Diante dos novos desafios impostos pela mudança climática e pela economia mundial, Israel aposta em inovação e se posiciona como um dos países líderes em soluções para as questões ambientais e energéticas.
Com o barril de petróleo beirando o preço de US$ 120, a divulgação constante de relatórios sobre os riscos do crescente aquecimento global e suas conseqüências para o meio ambiente a médio e longo prazo, ganham espaço os que defendem a adoção de políticas ambientais corretas e, principalmente, os fornecedores de tecnologias que apresentam soluções inovadoras para tais desafios.
A exemplo do que aconteceu nos setores de agricultura e telecomunicação nas décadas passadas, Israel caminha para se tornar um dos países líderes no campo de soluções energéticas que visem a redução da emissão de CO2, a preservação do meio ambiente e o uso cada vez maior de fontes renováveis.
Alguns fatos comprovam esta tendência: Israel é um dos primeiros países a apostar na implantação de carros elétricos para emissão-zero e a preparar a infra-estrutura para a comercialização em massa destes veículos no país. Empresas israelenses vêm-se destacando no disputadíssimo mercado de usinas de energia solar em diferentes países, além de surgirem, a cada dia, inovações que comprovam que, quando a questão é tecnologia, Israel tem muito a oferecer ao mundo. Ar limpo e energia alternativa são, também, dois temas prioritários na pauta das instituições de pesquisa, da indústria e do governo de Israel.
Recentemente, o israelense e norte-americano Isaac Berzin foi incluído na lista de 2008 das 100 personalidades mais importantes do mundo, publicada pela revista Time. Seu nome apareceu na categoria "Cientistas", por suas pesquisas sobre o potencial das algas como matéria-prima para absorção de CO2 e para produção de biocombustíveis. Em 2001, Berzin, que é engenheiro químico, fundou a GreenFuel Technologies, em Cambridge (Massachusets), onde começou a produção em larga escala de algas. Já em 2007, inaugurou outra unidade em uma região próxima a Fênix (Arizona).
Berzin é, atualmente, um entre milhares de profissionais que atua para conquistar o mercado mundial de energia, avaliado em US$ 6 trilhões. Berzin nasceu em Israel, onde estudou e começou sua vida profissional. Para ele, as algas podem ser o futuro da energia limpa e aposta com vigor numa idéia: a de que o apetite das algas por toxinas e sua incrível eficiência são aliados poderosos para a transformação de emissões tóxicas em energia renovável.
Pesquisas de laboratório em sua companhia já provaram que algas unicelulares consomem dióxido de carbono (CO2) ou óxido de nitrogênio (NOx ) - que são gases poluentes presentes na atmosfera - e se transformam em biomassa reutilizável. Assim, sempre que ocorre a fotossíntese, as algas consomem o CO2 e aumentam de volume enquanto absorvem os poluentes. Ao final do processo, o próprio calor da usina ajuda a secar a sopa de algas e transformá-la em um tipo de carvão sólido, que pode ser reciclado e usado como combustível no lugar do gás natural, petróleo ou do próprio carvão. Em um evento recentemente realizado em Israel, o pesquisador afirmou que o país tem tudo para se consolidar como líder mundial na área de energias alternativas. Para mostrar sua convicção, Berzin pretende implantar em, breve, um centro de pesquisa e desenvolvimento nesta área, no país.
Israel tem-se destacado, ainda, no campo de energia solar, no qual foi pioneiro. Pouca gente sabe que foi lá que surgiu a primeira empresa totalmente voltada à produção de energia a partir da luz do sol. Trata-se da empresa Luz, criada por Arnold Goldman, judeu norte-americano que emigrou para Israel no final da década de 1970. A empresa ostentou por anos o título de maior fornecedora mundial de energia solar, fornecendo 350 megawatts para a Califórnia - seu maior cliente no mercado internacional. Além das nove plantas da Luz no estado, acabam de iniciar a construção da décima unidade. A primeira foi erguida em 1984 em Kramer Junction e ainda está em funcionamento. Segundo Goldman, a planta está apta a gerar energia por mais 25 anos.
Com mais de 3.000 funcionários - 2.500 nos EUA e 500 nos centros de Pesquisa e Desenvolvimento em Israel, chegou a ser uma das dez maiores companhias exportadoras de Israel. No entanto, em 1991, com a extinção da lei que garantia a isenção de impostos para o uso de energia solar na Califórnia, a Luz acabou falindo, sendo obrigada a encerrar suas atividades. Foi o fim de uma história que tinha tudo para ter um final feliz.
De 1991 até o final do século 20, o tema "energia alternativa" não foi prioritário nas agendas internacionais. O preço baixo do barril de petróleo somado à abundância de recursos permitiu a redução dos investimentos em fontes renováveis. O quadro, no entanto, começou a mudar com as informações preocupantes sobre aquecimento global, o aumento das emissões de CO2, o fantasma da escassez de recursos energéticos tradicionais e, principalmente, o aumento no preço do barril de petróleo. Mais uma vez, o mundo voltou-se para as energias alternativas.
Em meio a esse contexto, Goldman retornou à cena em 2004, apostando, mais uma vez, na energia solar como uma das principais fontes energéticas renováveis. Como a fênix que renasceu das cinzas, ele criou, no Parque Industrial Har Hatzofim, em Jerusalém, uma nova companhia de energia solar, Luz II, em referência direta à sua primeira empresa. Em 2005, foi inaugurado um projeto piloto de geração de energia solar no Parque Industrial Rotem, na região do deserto do Neguev. Tendo como fonte de processamento energético uma torre de 60 metros e 1.600 espelhos distribuídos em ampla área, o projeto tem capacidade para gerar 100 megawatts de eletricidade. Como parte dos planos da Luz II está a instalação de uma usina semelhante no Deserto de Mojave, na Califórnia, em 2009 para geração de 900 megawatts. A Luz II é subsidiária da empresa norte-americana BrightSource Energy, Inc., que desenvolve projetos de uso da energia solar nos serviços públicos.
Outro grande player israelense da área de energia solar é a Solel Solar Systems Ltda, responsável pelos equipamentos de uma usina no estado de Nevada onde são gerados 64 megawatts de eletricidade para 48 mil lares no Vale de Las Vegas. No ano passado, a Solel assinou um contrato de parceria com a norte-americana Pacific Gas and Electric, no valor de US$ 2 bilhões, para a construção do maior parque de energia solar da Califórnia, até 2011. Este proverá energia elétrica suficiente para 400 mil casas e abrangerá uma área de 23 quilômetros quadrados.
Em Israel, berço da tecnologia de energia solar, o governo também tem incentivado a utilização desta fonte através da construção de novas usinas. Em fevereiro deste ano, as autoridades israelenses aprovaram a construção de duas usinas no Neguev. As novas unidades responderão pelo fornecimento de 250 megawatts de eletricidade, o que equivale a 3% do consumo elétrico em Israel. Estas novas usinas, junto com os 300 megawatts gerados por energia eólica, permitirão a Israel a produção de 600 megawatts de energia renovável até 2011-2012.