O termo "Sabra" costuma ser utilizado para definir os indivíduos nascidos em Israel. No entanto, é também o nome, em hebraico, de uma fruta da família das cactáceas, abundante no Golã, assim como no resto de Israel. E, por ser espinhosa por fora e muito doce por dentro, tornou-se a metáfora perfeita para definir o caráter do israelense: áspero e resistente, em sem exterior, mas extremamente terno em seu coração.
Nas décadas de 1930 e 1940, na então Palestina, o termo "sabra" passou a ser usado para indicar todos os nascidos ou criados nos kibutzim sionistas. Seu uso foi popularizado pelo jornalista Uri Kesari, no ensaio de 1931 "Somos as folhas do Sabra". Um ano após a publicação do texto, a palavra já estava na boca de todos, adotada por inúmeras comunidades locais e na Diáspora. Com a criação do Estado de Israel, o termo passou a ser usado como um adjetivo pátrio "mais coloquial" para identificar todos os nascidos no Estado Judeu.
É facil entender por que "sabra" é uma metáfora adequada para descrever os pioneiros das primeiras aliot. Idealistas, destemidos e determinados, prontos a enfrentar as maiores dificuldades em favor do sonho, eles eram protegidos por um exterior duro, resiliente e resistente, que lhes permitia sobreviver apesar das difíceis condições na então Palestina. Mas eram, no âmago, doces, sensíveis e criativos. E, assim como as plantas do sabra que crescem de maneira selvagem, são fortes e resistentes e vigorosas - assim eram os pioneiros de outrora e os "sabras" deste início de século XXI. Foi justamente na Terra de Israel que o "velho judeu" da Diáspora européia, despojado à força de suas raízes, escorraçado e fragilizado, transformou-se no "novo judeu", saudável, forte, preparado para se defender e, acima de tudo, profundamente arraigado na Terra, há milênios, prometida a seus ancestrais.
Ao contrário do que se possa imaginar, apesar de serem muito comuns em Israel, as figueiras-da-índia - ou tzabar matsui - não são uma planta originária de Israel nem do Oriente Médio. Nativos nas áreas semi-desérticas do México, foram levados para a Europa pelos exploradores espanhóis e, em seguida, pelos mouros, para a África, espalhando-se pelo Império Otomano, no século XIX.
Chamado de tzabar em árabe - o termo foi incorporado ao hebraico pelo pioneiros - o opuntia ficus-indica cresce geralmente em zonas planas e, devido à sua capacidade de sobreviver em clima árido e semi-árido, por suas amplas reservas de água no caule, adaptou-se com facilidade às condições climáticas de Israel e do Mediterrâneo, sendo atualmente uma das espécies mais comuns na região. De fácil identificação por seu caule grosso com grandes abas, suas flores dão em uma enorme variedade de cores. Seus frutos deliciosos, mas cheios de espinhos, são também conhecidos como "pera espinhosa" ou "pera-cacto". Durante anos, estas cactáceas foram usadas como cercas naturais. Atualmente são um importante produto da pauta de exportação agrícola de Israel, tendo sido desenvolvidas novas espécies, livres de espinhos. A fruta é muito apreciada não apenas nesse país, mas também no mercado internacional, principalmente o europeu. Possui baixo teor de gordura, é pouco calórica e rica em fibras e carboidratos.
A planta, útil no combate à desertificação, possui grande potencial como ração alimentar. Suas propriedades medicinais tambem são variadas. É utilizada na redução de inflamações prostáticas e no controle do diabetes e do colesterol. Sua seiva, usada como cicatrizante, tem eficácia comprovada em queimaduras. Já no século XVII, médicos judeus atribuíam grande valor medicinal à planta. Rabi Chaim Vital (1543-1620) - importantes discípulos do mestre cabalista, Rabi Isaac Luria- incluía o sabra entre as drogas medicinais de seu tempo e o prescrevia para combater dores ciáticas. Os judeus do Iêmen, por exemplo, usavam-no para tratar dores lombares.