No dia 27 do mês hebraico de Nissan, o Estado de Israel comemora Yom HaZikaron laShoá ve-laG’vurá - o Dia da Memória do Holocausto e do Heroísmo. O próprio nome e data estão associados ao Levante do Gueto de Varsóvia, cujo 800 aniversário ocorre neste ano. Ao associar o Dia do Holocausto aos heróis do Levante, o Estado Judeu lembra os mais de seis milhões de judeus que foram exterminados pelos nazistas não como vítimas, mas como heróis e mártires.
Yom HaZikaron laShoá ve-laG’vurá – Dia da Recordação do Holocausto e Heroísmo, abreviado como Yom HaShoá (Dia do Holocausto) – é celebrado no dia 27 do mês judaico de Nissan (o mês da festa de Pessach). O Yom HaShoá não é celebrado na véspera e nem no término do sagrado dia do Shabat. Portanto, se a data de 27 de Nissan cai numa sexta-feira, ele é antecipado para a quinta-feira. E se cai num domingo, é transferido para a segunda-feira. Não seria apropriado observar Yom Shoá logo após a saída do Shabat porque o sábado à noite ainda tem algo de sagrado e festivo.
Yom HaZikaron laShoá ve-laG’vuráé o dia em que o Estado de Israel recorda e homenageia os mais de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto pela Alemanha Nazista e seus colaboradores. Esse dia nacional de recordação também celebra a resistência judaica durante o Holocausto, razão pela qual o título dessa data solene inclui a palavra hebraica G’vurá, que significa heroísmo, bravura e força.
O primeiro Dia da Recordação do Holocausto no Estado de Israel ocorreu em 28 de dezembro de 1949. Seguiu-se a uma decisão do Rabinato-Chefe do país determinando que uma cerimônia memorial anual deveria ocorrer no dia 10 do mês hebraico de Tevet – um tradicional dia de lamentação e jejum, no calendário judaico. O dia 10 de Tevet marca o início do cerco a Jerusalém, em 425 A.E.C, que levou à queda do primeiro Templo Sagrado de Jerusalém. Assim, essa data representa o início da dispersão do Povo Judeu e de todas as tragédias que se seguiram, que culminariam no Holocausto. Portanto, é mais do que justificado que o Rabinato-Chefe de Israel escolhesse o dia 10 de Tevet para eternizar a lembrança dessa que foi a maior catástrofe na História Judaica.
O Estado Judeu celebrou seu primeiro Dia da Recordação do Holocausto com o enterro, em um cemitério de Jerusalém, das cinzas e ossos de milhares de judeus, trazidos do campo de concentração nazista de Flossenburg. O Rabinato de Israel escolheu um rabino para conduzir a cerimônia religiosa, aberta ao público.
No ano seguinte, em dezembro de 1950, o Rabinato de Israel e as organizações das antigas comunidades judaicas da Europa, juntamente com as Forças de Defesa de Israel, realizaram serviços fúnebres nos quais foram enterrados rolos de Torá profanados, bem como ossos e cinzas de pessoas que foram exterminadas pelos nazistas, trazidos da Europa. No entanto, o Knesset, Parlamento de Israel, não realizou nenhuma cerimônia especial para recordar o Holocausto.
Em 1951, o Rabino Mordechai Nurock, membro do Knesset e sobrevivente do Holocausto, conduziu uma campanha para criar um dia oficial de recordação pelos mais de seis milhões de judeus a quem a Alemanha Nazista exterminara. Em março daquele ano, o Knesset iniciou deliberações para escolher uma data oficial para o Dia da Recordação do Holocausto, levando em consideração várias possibilidades.
Menachem Begin, um bravo combatente pela liberdade de nosso povo, que anos antes dirigira o Irgun Tzvaí Leumi e que era o líder da Oposição no Knesset, à época, propôs que o dia formal de lembrança pelas vítimas do Holocausto fosse celebrado em Tishá b’Av – o dia 9 do mês judaico de Av. Essa data marca o dia nacional de luto do Povo Judeu. Em Tishá b’Av, foram destruídos o primeiro e o segundo Templos Sagrados de Jerusalém. O 9 de Av simboliza o exílio e sofrimento judaicos: é o único dia em nosso calendário, além do Yom Kipur, no qual jejuamos por mais de 24 horas. Segundo Menachem Begin, “A Shoá (o Holocausto) é a expressão máxima do que significa estar exilado”. Ademais, Tishá b’Av marca datas decisivas durante o Holocausto: os nazistas decretaram a Solução Final na véspera de 9 de Av de 1941; e a Grande Deportação dos judeus do Gueto de Varsóvia teve inicio em Tishá B’Av de 1942.
A comunidade de judeus provenientes da Alemanha em Israel sugeriu as datas de 9 e 10 de novembro, quando, em 1938, foi realizada a Kristallnacht (a “Noite dos Cristais Quebrados”). Olhando-se para trás, na História, é claro que a Kristallnacht foi o trampolim essencial para o Holocausto: a total falta de uma reação significativa por parte dos civis alemães e do mundo, em geral, às atrocidades que ocorreram naquela noite fatídica, deram a luz verde para os nazistas seguirem em seu plano diabólico de exterminar milhões de judeus.
Como dissemos acima, o primeiro Dia de Recordação do Holocausto, em Israel, foi realizado em 10 de Tevet. O Knesset considerou que seria apropriado estabelecer essa data como o dia oficial para celebrar as vítimas da Shoá, pois, na tradição judaica, costuma-se recitar o Kadish dos Enlutados em 10 de Tevet,em memória daqueles cuja data de falecimento é desconhecida.
O Knesset também pensou em marcar a data em 27 de janeiro, dia da libertação de Auschwitz – o mais infame dos campos de extermínio nazista – pelo Exército Vermelho. Os nazistas despacharam mais de 1,2 milhão de pessoas para Auschwitz. Quando os soviéticos libertaram esse campo havia apenas 7.650 sobreviventes. Interessante que 27 de janeiro é a data em que as Nações Unidas determinaram que fosse comemorado o Dia Internacional da Recordação do Holocausto.
David Ben-Gurion, primeiro-ministro de Israel, à época, propôs que se estabelecesse o Dia de Recordação do Holocausto na data do Levante do Gueto de Varsóvia – 14 do mês de Nissan – véspera da festa de Pessach. No entanto, isso constituía um problema. Seria inadequado celebrar o Dia do Holocausto na véspera do Seder – uma festiva celebração religiosa judaica. Portanto, após intenso debate, o Knesset escolheu uma data próxima ao aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia, que não caísse na véspera ou durante a festa de Pessach. Em 12 de abril de 1951, o Parlamento de Israel estabeleceu a data de 27 de Nissan – quase uma semana depois de Pessach e oito dias antes do Dia da Independência de Israel – para ser o Dia da Recordação do Holocausto e Levante do Gueto: Yom HaZikaron laShoá Ve-Mered HaGuetaot. O governo do primeiro-ministro David Ben-Gurion escolheu essa data porque a sociedade israelense, à época, valorizava as imagens dos combatentes dos guetos e sua força e coragem diante da morte certa.
Nos primórdios do Israel independente havia certa relutância em abraçar as vítimas e as tragédias do Holocausto. Ainda que se tivesse tornado parte do inconsciente coletivo de sua sociedade, muitos israelenses preferiam concentrar-se nos judeus que se tinham engajado na Resistência, e não no horror do próprio Holocausto.
É importante notar que, apesar de ter sido aprovada a Resolução no Knesset em 1951, não surgiu nenhum mandato formal de celebração do Dia da Recordação do Holocausto. Somente em abril de 1955, o Knesset aprovou uma lei criando o Yom HaShoá, levando até 1959 para implementar a lei que oficializava a data.
Em 3 de maio de 1951, o Estado de Israel celebrou o primeiro evento oficial do Dia da Recordação do Holocausto, na Câmara do Holocausto no Monte Tzion – em hebraico Martef HaShoá (literalmente, o Porão da Catástrofe). Localizada em Jerusalém, essa Câmara foi o primeiro Museu do Holocausto. O Ministério da Religião de Israel a inaugurou em 30 de dezembro de 1949.
Em 1953, o Knesset votaria uma lei criando o Yad Vashem – a instituição oficial do país que constitui um memorial para as vítimas do Holocausto. No Dia da Recordação do Holocausto daquele ano, pela primeira vez, o Governo de Israel determinou que os colégios discutissem o tema do Holocausto com seus alunos.
Em 1955, o Yad Vashem começou a documentar as vítimas da Shoá. Toda a liderança do país – membros do Governo, juízes, parlamentares e outros dignitários – participaram do evento comemorativo daquele ano.
Em 8 de abril de 1959, o Knesset aprovou uma lei criando a “Lei do Dia da Recordação pelos Mártires e Heróis” com o intuito de instituir uma “recordação anual ao desastre que os nazistas e seus colaboradores infligiram sobre o Povo Judeu e os atos de heroísmo e revolta realizados”. David Ben-Gurion, então primeiro-ministro de Israel, e Itzhak Ben-Zvi, presidente, assinaram a proposta, transformando-a em lei.
A Recordação do Yom HaShoá
No Estado de Israel, Yom HaShoá se inicia ao pôr do sol, no dia 27 de Nissan, com uma cerimônia oficial, na Praça do Gueto de Varsóvia, no Yad Vashem, em Jerusalém. Durante a cerimônia, a Bandeira de Israel é descida a meio-mastro, o primeiro-ministro e o presidente proferem seus discursos e os rabinos-chefes recitam as orações pertinentes. Sobreviventes do Holocausto acendem seis tochas, simbolizando os mais de seis milhões de judeus que foram assassinados durante a Shoá.
Nesse dia, os colégios, bases militares e demais organizações comunitárias organizam cerimônias acerca da data. Na véspera e durante esse dia, os locais de entretenimento permanecem fechados por lei. A televisão israelense exibe documentários sobre o Holocausto e programas de entrevistas relacionados à data. Às 10:00 horas da manhã, sirenes aéreas soam por todo o país e cumprem-se dois minutos de silêncio. Praticamente o país todo para. Os motoristas param seus carros no meio da rua e se põem de pé, ao lado, em silêncio, enquanto soam as sirenes. É um momento de grande impacto, como se aquele som cortasse o ar.
Em Yom HaShoá, milhares de participantes da “Marcha da Vida” – um programa educacional anual que leva alunos do mundo todo à Polônia para aprender sobre o Holocausto – marcham cerca de 3,5 quilômetros de Auschwitz a Birkenau. Auschwitz e Birkenau eram partes do mesmo complexo de campos nazistas de concentração e de extermínio, na 2ª Guerra Mundial. Auschwitz, também conhecido como Auschwitz I, era o campo principal e centro administrativo do complexo. Foi criado, a princípio, para abrigar prisioneiros políticos poloneses, mas posteriormente se tornou local de aprisionamento e trabalhos forçados. Localiza-se em Oswiecim, na Polônia, e hoje é um museu e memorial para as vítimas do Holocausto.
Birkenau, também conhecido como Auschwitz II, foi erguido como campo satélite para Auschwitz I e destinava-se, a princípio, a ser campo de extermínio. Ficava a cerca de 3,5 km de Auschwitz I e tinha várias câmaras de gás e crematórios. A maioria das vítimas, provavelmente 90% delas, internadas no campo de concentração de Auschwitz, morreram em Birkenau: aproximadamente 1,1 milhão de pessoas. A maioria, mais de 90% eram judeus. Birkenau era o maior campo do complexo de Auschwitz e é com frequência considerado símbolo do Holocausto. Hoje também é um museu e memorial.
O Dia do Holocausto e o Levante do Gueto de Varsóvia
É significativo o fato de que no Estado de Israel o Dia de Recordação do Holocausto seja chamado Yom HaZikaron laShoá ve-laG’vurá – Dia da Recordação do Holocausto e do Heroísmo. O próprio nome dessa data transmite a ideia de que nós precisamos recordar o Holocausto não apenas como catástrofe (tradução literal da palavra hebraica Shoá), mas também como um momento de força e heroísmo (G’vurá). É também altamente significativo o fato de que a data de recordação das vítimas do Holocausto esteja associada, em Israel, com o Levante do Gueto de Varsóvia.
O Levante do Gueto de Varsóvia foi um ato de resistência e heroísmo judeu, sem precedentes, durante a 2ª Guerra Mundial, e foi uma das primeiras e maiores rebeliões contra a ocupação nazista. Foi heroica por várias razões. Primeiro, os combatentes judeus demonstraram uma tremenda bravura, lutando com poucas armas e recursos contra o poderoso exército alemão, pesadamente armado e bem treinado. Segundo, a insurreição demonstrava a determinação dos judeus de resistir aos opressores. Sua escolha não era entre viver ou morrer, mas “como morrer”. Lutaram até o fim para preservar sua dignidade e a honra de nosso povo.
O Levante simbolizou a resistência e coragem judaica, demonstrando a resiliência do espírito humano contra o mal. Também ajudou a inspirar outros movimentos de resistência nos guetos e campos de concentração, servindo de lembrança das atrocidades cometidas durante o Holocausto contra pessoas inocentes.
O líder foi Mordechai Anielewicz, ativista judeu, comandante da Organização Judaica de Combate (ZOB), no gueto. Nascido na Polônia em 1919, Anielewicz se envolveu nos movimentos juvenis judaicos ainda jovem. Foi o principal organizador dessa insurreição e desempenhou um papel crucial em seu planejamento e execução. Apesar de estarem em número muitíssimo menor e praticamente desarmados, Mordechai Anielewicz e os combatentes da ZOB conseguiram deter as forças alemãs durante quase um mês antes que os nazistas finalmente conseguissem destruir o gueto. Anielewicz morreu no Gueto de Varsóvia, mas atingiu a imortalidade por sua ação. Tornou-se símbolo de heroísmo e força que permaneceram como fonte de inspiração para o Povo Judeu e o Estado Judeu.
É difícil determinar-se o número exato de nazistas mortos durante o Levante do Gueto de Varsóvia, já que os registros da época são incompletos e por vezes contraditórios. Mas podemos dizer com segurança que os combatentes judeus mataram cerca de 300 soldados alemães. É importante esclarecer que o Levante não visava a derrotar os alemães militarmente, mas resistir e lutar contra seus opressores. Mesmo que isso significasse a morte certa para eles, estavam escolhendo “como morrer”. A bravura e o heroísmo desses combatentes judeus perante adversidades esmagadoras são símbolos eternos da força, resistência e coragem judaicas.
De fato, em 29 de abril de 2008, o então Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, o general Gabi Ashkenazi, visitou o Gueto de Varsóvia, na Polônia. Na conta das Forças de Defesa de Israel no Twitter foi publicada a seguinte mensagem: “No Levante do Gueto de Varsóvia os judeus que enfrentavam a morte iminente lutaram contra os nazistas com poucas armas, mas grande força. O Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel faz uma saudação a esses heróis, hoje, no Memorial em Varsóvia. O Povo Judeu nunca mais se verá indefeso”.
Durante essa visita, o General Gabi Ashkenazi declarou: “Devemos aprender e transmitir a heroica história de Mordechai Anielewicz e seus companheiros. Eles agiram e lutaram”. Ashkenazi disse, também, que as Forças de Defesa de Israel “são parcialmente baseadas no heroísmo do Holocausto. É importante aprender com o passado. Vim aqui hoje para saudá-los por sua coragem”.
O Holocausto e o Estado de Israel
Historicamente, é incorreto afirmar que o Estado de Israel deve sua existência ao Holocausto. O Sionismo – movimento que embasa a criação de uma pátria nacional judaica na Terra de Israel – teve seu início no final da década de 1800. No final do século 19, o hebraico era a língua dominante falada na Terra de Israel, então chamada de Palestina Otomana, pois era parte do Império Otomano.
A existência do Estado de Israel não se deve ao Holocausto, mas não há dúvida de que, se houvesse um Estado Judeu, o Holocausto não teria ocorrido – certamente não na magnitude em que ocorreu. Mais de seis milhões de judeus morreram na Shoá porque não tinham seu país nem seu exército e, nem mesmo, armamento para enfrentar a poderosa máquina nazista de guerra, que conquistou facilmente vários países europeus e foi responsável pela morte de 27 milhões de russos, mesmo com seu poderoso exército.
A razão pela qual o Levante do Gueto de Varsóvia foi tão extraordinário é que um grupo de combatentes judeus ousou enfrentar um inimigo com mais coragem do que muitos outros países poderosos. Mordechai Anielewicz e seus companheiros resistiram aos nazistas por um mês. A França, por seis semanas.
O Estado de Israel e, particularmente, suas forças armadas refletem o espírito de Mordechai Anielewicz e de outros combatentes judeus que bravamente lutaram contra os nazistas, no Levante do Gueto de Varsóvia. O Estado de Israel é um país pequeno fundado em 1948. Apenas nove milhões de pessoas vivem no Estado Judeu – sete milhões deles, judeus. No entanto, um artigo recentemente publicado no US News & World Report, que descreve Israel como “a única nação judaica no mundo”, classificou a força militar israelense como a quarta mais forte do mundo, atrás apenas da Rússia (146 milhões de pessoas), dos Estados Unidos (334 milhões de pessoas), e da China (1,45 bilhão de pessoas).
O Povo Judeu, que, durante a 2ª Guerra Mundial era destituído de um país e indefeso, hoje tem um país que é uma potência militar, exportador de tecnologia militar. O Estado de Israel produz os melhores pilotos da força aérea do mundo, e seu serviço secreto, o Mossad, juntamente com a CIA e a inglesa MI6, constituem os serviços de inteligência mais eficientes e influentes no mundo.
Ainda que o Estado de Israel se encontre em estado de guerra desde o dia da declaração de sua independência, o país constitui a única fortaleza de proteção confiável para o Povo Judeu. É digno de nota o fato de que uma semana após a realização do Yom HaZikaron laShoá ve-laG’vurá, Israel comemore o Yom HaZikaron LeHalelei Ma’archot Yisrael ul’Nifgue’ei Pe’ulot HaEivá – Dia em Memória dos Soldados Caídos nas Guerras de Israel e Vítimas de Ações Terroristas. Para apreciar verdadeiramente o significado de se ter um Estado Judeu, é útil comparar-se o número de vítimas eternizadas em Yom HaShoá com o número de soldados tombados e vítimas de terrorismo homenageados em Yom HaZikaron. É evidente que a morte de seres humanos não é uma questão estatística – como ensina o Talmud (Sanhedrin 37a): “Aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro, enquanto aquele que destrói uma vida destrói o mundo todo”. Contudo, há uma diferença gritante entre o número de judeus mortos no Holocausto e os que lutaram na defesa do Estado de Israel e mesmo os que foram vítimas do terrorismo.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores de Israel, em Yom HaZikaron 2022, o Estado de Israel homenageou a memória de um total de 28.284 homens, mulheres e crianças mortos em ataques terroristas e em defesa do Estado de Israel desde 1860 – ano em que os primeiros colonizadores judeus deixaram as muralhas seguras de Jerusalém para erguer novos bairros judeus.
Não sabemos quantos judeus morreram no Holocausto – esse número varia entre seis a sete milhões. Segundo um estudo recente, o auge do Holocausto ocorreu entre agosto e outubro de 1942: em três meses, os nazistas e seus colaboradores assassinaram 1,32 milhão de judeus – o inconcebível número de quase 15 mil judeus por dia. Em outras palavras, de agosto a outubro de 1942, o número de judeus mortos pelos nazistas em apenas dois dias é praticamente equivalente ao número total de soldados judeus e vítimas de terrorismo mortos na Terra de Israel desde 1860.
Dois dias do Holocausto contabilizaram o mesmo número de vítimas judias do que a Guerra da Independência de Israel, a Guerra dos Seis Dias, a Guerra de Yom Kipur, a primeira e a segunda Guerras do Líbano e décadas de ininterrupto terrorismo contabilizados em conjunto. Assim sendo, o Holocausto é um lembrete perene da razão pela qual o Povo Judeu precisa de um Estado Judeu militarmente forte.
É imperativo enfatizar que o número de quase 30 mil pessoas lembradas no Yom HaZikaron - sejam soldados ou vítimas do terrorismo - é enorme, especialmente para um país tão pequeno quanto Israel. E é inconcebível que, mesmo depois do Holocausto, o Povo Judeu tenha que lutar por sua sobrevivência. Portanto, a comparação que estamos fazendo aqui entre Yom HaZikaron e Yom HaShoá não é para minimizar o sangue e as lágrimas derramadas por nosso povo em defesa de nossa pátria, mas para enfatizar a perda sem paralelo de vidas durante o Holocausto.
Em Yom HaZikaron laShoá ve-laG’vurá, o Estado de Israel fica em silêncio por dois minutos. Os judeus que vivem na Diáspora deveriam fazer o mesmo – não apenas para homenagear e recordar os mais de seis milhões de mártires e heróis, seus irmãos; mas para se maravilharem com a fé, a força e a resiliência de seu povo, o Povo Judeu, que meros três anos após terem vivenciado o mal maior jamais perpetrado pelo homem contra o homem – “o pior crime na história da humanidade”, como declarou o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier – ascendeu das cinzas para reivindicar um futuro judeu e reerguer o Estado Judeu em nossa pátria ancestral.
Que a memória de nossos mártires e heróis do Holocausto seja consagrada no coração de todos os judeus, para todo o sempre.
BIBLIOGRAFIA
The History of Holocaust Remembrance Day, artigo publicado por Elon Gilad em 27 de abril de 2014 no jornal Haaretz