Cada um dos 22 homens fortes do Terceiro Reich, que o Tribunal Militar Internacional levou a julgamento entre novembro de 1945 e outubro de 1946, teve uma participação integral e necessária na criação do III Reich. Cada um, à sua maneira, colocou suas “expertises” a serviço de Hitler para que fossem atingidos os objetivos do Führer de dominar a Europa e primordialmente exterminar todo e qualquer judeu.
Aos que se perguntam por que é necessário sempre relembrar os crimes cometidos há mais de sete décadas, fazemos nossas as palavras do promotor britânico: “A memória humana é muito curta. (...) os fatos verdadeiros, nunca relembrados assertivamente, tornam-se obscuros e esquecidos...”.
Como vimos no artigo Nuremberg, à página 61 desta edição, os réus foram acusados de conspiração para cometer crimes: contra a paz; crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. As barbaridades cometidas pelos nazistas foram tantas e de tamanha magnitude que, como afirmava Elie Wiesel, a mente humana tem dificuldade de assimilar. Nas páginas seguintes só nos resta dar uma pincelada nas “contribuições” de cada um dos acusados, sem as quais o sucesso da empreitada nazista teria sido comprometido.
Hermann Wilhelm Göring: Homem de confiança de Hitler, chegou ao mais alto nível da hierarquia civil: Reichsmarschall. Era o segundo homem mais poderoso do 3º Reich. Nas palavras do Juiz Jackson, promotor chefe, Göring foi “meio militar, meio gângster”. Ele usou as SA, as“camisas pardas”, tropas de choque compostas por violentos brutamontes, para ajudar Hitler a chegar ao poder. Implementou a Gestapo – polícia secreta do Estado – e os campos de concentração. Em 1933 chegou a alertar: “Qualquer um que erguer a mão contra um representante do Movimento Nacional Socialista ou do Estado deve saber que rapidamente perderá sua vida”. Seu Plano Quadrienal do Partido Nazista ajudou a reerguer a Alemanha, sendo responsável por uma grande parte do funcionamento da economia alemã na preparação para a 2a Guerra Mundial.
Desrespeitando o Tratado de Versalhes, reestruturou a força aérea, a Luftwaffe, que passou a comandar em 1935, e que teve um papel fundamental na criação da Blitzkrieg, a “guerra-relâmpago”. Göring perseguiu ativamente os judeus e foi um dos que mais se empenhou em bani-los da Alemanha, em 1939. Ordenou a Reinhard Heydrich, Obergruppenführer das SS, e um dos principais “arquitetos” do Holocausto, “que resolvesse a ‘questão judaica’ por emigração ou evacuação”. Ele também incentivou a realização de manifestações contra os judeus e foi um dos que orquestrou a “Noite dos Cristais”, em 9 de novembro de 1938, obrigando-os ainda a pagarem pelos prejuízos. Em 1941 proibiu a emigração de todos os judeus dos territórios ocupados em vista da eminência da “Solução Final da Questão Judaica”. Em meados de 1942, centrou seus “esforços” no saque de milhares de obras de arte e no confisco de propriedades judaicas.
Durante o Julgamento, manteve uma postura arrogante, tornando-se um porta-voz não oficial dos réus, sempre afirmando que “os vitoriosos sempre serão os juízes e os derrotados, os acusados”.
O Tribunal o condenou à morte, mas ele covardemente suicidou-se três horas antes da execução. O Exército Aliado, querendo evitar a criação de qualquer lenda no sentido de que Göring havia conseguido escapar, determinou que ele ocuparia seu lugar como um homem morto, aos pés da plataforma da forca, para que as testemunhas e os correspondentes Aliados pudessem ver que ele realmente estava morto.
Rudolf Hess: Vice-líder do Partido Nazista e secretário-particular do Führer nas décadas de 1930 e 1940, ele era o terceiro homem mais poderoso da Alemanha Nazista. Em 1923, Hitler, que ficara preso com Hess após o fracassado Putsch da Cervejaria, ditou-lhe o livro Mein Kampf, seu “manifesto político”, imbuído de selvagem antissemitismo. Também foi Hess quem apresentou a Hitler o conceito de Lebensraum (um território adicional considerado necessário para a sobrevivência nacional) – uma importante plataforma política para a ideologia do Partido Nazista.Já em 1933, Hess queria ver a Alemanha com um completo domínio mundial. Ele era o “engenheiro” da máquina partidária e, por seu intermédio, os nazistas estabeleceram o controle do Partido acima do Estado. Ele dava a palavra final em todos os planos internos e em todas as questões consideradas vitais. Hess, que afirmava que “o nazismo era biologia aplicada”, foi responsável por propagar a doutrina da “superioridade da raça alemã” com a qual os nazistas buscavam justificar as perseguições contra os judeus e outras “raças inferiores”. Ele participou da criação das Leis de Nuremberg contra os judeus e dos centros de eutanásia onde eram assassinadas pessoas consideradas “incuravelmente doentes”. Em maio de 1941, voou sozinho para a Escócia. Os ingleses o mantiveram detido até o final da guerra, quando foi levado de volta à Alemanha para ser julgado. Durante o Julgamento, alegou sofrer de amnésia, mas, mais tarde, admitiu tratar-se de um estratagema. “Não me arrependo de coisa alguma”, afirmou durante o Julgamento. Condenado à prisão perpétua, morreu no presídio, em 1987.
Joachim von Ribbentrop: Ministro das Relações Exteriores. Quando os temores, no exterior, colocaram em risco o sucesso das conquistas nazistas, Ribbentrop, “o vendedor das ilusões”, como o Juiz Jackson o denominou, “foi encarregado de jogar água fria nas suspeitas, com sua ladainha de intenções limitadas e pacíficas”. Esteve ativamente envolvido no planejamento da anexação da Áustria, da Checoslováquia e na ocupação de todos os países que a Alemanha invadiu. Sua participação na “Solução Final” foi crucial, pois, já em 1942, ordenara aos diplomatas alemães sediados em vários estados satélites sob controle nazista que acelerassem a deportação dos judeus para o Leste europeu. O Tribunal o condenou à morte por enforcamento.
Martin Bormann (julgado à revelia): Principal secretário-particular de Hitler, depois da fuga de Hess para a Grã-Bretanha, tornou-se seu Vice-Führer. Era a força que guiava o Partido nazista na execução de suas mais impiedosas políticas, entre elas o uso de mão-de-obra escrava. Ordenou o maus-tratos aos Prisioneiros de Guerra, em especial aos soviéticos. Em relação aos judeus, defendeu sua eliminação de todo território sob controle do III Reich e deu à Gestapo absoluta jurisdição sobre eles. Não era suficiente, afirmava, deportá-los. Havia que utilizar contra eles força e violência implacáveis. Testemunhas afirmaram durante o julgamento que era Bormann quem transmitia as ordens de Hitler de extermínio dos judeus. Foi condenado à morte à revelia. Posteriormente descobriu-se que Bormann não fugira, mas falecera em 1945.
Wilhelm Keitel: Marechal de Campo, chefe do Alto Comando das Forças Armadas, após 1938 tornou-se conselheiro militar de Hitler. A promotoria o acusou de ter entregue as Forças Armadas ao Partido Nazista, usando-as para executar os criminosos planos partidários. Durante a Guerra, incentivou a selvageria nas fileiras do exército, ordenando o uso dos meios mais brutais possíveis, mesmo em relação a mulheres e crianças. Ele afirmara que “a vida humana no Leste valia menos que nada”. Em 8 de maio de 1945, Keitel assinou a rendição incondicional da Alemanha perante os Exércitos Aliados. Foi condenado à morte por enforcamento. O Tribunal recusou seu pedido para ser executado por um pelotão de fuzilamento.
Ernst Kaltenbrunner: Comandante Supremo das SS, RSHA, SD e Gestapo. Jackson o acusou de ter assumido, em 1943, o manto sangrento de Heydrich “de reprimir a oposição e aterrorizar a submissão”. Incontáveis crimes de guerra e crimes contra a Humanidade foram planejados e ordenados por ele: tortura e assassinato de opositores ao nazismo, de judeus, de comunistas e de prisioneiros de guerra. Foi responsável pela deportação de milhões de civis-homens, mulheres, velhos e crianças, de nações ocupadas para campos nazistas. A lista de seus crimes contra o Povo Judeu é infindável e assustadora. As RHA tiveram um papel crucial na Solução Final sendo que uma unidade especial foi criada para supervisionar o extermínio dos judeus. Dos 6 milhões assassinados durante a Shoá, 4 milhões foram mortos quando Kaltenbrunner estava à frente das RSHA. Foi condenado à morte por enforcamento.
Alfred Rosenberg: Principal “filósofo” do nacional-socialismo, em 1941se tornou Reich Minister dos Territórios da Europa Oriental. Antissemita convicto desde a juventude, elaborou “uma escala racial humana” que justificasse as políticas de Hitler e a longa lista de atrocidades nazistas. Para Rosenberg, os judeus eram um inimigo prioritário, um “vírus” que devia ser exterminado. Nas palavras de Jackson, Rosenberg foi “o sumo sacerdote intelectual da pretensa ‘raça superior’, o arquiteto da doutrina de ódio que daria o ímpeto para a aniquilação dos judeus europeus... e quem colocou suas teorias infiéis em prática contra os Territórios Ocupados do Leste”. Rosenberg criou a mais exitosa organização nazista engajada na pilhagem de objetos de arte da Europa. Quase 1,5 milhão de unidades de carga ferroviária de objetos de arte foram despachados para a Alemanha. Foi condenado à morte por enforcamento.
Hans Frank: Governador geral da Polônia Ocupada. Assessor jurídico pessoal de Hitler, em 1933 foi nomeado comissário do Reich para a submissão da Justiça nos Estados e a renovação do Estado de Direito. Frank fortaleceu o controle nazista sobre a Alemanha e estabeleceu uma nova ordem que fez dos ditames do partido nazista o único parâmetro de legalidade. Como governador da Polônia Ocupada era o responsável pela exploração e assassinato de centenas de milhares de civis e a virtual aniquilação dos judeus poloneses. Anunciou o planejado extermínio dos judeus da Polônia em uma reunião com seus superiores em 16 de dezembro de 1941. Durante o Julgamento a promotoria revelou que quatro dos seis campos de extermínio estavam localizados na Polônia. Convertido ao catolicismo, alegou remorso diante das evidências apresentadas. Foi condenado à morte por enforcamento.
Wilhelm Frick: Ministro do Interior do Reich de 1933 a 1943, quando foi nomeado Protetor da Boêmia e Morávia. Jackson o intitulou de “organizador impiedoso”. Ele ajudou o Partido a conquistar o poder, supervisionando as forças policiais para garantir que continuasse no poder. Como ministro do Interior, Frick era a autoridade final em questões constitucionais, de raça e cidadania, além de ter jurisdição sobre administração governamental e a defesa civil. Esteve profundamente envolvido na promulgação das leis raciais e da legislação antissemita. Frick implantou, ainda, o projeto de esterilização forçada e da eutanásia. Como outros nazistas, apropriou-se de bens dos judeus. Foi condenado à morte por enforcamento.
Julius Streicher: Sádico, com uma mente lasciva e pervertida, ele liderava a ala anti-judaica mais violenta do partido nazista e orgulhosamente se autodenominando “Antissemita No 1”. Fundou o jornal semanal “Der Stürmer”, que acabou se tornando instrumento central de propaganda do Partido Nazista. O antissemitismo de Streicher era obsessivo e durante 25 anos ele educou o povo alemão para o ódio contra os judeus e clamou por seu extermínio em discursos e publicações. Chegou mesmo a publicar livros infantis antissemitas, incluindo um chamado Der Giftpilz (O cogumelo venenoso). Após os nazistas assumirem o poder, sua postura antissemita tornou-se ainda mais violenta. Ele teve um papel de liderança nas manifestações contra os judeus na Noite dos Cristais, em novembro de 1938. Ordenou a destruição da Grande Sinagoga de Nuremberg, sua cidade natal, alegando “sua insatisfação com a arquitetura do edifício”. Foi condenado à morte por enforcamento. Pouco instantes antes de ser enforcado, gritou: “Festa de Purim, 1946”, lembrando a frustrada tentativa de extermínio dos judeus por Haman.
Hjalmar Schact: Ministro da Economia e presidente do Reichsbank, Banco Central da Alemanha, de 1933 a 1939. A ajuda de Schact foi indispensável para que os nazistas chegassem ao poder, pois utilizou seu prestígio no mundo de negócios para a causa nazista e atuou intensamente para que os empresários financiassem o colossal e secreto programa de rearmamento do.Führer. Foi Schacht, “verdadeira fachada de imaculada respeitabilidade, quem, nos primórdios da Guerra, forneceu a aparência enganosa, a isca para os que ainda hesitavam”. Absolvido posteriormente, um tribunal de Desnazificação alemão o condenou a oito anos de prisão. Foi libertado em 1948, vindo a falecer em 1970.
Walter Funk: Chefe plenipotenciário para a Economia de 1938 até 1945. Em 1939 se tornou presidente do Reichsbank. Um momento de grande tensão durante o julgamento ocorreu quando a Procuradoria apresentou evidências documentais que demonstravam que quando Funk presidia o Reichsbank, o banco recebia e mantinha sob custódia vultosos depósitos das SS. Esse depósito consistia de joias e outros valores, inclusive ouro de dentes dos milhões de vítimas assassinados pelos nazistas nos campos de morte. Assessor econômico pessoal de Hitler na década de 1930, foi responsável por ter impulsionado o rearmamento da Alemanha. Funk atuava como elemento de ligação entre o Partido Nazista e os donos das grandes indústrias, conseguindo seu apoio para o Führer. Em janeiro de 1933, quando Hitler se tornou chanceler do Reich, Funk assumiu o Departamento de Imprensa. Com controle total sobre os meios de comunicação, foi, até o final de 1937, uma figura-chave na área de propaganda. Teve ampla participação nas políticas e na legislação antissemita e na eliminação de judeus e dissidentes políticos no campo da literatura, música, teatro, jornalismo e artes, em geral. Em 1938, assinou um decreto de medidas econômicas drásticas em relação aos judeus, sujeitando seus bens ao confisco, vangloriando-se de que, em 1938, o III Reich se apropriaria de cerca de dois milhões de marcos. Funk também participou do planejamento do ataque à Rússia e da apropriação das reservas de ouro dos bancos da então Checoslováquia. Condenado à prisão perpétua, foi libertado em 1957. Faleceu em 1960.
Karl Dönitz: Comandante supremo da Marinha em 1943, assumiu o posto de chanceler depois do suicídio de Hitler. Famoso pela atuação à frente da Kriegsmarine (Marinha de Guerra), instou os tripulantes dos submarinos a não resgatarem os sobreviventes dos navios inimigos. Ele “promoveu o sucesso das agressões nazistas instruindo sua frota de submarinos assassinos a conduzir a guerra no mar com ferocidade ilegal” de modo a incapacitar a marinha mercante dos Aliados dizimando suas tripulações. Foi condenado a dez anos de prisão, pena que cumpriu integralmente. Faleceu em 1980.
Erich Raeder: Comandante supremo da Marinha de 1928 a 1943. Jackon afirmou que ele, “o almirante político”, construíra furtivamente a Marinha alemã, desrespeitando o Tratado de Versalhes, pondo-a uso em uma série de agressões em cujo planejamento ele tivera parte ativa. Foi o principal responsável por transferir a lealdade da Marinha ao Partido Nazista, garantindo sua inquestionável aliança. Certos crimes de guerra foram ordenados através da cadeia naval de comando pelo próprio Raeder – “qualquer meio de guerra que é eficaz em quebrar a resistência do inimigo deve ser usado”. Condenado à prisão perpétua, foi solto em 1955, falecendo em 1960.
Baldur von Shirach: Führer da Juventude Hitlerista. O “envenenador” de uma geração, introduziu a juventude alemã à doutrina nazista, treinando-os para se tornarem membros das SS e da Wehrmacht, e os “entregando ‘prontos’ ao Partido como executores fanáticos e incondicionais de suas determinações. Em 1938, ele fechou um acordo com Himmler para que membros da Juventude Hitlerista fossem considerados com a fonte primária de substituição para as SS.Em 1940, Hitler denominou-o “Gauleiter de Viena”(como um Prefeito), sendo responsávelpela transferência dos judeus que ainda estavam na cidade para a Polônia. Em setembro de 1942, von Schirach fez um discurso em que defendia sua ação de ter deportado “dezenas de milhares de judeus para viver nos Guetos do Leste como uma contribuição à cultura europeia”.
Juntamente com Albert Speer, ele denunciou as ações de Hitler no Tribunal. Condenado à pena de 20 anos de prisão, cumpriu-a integralmente. Faleceu em 1974.
Fritz Sauckel: Ministro Plenipotenciário Geral para o Emprego de Trabalhadores do III Reich (1942), foi apontado por Jackson como sendo “o maior e mais cruel escravagista desde os Faraós do Egito”. Foi o responsável pela organização de um método sistemático para subjugar milhões de civis, conseguindo levar para a Alemanha a tão desesperadamente necessária mão-de-obra. Mais de cinco milhões de trabalhadores dos países ocupados foram levados como escravos à força para a Alemanha. As ordens de Sauckel eram que “todo homem deve ser alimentado, abrigado e tratado de forma a ser explorado ao máximo com o mínimo custo”. Foi responsável pela morte de centenas de milhares de trabalhadores judeus na Polônia. Foi condenado à morte por enforcamento
Alfred Jodl: Chefe do Staff de Operações do Alto Comando das Forças Armadas, atuou também como vice do Marechal de Campo Wilhelm Keitels. No planejamento e condução de assuntos militares ele era mais influente do que os demais departamentos militares. Jodl dirigiu a Wehrmacht na violação de seu próprio código de honra militar de modo a cumprir a política militar nazista. Foram suas as ordens para a campanha alemã contra a Holanda, Bélgica, Noruega e Polônia. Ele também planejou ataques contra a Grécia e Iugoslávia. Jodl foi o responsável por assassinatos, deportações, trabalho escravo, maus-tratos e assassinatos em massa das populações civis nos territórios ocupados e em alto-mar. Ele assinou a rendição da Alemanha. Foi condenado à morte por enforcamento.
Franz von Papen: Chanceler em 1932, apoiou a anexação da Áustria e devotou todo o seu talento diplomático aos objetivos nazistas. Ajudou a consolidar o controle nazista em 1933 e fortaleceu a posição do Partido na Áustria, criando as condições para a ocupação. Absolvido, um tribunal alemão, no entanto, condenou-o em 1949 a oito anos em um campo de trabalhos. Mas a pena foi considerada cumprida. Morreu em 1969.
Arthur Seyss-Inquart: Ministro do Interior e governador do Reich na Áustria, além de Comissário do Reich na Holanda. Assumiu o governo de seu próprio país apenas para entregar a Áustria a Hitler.Em outubro de 1939 tornou-se vice-governador da Polônia e, em 1940, foi indicado Comissário do Reich na Holanda. Colaborou com as SS. Acreditava serem necessárias severas políticas de ocupação e foi “implacável na aniquilação de seus oponentes”. Perseguiu os judeus nos Países Baixos sendo responsável pela deportação de 120 mil dos 140 mil judeus holandeses para Auschwitz. Foi condenado à morte por enforcamento.
Albert Speer: Ministro de Armamentos e Produção para a Guerra. Fazia parte do círculo mais próximo de Hitler. Em 1939, seu escritório assumiu o controle da distribuição dos apartamentos que pertenciam aos judeus de Berlim e, depois de 1941, foi eficiente organizador da economia de guerra alemã. A Procuradoria o acusou de usar trabalho forçado dos prisioneiros dos campos de concentração na indústria de armamentos alemã em condições sub-humanas. Contrariando a orientação de seu advogado de defesa, foi o único réu a aceitar a responsabilidade pelos atos do regime nazista. Porém, ele não admitiu sua culpa individualmente, afirmando que foi coletiva e que ele era apenas parte do todo. Condenado a 20 anos de prisão, cumpriu a pena integralmente. Morreu em 1981.
Constantin von Neurath: Ministro das Relações Exteriores de 1932 a 1938 e Reich Protector da Boêmia e na Morávia (1939 a 1941).Diplomata da Velha-Escola, que “atirava as pérolas” de sua experiência perante os nazistas, guiou a diplomacia nazista nos anos iniciais, amenizando o temor pelas potenciais vítimas”. Enquanto era governador da Boêmia e da Morávia, Von Neurath dissolveu o Parlamento checo e instituiu as Leis Racistas de Nuremberg. Foi condenado a 15 anos de prisão, mas solto em 1954. Faleceu em 1956.
Hans Fritzsche: Diretor da Divisão de Rádio do Ministério de Propaganda. Nessa função, teve participação importante “na manipulação da verdade dos fatos, levando a opinião pública alemã a apoiar totalmente o regime nazista e anestesiando a capacidade de julgamento independente da população”. Fritzsche incitou a atrocidades e encorajou o uso de força bruta nos países ocupados pelos nazistas. A frieza e o zelo das pessoas que cometeram as atrocidades foram, em grande parte, devidas à propaganda constante e corrosiva de Fritzsche e seus associados. Absolvido, foi, no entanto, condenado em 1947 a 17 anos a trabalho por um tribunal de Desnazificação alemão em um campo de trabalhos, sendo libertado três anos depois. Morreu em 1953.
BIBLIOGRAFIA
Roland, Paul, The Nuremberg Trials: The Nazis and Their Crimes Against Humanity.Kindle edition
Gilbert, G. M., Nuremberg Diary, Ed. Da Capo Press
Carruthers, Bob, The Nuremberg Trials - The Complete Proceedings Vol 1: The Indictment and Opening Statements. Kindle edition
Ehrenfreund, Norbert, The Nuremberg Legacy: How the Nazi War Crimes Trials Changed the Course of History. Kindle Edition