Nove mil atletas representando 78 países participaram da abertura da 19ª. Macabíada realizada no estádio Teddy Kollek, em Jerusalém. Era o dia 18 de julho de 2013.
As arquibancadas totalmente tomadas por um público que aplaudia entusiasticamente o desfile das delegações eram o retrato incontestável do espírito que tomou conta do país quando os jovens atletas e as equipes técnicas começaram a desembarcar no Aeroporto Internacional Ben-Gurion, em Tel Aviv.
Mais do que uma grande festa do esporte, uma imensa demonstração da profunda identificação entre a Diáspora e o Estado de Israel expressa pela presença de mais de 45 mil pessoas que uniram suas vozes para entoar o Hatikvá, o Hino Nacional de Israel. Como acontece em todas as edições, os Jogos Macabeus de 2013 – como também são conhecidos – contaram com a presença de esportistas de fama mundial. Este ano a tocha foi acesa pelo ginasta norte-americano e medalhista de ouro olímpico, Aly Raisman, e permaneceu acesa durante as duas semanas da competição. Albânia, Cuba – a menor delegação, com 56 atletas – e Nicarágua participaram pela primeira vez das Macabíadas.
O ex-jogador e técnico de futebol Zico foi um dos destaques da abertura ao entrar à frente da delegação brasileira carregando a bandeira do País, como também a delegação sul-africana que entrou com uma faixa em homenagem aos 95 anos de Nelson Mandela.
Realizados desde 1932 a cada quatro anos, em Israel, os Jogos Macabeus são, para o mundo judaico, o equivalente aos Jogos Olímpicos mundiais e ocupam espaço nos noticiários internacionais esportivos. A tal ponto que jornais de vários países costumam enviar repórteres para acompanhar as competições das mais de 40 modalidades disputadas.
“As Macabíadas são um evento extraordinário que reúne judeus de todo o mundo. Somente nos Jogos Macabeus um jovem nadador judeu brasileiro de 13 anos pode se encontrar com um tenista judeu de 88 anos da África do Sul. As Macabíadas nos lembram que somos um só povo. Os Jogos simbolizam o espírito especial de nosso povo, que superou vários obstáculos para criar o Estado de Israel. Nós estamos no mapa e permaneceremos no mapa”, disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu ao recepcionar as delegações na noite de abertura. O mesmo espírito de união marcou a mensagem do presidente israelense Shimon Peres, ao declarar: “Nós viemos de lugares diferentes, mas pertencemos à mesma família, uma família cujo rosto está voltado para Jerusalém, a capital eterna do nosso povo”.
A festa da abertura foi encerrada com um show de danças israelenses folclóricas e modernas apresentadas por grupos de vários países, inclusive do Brasil. Artistas israelenses como Rami Kleinstein e a vencedora do Grammy, Miri Ben Ari, além de Carly Rose Sonenclar, do programa American X-Factor, fizeram do evento um acontecimento inesquecível.
Um Shabat brasileiro
Mais de 350 membros da delegação brasileira participaram de um Shabat especial no Kotel, na primeira sexta-feira da competição esportiva. É a terceira vez que a Confederação Brasileira Macabi (CBM), responsável pelos atletas do País, organiza este evento como forma de reforçar os vínculos entre a comunidade judaica do Brasil, o judaísmo e o Estado de Israel. Segundo Avi Gelberg, presidente da CBM, “é claro que as medalhas são importantes em qualquer competição esportiva, e também nas Macabíadas. Mas, acima de tudo, está o fato de estarmos participando de um evento em Israel com a presença de judeus – jovens e adultos – de todo o mundo, numa grande demonstração de amor, apoio e identificação com o Estado de Israel”.
A delegação brasileira este ano contou com aproximadamente 500 participantes. Entre as medalhas conquistadas destacam-se o ouro obtido pela equipe de basquete masculino +45, que derrotou a Rússia na final; também o ouro da equipe de futebol open, entre 18 e 45, que também derrotou a Rússia. O Brasil conquistou mais dois ouros na natação máster e uma prata na natação júnior. O judô foi outra modalidade com bons resultados. Na categoria até 57 quilos feminino, uma medalha de ouro e uma de prata. No masculino, um ouro e um bronze, na categoria júnior. Na competição por equipes masculino o Brasil ficou com a prata. No karatê, um bronze.
A noite de encerramento aconteceu no Estádio Teddy Kollek, em Jerusalém, mesmo local da abertura, com um grande show estrelado por astros israelenses amplamente conhecidos pela juventude da Diáspora, entre os quais, bandas como Infected Mushroom, Balkan Beat Box, Offer Nissim, TYP, Riff Cohen e Orphaned Land.
A grande festa das Macabíadas, no entanto, não ocorreu apenas durante as disputas. Aconteceu principalmente fora dos estádios. Um mosaico de idiomas espalhou-se pelas ruas das diferentes cidades. O arco-íris das camisetas que representam as bandeiras nacionais dos vários países criou um colorido todo especial. A juventude que circulava barulhenta pelas lojas, restaurantes e parques confirma as palavras de Peres e Netanyahu sobre a união do povo judeu. As barreiras linguísticas foram rompidas por gestos de amizades, sorrisos e brincadeiras de jovens que, durante duas semanas, compartilharam uma experiência única em Israel. Eles são o símbolo incontestável de que “Am Israel Chai” – “o povo de Israel vive” – na diáspora e na terra de seus antepassado.