Um dos mais antigos portos do mundo, durante milênios a cidade foi o principal portão de acesso a Jerusalém. Incorporada a Tel Aviv em 1950, Yaffo é hoje uma das principais atrações turísticas de Israel.
De acordo com a tradição judaica, foi Yefet, filho de Noah, quem, após o Dilúvio, fundou a cidade. Há, também, quem afirme que o nome de Yaffo ou Jaffa é em sua homenagem. No entanto, acredita-se que o nome deriva de yofi, palavra que significa “beleza” em hebraico e em canaanita, ambas, línguas semíticas, por causa da beleza natural do lugar e do brilho do sol refletido no mar.
No entanto, nem o passar do tempo nem os povos que lá viveram foram generosos com o local.
A estratégica localização de Tel Yaffo, que permitia uma visão de comando do contorno da costa, fez com que, ao longo de sua história, a cidade fosse repetidamente conquistada, destruída e reconstruída por incontáveis conquistadores.
Na Antigüidade
Apesar de escavações arqueológicas realizadas em Tel Yaffo terem encontrado restos de uma cidade datados do século 18 e 16 a.E.C., os mais antigos registros são egípcios e datam dos séculos 15 e 13 a.E.C. Yaffo é mencionada na lista das cidades canaanitas conquistadas pelo faraó Tutmose III (1504-1450 a.C.E), que foi encontrada no Templo de Karnack, no Egito, nas “Cartas de Amarna” – e no Papiro Anastasi (século 13 a.E.C). Nesse papiro, há uma descrição de seus jardins e habitantes, e de uma fortaleza egípcia que havia ao lado da cidade canaanita. As escavações da área comprovam o domínio egípcio. Foram encontradas, entre outros, ruínas de um portão de um palácio egípcio da época do Faraó Ramsés II (1237-1304 a.E.C.). Tal portão foi construído em arenito, no qual estavam gravados o nome de Ramsés II e a data.
Na Torá, Yaffo é mencionada no Livro de Yehoshua, que relata a conquista de Canaã pelas tribos de Israel (século 12 a.E.C), quando são descritas as fronteiras do território destinado à tribo de Dan. É, também, mencionada em Crônicas II, onde estão relatados eventos ocorridos durante o reino de Salomão. Distante apenas 55 km de Jerusalém, foi através de seu porto que chegaram as madeiras de cedro do Líbano enviadas pelo rei Hiram, de Tiro, para a construção do Templo Sagrado. E foi desse porto que costumavam embarcar os mercadores judeus e que o profeta Yoná parte rumo a Tarshish, em sua fútil tentativa de fugir do Eterno.
A história da cidade é tão turbulenta como a da região à sua volta. Em meados do século 8 a.E.C, é conquistada pelo rei assírio Sennacherib, e, no século 5 a.E.C, torna-se parte dos domínios do imperador persa Ciro, o Grande. Após conquistar a Babilônia, Ciro permite aos judeus lá exilados regressar à sua terra natal. E, quando algum tempo após sua chegada a Jerusalém iniciam a reedificação do Segundo Templo (inaugurado em 516 a.E.C.), é através de Yaffo que, mais uma vez, chega a madeira de cedro do Líbano para sua construção (Ezra 3:7). Na época de Ezra e Nehemias havia judeus vivendo na cidade, como revelam os restos de um assentamento judaico.
No ano de 332 a.E.C. é a vez de Alexandre, o Grande, conquistar a cidade. Na época o maior porto de Eretz Israel, Yaffo passa a fazer parte do imenso império estabelecido pelo conquistador macedônio. Quando, após a prematura morte de Alexandre, o império é dividido entre seus generais, Yaffo passa de um domínio a outro até ser tomada, em 301 a.E.C., pelos ptolomaicos do Egito. Estes a transformam em uma cidade grega e mudam seu nome para Ioppe. No início do século seguinte, os selêucidas passam a dominar a cidade, assim como o resto de Eretz Israel.
A luta dos Macabeus contra o domínio selêucida, iniciada em 167 a.E.C., acaba estendendo-se à cidade portuária. Quando 200 judeus de Yaffo são afogados pela população local, Judá, o Macabeu, ataca a cidade e queima o porto (Macabeus II, 12:3-7). Em seguida, a cidade é conquistada e anexada ao Reino de Judá. Escavações feitas na área trouxeram à tona restos de uma antiga fortaleza do período Hasmoneu.
No ano de 65 a.E.C., o Reino de Judá torna-se um principado vassalo do Império Romano. No período romano, Yaffo perde sua importância perante Cesaréia, recém-construída pelo rei Herodes, que a transforma no maior porto do Império. Durante a 1ª Guerra Judaica contra Roma (66-70 C.E),Yaffo é palco de violentas lutas. Após tomar a cidade e incendiar o porto, os romanos massacram 8.400 judeus, como relata Flávio Josefo em sua obra Guerras Judaicas. Mas as forças judaicas rapidamente reconstroem o porto, que passa a servir de base para ataques contra embarcações romanas. A ira de Roma se abate novamente sobre a cidade, que é totalmente arrasada por Vespasiano.
Mas, a importância estratégica de seu porto faz com que a cidade seja reconstruída por Roma, com o nome de Flávia Ioppe. A vida judaica não demora a se recuperar, como atestam os restos arqueológicos datados do início do século 2 E.C. Entre estes, ruínas de uma habitação judaica e uma estela com a inscrição “Yehudá, filho de Tozomanus, o Agoronomos” (inspetor de pesos e medidas).
A Mishná e o Talmud são fontes de informação sobre a vida judaica nos séculos 2 até 4, assim como pedras de túmulos desenterradas no cemitério judaico de Abu-Kabir. Nesse período vários sábios lá viveram, entre os quais, Rabi Acha de Yaffo, Rabi Tanchum Daman e Rabi Yudan ben-Tarfon, Rabi Ada e Rabi Nahman. Na primeira metade do século 5, a cidade é um importante centro de comércio e, até o século 7, um importante porto de saída de todos os viajantes da região para os países do Mediterrâneo.
Os árabes e os cruzados
Após os exércitos islâmicos tomarem Yaffo, no ano de 636, cresce ainda mais a importância de seu porto, principalmente, depois que os governantes árabes fundaram Ramleh (Ramla), a nova capital da região. Jaffa, como passa a ser chamada, torna-se o principal centro de armazenamento para o comércio marítimo da região e porto de desembarque de peregrinos cristãos e judeus em visita à Terra de Israel.
Nos séculos seguintes, no entanto, a cidade entra em decadência. Em 1071, havia judeus em Jaffa, como atestam documentos descobertos na Guenizádo Cairo. Entre outros, uma carta em hebraico de 1071, que relata o confisco de mercadorias no porto de Jaffa, e um documento de divórcio (guet) de 1077. Foi, ainda, em Jaffa, que, no início do século 10, morreu Rabi Yossef, pai de Saadia Gaon.
No verão de 1099, os muçulmanos são expulsos pelos integrantes da 1ª Cruzada. Durante todo o século 12, Jaffa será a principal porta de acesso à Terra Santa. Torna-se capital do Condado de Jaffa e Askelon, um dos senhorios vassalos do Reino de Jerusalém, criado em 1099.
Com os cruzados, muda o perfil de sua população. A violência contra os não-cristãos faz árabes e judeus abandonarem a cidade, que passa a ser habitada por europeus e cristãos orientais. Benjamin de Tudela que, em 1170, passou por lá, relata em sua obra, Livros de Viagem, ter encontrado em Jaffa apenas um judeu.
Em 1187, no mesmo ano em que Saladino il-Ayubbi toma Jerusalém, seu irmão, al-Malik al-Adil, conquista e destrói Jaffa. No entanto, quatro anos mais tarde, o rei inglês Ricardo I, Coração de Leão, a reconquista. As lutas entre cruzados e os exércitos islâmicos acabam
por afugentar grande parte do comércio naval, e, no século 13, apesar de manter sua importância estratégica, a cidade perde sua força comercial. Nesse mesmo período, judeus voltam a se estabelecer na cidade.
Em 1268, Jaffa cai perante o sultão mameluco Baybars, que ordena sua total destruição e o massacre de seus habitantes. É reconstruída em seguida, mas, perante uma possível invasão cristã à Terra Santa, os mamelucos voltam a destruí-la em meados do século seguinte.
Em ruínas, a cidade é abandonada. As autoridades islâmicas de Ramleh cercam-na de guardas para o caso de algum navio mercante ou de peregrinos cristãos se aproximarem da costa. Os passageiros de embarcações cristãs só podiam desembarcar se e quando as autoridades muçulmanas o autorizassem. Muitos morreram durante as longas esperas e os que finalmente desembarcavam eram objeto de humilhações, extorsões e violência. Para os judeus, tentar entrar em Eretz Israel através de Yaffo era ainda mais perigoso.
Os otomanos
No ano de 1515 Jaffa é conquistada pelos otomanos, que, por mais de dois séculos, não demonstram interesse em seu porto. A cidade continua deserta até meados do século 16, quando tem início a história moderna de Jaffa. Nos primórdios do século 18, já era um centro de produção e exportação de sabão e laranjas. Há indicações de que as primeiras laranjeiras de Eretz Israel lá foram cultivadas.
Um cais foi agregado ao porto para desembarque de passageiros e foram construídas hospedarias e residências para agentes comerciais e cônsules europeus. Em 1746, já havia uma hospedaria judaica e, em 1780, preocupado com o tratamento dispensado pelos muçulmanos a judeus, o grã-rabinato de Istambul pede ao governo otomano a indicação de uma autoridade cristã para proteger os judeus que passavam por Jaffa.
A cidade, que na década de 1770 se tornara palco de lutas entre vários governadores de províncias otomanas, foi conquistada, em 1775, por Muhamed Bey Abu Dhahab, do Egito, que após massacrar seus habitantes, entre os quais muitos judeus, celebra a vitória com um monumento de cabeças decapitadas. O local se tornou conhecido como Tell al-Russ (Colina das Cabeças).
Em março de 1799, os muros da cidade caem perante a artilharia de Napoleão. Dois meses mais tarde, quando o imperador francês deixa Istambul, os otomanos enviam um contingente militar e nomeiam um governador para administrá-la. Coube a Muhammad Abu Nabut (Mahmud Aga), que governou a cidade de 1810 a 1820, reconstruí-la, executar melhorias no porto e pavimentar as estradas ao redor.
No início do século 19 a população somava 2.500 habitantes. O comércio com a Europa florescera e a agricultura estava em franco desenvolvimento. Os campos ao redor da cidade cultivavam e exportavam as famosas laranjas de Jaffa. O porto passa a ser utilizado por companhias de navegação da Europa e, com a abertura do Canal de Suez, tornou-se uma opção para os navios que cruzavam os oceanos.
A indústria também se desenvolvia. O turismo torna-se a segunda atividade econômica da cidade, superado apenas pela agricultura. Com o aumento da segurança e da redução de obstáculos à presença de não-muçulmanos, milhares de peregrinos, turistas e colonos acorreram para a região, entre eles muitos judeus. Novos subúrbios vão surgindo ao redor de Jaffa e, em 1886, a população já chegava a 17 mil pessoas. Novos bairros judeus foram fundados, tais como Neve Tzedek (1887) e Neve Shalom (1890).
Com a construção de uma ferrovia, em 1892, e a inauguração de um serviço de navegação a vapor, Jaffa tornou-se uma das mais importantes cidades da região, inclusive a maioria dos jornais e livros impressos na então Palestina eram lá publicados.
Entretanto, Jaffa perdera a beleza que, na Antigüidade, dera origem a seu nome. As condições de vida na cidade eram precárias, as moradias e saneamento básico deixavam muito a desejar e as ruas eram sujas, tortuosas e mal iluminadas. Ao desembarcar em Jaffa, em 1897, Theodor Herzl chocou-se com o que viu.
“Nas ruas estreitas, a pobreza e a falta de condições sanitárias estavam por todos os lados... As narinas dos visitantes eram agredidas pelo desagradável odor de putrefação, mofo e doenças”. A impressão de David Ben-Gurion ao desembarcar pela primeira vez em Jaffa não foi melhor: “Isto não é a Terra de Israel”, disse.
Jaffa judaica
O renascimento da vida judaica teve início em 1820, quando Yeshayahu Adjiman, um banqueiro de Istambul, comprou uma propriedade que se tornou conhecida entre os árabes como “Dar al-Yahud” (Casa dos Judeus). Ao redor dela vai crescer a comunidade judaica.
O primeiro grupo de judeus a se estabelecer vinha do Norte da África. Foram seguidos, em 1839, por um grupo de ashquenazim vindos da Europa. Em 1841, Abraham Ayyim Gagin, rabino-chefe de Jerusalém, indicou Rabi Judah HaLevy, o Ragusa, para ser o líder espiritual da comunidade judaica de Jaffa.
Em 1856, a população judaica já somava 400 pessoas. O judeu austríaco L.A. Frankl, escritor e poeta, relata em sua obra Nach Jerusalem, que, durante sua viagem a Eretz Israel, em 1856, encontrou na cidade portuária umas 65 famílias judias. Mais judeus se estabeleceram na cidade durante as 1ª e 2ª aliot, entre o final do século 19 e início do 20. Ellen Miller, missionária norte-americana que chegou a Jaffa em 1867, relata que lá viviam cerca de 5 mil habitantes, dos quais mil cristãos, 800 judeus e, o restante, muçulmanos. Em 1882, viviam na cidade 1.500 judeus. Esse crescimento desagradava tanto a população árabe quanto as autoridades otomanas.
Enquanto uma parte da população judaica vivia na velha Jaffa, muitos dos recém-chegados decidem viver mais ao Norte, onde havia bairros novos construídos por imigrantes asquenazitas. Nesse período novas instituições comunitárias são estabelecidas, entre elas, o Hospital Sha’arei Sion, as escolas da Alliance Israélite Universelle e as escolas secundárias Herzlia e Hovevei Zion. No dia 28 de Iyar de 1904, desembarca no porto de Jaffa, com sua família, para se tornar rabino-chefe da cidade, o rabino Abraham Isaac Kook. (Ver Morashá 66).
Século 20
No limiar do século 20, Jaffa era a cidade mais desenvolvida na então Palestina. Fora dos limites da cidade, já havia 11 novos subúrbios onde viviam 5 mil pessoas, quando, em julho de 1906, empresários judeus decidem criar um novo subúrbio residencial judaico. No início de 1909, eles adquirem 34 acres do Pomar Jibali, uma área próxima ao rio Yarkon e à ferrovia Jaffa-Jerusalém. Assim, no dia 11 de abril, na semana de Pessach, 66 famílias reunidas às margens do mar, em meio às dunas de areia, lançam as bases da futura Tel Aviv. Quando eclodiu a 1ª Guerra Mundial, em 1914, a área ocupada por Tel Aviv já era dez vezes maior e sua população contava mais de 2 mil pessoas.
Durante a Guerra, Jaffa fica a mercê do governador otomano Beha-a-Din. Para seus habitantes, foi uma época de fome e sofrimento. A vida econômica entra em colapso após o fechamento do porto e a população é submetida a muita arbitrariedade e violência. Os homens que possuíam cidadania turca, inclusive os judeus e as outras minorias não-muçulmanas são obrigados a se alistar no exército turco, e o restante é hostilizado de todas as formas. Em dezembro de 1914, Beha-a-Din ordena a expulsão da cidade dos 6 mil judeus russos e de outros 700 que não possuíam cidadania otomana. Atemorizados, outros milhares de judeus deixam a região. No fim de março de 1917, vendo o avanço da ofensiva britânica, os otomanos, que consideravam os judeus pró-aliados e, portanto, potenciais traidores, expulsam os judeus remanescentes de Jaffa e de Tel Aviv.
No dia 16 de novembro de 1917, um mês após o início da invasão britânica na então Palestina, o general Edmund Allenby toma Jaffa, que, terminada a guerra, ficará sob Mandato Britânico. Com a retirada dos turcos, a população judaica retorna aos seus lares. Entre 1917 e 1920, havia milhares de judeus residindo em Jaffa.
À medida que se fortalecia a presença judaica em Eretz Israel, vai crescendo a animosidade da população árabe em relação à judaica. A situação sai do controle em abril de 1921, quando eclodem violentos distúrbios anti-judaicos em toda a então Palestina. Em Jaffa, durante três dias, atendendo um apelo do Mufti de Jerusalém, Haj Amin Al-Husseini, as turbas árabes atacaram os judeus, queimando e saqueando suas propriedades. O resultado foram 43 judeus mortos e 200 feridos. Muitos judeus decidem abandonar Jaffa e se estabelecer em Tel Aviv.
Temendo novos conflitos, os britânicos concedem a Tel Aviv o status de município, separando assim a árabe Jaffa da judaica Tel Aviv. As relações entre as duas cidades, que já eram hostis, foram piorando. Mais distúrbios, em 1929, provocaram a saída dos judeus de Jaffa em busca da segurança de Tel Aviv. Não tardou para que Jaffa se tornasse um pequeno vilarejo em comparação com a crescente região de Tel Aviv, que foi alçada ao status de cidade em 1934.
O impacto da Grande Revolta Árabe (1936-1939) na economia de Jaffa foi dramático. Turbas islâmicas, mais uma vez instigadas pelo Mufti de Jerusalém, atacam judeus em todo o país. No dia 19 de abril de 1936, a liderança árabe decretou uma greve geral que paralisou as atividades econômicas. A greve começara no Porto de Jaffa, considerado um dos símbolos da resistência árabe. O objetivo era paralisar o porto e, conseqüentemente, a economia da cidade; e, sobretudo, fechar as portas a novos imigrantes judeus. Para reassumirem o controle da cidade, os ingleses adotaram medidas drásticas, inclusive a demolição de parte da cidade antiga. Por causa da greve portuária, os judeus conseguem autorização das autoridades britânicas para construir um novo porto em Tel Aviv. E, em 19 de maio de 1936, o primeiro navio atraca no novo porto, localizado na foz do rio Yarkon. O porto operou até 1965, quando foi desativado devido à abertura do porto de Ashdod. O impacto imediato foi a redução da renda gerada pelo porto árabe de Jaffa.
Nos anos de 1940, a perseguição na Europa, as notícias sobre o nazismo e o Holocausto influenciaram drasticamente os acontecimentos na então Palestina como um todo. Apesar das limitações impostas pelos britânicos, a imigração judaica clandestina crescia levando a mais confrontos tanto com as autoridades quanto com os árabes. Em 1945 a população de Jaffa chegou a 101.580 mil moradores, dos quais 53 mil eram muçulmanos, 31 mil judeus e 17 mil cristãos, a maioria greco- ortodoxa.
Novo capítulo pós-1948
Nos primeiros planos traçados pelas Nações Unidas sobre a Partilha da Palestina, Jaffa estava incluída no território destinado ao futuro Estado judeu. No entanto, em função da população árabe majoritária, acabou sendo integrada ao que devia ser o futuro Estado árabe.
Distúrbios eclodiram imediatamente após a aprovação da Partilha pela ONU, em 29 de novembro de 1947. Na área de Jaffa e Tel Aviv, a proximidade física entre judeus e árabes tornou o confronto inevitável, apesar das tentativas das duas prefeituras para preservar, principalmente, a economia local. A situação tornou-se ainda mais difícil quando grandes unidades de voluntários árabes, vindos de outros países, chegaram a Jaffa e assumiram o controle da cidade.
Nos primeiros dias de abril, após meses de constante ataque por parte de forças palestinas e voluntários árabes, as forças judaicas realizaram inúmeras operações. A área de Jaffa e Tel Aviv foi palco da Operação Chametz. Realizada às vésperas de Pessach, tinha como objetivo capturar os vilarejos árabes à leste de Jaffa. No dia 29 de abril, a maioria dos 70 mil árabes que viviam na área optam por deixar a cidade. No dia 13 de maio Yaffo se rendeu. Quando as forças da Haganá assumiram o controle da cidade, havia menos de 5 mil habitantes árabes, a maioria dos quais a abandonaram logo em seguida.
Nesse momento já parte do novo Estado de Israel, um novo capítulo abria-se na história de Yaffo. Judeus voltaram a viver na cidade, muitos dos quais imigrantes. As fronteiras entre Tel Aviv e Yaffo tornaram-se tema de disputas entre a prefeitura de Tel Aviv e o governo israelense ao longo de todo o ano de 1948. O município queria apenas incorporar os subúrbios ao norte de Yaffo, enquanto o poder central visava a unificação completa. Após longas negociações, as duas cidades foram integradas. No dia 19 de agosto de 1950, a unificação foi anunciada, surgindo a municipalidade Tel Aviv-Yaffo.
A velha Yaffo era um lugar de abandono até 1960, quando o Governo de Israel e a prefeitura de Tel Aviv-Yaffo criaram a Old Jaffa Development Co. (Empresa de Desenvolvimento de Jaffa Antiga), visando construir e reabilitar a área de Tel Aviv-Yaffo (que também era chamada de “o grande território”). Nas décadas seguintes, foram investidos na área milhões de dólares em um amplo programa de restauração e revitalização, não apenas nos limites da cidade murada, mas ao redor do antigo porto, que passou a ser um centro de arte, entretenimento e turismo. A antiga Yaffo foi transformada em bairro de artistas com galerias, cafés e lojas. Com suas vielas antigas e colinas à beira mar, Yaffo voltou a ser um local de grande beleza. Hoje, uma visita à Cidade Velha de Yaffo é ponto obrigatório em qualquer roteiro turístico em Israel.
Bibliografia
Kalir, Matityahu, Tel-Aviv-Yafo; people and things which make a city, Shalom Rosenfeld, Dan Toren, 1966
The Grand Boulevard of Jaffa, Eretz Magazine, maio, 2010
Deutsch, Gotthard e Franco, JAFFA,
www.jewishencyclopedia.com
Lebor, Adam, City of Oranges. Arabs and Jews in Jaffa.