afasta da tristeza e da depressão e viver uma vida plena e feliz, precisamos, antes de mais nada, descobrir quem somos. Em muitos casos, há um distanciamento entre o que acreditamos ser, ou o que deveríamos ser, e o nosso verdadeiro eu. Descobrir quem somos, de verdade – descobrir a nossa essência - constitui o grande desafio. O autodescobrimento é um caminho longo e, quanto mais nos distanciamos daquilo que realmente somos, mais longo é o caminho para alcançar a verdadeira felicidade.
O ser humano atinge a verdadeira felicidade quando ele é ele mesmo. Frustrações e sentimentos negativos são o fruto de querer ser quem não somos, quem não podemos ser ou quem não devemos ser.
Esse conceito é ilustrado por meio de uma história do quinto Rebe de Lubavitch, Rabi Shalom Dov Ber Schneerson – grande místico que estruturou os ensinamentos da Cabalá.
Um dia, Rabi Shalom Dov, ainda criança, estava brincando com o irmão. Apesar de ser o mais jovem, ele era mais alto. Enquanto estavam brincando no quintal, seu irmão mais velho o jogou dentro de um poço. O pai ouviu o barulho e foi ver o que estava acontecendo. Ao perceber que o irmão mais velho havia jogado o mais novo no poço, ele perguntou: “Por que você fez isso com seu irmão?”. O filho mais velho respondeu, “Eu fiz o que eu deveria fazer. Sou o irmão mais velho então eu deveria ser o mais alto. Joguei meu irmão no poço para eu estar mais alto do que ele”. O pai respondeu: “Meu filho, vou lhe ensinar uma lição muito importante. Se você quer ser mais alto do que os outros, suba na cadeira ou na mesa em vez de jogar outras pessoas no buraco”.
A lição dessa história é que o ser humano que deseja ser mais “alto” do que os outros – isto é, superá-los – deve agir para alcançar isso sem diminuir os demais. Há pessoas que tentam se sobressair diminuindo os outros. Isso não as levará a nada. Em vez disso, o ser humano deve procurar ele mesmo evoluir e crescer em vez de depreciar os demais. Dessa forma, seu crescimento será real e consistente.
Em muitos casos, quando se avalia o valor de uma pessoa, o único critério é o de suas posses. Mas será que uma pessoa pode ser medida pelo que possui? Será que não somos nada além do que possuímos?
É importante ressaltar que o Judaísmo, diferentemente de algumas religiões, não ensina que o ser humano deva abrir mão ou deixar de usufruir de bens materiais. O sustento e os elementos materiais da vida são importantes e significativos. Contudo, o que o Judaísmo ensina é que o físico e o material não constituem o mais importante. O dinheiro e as posses não devem ser o objetivo máximo da vida, mas um dos meios para se viver de forma significativa. Bens materiais são necessários; entre outros, são uma das formas de se poder ajudar muitas pessoas. Mas o valor do ser humano não pode ser medido por quanto ele possui. Quanto mais tempo passamos buscando o “ter” e não o “ser”, mais distantes ficamos do nosso objetivo: ser aquilo que realmente somos e cumprir a missão que nos é incumbida ao vir para este mundo material.
Saber e conhecer o nosso valor é a verdadeira fonte de satisfação e felicidade. Se nossa felicidade depende do “ter”, em vez do “ser”, o “ter” nunca nos bastará. Por outro lado, quando o “ser” constitui a fonte da felicidade interna do ser humano, ele terá a força e a capacidade para enfrentar as adversidades da vida.
Pensando Positivo
Nossos Sábios ensinam que o perigo que leva à depressão e à tristeza habita dentro de nós, e não fora de nós. Às vezes, podemos sentir-nos “sem chão” – sem uma estrutura sólida. Isso gera sentimentos negativos. Contudo, na maioria dos casos, o problema não reside onde vivemos e nem advém das ações de outras pessoas, mas se encontra em nós mesmos. O problema está na insatisfação que sentimos, na perda de significado de nossa vida. Como podemos transformar isso? Transformamos isso quando sabemos quem somos e por meio do otimismo. O verdadeiro segredo do poder da mente – o que chamamos de força do pensamento positivo – é o otimismo.
Há pessoas que acreditam que o otimismo não é nada mais do que uma maneira de se “autoenganar”. Pois, acreditar que tudo vai dar certo, gera alívio e faz com que o ser humano fique mais feliz. Mas a importância do otimismo vai muito além disso.
Os textos sagrados judaicos e nossos Sábios ensinam que existe um poder nos pensamentos, que estes possuem forças que devem ser utilizadas de maneira positiva. Pensamentos positivos por si só têm o poder de influenciar a vida do ser humano. Pensar positivo significa acreditar não só que é possível mudar a si próprio e sua situação, mas que podemos confiar no Criador, que é mais poderoso do que qualquer situação que se esteja vivendo. Pensar positivamente significa ter não somente fé, mas confiança absoluta que qualquer situação pode ser mudada.
Pensamentos negativos
Assim como o pensamento positivo tem força, o pensamento negativo também o tem. É importante ressaltar que o Judaísmo ensina que há três domínios: o do pensamento, o da fala e o da ação. Uma força ainda maior que o pensamento positivo é o poder das palavras, pois tudo que é dito, tudo que é falado, produz efeito.
O mundo da fala, da palavra, está muito próximo ao da ação. Isso significa que a fala é bem mais poderosa do que o pensamento: quando se verbaliza um pensamento negativo, este assume uma força maior do que se nunca tivesse sido enunciado pelos lábios. Forças negativas são evocadas por meio de palavras negativas. Portanto, devem ser evitadas, sempre.
A própria Torá sempre usa linguagem positiva. Por exemplo, utiliza a expressão “aquilo que não é puro” em vez de “impuro”, “aquilo que não é certo” em vez de utilizar a palavra “errado”.
Nossos Sábios também não mediram esforços para sempre se expressar de forma positiva. Por exemplo, quando o Talmud se refere ao cego, usa a expressão Sagui Nahor – alguém que tem muita luz; para falar do cemitério, usa a expressão Beit HaChaim – “a casa da vida”. Em várias oportunidades o Rebe de Lubavitch ensinou que não se deve chamar o hospital de Beit Cholim, a “casa dos doentes”, e sim, de Beit Refuá, a “casa da cura”.
É fundamental que o ser humano se habitue a se expressar de forma sagrada, positiva e gentil. Por exemplo, não se deve dizer que as coisas “vão de mal a pior”, mas sim que “poderiam ser melhores”.
Torna-se evidente, portanto, que é fundamental não verbalizar pensamentos negativos. Quando surge em nossa mente um pensamento negativo, a primeira coisa a fazer é evitar enunciá-lo, para em seguida, descartá-lo mentalmente procurando controlar a mente.
O ser humano está acostumado a pensar negativamente – tanto a respeito de si quanto aos outros. Esse tipo de pensamentos cria círculos viciosos e nocivos e é imprescindível nos libertarmos deles. Pensar positivo, por outro lado, é um hábito adquirido que requer treino. Devemos aprender a ver as pessoas e acontecimentos de forma positiva. E é importante aprender a ver o mundo sob a perspectiva dos outros.
O ser humano que consegue se libertar de um viés negativo e adota uma visão positiva em relação aos demais se beneficia imensamente. Isso porque as ideias contidas em nossa mente influenciam o nosso próprio ser.
Nossos Sábios ensinam que é fundamental nos relacionarmos de forma positiva com outras pessoas. Eles ensinam, ainda, que ninguém tem o poder de se apropriar do que pertence a outrem. Isso significa que ninguém pode tirar de uma pessoa o que D’us determinou que seja dela. Esse ensinamento talmúdico não significa que o homem não precisa se esforçar para alcançar o que almeja. Significa que o homem pode trabalhar e viver com a tranquilidade de que ninguém o desproverá do que D’us lhe reservou. Afinal, D’us abençoa nossos esforços e atos. Há, porém, uma ressalva importante: por meio de ações negativas, a própria pessoa tem o poder de perder o que D’us destinou a ela.
Esses ensinamentos requerem muito empenho para serem postos em prática, principalmente quando se enfrenta uma situação adversa. É necessário se esforçar muito para conseguir ver a vida, principalmente os obstáculos, de forma positiva. Mas esse esforço é necessário: o ser humano precisa enterrar seus medos, falhas e imperfeições.
E, para viver uma vida feliz e produtiva, precisamos parar de culpar os outros por nossos problemas. É fácil ver os defeitos dos outros e apontar o que precisam mudar. É difícil ver os nossos próprios defeitos e mudar nossa própria vida. Devemos ser protagonistas e não vítimas de nossa vida.
A Alma Divina
Quando buscamos ser positivos – quando buscamos o otimismo e a força – é necessário ver quem realmente somos. Não somos apenas um corpo, com tantos defeitos e falhas. Além do corpo finito e material, possuímos uma alma – uma neshamá elokit - uma alma Divina – que é uma partícula de D’us que habita dentro de nós.
Quando o ser humano se foca apenas em sua existência material, ele inevitavelmente encontrará em si inúmeros defeitos e motivos para se aborrecer e se frustrar. Mas quando uma pessoa se vê como uma alma Divina, ela passa a ter consciência de seu verdadeiro potencial. E isso leva a uma enorme mudança de perspectiva.
É preciso fazermos três perguntas fundamentais a nós mesmos: Quem sou? Quem posso me tornar? Qual é a verdade? Essas três indagações levam à conclusão de que a vida nos apresenta infinitas possibilidades de crescimento, pois a neshamá elokit é uma alma que está ligada a D’us Infinito.
A alma de cada um de nós veio ao mundo para cumprir uma missão específica e singular que nenhuma outra pessoa pode cumprir. Toda alma veio ao mundo para viver uma vida significativa e produtiva, para elevar e contribuir ao mundo e para ajudar os outros. Esse é, fundamentalmente, o propósito da neshamá elokit que existe em cada um de nós.
Treinando a nossa mente
O treinamento para se pensar positivo exige autocontrole. Devemos aprender a controlar nossa mente, pensamentos, palavras, emoções e ações. Ao obtermos esse autocontrole, torna-se possível resolver os problemas. Passamos a ser pessoas “bem resolvidas”, e uma pessoa “bem resolvida” não se foca em problemas, e sim, na busca por soluções.
Existe um provérbio em iídiche que diz, Trach gut vet zain gut. “Pense bem e será bom”. Em outras palavras: “pense positivamente e o resultado será positivo”. Esse provérbio não se limita à teoria. Foi o conselho que o terceiro Rebe de Lubavitch – o Tzemach Tzedek – deu a um dos seus alunos que passava por um momento muito difícil. O Tzemach Tzedek conseguiu transmitir a ideia de que o pensamento positivo tem o poder de influenciar os eventos de nossa vida – e esse conselho funcionou, na prática, com seu aluno.
Consta no Talmud um conceito denominado machshavá moelet (um pensamento que pode causar um efeito). Issosignifica que pensar fortemente em algo ou em alguém possui um poder imenso. Pensar positivo significa acreditar não só que o homem e a situação na qual ele se encontra podem mudar, mas que o Criador, que está acima de tudo, pode mudar as condições em que a pessoa está vivendo.
A Torános ensina que o início da derrota é o medo; que se um soldado for à guerra e se tornar temeroso diante das forças bélicas do inimigo, ele deve sempre lembrar que D’us está com ele. Se ele se lembrar disso quando sentir medo, conseguirá superar esse sentimento e vencer a batalha. Contudo, também ensina a Torá: se o soldado é incapaz de superar o medo, é melhor que ele volte para casa. Caso contrário, poderá transmitir o medo aos seus companheiros de batalha e, assim, prejudicar os esforços de guerra.
É importante ressaltar que o medo começa na mente, naquilo que não conseguimos controlar e acreditamos ser intransponível. Por outro lado, quando controlamos nosso pensamento e adotamos a atitude confiante de que tudo dará certo e que D’us nos ajudará, torna-se possível atrair a ajuda Divina.
Nossos livros sagrados ensinam que quando D‘us vê que uma pessoa depositou sua confiança Nele, Ele diz: “Tal pessoa depositou todas as esperanças em Mim. Confiou tanto em Mim. Não posso desapontá-lo”. A confiança autêntica e verdadeira em D’us, acompanhada de esforço e trabalho, é algo tão poderoso e intenso que acaba atraindo a proteção Divina. Contudo, o inverso também é verdadeiro. Quando um ser humano pensa intensamente em coisas negativas, acaba por atraí-las sobre si.
Sabemos que nossa mente nunca para. Podemos controlar nossa fala e nossas ações com maior facilidade do que controlamos um pensamento, pois é impossível parar de pensar. A Cabalá chama o pensamento de “vestimenta interna” da alma. É fundamental aprender a controlar a mente. O ser humano que não consegue controlar seus pensamentos vive de forma atordoada. Se alimentamos nossa mente com pensamentos de frustração, tristeza e pessimismo, atrairemos o negativo. É necessário, portanto, treinar a nossa mente a gerar pensamentos positivos.
Tudo Passa
Está escrito que o professor do Rebe Anterior de Lubavitch, costumava lhe transmitir o seguinte ensinamento: toda noite, quando a criança ia dormir, o professor lhe dizia em iídiche: “Amanhã de manhã você tem que acordar completamente diferente do que você foi hoje, e o dia de amanhã tem de ser diferente do que foi o de hoje.” E isso o professor dizia todas as noites para essa criança que veio a tornar um grande Rebe: “Mesmo que eu já lhe tenha dito isso ontem, amanhã tem de ser diferente do que foi hoje. Tem de ser muito melhor do que foi hoje”.
Ensinam também nossos Sábios: “Se hoje eu fizer o que fiz ontem e, amanhã, o que fiz hoje, eu não preciso nem de hoje nem de amanhã, pois já tive ontem. Se me foi dado hoje, o amanhã será para fazer algo que ainda não fiz. Se eu simplesmente repetir o que já fiz, então por que estou aqui?”.
Evidentemente, todos os dias fazemos as mesmas coisas que nos dias anteriores. Contudo, todo dia precisa ser melhor que o anterior – mais perfeito, mais completo e mais significativo. E a forma de fazer com que todo dia seja melhor que o anterior é por meio de pensamentos, palavras e ações positivas.
O otimismo nos ajuda a enfrentar os momentos difíceis da vida. Todo ser humano tem altos e baixos, mas é possível superar os momentos baixos por meio do otimismo e pela consciência de que são temporários.
Um exemplo desse ensinamento se encontra na famosa história do anel que o Rei recebeu de presente. No anel estava gravada a palavra gazi, formada por três letras hebraicas: Gimel, Zayin e Yud. Essas letras são as iniciais da frase Gam Ze Iaavor: “Isso também passará”. Toda vez que o Rei olhava para o anel, ele se lembrava de que tudo na vida é passageiro e temporário. Portanto, quando uma pessoa se encontra nas alturas, deve lembrar que “isso também passará”. Mas, o mesmo vale para os momentos difíceis da vida: também são temporários, pois tudo na vida é passageiro.
Esse ensinamento tem o poder de nos fortalecer em todos os momentos da vida, pois nos ensina que todas as situações são momentâneas e passageiras.
Para sermos felizes, para nossas vidas serem significativas, precisamos direcioná-las ao que é eterno e verdadeiro. Precisamos nos conscientizar de que nem sempre sabemos o que está reservado a cada um de nós. Não entendemos por que determinadas coisas acontecem conosco. Contudo, cabe a cada um de nós determinar como reagir a todas as situações. Mesmo nos momentos mais difíceis, podemos manter nossa mente alinhada com a essência da nossa alma Divina e isso nos proverá a força e o otimismo para superar todas as dificuldades e dores.
Rabino Gabriel Aboutboul é rabino da Sinagoga de Ipanema no Rio de Janeiro e palestrante