O resgate dos judeus dinamarqueses pelo povo do país foi um evento único e excepcional durante o Holocausto. Iniciada nas Grandes Festas de 1943, a operação é um raio de luz durante um período de trevas.

Em setembro de 1943, ao tomar conhecimento de que os nazistas iriam deportar a população judaica, dinamarqueses de todos os escalões da sociedade e de todos os cantos do país, rapidamente uniram esforços e conseguiram salvar 7.200 judeus, praticamente todos os que viviam no país. Nenhum outro povo, em toda a Europa continental, agiu de tal forma. Como os cidadãos coletivamente agiram para salvar toda a comunidade, o Yad Vashem declarou o país, como um todo, Justo entre as Nações.
 
Os antecedentes

Em abril de 1933, entre os eventos que a comunidade judaica de Copenhague organizara para celebrar o centenário da sinagoga, estava a visita oficial do rei Cristiano X. Entre o dia do envio do convite e o dia em que a visita deveria ser realizada, Hitler sobe ao poder na Alemanha. Apesar de os líderes comunitários sugerirem ao rei que adiasse sua visita, o monarca compareceu. Não iria deixar que a ascensão de Hitler mudasse suas decisões. Este incidente é sintomático da forma como os dinamarqueses iriam agir em relação aos seus concidadãos judeus face à crescente ameaça alemã.

Apesar de estar disposto a ficar do lado de “seus” judeus, o governo, no entanto, estava relutante em abrir suas fronteiras aos judeus alemães que, com a intensificação das perseguições na Alemanha, queriam deixar o país. O governo alegava que esses últimos não podiam ser enquadrados na categoria de “refugiados políticos”. De modo geral, os vistos lhes eram negados e os funcionários do Departamento de Imigração tinham ordens de mandar de volta os que fossem pegos atravessando a fronteira.

Um dos temores do governo em relação à chegada de refugiados judeus era o possível recrudescimento do antissemitismo no país. Embora a população dinamarquesa não fosse, em sua maioria, antissemita, havia um Partido Nazista local com uns  12 mil membros – número considerável se levarmos em conta que era praticamente o dobro do número de judeus dinamarqueses.  O próprio chefe do Departamento de Imigração, Max Pelving, era nazista e espião da Gestapo.

Apesar da relutância e das restrições por parte do governo, ao longo dos sete anos seguintes, cerca de 3 mil refugiados judeus alemães e da Europa Oriental entraram na Dinamarca. Desse total, cerca de 1.500 eram chalutzim, pioneiros que vieram ao país em busca de treinamento agrícola antes de partirem para Eretz Israel.

No dia em que a Alemanha invadiu a Dinamarca, viviam no país cerca de 7.500 judeus, que representavam 0,2% da população total. O número incluía 1.400 refugiados e 300 jovens chalutzim que ainda não haviam conseguido embarcar para a então Palestina.

A ocupação alemã

Durante a década de 1930, perante  o rápido crescimento do  poderio alemão, a Dinamarca adotara uma política de não provocação em relação a seu vizinho. Ao eclodir, em setembro de 1939, a 2ª Guerra Mundial, os países escandinavos declararam neutralidade. Mas, de nada adiantou o pacto de não agressão assinado entre Dinamarca e Alemanha. Na madrugada de 9 de abril de 1940, o Terceiro Reich invade o país.

A resistência dinamarquesa foi nula e o governo se rendeu após duas horas. Mas, ao contrário de que aconteceu em outros países, o rei Cristiano X, membros do governo e parlamentares não abandonaram o país. Naquele mesmo dia assinou-se um acordo. O governo dinamarquês se comprometeu a cooperar com a Alemanha, recebendo, em troca relativa liberdade. Os alemães controlariam apenas a política externa, o rei Cristiano X não seria deposto e o governo poderia continuar trabalhando tão normalmente quanto possível. Para reafirmar sua soberania, Cristiano X era visto cavalgando todas as manhãs sozinho, desarmado e sem escolta, por Copenhague. O acordo também incluía proteção política, social e jurídica aos judeus e suas propriedades.

Eram profundas as diferenças na maneira como os alemães  passaram a lidar com a Dinamarca e na forma como tratavam outros países ocupados, principalmente no Leste europeu. No caso da Dinamarca, a “administração”  do país ficou a cargo do Ministério das Relações Exteriores, e não das SS ou da Gestapo, e não podendo governar por decreto,  os alemães adotaram uma política de negociação com as autoridades locais. É preciso, também,  lembrar que os nazistas acreditavam na “pureza e superioridade” dos povos nórdicos, considerados “arianos” e, portanto, tratavam os dinamarqueses com certo respeito. Ademais, a Alemanha não tinha nenhum interesse estratégico na Dinamarca.

Precisava, sim, manter um fluxo regular de produtos agrícolas e de munições da Dinamarca para a Alemanha; por isso, enquanto não houvesse no país uma resistência ativa, iria permitir ao governo dinamarquês certa liberdade.

Com o tempo, porém, as exigências alemãs foram crescendo. Em junho de 1941, exigiram a prisão dos principais membros do Partido Comunista dinamarquês, inclusive de parlamentares que possuíam imunidade constitucional, e, em novembro do mesmo ano, a Dinamarca é forçada a assinar o Pacto Anti-Komintern. É, também, formado um regimento das Waffen-SS, composto de 6 mil voluntários dinamarqueses (Frikorps Danmark), que é enviado a lutar na frente russa. Os SS dinamarqueses participaram do assassinato de judeus na Europa Oriental e serviram em campos de concentração e de extermínio. As informações sobre esse grupo de voluntários só vieram a público em 1999.

Como é encarada, hoje, na Dinamarca essa “política de cooperação” com os nazistas?  Há historiadores que a consideram uma resposta inevitável à realidade da época; mas, nos últimos anos,  têm crescido as críticas e condenações. No aniversário  de 60 anos do fim da ocupação alemã, pela primeira vez, um membro do governo a condenou publicamente. Na ocasião, o então primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh, afirmou que a política de cooperação era “moralmente injustificável”.

A comunidade judaica 1940 a 1943

O destino da comunidade judaica durante a ocupação nazista  foi em grande parte determinado pela postura dos dinamarqueses quanto aos judeus de seu país. Na Dinamarca, eles continuaram a ser cidadãos com plenos direitos. Diferentemente do que ocorrera em outras partes, as autoridades locais não exigiram que eles registrassem propriedades e bens – que jamais foram confiscados – nem foram demitidos de seus empregos, além de não haver qualquer restrição à sua movimentação seja de dia ou de noite.

A recusa do governo em adotar medidas discriminatórias contra os judeus e o apoio aberto do rei Cristiano X à comunidade judaica deram origem a uma história apócrifa: quando os nazistas exigiram que os judeus usassem a Estrela de David em suas roupas, o monarca foi o primeiro a usá-la, sendo seguido por toda a população. Na realidade, jamais foi cogitado que os judeus dinamarqueses usassem a Estrela. Apesar de não ser verdadeira, essa história reflete a firme posição do rei em relação aos judeus de seu reino. Os alemães periodicamente questionavam o status dos judeus dinamarqueses, mas o governo sistematicamente respondia que na Dinamarca não havia nenhum “Problema Judaico”. Os judeus eram cidadãos como todos os demais e como tal seriam tratados.

A opinião do povo dinamarquês foi expressa claramente em 1942, pelo professor Koch, líder da União Dinamarquesa de Movimentos Juvenis. Em resposta a declarações feitas por um jornal pró-nazista local, Koch afirmou que qualquer tipo de “sugestão” de adoção de alguma medida que pudesse vir a prejudicar a vida dos judeus deveria ser categoricamente rejeitada, “pois esta era uma questão tanto de justiça e respeito aos judeus quanto da preservação da liberdade e da lei dinamarquesas”.

Perante o firme posicionamento dos dinamarqueses, Berlim sabia que não seria “oportuno” atacar a pequena comunidade judaica local, pelo menos enquanto o governo se mantivesse cooperativo.

Houve uma única mancha, recém-descoberta, na postura das autoridades dinamarquesas. Entre 1940 e 1943, o governo expulsou, para a Alemanha, 21 refugiados judeus. E esse número poderia ter sido bem maior se os partidários de uma maior cooperação com os nazistas tivessem agido mais livremente. Estes fatos vieram à tona em 1997, durante pesquisas sobre refugiados judeus na Islândia. Até então, os historiadores dinamarqueses acreditavam que nenhum judeu havia sido expulso da Dinamarca durante a ocupação nazista.

Mas, de modo geral, a vida judaica sob ocupação nazista seguiu sem sobressaltos . A comunidade continuou a funcionar normalmente inclusive mantendo os serviços religiosos. Houve duas tentativas de incendiar a sinagoga de Copenhague – em 1941 e 1942, mas a intervenção policial a tempo, com a prisão dos culpados, evitou a tragédia.

A situação vai mudar drasticamente em agosto de 1943.

Os planos nazistas

Após três anos de ocupação alemã, o número de dinamarqueses que havia engrossado as fileiras do movimento de resistência era cada vez maior. No verão de 1943, a oposição popular desencadeara uma série de atos de resistência, greves, demonstrações e sabotagem. A Alemanha exigiu do governo duras medidas de repressão e a pena de morte para os sabotadores. Mas , o governo dinamarquês decidiu que não cederia às novas exigências e, no dia 29 de agosto, renunciou. Imediatamente os alemães impuseram, em todo o país, a lei marcial e o toque de recolher, prendendo os membros das forças armadas dinamarquesas. Os judeus sabiam que sua situação tornara-se precária.

Até então, Dr. Werner Best, SS-Obergruppenführer, o representante do Reich no país, evitara confrontos no tocante à questão judaica. Nazista de carteirinha e antissemita convicto, sendo, inclusive, responsável por organizar deportações para Auschwitz, Best, que se tornara o governante de fato da Dinamarca, era, acima de tudo, um oportunista.

Em 8 de setembro, ele enviou um telegrama a Berlim delineando seus planos para deportação dos judeus do país e solicitando um navio e que lhe fossem enviados mais homens para executar a operação. Ele tinha consciência de que tal atitude fortaleceria sua posição perante as lideranças do Terceiro Reich, mas sabia, também, que qualquer ação contra os judeus colocaria em risco uma possível colaboração com os dinamarqueses. Na realidade, o que Best queria era o envio de forças adicionais que usaria para lutar contra a Resistência dinamarquesa. Ele sabia que Berlim as enviaria se fossem necessárias para a deportação de judeus.

Para não por em risco futuras negociações com os dinamarqueses decide vazar os planos para uma iminente deportação através de Georg Ferdinand Duckwitz, o adido da missão alemã, que mantinha contato com lideranças social-democratas dinamarquesas.

O resgate
 
No dia 28 de setembro chega de Berlim a “aprovação” para a deportação dos judeus, a ser iniciada em 1º de outubro. Best alerta Duckwiz, e este contacta imediatamente Hans Hedtoft.  Social-democrata e membro do movimento de Resistência dinamarquesa, a participação  deste último na salvação dos  judeus da Dinamarca foi decisiva.  Foi ele, Hedtoft, quem advertiu  C. B. Henriques, o líder da comunidade judaica.

No dia 29 de setembro, durante  os serviços matutinos, o rabino Marcus Melchior, que se tornaria rabino-chefe da Dinamarca, informou aos presentes sobre os planos nazistas, pedindo a toda a comunidade judaica que se escondesse imediatamente e anunciou o cancelamento dos serviços das Grandes Festas.

Ao recordar aquele período, o rabino Melchior conta: “Os nazistas haviam planejado encurralar 8 mil judeus em 1º de outubro de 1943, segundo dia de Rosh Hashaná, quando todos estariam “convenientemente” reunidos na sinagoga ou em seus lares.”
Nesse meio tempo, a informação sobre os planos nazistas chegou até o bispo luterano de Copenhague, Hans Fuglangs-Damgaard, que passou a exortar abertamente aos dinamarqueses a protegerem os judeus. Ele, também, mandou uma carta de protesto às autoridades alemãs na qual afirmou:

“Onde quer que perseguições sejam efetuadas por razões raciais ou religiosas contra os judeus, é dever da Igreja Cristã protestar, pois a perseguição dos judeus é irreconciliável com o conceito do amor humanitário ao próximo (…) . Raça e religião não podem jamais ser razões para privar o homem de seus direitos, liberdade ou propriedade (…). Nós devemos lutar para continuar a garantir aos nossos irmãos e irmãs judeus a mesma liberdade que preservamos mais  do que a vida (…). Nossa consciência nos obriga a manter a lei e protestar contra qualquer violação de direitos humanos. Desejamos declarar sem ambiguidade nosso respeito à Palavra, pois nós devemos obedecer a D’us e não ao homem”.

A carta, lida pelo Clero luterano em todos os púlpitos do país, no dia 3 de outubro, catalisou ainda mais um sentimento nacional e uma mobilização extraordinária. Para os dinamarqueses, aquela perseguição era uma violação à sua integridade e não estavam dispostos a se submeter passivamente. A atitude da Suécia também foi significativa. Seu governo informou aos alemães que iria acolher os judeus e divulgou pelo rádio sua política de abertura, encorajando, assim, o êxodo dos judeus dinamarqueses através da estreita faixa de mar que separava a Dinamarca da Suécia.

Quando, no dia 1º de outubro, os nazistas deram início à operação, a maioria dos judeus havia desaparecido, estavam escondidos à espera de serem foram levados à costa. Os nazistas conseguiram prender 202 pessoas, a maioria das quais eram muito idosos ou doentes para fugir.

O que começou como um movimento popular espontâneo transformou-se em uma ação organizada pelo Movimento de Resistência Dinamarquês. Os judeus eram rapidamente levados até a costa onde esperavam sua vez para embarcar. Gilleleje, um grande porto pesqueiro situado no ponto mais ao norte da Ilha de Zealand, foi um dos locais de fuga de mais de um quinto da população judaica. Membros da Resistência de Gilleleje agiram rapidamente, mesmo antes da chegada de representantes de Copenhague.

Em menos de três semanas, 7.200 judeus e 700 familiares não judeus escaparam para a Suécia em embarcações de pescadores locais. Algumas calamidades aconteceram, mas foram poucas. Na própria Gilleleje, a Gestapo conseguiu capturar cerca de 80 judeus escondidos sob o telhado de uma igreja. A viagem de apenas duas milhas também tinha seus riscos, entre outros, de serem interceptados pelos barcos das patrulhas alemãs.O custo total da operação foi de cerca de 12 milhões de coroas dinamarquesas, sendo que os judeus arcaram com aproximadamente entre 6 e 7 milhões. O restante foi obtido com doações particulares e públicas de dinamarqueses. Cada judeu chegou a pagar em média entre 1.000 a 2.000 kronen, mas alguns chegaram a desembolsar 50 mil kronen, uma verdadeira fortuna.

No total, os nazistas conseguiram prender 464 judeus, dentre os quais, Max Friediger, o rabino-chefe de Copenhague. Mas, a Dinamarca não se esqueceu desses judeus e pressionou os nazistas, conseguindo que fossem deportados para o campo de concentração de Theresienstadt. Por piores que fossem as condições de vida em Theresienstadt, campo de concentração “modelo“ montado pelos alemães para efeitos de propaganda, não era um campo de extermínio. Autoridades dinamarquesas também  conseguiram convencer Eichmann  a manter os judeus da Dinamarca fora dos campos de exterminação. Quase todos sobreviveram, em grande parte graças ao apoio recebido pelo serviço civil dinamarquês e organizações religiosas que lhes enviavam mensalmente mais de 700 pacotes com roupas, comidas e vitaminas. Em junho de 1944, devido à insistência dinamarquesa, membros da Cruz Vermelha e dois representantes dinamarqueses inspecionaram o campo de Theresienstadt para se assegurar das condições de seus compatriotas.
E, no dia 15 de abril de 1945, os sobreviventes foram libertados de lá. A Dinamarca havia conseguido persuadir os alemães a libertar os judeus dinamarqueses presos e a deixá-los ir para a Suécia. Dos 464 detidos, 52 haviam morrido.

Durante a Shoá, no total, 120 judeus dinamarqueses haviam perecido vítimas de perseguições.

A volta à Dinamarca

A ocupação alemã terminou no dia 5 de maio de 1945 e os judeus que viviam na Suécia puderam voltar para casa, alguns haviam se juntado à chamada Brigada Dinamarquesa, uma unidade militar formada em território sueco que lutara contra os nazistas. Alguns desses jovens deram sua contribuição durante a luta pela independência de Israel.

O fim da guerra não significou para os judeus europeus o fim de seu sofrimento. Os que tinham um lugar para onde voltar eram muitas vezes recebidos com hostilidade, longe de serem bem-vindos. Mas, não foi o caso dos judeus da Dinamarca. A grandíssima maioria descobriu, ao retornar a seu país, que inventários haviam sido feitos de suas casas e negócios e suas propriedades haviam sido protegidas. Seus lares, animais, jardins e pertences pessoais haviam sido preservados pelos vizinhos, sendo raros os casos em que isso não aconteceu. As igrejas que haviam cuidadosamente guardado Sefarim e outros objetos de culto, devolveram-nos à comunidade.

E, ao contrário de outros países que fizeram muito menos para os judeus, nem a Dinamarca nem os dinamarqueses procuraram obter crédito para o resgate. Yad Vashem, além de conceder o título de Justos entre as Nações à Dinamarca, como país, o concedeu também ao Movimento da Resistência Dinarmarquês. Seus membros pediram que a homenagem fosse estendida ao Movimento, como um todo, e que não queriam que nenhum nome específico fosse mencionado. Não era necessário, disseram. Cada um deles tinha cumprido com seu dever.
Enquanto outros países esperaram décadas, alguns mais de 60 anos para reconhecer sua participação na Shoá, historiadores dinamarqueses têm sido críticos sobre a atuação de seu país. Criticam os esforços limitados para receber os refugiados e a vida que tiveram que levar nos anos da ocupação, e a natureza improvisada do resgate. Eles argumentam que mais devia ter sido feito.

A pergunta que nos cabe fazer é: por que a historia da Shoá na Dinamarca foi diferente? Historiadores e estudiosos ainda tentam responde-la. Não há, porém, nenhuma dúvida sobre o excepcional caráter do povo dinamarquês. Ao serem perguntados por que agiram da forma, dinamarqueses de todos os níveis sociais e culturais disseram que nada fizeram além de tratar os judeus como vizinhos. E ninguém pode deixar que o inimigo que ocupa seu país maltrate, deporte ou mate um vizinho. A explicação de seu comportamento, muito nobre e muito humano, pode, simplesmente, ser esta.

Bibliografia:

  • Jørgensen , Mirjam Gelfer, Jews in Danish Art, the  Society for the publication of Danish Cultural Monuments, Ed. Rhodos International Science Art Publishers, Patrono: Sua Majestade, a Rainha Margarete II da Dinamarca.
  • The Jewish community in Denmark: history and present status, ensaio publicado na revista "Judaism: A Quarterly Journal of Jewish Life and Thought“, 22 de março de 1998