Que Israel é a Terra Santa, berço das três grandes religiões e um dos principais centros de inovação tecnológica do cenário internacional são informações de conhecimento geral. O que muita gente talvez não saiba ainda é que Israel é, também, um dos países com maior número de museus per capita do mundo.
Com mais de 200 espalhados de norte a sul do território nacional, o país foi tema de uma reportagem especial da emissora norte-americana CNN, que listou os dez melhores museus israelenses. Grandes ou pequenos, em cidades, vilarejos ou em kibutzim, à espera de visitantes do país e do exterior, abrigam tesouros de arqueologia, etnografia, história regional, arte antiga e moderna, da mais simples à mais sofisticada.
A lista da CNN inclui, em primeiro lugar, o mundialmente famoso Museu de Israel, em Jerusalém, seguido do Museu de Arte Moderna, em Tel Aviv. Completam o ranking o Museu do Holocausto Yad Vashem, também em Jerusalém, além de outros, menores em tamanho, mas não em importância, como o Museu de Design de Holon e o Museu de Arte de Ein Harod, primeiro do país, o Museu Nacional de Ciência, Tecnologia e Espaço – Centro Daniel e Matilde Recanati, também chamado de Madatech (Haifa), o Museu de Arte Islâmica (Jerusalém), o Museu de Arte do Neguev (Beersheva) e o Museu do Seam (Jerusalém).
O Museu de Israel, considerado a maior instituição cultural do país, foi reformado e reorganizado, sendo aberto ao público novamente em 2012 (ver Morashá 78). O novo design das galerias leva o visitante a uma viagem através do tempo, começando com a arqueologia e a pré-história, há um bilhão e meio de anos, e chegando até a arte contemporânea. Na mesma área geográfica estão o Santuário do Livro, onde se encontram os famosos Manuscritos do Mar Morto, além de outros textos antigos, e a maquete de Jerusalém do período do Segundo Templo.
O Museu de Israel mantém, ainda, anexos fora do seu campus, entre os quais o Museu Rockefeller, na parte oriental de Jerusalém, com sua coleção de arqueologia regional; o Centro de Arte Paley, também na zona oriental de Jerusalém, com programas específicos para crianças árabes; e a Casa de Ticho, uma galeria de arte e cafeteria situada em uma mansão centenária no centro de Jerusalém. Várias exposições temporárias também são apresentadas regularmente, bem como outras atividades, como palestras, oficinas, filmes, concertos e aulas de arte.
O Yad Vashem – Museu do Holocausto –, foi erguido em 1953 para relembrar os seis milhões de judeus mortos durante a 2ª Guerra Mundial e abriga uma das maiores coleções do mundo sobre o tema. Com quase 45 mil metros quadrados, atrai mais de um milhão de visitantes por ano. Tornou-se ponto obrigatório na agenda de líderes mundiais e diplomatas em visita a Israel. O museu passou por uma ampla reforma e o novo prédio, em forma de triângulo esculpido na montanha – projeto do arquiteto Moshe Safdie, foi reinaugurado em 2005.
O complexo do Yad Vashem abriga ainda um pavilhão especial dedicado à memória das crianças vítimas dos nazistas, a Avenida dos Justos entre as Nações, em lembrança daqueles que arriscaram a vida para salvar judeus durante a 2ª Guerra, o Salão de Recordação, com gravações no chão dos nomes dos campos de extermínio, e o Vale das Comunidades Destruídas. Um dos objetivos da reforma no local foi oferecer aos visitantes uma experiência sensorial e, ao mesmo tempo, objetiva dos fatos relativos ao Holocausto e às comunidades dizimadas pelos nazistas. O Museu oferece também cursos e programas especiais para educadores e estudantes de Israel e da Diáspora.
O Museu de Arte de Tel Aviv, fundado em 1932, foi transferido para suas atuais instalações em 1971. Após a reforma, foi reaberto em 2011, acrescido de uma nova ala. Atualmente está dividido em quatro galerias que abrigam uma coleção de arte clássica e contemporânea, sobretudo israelense; uma ala juvenil; um auditório onde recitais, concertos de câmara e filmes são apresentados regularmente; e vários salões para exposições temporárias. O Pavilhão Helena Rubinstein de Arte Moderna também está sob sua administração.
Fundado na década de 1930 em uma construção temporária de madeira, dentro do kibutz que leva o mesmo nome, o Museu de Arte Ein Harod foi transferido para um local mais adequado em 1948. A construção atual é considerada um dos exemplos mais representativos do modernismo israelense, tanto pela beleza quanto pela simplicidade. O museu destaca a arte de Israel e possui mais de 16 mil objetos de arte em seu acervo, sendo o maior na região norte.
Na terra da inovação e da educação não poderia faltar um espaço dedicado à ciência. Assim, em 1983, no coração de Haifa, em meio a uma extensão verde e em uma construção histórica, foi fundado o Museu Nacional de Ciência, Tecnologia e Espaço – Centro Daniel e Matilde Recanati, também chamado de Madatech. Projetado pelo renomado arquiteto judeu alemão, Alexander Baerwald, foi instalado na antiga sede do Instituto de Tecnologia – Technion, uma das primeiras instituições acadêmicas do país.
Despertar a curiosidade e inspirar a criatividade dos visitantes, principalmente crianças e estudantes, são os principais objetivos da instituição, que utiliza ferramentas como cinema 3D com recursos multissensoriais e atividades interativas. Dentro dessa perspectiva, o Madatech organiza programas especiais ao longo do ano nos sete centros educativos que possui e opera seis centros de demonstração e 12 laboratórios avançados, além de três laboratórios móveis utilizados para atividades em todo o país, levando, dessa maneira, ciência e tecnologia a mais de 150 mil estudantes israelenses.
O Museu de Arte Islâmica está localizado próximo à residência oficial do presidente de Israel, em Jerusalém, e seu acervo é considerado um dos mais impressionantes do mundo. Mantém exposições permanentes mostrando vários períodos da arte islâmica. É conhecido ainda por sua vasta coleção de relógios antigos.
O Museu de Arte de Neguev, localizado na parte antiga da cidade de Beersheva, sul de Israel, além de realizar mostras de arte contemporânea, organiza shows durante o verão no pátio externo. O edifício foi construído durante o período Otomano no início do século 20 e, após ampla reforma, recuperou seu esplendor original.
O Museu de Design de Holon, criado em 2010, organiza exposições de moda e da indústria têxtil, além de promover a semana de design de joias e outros eventos. Projetado pelo arquiteto e designer israelense Ron Arad, o prédio é considerado uma obra de arte, com suas tiras de aço pintadas em vários tons de vermelho.
O Museu do Seam, em Jerusalém, é considerado um dos mais polêmicos do país. Fundado em 1999 por Raphie Etgar, atual curador, é um museu de cunho sociopolítico que se propõe a discutir, por meio da arte moderna, temas ligados à realidade do país e da região. O tema central das mostras ali realizadas são as diferenças nacionais, étnicas ou econômicas.
Opções para todos os perfis
Além dos mencionados pela CNN, outros museus israelenses têm atraído milhares de visitantes. O de Haifa, fundado em 1949, é uma boa opção para quem visita a cidade. Seu complexo engloba o Museu de Arte Antiga, especializado em tesouros arqueológicos encontrados em Israel e na bacia do Mediterrâneo, e o Museu de Arte Moderna, fundado em 1951, com mostras de arte de todo o mundo. Também estão sob sua administração o Museu da Pré-História, o Museu Nacional Marítimo e o Museu Tikotin de Arte Japonesa.
Localizado nos arredores de Tel Aviv encontra-se o Museu Holon das Crianças, considerado um dos mais populares museus educacionais do Oriente Médio. Em setembro do ano passado, foram inauguradas as exposições “Diálogo no Escuro” e “Convite ao Silêncio”, que fazem parte da série denominada “Diálogo com o Tempo”. Fazendo da interatividade uma de suas principais ferramentas, procuraram introduzir o público infantil na realidade de pessoas com necessidades especiais e da terceira idade. Utilizando guias cegos, surdos e idosos, as exposições tinham como objetivo aproximar os visitantes dos desafios enfrentados por tais segmentos da população.
O Museu Eretz Israel, fundado em 1953, em Ramat Aviv, possui um rico acervo de tesouros arqueológicos, antropológicos e históricos da região, pavilhões específicos para objetos de vidro, cobre e cerâmica e moedas, entre outros, além de um planetário. A seção “O Homem e seu Trabalho” retrata métodos antigos de tecelagem, joalheria, olaria,
moagem e panificação.
A escavação de Tel Quasile, onde foram encontradas 12 camadas distintas de civilização, situa-se no local. O museu é responsável também pela administração do Museu da História de Tel Aviv-Yafo e pelo Salão da Independência, onde o Estado de Israel foi proclamado em 1948.
O Beit Hatefutzot, também chamado de Museu da Diáspora, foi fundado em 1978 dentro do campus da Universidade de Tel Aviv. Graças a várias coleções e à utilização de tecnologias modernas, traça a história das comunidades judaicas na Diáspora ao longo dos séculos. Com mostras temáticas que ocupam um andar cada uma, oferece aos visitantes apresentações audiovisuais sobre história judaica e uma série de programas educacionais.
Os interessados pela história antiga da região poderão viver uma experiência única no Museu da Torre de David, no qual se faz uma retrospectiva de Jerusalém através dos séculos. Fundado em 1988, está inserido no complexo arquitetônico da Cidadela. Seu acervo inclui achados do período do Primeiro Templo (960-586 AEC), os restos de uma torre e da muralha da cidade do período dos Asmoneus (século I AEC) e as fundações de uma enorme torre construída pelo rei Herodes (37-4 AEC). O museu cobre quatro mil anos de história de Jerusalém, desde seus primórdios como cidade canaanita até os tempos modernos.
O Museu das Terras da Bíblia fica próximo ao Museu de Israel. Ali está exposta uma coleção de artefatos arqueológicos que remete às culturas antigas do Oriente Médio. Por uma linha do tempo, os visitantes são levados a uma viagem que começa no período bíblico e termina na era moderna. Mapas, esboços e citações bíblicas compõem as exposições, recriando a atmosfera do passado. Na área externa, há um jardim com árvores e plantas que são mencionadas na Bíblia.
Novos talentos também têm espaço em Israel. A Casa dos Artistas de Jerusalém, situada na antiga sede da Escola de Artes e Ofício Bezalel, realiza exposições provisórias dos artistas israelenses. O Museu Janco Dada, assim nomeado em homenagem ao artista Marcel Janco, está situado na vila dos artistas em Ein Hod, próximo a Haifa. Janco foi um dos fundadores do movimento de vanguarda conhecido como dadaísmo. Visitado por estudantes judeus e árabes, possui uma ala especial para a juventude e um Dadalab – um laboratório que permite a esses jovens expressarem sua criatividade.
A arte também tem vez no universo industrial. Um dos principais defensores desse princípio é o empresário israelense Stef Wertheimer, criador de quatro parques industriais no país, entre os quais o Parque Tefen, próximo a Naharia, norte do país. Ali, em meio a fábricas modernas, foi instalado um museu a céu aberto com obras criadas por artistas israelenses, além de haver uma exposição permanente que descreve a história da imigração alemã, um jardim esculpido que contêm esculturas de numerosos estilos, e uma exposição dedicada ao desenvolvimento da indústria Israelense. Com essa iniciativa, Wertheimer tinha como objetivo criar um lugar que ligasse a indústria com a arte e promovesse a criatividade em todas as suas formas.
Assim, considerando-se a lista elaborada pela CNN e os demais que o país possui, uma visita a Israel não seria completa sem uma passagem por alguns dos mais importantes museus do país. Cada um, com suas especificidades, conta um pouco da história da nação e de seus habitantes. Mais do que apenas monumentos ao passado, são considerados ferramentas para educação das novas gerações.