Até há poucos anos, apreciar um jantar refinado não era uma opção, em Israel, para quem seguia as leis da Cashrut. Atualmente, porém, a realidade é bem diferente. De norte a sul do país, a culinária israelense casher oferece ótimas opções e um padrão de qualidade competitivo com casas estreladas do exterior.
No passado, praticamente todos os melhores restaurantes israelenses baseavam sua "cuisine" em técnicas culinárias criadas por "chefs" cuja tendência era usar produtos ou formas de cozimento estranhos às leis bíblicas da cashrut. Alguns tentavam imitar seus concorrentes não-casher, substituindo ingredientes por produtos similares, na preparação dos pratos. Mas nem sempre os resultados eram satisfatórios. Além disso, na luta pela conquista do mercado, o selo casher já não bastava para atrair novos clientes, cada vez mais exigentes. Era necessário, então, criar uma nova "cozinha" casher, uma nova arte culinária, dentro dos parâmetros exigidos pelas leis dietéticas da religião judaica. A experiência, os conhecimentos e a criatividade de cada "chef" é o que faz a grande diferença. Seus talentos culinários são indispensáveis não apenas na substituição de ingredientes e na introdução de novos produtos, mas também na sua combinação para a elaboração de entradas, pratos e sobremesas criativas que agradem o paladar da clientela.
Nos últimos anos, inúmeros "chefs" israelenses vêm-se empenhando para implantar o conceito de que os restaurantes casher também podem oferecer pratos tão sofisticados e saborosos quanto os mais destacados restaurantes de Israel e do exterior. Um sinal desta tendência é o fato de casas consagradas no país, como o "C2", localizado na famosa e luxuosa Torre Azrielli, em Tel Aviv, ter feito mudanças radicais em seu cardápio e cozinha, passando a oferecer à seleta clientela um menu totalmente de acordo com a lei judaica.
Para os especialistas em gastronomia, este é um sinal dos novos ventos que sopram sobre o setor e de um processo gradual que ficou conhecido como "A Revolução da Cozinha Casher". Para eles, mais do que uma resposta à demanda de determinada camada da população, esta "revolução" é decorrência da chegada a Israel de uma nova geração de "chefs", que estudaram e trabalharam em escolas de culinária e restaurantes ao redor do mundo, onde tiveram oportunidade de conhecer novos ingredientes, novas técnicas e novas idéias sobre a apresentação dos pratos.
Gradativamente, têm surgido nas ruas de Israel novos restaurantes que seguem as regras ditadas pela Halachá, havendo, mesmo, um retorno às origens entre aqueles que já haviam desistido. Os principais hotéis do país, cujas cozinhas já seguiam as leis judaicas, vêm investindo na contratação de novos profissionais com o objetivo de elevar o padrão de seus cardápios.
Para os críticos de gastronomia, a chamada "Revolução da Cashrut" é, na verdade, a continuação de um processo que a culinária israelense vivenciou nos últimos anos. A melhoria do padrão de qualidade e abertura de casas diferenciadas verificadas no setor secular, na última década, chegou ao segmento casher.
Neste processo, não se pode deixar de lado um elemento fundamental: o aumento do poder aquisitivo da população israelense e, conseqüentemente, o surgimento de uma camada mais exigente e com paladar mais refinado, na sociedade - seja secular ou religiosa. Por que, então, deixar de lado um mercado tão promissor?
Os restaurateurs revolveram investir também no segmento e, à semelhança do que ocorre na Europa, atualmente grandes hotéis de Israel transformaram seus restaurantes em locais onde comer é uma questão de escolha. Tudo dentro dos mais estritos preceitos da cashrut.
Assim, atualmente, seja em Jerusalém, Tel Aviv, Yaffo, Hertzliya, Haifa, Ashkelon ou Eilat, é sempre possível encontrar um restaurante casher que ofereça qualidade e sabor, aliados a um excelente atendimento. Algumas boas opções, segundo os conhecedores, são o "Relais Jaffa", localizado no Boulevard Jerusalém, na histórica Yafo, em um prédio de 1930 originalmente usado como local de venda de passagens para transporte urbano. A decoração, em estilo marroquino, com tendas no jardim, é um atrativo a mais para a sua cozinha francesa. Quem vai ao sul de Israel não pode deixar de conhecer o restaurante do Hotel Sheraton de Eilat, o já famoso "Artichoke". Sem abrir mão da cashrut, o que começou apenas como um restaurante especializado em peixes, tornou-se uma das casas mais famosas do balneário, oferecendo atualmente à clientela um menu variado e sofisticado.