A pedra fundamental do Technion – Instituto Tecnológico de Israel foi lançada em 1924, em Haifa, um quarto de século antes da criação do Estado de Israel. Foi a primeira instituição acadêmica de nível superior a ser criada na então Palestina sob mandato britânico.
A pedra fundamental do Technion – Instituto Tecnológico de Israel foi lançada em 1924, em Haifa, um quarto de século antes da criação do Estado de Israel. Foi a primeira instituição acadêmica de nível superior a ser criada na então Palestina sob mandato britânico.
Com ênfase especial para a área de ciências exatas, o Instituto tem sido responsável desde então pela formação de grande parte dos engenheiros, físicos, químicos, arquitetos e planejadores urbanos de Israel. Tornou-se, também, uma referência na área biológica, e um dos grandes centros israelenses de medicina.
O Technion tem aparecido em destaque em vários rankings internacionais, nas últimas décadas, sendo considerado considerado uma das melhores universidades em nível global. Sua Faculdade de Engenharia Elétrica foi classificada entre as 15 melhores do mundo e seu corpo docente das áreas de tecnologia, ciências da computação e engenharia qualificaram-se entre os 40 melhores mundialmente. Em 2008, a empresa QS Quacquarelli Symonds, especializada em educação, publicou o Ranking Internacional das Top 100 Faculdades de Engenharia. Neste ranking, o Technion se classificou em 29º lugar, antes da famosa École Polytechnique francesa, que ficou em 31º. Já o Times Higher Education Magazine classificou o Technion como o 25o no ranking das 50 principais universidades de tecnologia em 2007. Foi incluído, também, em 12º lugar, em uma lista das instituições mais citadas da área de ciências da computação, elaborada pelo Thomson Scientific-indexed Computer Science Journal. A instituição israelense apareceu logo atrás da AT&T, IBM e universidades como o MIT, de Massachusetts.
Consagrado internacionalmente pela qualidade dos docentes, desempenho acadêmico dos alunos e resultados de suas pesquisas aplicadas à indústria, o Technion foi eleito, no ano passado, “a melhor universidade do país” pelos estudantes israelenses.
O segredo de tanta excelência reside no constante investimento e aprimoramento científico do Instituto e em seu quadro de acadêmicos, que inclui entre outros os dois Prêmios Nobel de Química de 2004, Aaron Ciechanover e Avram Hershko. Ao lado do norte-americano Irwin Rose, os dois cientistas israelenses foram agraciados por descobertas sobre o impacto da molécula “ubiquitina” no funcionamento das proteínas. Suas pesquisas podem ajudar no tratamento de doenças como a leucemia e a fibrose cística, entre outras.
Os primeiros passos
O Technion foi concebido no início da década de 1900 pela fundação judaico-alemã, Ezra, como uma faculdade de engenharia e ciências e a única instituição de ensino superior na então Palestina, à época, parte do Império Otomano. Sua pedra fundamental foi lançada em 1912, em Hadar Hacarmel, mas as aulas apenas começaram a ser ministradas 12 anos mais tarde. Após muitas deliberações, decidiu-se que seriam ministradas em hebraico e não em alemão, apesar deste ser o idioma da maioria dos professores. Quando abriu suas portas, em 1924, o Technion oferecia apenas dois cursos – Engenharia Civil e Arquitetura, e contava somente com 16 alunos. O antigo edifício histórico onde foram ministradas as primeiras aulas é, hoje, um museu experimental de ciências, o Museu Nacional de Ciências, Tecnologia e do Espaço.
Na década de 1930, com o recrudescimento do anti-semitismo e a subida de Hitler ao poder, o Instituto recebeu um grande número de estudantes e professores vindos da Alemanha, Áustria e de outros centros da Europa. Na época, o Technion passava por grandes dificuldades financeiras e, para assegurar sua sobrevivência, os professores decidiram temporariamente trabalhar sem remuneração. Em meados da década de 1930, o Instituto volta a crescer e o número de alunos chega a 400, sendo criados novos cursos.
Nos anos que precedem a Independência de Israel, o Technion torna-se um dos centros do movimento underground judaico e grande fonte de soluções tecnológicas de defesa que eram cruciais para a luta pelo independência, pois a Haganá não possuía um arsenal de armas convencionais suficiente para enfrentar os exércitos árabes. Em 1948, os 680 alunos do Technion e o corpo docente rejubilam-se com a criação do Estado de Israel. O Instituto Tecnológico de Israel torna-se a casa de força por trás do Estado em esenvolvimento. Atendiam com presteza e ingeniosidade as novas demandas, lançando uma variedade de projetos que iam desde eletricidade a redes de telefonia, de indústrias de fundição à rápida produção de moradias para atender às necessidades das ondas imigratórias.
Em 1951, o número de alunos já chegara a 1.000 e o campus da universidade, em Haifa, se tornara pequeno. David Ben Gurion, na época Primeiro Ministro, destina ao novo campus da universidade 300 acres no Monte Carmel, e em 1953, o Instituto iniciou sua transferência para a Technion City, no Monte Carmel.
Suas portas abriram-se a centenas de universitários de países em desenvolvimento da África e da Ásia e seu corpo docente começa a prestar assistência tecnológica a vários países, em todo o mundo. Além disso, a maciça imigração proveniente da antiga União Soviética, iniciada ao final da década de 1980, fez a população estudantil saltar de 9.000 para 10.500, à época.
Com o passar dos anos, o Technion se manteve à frente das atividades tecnológicas do país, em áreas como defesa, dessanilização e energia nuclear. A partir da década de 1980, as pesquisas realizadas em seus laboratórios permitiram a rápida expansão das indústrias de alta tecnologia israelense.
Sua renomada reputação pela excelência fortaleceu-se através da intensificação da pesquisa em várias áreas que vão desde opções de poder nuclear para Israel a um novo programa de engenharia marinha, e também um trabalho pioneiro no campo da robótica industrial. Para atender a crescente demanda por engenheiros e cientistas altamente treinados, foi necessário expandir o campus universitário. Atualmente, o Technion engloba 18 faculdades em uma área de 1.325.000 m2 e um total de 12.500 alunos estudam em seu campus. .Desde sua fundação, em 1924, já formou mais de 85 mil alunos. Pesquisas recentes indicam que o Instituto responde por mais de 70% dos fundadores e diretores de empresas de alta tecnologia israelense e 75% dos diretores da indústria eletrônica do país passaram por suas faculdades.
Transferência de tecnologia
Hoje, a exemplo do que acontece em todas as universidades israelenses, o Technion possui um departamento voltado ao setor de transferência de tecnologia. Denominado T³ - o Technion Technology Transfer é a porta de acesso às mais avançadas inovações e pesquisas científicas desenvolvidas na instituição. Fazem parte dos objetivos deste departamento acompanhar os projetos inovadores desde a formatação das idéias passando pelo processo de desenvolvimento, licenciamento, até a formação de parcerias com fundos de investimentos e a indústria. O escritório de transferência cuida, também, da formação de novas empresas (spin-off companies) que têm por base pesquisas desenvolvidas por seus acadêmicos e estudantes, assessorando-os em questões ligadas a patentes, planos de negócios e comercialização de produtos.
Não faltam exemplos do que pode acontecer quando investimentos em educação, docentes de alto nível, pesquisa e desenvolvimento estão lado a lado. Na década de 1970, por exemplo, equipes de docentes e discentes do Technion projetaram um gigantesco coletor de energia solar usado para pesquisa. E, no início dos anos 1990, alunos desenvolveram e lançaram o Gurwin TechSat II, um micro-satélite totalmente projetado por eles. Com esta realização, a instituição tornou-se uma das cinco universidades no mundo a manter um programa estudantil para design, construção e lançamento de seu próprio satélite. Os alunos da Faculdade de Ciências da Computação construíram o “Rahfan” – um micro-helicóptero de robótica que navega, fotografa e faz manobras, independentemente. A invenção pode ser usada em operações especiais.
Há menos de dois anos a empresa israelense Teva Pharmaceuticals, uma das maiores do mundo no segmento de medicamentos genéricos, obteve autorização da Agência Americana de Drogas e Alimentos (Food and Drug Administration – FDA) para o Azilect, um fármaco para o tratamento do mal de Parkinson. O remédio foi desenvolvido por Moussa Youdim e John Finberg, dois pesquisadores do Technion.
O mercado de medicamentos para o tratamento de Parkinson supera o patamar dos US$ 3,7 bilhões por ano. Outra notícia amplamente divulgada pela mídia internacional foi o desenvolvimento de um nariz eletrônico, à base de nanopartículas de ouro, que poderá servir de teste-diagnóstico do câncer do pulmão. Este nano-receptor detecta no ar expirado quantidades ínfimas de pequenas moléculas carbonadas – os componentes orgânicos voláteis (COV) – cuja quantidade é alterada em pessoas que sofrem desse tipo de câncer. Uma detecção precoce do câncer do pulmão – causa principal da mortalidade por câncer no mundo, com 900.000 mortes por ano e menos de 15% de sobrevida em cinco anos – aumentaria teoricamente as chances de cura ou de sobrevida dos doentes. O trabalho foi desenvolvido pela equipe do professor Hossam Haick.
Em 2008, o professor Haim Abramovich, da Faculdade de Engenharia Aeroespacial do Technion, causou sensação quando anunciou que a empresa de sua criação, a Innowattech, desenvolvera uma tecnologia para geração de energia a partir de veículos em alta velocidade pela estrada. A empresa está fazendo algumas demonstrações-piloto: “Embutimos diferentes tipos de geradores sob a superfície do asfalto e estamos utilizando caminhões para correrem por cima dos geradores. Assim, captamos a energia produzida pela pressão dos pneus dos caminhões”, explica o professor. Outra proposta da Innowattech é a implementação do sistema nas pistas dos aeroportos, conseguindo que estes revertam a captação de energia das aterrissagens e decolagens dos aviões, bem como a intensa circulação de passageiros que ocupam quase permanentemente esses espaços, para a sustentação energética dos próprios aeroportos.
Com um perfil diversificado de pesquisas, a inovação pode ser encontrada em todas as suas unidades, assim como as parcerias com empresas. Um exemplo é o SunPal, um produto desenvolvido em conjunto com a empresa Skylard, que indica quando é necessário reaplicar o protetor solar ou ir para a sombra. Disponível em formato de pequenos adesivos ou pulseiras, o produto deve ser colocado na região do corpo que será exposta ao sol. O usuário precisa passar o protetor solar sobre o adesivo para ativá-lo. O SunPal imita as reações da pele, mudando de cor de acordo com a exposição aos raios solares. “Quando o protetor precisa ser reaplicado, o adesivo fica marrom. Se a pele da pessoa já recebeu o máximo de radiação que pode agüentar sem se queimar, o mesmo fica laranja”, explica o físico Ori Faran, diretor da Skylard.
Não há dúvida de que as extraordinárias conquistas israelenses no campo da alta tecnologia, da indústria de ponta e farmacêutica são resultado direto dos avanços científicos e dos conhecimentos fornecidos a milhares de alunos nas universidades de Israel, das quais o Technion é um belo exemplo.
Dados Gerais do Instituto Technion
- Localização: Monte Carmel, Haifa
- Área: 1.300.000 metros quadrados
- Área construída: 446 mil metros quadrados
- Edifícios: 87
- Faculdades: 18
- Graduação: 9.000 alunos
- Mestrandos: 2.300
- Doutorandos: 900
- Total de estudantes: 12.500
- Docentes: 542
- Técnicos, instrutores e monitores: 1.200
- Capacidade dos dormitórios: 4.000 pessoas
- Número de alunos formados desde sua fundação: cerca de 85.000