O mundo é como o globo ocular humano: a pupila é Jerusalém e a imagem da menina do olho é o Templo Sagrado
Durante 830 anos, existiu em Jerusalém a Casa de D’us, ponto de ligação entre os Céus e a Terra. A razão da existência do Templo era ajudar a ancorar a santidade no mundo material, isto é, servir de ponto focal de contato entre D’us, Santidade Suprema, inatingível, e o mundo material.
O local escolhido por revelação profética para cumprir essa finalidade está no centro de onde a santidade é disseminada sobre nosso mundo e todos os demais. É o lugar de onde são canalizadas todas as orações, que ascendem da Terra aos Céus, e de onde emanam as profecias dos Céus à Terra. Pois, assim como a Terra Santa é o centro espiritual do mundo, Jerusalém é o ponto focal da Terra Santa e o Templo Sagrado é o de Jerusalém. O Rabino Adin Steinsaltz, em seu livro A Rosa de Treze Pétalas, escreve: “Como o local escolhido é o lugar no espaço onde a conexão Divina pode ser feita a qualquer momento, a santidade do lugar persiste até mesmo quando o próprio Templo não está mais lá”.
Para o judaísmo, a importância do Beit Hamikdash, o Templo Sagrado de Jerusalém, é primordial. O Templo era central para o serviço religioso do Povo Judeu e, desde a sua construção, tornara-se terminantemente proibido oferecer sacrifícios a D’us em qualquer outro lugar. Hoje, face à sua ausência, mais da metade dos mandamentos da Torá não podem ser cumpridos.
A destruição do Templo Sagrado foi uma calamidade não apenas para o Povo Judeu, mas também para toda a humanidade, pois esta Casa de D’us era uma fonte de bênção e proteção para todo o mundo. A reconstrução do Terceiro Templo será o indicativo definitivo do início da Redenção final – a era utópica de paz e prosperidade para todos os povos.
A Casa de D’us
A concepção de uma “Casa de D’us” – um local específico onde “habita” o Eterno – deve ser apreendida de forma metafórica, pois D’us preenche e transcende toda a Sua Criação. Como ensina o Midrash, “D’us é o lugar do mundo, e o mundo não é o Seu lugar”. Isto significa que tudo que existe, existe dentro d’Ele. De fato, o Rei Salomão, referindo-se ao Templo que acabara de construir, declarou: “Os céus e os mais altos céus não Te podem conter, quanto menos esta casa que construí para Ti”. O propósito do Beit Hamikdash evidentemente não era o de conter o Infinito, mas o de servir como centro da manifestação Divina na Terra. Era lá onde a Shechiná, a Presença Explícita de D’us, revelava-se de forma aberta. No Templo de Jerusalém não havia ocultação Divina; não havia qualquer dúvida quanto à Sua Existência e Providência. Rabi Josué Dessihnin explica de que maneira o Infinito poderia estar numa moradia terrestre e, ao mesmo tempo, no mundo inteiro. Ofereceu, para tanto, o exemplo de uma caverna à beira-mar. As ondas entram na caverna e esta se enche; contudo isto não faz diminuir o mar. O mesmo vale para a Glória de D’us (Bamidbar, 12,4).
Um dos ensinamentos do Midrash mais citados pelos místicos judaicos é que todo o propósito da Criação é que o homem construa uma “habitação” para D’us nas esferas inferiores – este mundo físico. Isto significa que D’us deseja sentir-Se “em casa” não apenas nos Céus – onde Sua Presença é revelada abertamente – mas também em nosso mundo material, onde Sua Existência é oculta a tal ponto que muitos chegam a d'Ela duvidar ou negar. O homem constrói a moradia de D’us quando eleva este mundo físico para que se torne um lugar sagrado onde o Criador possa revelar-Se.
A primeira Casa de D’us a ser construída – que serviria como o protótipo do Templo Sagrado – foi o Mishkan, o Tabernáculo. Este foi construído no deserto do Sinai pelos Filhos de Israel, após o recebimento da Torá. Tamanha era sua importância que quase a totalidade da segunda metade do Livro do Êxodo trata de descrever seu aspecto e construção. O propósito do Tabernáculo era ser o microcosmo de toda a Criação, representando a parceria entre o ser humano e D’us para fazer do mundo um lugar onde Sua Luz Eterna pudesse ser abertamente revelada. De fato, a construção do Tabernáculo pelos Filhos de Israel simbolizava o próprio ato da Criação Divina.
Além de terem sido ordenados a construir um Tabernáculo no deserto do Sinai, os Filhos de Israel receberam o mandamento de edificar um Templo permanente. Como escreve a Torá: “Ireis ao lugar que escolherá o Eterno, vosso D’us, dentre todas as vossas tribos, para ali pôr Seu Nome; pelo lugar de Sua morada perguntareis, e lá ireis” (Devarim, 12:5). Mas a construção do Templo não poderia ocorrer até que o Povo Judeu tivesse ocupado toda a Terra de Israel, apontado um rei sobre si e alcançado a paz com as terras vizinhas. Tal estado de paz foi obtido apenas durante o reinado de David. Este, após ter feito de Jerusalém a capital eterna do Povo Judeu, almejava, acima de tudo, construir “a Casa de D’us”.
Com a ajuda do maior profeta da época, Samuel, o Rei David procurou o local exato do Grande Altar e do lugar mais sagrado do Templo – Kodesh ha-Kodashim, o Sagrado dos Sagrados, que é “a moradia do Poderoso de Jacob” (Salmo 132: 2-5). No entanto, D’us não permitiu ao Rei David construir o Templo. A Casa de D’us na Terra é um símbolo de paz e, portanto, não poderia ser construída por um guerreiro que derramara sangue, ainda que em defesa de seu povo e de sua pátria. Foi o filho de David, Salomão, cujo próprio nome significa “a paz pertence a ele”, quem teve o privilégio de construí-la.
No entanto, apesar de ter sido construído pelo Rei Salomão, um dos nomes do Templo Sagrado é a “Casa de David”, pois além de ter detectado o local onde deveria ser erguido, foi o Rei David quem reuniu todos os materiais para a sua construção. Todos os objetos de ouro que o Rei David adquiria em suas conquistas militares eram trazidos para Jerusalém e guardados para tal fim. Foi também David, o maior rei na história judaica, que escavou as fundações do Grande Altar do Templo e entregou a seu filho, Salomão, o plano completo, com todos os detalhes, para a construção do Templo.
A ligação eterna entre o Rei David e o Templo ficou evidente na própria inauguração do Beit Hamikdash. Quando o Rei Salomão tentou levar a Arca Sagrada para o Sagrado dos Sagrados, as portas fecharam-se hermeticamente e permaneceram fechadas apesar dele ter recitado 24 salmos. As portas se abriram apenas quando Salomão pediu a D’us que Se lembrasse dos méritos de seu pai, David. Nessa hora, ele foi atendido e conseguiu colocar a Arca sobre a Even Shetiyá – a Pedra Fundamental do Universo. O Talmud afirma que a rocha é assim chamada porque é o alicerce do Universo – o ponto onde D’us iniciou toda a Criação. O Zohar, obra fundamental da Cabalá, descreve, metaforicamente, o início da Criação: D’us tomou uma rocha debaixo de Seu Trono de Glória e a jogou no abismo, separando assim as Alturas do mundo inferior.
O primeiro Templo Sagrado, o majestoso edifício construído durante o reinado de Salomão, permaneceu de pé durante 410 anos. Para sua construção, foram empregados 150 mil homens que trabalharam durante sete anos. A tradição conta que durante sua construção ninguém sofreu acidentes, nem se quebraram ferramentas.
Em 586 a.E.C, o Templo foi destruído pelos exércitos do rei Nabucodonosor, que o incendiou e saqueou, levando os judeus cativos para a Babilônia. Setenta anos mais tarde, um segundo Templo Sagrado foi construído, com a volta de judeus da Babilônia sob a liderança de Ezra e Neemias. Inaugurado em 516 a.E.C., o Segundo Templo foi reformado, em 20 a.E.C., pelo rei Herodes. Para expiar seu terrível pecado de ter assassinado a maioria dos sábios judeus, Herodes o transformou em uma das construções mais majestosas da época. Mas, no ano de 70 E.C., os exércitos romanos de Tito o destruíram. Os dois Templos foram destruídos na mesma data, 9 de Av, Tishá b’Av, o dia mais triste de nosso calendário.
O Grande Altar
Tudo que se refere ao Beit Hamikdash é sagrado – a área do Templo, os pátios, as construções e as escadarias, assim como todos os objetos de seu interior. Tudo tinha uma razão de ser, um propósito e significado espiritual profundo. O projeto, em todos os seus detalhes, é uma espécie de projeção do mundo superior sobre o nosso mundo.
Um dos elementos principais do Templo era o Grande Altar, o Mizbeach, onde eram oferecidos todos os sacrifícios. O Altar, localizado no Pátio, era o único lugar no mundo onde se podia oferecer um sacrifício a D’us, e seu propósito era o de obter o perdão Divino – para os indivíduos, para o Povo Judeu e para toda a humanidade. É interessante notar que nos dias de hoje, as sinagogas têm uma plataforma central, chamada de Tebá ou Bimá, de onde se lê a Torá. Essa plataforma representa o Grande Altar, que era localizado no centro do Templo.
O Grande Altar representava não apenas o arrependimento pelo pecado, mas a elevação do mundo físico. Eram ofertados no Mizbeach sacrifícios de animais, que representavam o mundo animal, e oferendas de farinha e de cevada e libações de vinho, que representavam o mundo vegetal. Nos sacrifícios utilizava-se sal, simbolizando que até o mundo mineral estava sendo elevado a D’us.
É importante ressaltar que a maioria dos sacrifícios animais e das oferendas de farinha eram consumidos pelos Cohanim, por aqueles que os ofereciam e pelas famílias e amigos destes. O sacrifício de animais era feito não porque D’us quisesse o derramamento de sangue de suas criaturas. Na verdade, Ele proíbe ao ser humano ser cruel com qualquer ser vivo. Mas era feito para lembrar ao homem que tudo que há no mundo, e em todos os mundos, pertence a seu Criador. O homem levava sacrifícios ao Templo para aprender a dedicar parte de suas posses a D’us. O sacrifício de animais também continha um significado místico: era a forma de o homem dizer a D’us: “Foi minha alma natural (animal), não minha alma Divina, que fez com que eu me afastasse de Ti. Este animal que estou sacrificando simboliza meu desejo de me elevar espiritualmente – de ‘sacrificar’ meus desejos e impulsos naturais que me levaram a pecar”.
Nossos Sábios ensinam que há muitas semelhanças entre as orações e os sacrifícios: ambos têm um propósito similar, que é o de reaproximar o homem a seu Criador. O profeta Hoshea alude a isto quando declara, referindo-se a uma época em que os judeus já não tinham o Templo: “Compensaremos os nossos bois com a oferenda de nossos lábios”. Deve-se ressaltar que a palavra hebraica para sacrifício, Corban, provém da raiz Carov, que significa “estar próximo, aproximar”. Logo, tanto os sacrifícios quanto as orações são formas de aproximar o homem a D’us. De fato, esse conceito de que o Altar servia de ligação entre D’us e o homem era conhecido mesmo antes da existência do Templo.
O primeiro homem, Adam, foi criado no lugar onde seria erguido o Grande Altar, e para lá retornou após ter sido expulso do Jardim do Éden. Para tentar redimir seu pecado de ter comido o fruto proibido – que trouxe a impureza e o mal ao mundo – Adam construiu, no lugar do Grande Altar, sobre o Monte do Templo, um altar para D’us. Foi para este mesmo local que Caim e Abel levaram suas oferendas. Destruído pelo Dilúvio, o Altar foi reconstruído por Noah, no mesmo lugar. Lá, seu filho Shem ofereceu os primeiros sacrifícios, e lá, D’us fez Seu primeiro pacto com a humanidade: nunca mais esta seria totalmente destruída por um dilúvio. O Altar tornou-se, portanto, um símbolo de proteção para todos os seres humanos.
A localização do Altar foi revelada a Avraham durante seu último teste, o mais difícil de todos – quando recebeu a ordem Divina de levar seu filho, Itzhak, ao Monte Moriá, para o sacrificar. Ao se aproximarem de Jerusalém, pai e filho viram um anel de nuvens sobre o Monte do Templo e perceberam que esta era a montanha onde Adam e Noah haviam erguido o Altar para D'us. Ao se aproximarem ainda mais, uma coluna de fogo indicou sua localização exata. Avraham, então, reconstruiu o Altar, e se aprontou para sacrificar o filho. Mas D’us o deteve. Não obstante, o Talmud ensina que D’us considera como se o sacrifício de Itzhak tivesse, de fato, ocorrido. Este ato supremo de lealdade a D’us, por parte do pai e do filho, serve como fonte de proteção eterna para seus descendentes, o Povo de Israel.
A localização do Altar foi revelada, muitos anos depois, ao Rei David, para que lá construísse o Primeiro Templo. E foram os últimos profetas de Israel que revelaram o lugar exato para a construção do Segundo Templo.
O Santuário e o Sagrado dos Sagrados
No interior do Templo, havia um Santuário, chamada de Kodesh (Sagrado), que continha o Altar onde era oferecido diariamente o incenso, a Mesa com 12 prateleiras abertas, representando as Doze Tribos, onde eram colocados os Lechem HaPanim – o Pão dos Cohanim e a Menorá de sete braços. Toda noite, eram acesos seis dos sete braços da Menorá, enquanto que o do meio sempre permanecia aceso, pois simbolizava a Luz Eterna de D’us – a Ner Tamid. Todos esses objetos sagrados eram de ouro e haviam sido confeccionados por Betzalel, no deserto do Sinai, conforme as instruções que Moshé recebera de D’us.
Dentro do Santuário, localizava-se o ponto mais sagrado de todo o Templo – o Kodesh ha-Kodashim, o Sagrado dos Sagrados, o lugar da revelação da Glória Divina, o ponto de intersecção entre os diferentes mundos e entre um nível de existência e outro. O local do Kodesh ha-Kodashim é um ponto situado em nosso mundo e outros mundos, ao mesmo tempo. O lugar era fechado para todos os homens, exceto para uma breve entrada do Sumo Sacerdote, o Cohen Gadol, durante Yom Kipur, para que lá fosse oferecido o incenso no dia mais sagrado do calendário judaico.
No centro do Sagrado dos Sagrados encontrava-se a Arca da Aliança, Aron Hakodesh, feita de madeira revestida de ouro. Sobre a Arca, havia uma tampa de ouro puro e, fixos sobre a mesma, dois querubins de ouro batido, feitos de uma só peça, com as asas estendidas e as faces voltadas entre si. Toda a estrutura da Arca, as tampas e os querubins, são descritos detalhadamente na Torá. Assim como os outros objetos que estavam no Santuário, também o Aron Hakodesh havia sido confeccionado por Betzazel, sob supervisão pessoal de Moshé, conforme as instruções que recebera de D’us. (V. Morashá n. 49)
Ainda mais importante era o conteúdo do Aron Hakodesh, que guardava os objetos mais sagrados do judaísmo: as Duas Tábuas dos Dez Mandamentos e a Torá original, escrita por Moshé. Como vimos acima, o Rei Salomão colocou a Arca sobre a rocha plana chamada de Even Shetiyá, Fundamental do Universo, para enfatizar que o propósito da Criação e o motivo pelo qual o Universo continua a ser recriado e sustentado por D’us é o Pacto da Torá.
A localização exata do Sagrado dos Sagrados foi revelada apenas para Yaccov, o terceiro e último patriarca do Povo Judeu. Avraham e Itzhak sabiam apenas que o Sagrado dos Sagrados se localizava em algum ponto, no Monte do Templo. A Torá conta que Yaacov, seguindo viagem para encontrar uma esposa, parou em Jerusalém, e aí adormeceu sobre uma rocha. Enquanto dormia, sonhou com uma escada, cujo topo atingia os Céus, e por onde anjos ascendiam e descendiam. Isto indicava que o lugar onde se encontrava era o foco da elevação espiritual – o portal para os Céus através do qual uma pessoa pode subir a níveis espirituais mais elevados. Yaacov, ao acordar, percebendo que este era o ponto mais sagrado do mundo, colocou uma pedra como monumento e verteu óleo sobre a mesma. Mais tarde, tanto o Rei David quanto Ezra e Neemias reencontraram o local exato para que lá pudesse ser iniciada a construção dos dois Grandes Templos.
Três domínios
Maimônides, o Rambam, descreve o Universo como contendo três níveis: a matéria não-refinada – a terra e as criaturas terrestres; a matéria refinada – as estrelas e os corpos celestes; e seres totalmente espirituais – os anjos e outros seres não-físicos. No âmbito do tempo, há também três divisões: os seis dias da semana, o Shabat e o “Shabat dos Shabats” – Yom Kipur, que é o dia mais sagrado do calendário judaico. Em relação às almas do Povo Judeu, há os Israelim, que, em sua maioria, eram fazendeiros, comerciantes, soldados e estadistas; os Leviim, cujo serviço no Templo Sagrado envolvia o refinamento e a elevação do mundo material; e os Cohanim, cujo líder era o Cohen Gadol, o Sumo Sacerdote, que personificava o ápice espiritual alcançável pelo homem. Tanto no Tabernáculo quanto no Templo, esses três domínios eram representados, respectivamente, pelo Pátio, pelo Santuário e pelo Sagrado dos Sagrados.
O Pátio englobava os elementos menos refinados do serviço do Templo. O Pátio era o lugar onde os Cohanim lavavam seus pés e suas mãos para se purificarem do contato com o mundo material antes de iniciarem seu serviço. O Pátio era também onde eram abatidos os animais para os sacrifícios, onde a carne destes era consumida pelos Israelim, e onde as gorduras dos sacrifícios animais (representando a materialidade excessiva) eram queimadas no Grande Altar. Era também neste domínio do Templo que eram depositadas as cinzas que constituíam “os resíduos” da Menorá e do Altar interno, de ouro, onde era oferecido o incenso.
O Santuário, onde apenas os Cohanim tinham permissão de adentrar, representava os elementos mais refinados do serviço do Templo. Como explicado acima, era no Santuário que se localizavam a Menorá, a mesa onde era posto o Pão dos Cohanim e o Altar onde era queimado o incenso.
O terceiro e mais sagrado domínio era o Sagrado dos Sagrados, que hospedava apenas a Arca Sagrada e que podia ser adentrado apenas pelo Cohen Gadol e somente em Yom Kipur. Este domínio representava a transcendência do físico que é realizada pelo homem através de seu serviço a D’us.
O Templo incluía esses três domínios porque a missão de construir uma Moradia para D’us nos mundos inferiores deve incluir todos os assuntos pertinentes à vida de um judeu. Este deve servir a D’us em seus momentos de grande exaltação espiritual – simbolizados pelo Sagrado dos Sagrados, em ocasiões em que é necessário trabalhar para elevar e refinar o mundo – correspondendo ao serviço no Santuário, e, finalmente, nas atividades mundanas do dia a dia – representadas pelo Pátio.
O Terceiro Templo
As orações que recitamos nos dias de hoje correspondem ao serviço realizado no Templo Sagrado de Jerusalém. O Povo Judeu recita, diariamente, trechos a respeito dos sacrifícios, oferendas e oferta de incenso. Vários tratados do Talmud abordam assuntos referentes ao Templo Sagrado e aos serviços nele realizados, e as principais orações do judaísmo, em particular a Amidá (Shemone Esre), incluem súplicas para que seja construído o terceiro Templo de Jerusalém, que será eterno. Jerusalém e o Templo Sagrado são continuamente lembrados.
O costume de se quebrar um copo após a cerimônia de casamento serve para lembrar que a felicidade de um judeu não pode ser completa até que o Sagrado Templo volte a existir.
Hoje, pouco resta do Segundo Templo de Jerusalém, a principal ruína é o Kotel HaMaaravi – o Muro Ocidental. Nossos Sábios ensinam que apesar de o Templo ter sido destruído, a Presença Divina nunca abandonou o Muro Ocidental. É por este motivo que um número incontável de pessoas, judeus e não-judeus, visitam o Kotel HaMaaravi para rezar. É inegável que D’us Se encontra em todo lugar – Ele certamente conhece todos os nossos pensamentos e ouve todas as palavras que são pronunciadas por nossos lábios; mas o centro espiritual do Universo é o lugar onde Ele está mais aberto aos pedidos e súplicas de Suas criaturas.
O exílio judaico se iniciou com a destruição do Segundo Templo e, portanto, a dispersão dos judeus pelos quatro cantos da Terra se encerrará apenas com a construção do Terceiro Templo. Quando a Casa de D’us for re-estabelecida, o Povo Judeu terá cumprido a sua missão – a santificação da existência física para que possa conter a Revelação da Luz Infinita. A reconstrução da Casa de D’us, o Templo Sagrado de Jerusalém, indicará que o mundo finalmente se tornou a Morada do Criador Infinito. Quando isto ocorrer, a era utópica tão sonhada pela humanidade, ter–se–á concretizado.
Bibliografia:
Rabbi Aryeh Kaplan, Jerusalem – The Eye of the Universe – Mesorah Publications Ltd.
Beit Ha-Mikdash, artigo publicado na Revista Morashá em junho de 1996
Rabbi Adin (Even Israel) Steinsaltz, A Rosa De Treze Pétalas, Ed. Maayanot, São Paulo
Mendy Hecht, What was the Holy Temple
Rabbi Yanki Tauber, The Anatomy of a Dwelling
www.chabad.org, The Holy Temple: An Anthology