Horas depois de ter ganho o prêmio nobel de literatura, há trinta anos, Isaac Bashevis Singer foi procurado pelo centésimo jornalista, que lhe repetiu a mesma indagação de outros tantos: 'o senhor está surpreso?' como bom judeu, ele respondeu à pergunta com outra pergunta: 'por quanto tempo você acha que alguém pode ficar surpreso?'
Ele não gostava dos holofotes. Preferia ficar recluso, falava pouco, era vegetariano irredutível, cultivava uma ironia sutil e, na verdade, por muito tempo ficou surpreso com a fama que alcançou. Há uns vinte anos, concordou em ser objeto de um documentário produzido pelo canal público de televisão de Nova York. O propósito do documentário era que ele revisitasse os primeiros lugares que conheceu quando chegou aos Estados Unidos, em 1935, vindo da Polônia, com 31 anos de idade. No filme, ele é visto percorrendo algumas localidades no Brooklyn, uma cafeteria em Brighton Beach e algumas livrarias. Não sabia falar uma só palavra em inglês e já gozava de certa fama no mundo literário de Varsóvia após a publicação de seu romance Satã em Gorai. Os Estados Unidos de então ainda lutavam para sair da depressão, as possibilidades de trabalho eram reduzidas, mas Singer estava convencido de que a ascensão de Hitler ao poder representava uma terrível ameaça para os judeus, daí o motivo de ter emigrado para a América onde seu irmão Joshua já vivia. Foi uma árdua transição, conforme ele descreveu anos mais tarde: "Eu tinha abandonado minhas raízes e achava que jamais encontraria outras neste país. Na realidade, eu me considerava um ex-escritor que tinha perdido o poder e a vontade de escrever. Quando cheguei a Nova York tive a impressão de que a literatura iídiche havia morrido. Passaram-se cinco anos até que eu me convencesse de que o iídiche continuava vivo".
No documentário para a televisão, o passeio termina na redação do jornal Forverts, editado desde o início do século passado no idioma iídiche, aonde Singer trabalhou como jornalista quando chegou à América e no qual publicou alguns de seus melhores trabalhos em forma de folhetim, depois reunidos em livros. No filme, vê-se ele sendo recebido com carinho pelos redatores, alguns dos quais, os mais velhos, abraça com emoção. Em seguida, segura um exemplar do jornal nas mãos, olha para a lente da câmera e diz: "Algumas das maiores publicações americanas, como as revistas Look e Saturday Evening Post faliram. Sabem por quê? Porque bons contadores vinham auditar os livros dessas revistas e concluíam que elas haviam esgotado suas condições financeiras para prosseguir circulando. Por isso tiveram as portas fechadas. No entanto, este bravo Forverts continua sendo publicado. Sabem por quê? Porque os contadores e auditores aqui são péssimos".
Conheci-o pessoalmente, de forma breve, em 1979, pouco depois de sua premiação, durante uma recepção que lhe foi oferecida em Nova York pelo American Jewish Committee. Quando fui apresentado, dirigi-lhe as primeiras palavras no meu modesto iídiche. Ele falou, então, para as pessoas à volta: "Vocês estão vendo porque o iídiche nunca vai deixar de existir? Eis que aparece aqui um jovem do Brasil e se comunica comigo em iídiche! O mesmo vai acontecer com os filhos dele!" Não, mestre Isaac, infelizmente isto não aconteceu. Nem comigo, nem com o pessoal da minha geração, salvo raríssimas exceções.
Hoje, formidáveis esforços estão sendo empreendidos em Israel e nos Estados Unidos para manter o iídiche como um idioma vivo. Vivo ele de fato está, porém em contínuo estado agônico e talvez assim ainda permaneça por um bom par de décadas. A propósito, e em rápida reflexão, percebo que há situações únicas e que parecem só acontecer com o povo judeu. Em 1966, o escritor israelense Shmuel Yossef Agnon ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, escrevendo em hebraico, idioma que começara a ser revivido havia apenas cinqüenta anos, como uma das mais firmes resoluções do movimento sionista.
Em 1978, Singer recebeu o Nobel, escrevendo em iídiche, idioma ainda moribundo após trinta anos, e cuja sobrevivência é imprevisível.
Isaac Bashevis Singer, descendente de uma ilustre linhagem de rabinos, nasceu no dia 14 de julho de 1904 na pequena cidade de Radzimin, na Polônia. Quando tinha quatro anos de idade, a família mudou-se para Varsóvia e ele foi educado em yeshivot (escolas religiosas judaicas), com a finalidade de também tornar-se rabino. Entretanto, ao completar vinte anos, sob influência de seu irmão mais velho, o escritor Israel Joshua Singer (autor do celebrado romance Os Irmãos Ashkenazi), decidiu que também se dedicaria ao ofício de escrever. Seus primeiros escritos foram em hebraico, "que pouca gente entendia" e, optando pelo iídiche, começou a colaborar para diversos jornais editados neste idioma, na Polônia, até obter um emprego fixo como revisor da publicação Literarishe Bleter. À medida em que seu talento ia sendo reconhecido, foi convidado para ser o editor do jornal, também literário, Globus, no qual publicou seu primeiro romance, Satã em Gorai, em forma de folhetim, uma profunda reflexão sobre a fragilidade humana, que se passa numa aldeia onde seus habitantes se defrontam com o sagrado e o demoníaco. Ao mesmo tempo, traduziu do alemão para o iídiche uma das mais importantes obras de Thomas Mann, Os Buddenbrooks.
Singer, que era divorciado e tinha um filho que hoje vive em Israel, casou-se em 1940, em Nova York, com Alma Haimann, imigrante alemã, e tornou-se cidadão americano três anos mais tarde. Seu livro seguinte, A Família Moskat, foi publicado em iídiche em 1945. O romance, bem à feição da obra de Mann, aborda a trajetória de uma abastada família judaica e seu lento declínio ao longo dos cinqüenta anos que antecederam a 2a Guerra Mundial. Quando saiu a tradução para o inglês, em 1950, as críticas foram esfuziantes. O crítico do jornal The New York Times, Richard Plant escreveu: "As cenas que o autor descreve desapareceram para sempre, mas este romance pode bem servir como um de seus monumentos, rescendendo a Turgueniev e Balzac, tanto por suas qualidades de narrativa como pela credibilidade e vitalidade dos personagens". A propósito do livro, um jornalista indagou-lhe como se pode distinguir entre o bem e o mal. Respondeu: "Todos temos a sensação de que algo que destrói a sociedade, que destrói a civilização, que torna miserável as vidas das pessoas, é mau; tudo aquilo que faz o oposto, é bom. Eu sei que não estou sendo muito original nem objetivo. Mas, como não há outras medidas ou informações, temos que acreditar nisso".
Na década de 60, o diretor de teatro italiano Franco Zeffirelli encenou em Londres uma montagem de Romeu e Julieta, tratando os personagens sem punhos de rendas, mas como gente rude, impulsiva, mal educada, um inusitado atrevimento em matéria de realismo, bem ao contrário das usuais representações da obra de Shakespeare. Foi um grande sucesso. Um jornalista perguntou-lhe sobre seu próximo projeto e Zeffirelli informou que seria uma montagem de Hamlet. O repórter insistiu: "Se o senhor acaba de ter tanto êxito com um espetáculo tão realista, como vai montar uma peça que gira em torno de um fantasma?" Zeffirelli respondeu: "Mas eu acredito em fantasmas". O mesmo sempre foi dito por Bashevis Singer a respeito de sua obra, permeada por assombrosos fantasmas, demônios, duendes e outras figuras míticas e místicas. E o mais curioso é que ele nos envolve com essas criaturas, assim como se deixa envolver por esses singulares personagens. Embora tenha levado uma vida de comportamento secular, manteve intensa intimidade com a teologia judaica, uma herança de seus antepassados à qual sempre se apegou. Seu maior atrevimento, e também maior triunfo, foi fazer com que seus crentes e tementes personagens judeus, em determinados momentos, viessem a se indagar sobre o que D'us estaria pensando em face dos mais diferentes feitos ou adversidades dos seres humanos. Seus homens, mulheres e crianças de ficção provêm de um ato criador que chega a ser inatingível e que, considerado em conjunto, é mais fascinante e transcendente do que todos os personagens fictícios que habitam as milhares de páginas que escreveu ao longo de seus 87 anos de vida. Em um de seus contos, um personagem diz: "Há poderes ocultos que ninguém consegue explicar e que existem por toda a parte".
Em 1957, sempre traduzido para o inglês, Singer publicou Gimpel, o Tolo, uma coletânea de contos; em 1960, novo romance, O Mágico de Lublin e, no ano seguinte, outra coletânea de histórias curtas, O Spinoza de Market Street. Em 1962 saiu o romance O Escravo, a história de um professor judeu na Polônia do século 17. Dois anos depois, um novo livro de contos, Curta Sexta-Feira, foi assim saudado pela crítica: "As histórias de Singer parecem ser narradas por um contador de histórias da aldeia. O autor, na verdade, é um natural contador de histórias que coloca sua honestidade moral na vestimenta da simplicidade popular". Dois anos depois saiu No Tribunal do Meu Pai, em que recorda sua infância e como lapidou seu intelecto e sensibilidade. O primeiro romance de Singer que tem como cenário os Estados Unidos foi publicado em 1970, sob o título Inimigos, Uma História de Amor, tendo como tema três sobreviventes do Holocausto que se sentem culpados por terem escapado da morte nos campos de concentração. O livro foi adaptado para o cinema com Ron Perlman e Anjelica Houston nos principais papéis, sob a direção do judeu Paul Mazurski. A mais famosa adaptação de uma história de Singer para o cinema é, sem dúvida, Yentl, dirigido e estrelado por Barbra Streisand. Ele detestou o filme. Julgou que a interpretação de Barbra Streisand nada teve a ver com a personagem que criou, que o filme tinha músicas em demasia totalmente alheias ao espírito de sua história Yentl, o Menino da Yeshivá, e chegou a ficar enraivecido com a cena final, na qual Streisand parte para a América e canta na proa de um navio: "Por que Yentl resolveu emigrar para a América? Será que na Polônia, ou na Lituânia, não existiam yeshivot suficientes nas quais ela pudesse estudar? Será que ir para os Estados Unidos foi a idéia de final feliz que Streisand achou que agradaria à própria Yentl? Este final piegas resume todos os defeitos da adaptação do meu trabalho para o cinema, além do que o filme não mostra a grande paixão da personagem por uma conquista espiritual".
O escritor gaúcho Luiz Paulo Faccioli assim analisou, e com muita propriedade, a obra de Bashevis Singer: "Mesmo não seguindo a vocação familiar do rabinato, ele soube explorar como poucos artistas o significado dos símbolos mais caros ao judaísmo. Outro grande componente na obra de Singer é o humor, o incomparável humor judaico, forjado pela necessidade constante de afastar o desespero nas situações mais adversas às quais este povo foi submetido ao longo de séculos". Outro escritor gaúcho, o consagrado Moacyr Scliar, acrescenta: "O humor de Singer é peculiar, contido, melancólico, filosófico; não é um humor para gargalhadas, antes para um sorriso".
Ao contrário de alguns vencedores do Nobel de literatura, cujos nomes eram e continuam sendo quase desconhecidos por leitores de todo o mundo, Singer freqüentou com regularidade as listas dos mais vendidos nos Estados Unidos, incluindo o romance Shosha, por ele considerado seu melhor trabalho, uma história de amor fertilizada com acentuado lirismo, que tem como cenário a Varsóvia do início da década de 30. No lançamento deste livro, um repórter perguntou-lhe: "O senhor acha que nós corremos o risco de perder o amor romântico se conseguimos controlar nossas emoções?" Respondeu: "A gente corre o risco de perder tudo, nossa casa, nossa comida. A própria vida é um risco do começo ao fim e talvez por isso tenhamos recebido o livre arbítrio como uma boa ajuda para enfrentá-la". Nova pergunta: "O senhor acha que D'us está por trás de tudo?" Resposta: "Está por trás de tudo. Mesmo quando fazemos algo que o desagrada, D'us está lá. É como um pai que vê seus filhos fazendo uma série de tolices, fica zangado, e até os pune. Mas, ao mesmo tempo, são seus filhos. Eu acredito nesse tipo de poder divino. Nada se perde completamente porque o Grande Pai continua cuidando de seus filhos, independentemente do que eles venham a fazer".
O mundo literário e leitores em todos os continentes não se surpreenderam com a atribuição do Prêmio Nobel a Bashevis Singer. Na respectiva cerimônia de concessão do lauréu, disse o professor Lars Gyllesnten, da Academia Sueca: "Singer deu o melhor de si como um consumado contador de histórias e como dono de um exemplar estilo em seus numerosos e fantásticos contos e romances, acessíveis em traduções para o idioma inglês. Paixões e loucuras são personificadas em suas estranhas narrativas que contêm demônios, espectros e fantasmas, mais todos os tipos de poderes e figuras sobrenaturais provenientes da crença popular judaica ou de sua própria imaginação. Esses demônios não são apenas símbolos literários, mas forças tangíveis. As antigas eras parecem ganhar vida nas palavras de Singer, rotinas diárias são recheadas por milagres, a realidade brota de seus sonhos, o sangue do passado pulsa no presente".
Conforme relata a escritora francesa Florence Noivile, cuja biografia de Singer foi traduzida para o inglês há dois anos, o Prêmio Nobel constituiu-lhe, realmente, uma enorme surpresa e, no íntimo, alimentava a esperança de algum dia ganhá-lo. Entretanto, em 1976, no bicentenário da independência americana, o prêmio coube a outro escritor judeu, Saul Bellow. Pensou, então, que suas chances estavam encerradas em definitivo. Ademais, os outros concorrentes, em 1978, eram de peso: Graham Greene, Lawrence Durrel, Henry Miller, Doris Lessing e Simone de Beauvoir. Seu nome só passou a ser cogitado a partir da iniciativa de um membro da Academia Sueca, Knut Ahnlund, há muito apaixonado por sua literatura. Ahnlund chegou ao ponto de viajar para os Estados Unidos com a finalidade única de conhecer Bashevis Singer pessoalmente e, na volta, além de escrever um artigo intitulado "O Canto de Cisne do Idioma Iídiche", disse para quem quisesse ouvir que Singer era o homem mais inteligente que havia conhecido em toda a sua vida. Quando a Academia Sueca se reuniu para votar, Singer foi o indicado por unanimidade. Quando ele desembarcou em Estocolmo, no dia 6 de dezembro de 1978, dezenas de jornalistas o bombardearam com dezenas de perguntas. "Por que o senhor escreve em iídiche?" "Quais os escritores que mais o influenciaram?" "O senhor está feliz pelo fato de o novo Papa ser polonês?" "O senhor é vegetariano por motivo de religião ou por motivo de saúde?" Singer só respondeu a esta última pergunta: "Eu estou mais preocupado com a saúde dos animais do que com a minha própria".
Os discursos de aceitação de Bashevis Singer, antes de receber o prêmio na Suécia, e depois de tê-lo em mãos na Noruega, são obras-primas de humildade e sabedoria: "Muitas vezes as pessoas me perguntam porque eu escrevo numa língua moribunda. Vou explicar em breves palavras. Primeiro, eu gosto de escrever histórias sobre fantasmas e nada combina melhor com um fantasma do que um idioma em extinção. Quanto mais morta a língua, mais vivo o fantasma. Fantasmas adoram o iídiche e, pelo que sei, é o idioma que falam entre si. Segundo, não somente acredito em fantasmas como também acredito em ressurreição. Quando vier o Messias, estou seguro de que milhões de pessoas que falavam iídiche, levantarão de seus túmulos e a primeira pergunta que farão, será a seguinte: existe algum novo livro em iídiche para se ler? Terceiro, por dois mil anos o hebraico foi considerado uma língua morta. De repente, tornou-se estranhamente vivo. O que aconteceu com o hebraico pode também acontecer um dia com o iídiche, embora eu não tenha a mais longínqua idéia de como tal milagre possa acontecer. Há, ainda, uma quarta e menor condição para que eu não abandone o iídiche: pode até ser que ele esteja em extinção, mas é o único idioma que conheço bem. É minha língua-mãe e uma mãe nunca morre. A honra que me é concedida pela Academia Sueca, também é um reconhecimento do idioma iídiche, um idioma do exílio, sem uma terra, sem fronteiras, sem o aval de qualquer governo, um idioma que não possui palavras para armas, munições, exercícios militares ou táticas de guerras. A verdade é que tudo aquilo que as grandes religiões pregaram, foi praticado dia-a-dia pelos judeus dos guetos que falavam o iídiche. Muitos insistem em afirmar que o iídiche é uma língua morta. O iídiche, porém, ainda não disse sua última palavra. Ele foi o idioma de mártires, de sonhadores e de cabalistas, rico em humor e memórias que jamais serão esquecidos. De forma figurativa, o iídiche é o sábio e humilde idioma de todos nós, o idioma de uma assustada e esperançosa humanidade". Aqui vale acrescentar uma reflexão da ensaísta e romancista americana Cynthia Ozick: "O iídiche é um idioma que não possui grandeza de catedral. No entanto, é o único que chama D'us no diminutivo (goténiu)".
Alguém já disse que quanto mais um escritor é regional, mais ele se torna universal. Este é, exatamente, o caso de Bashevis Singer. A maioria de seus personagens se situam há muitas décadas em pequenas cidades da Europa Oriental. São padeiros, rabinos, camponeses, sapateiros e açougueiros, quase todos vivendo e se atribulando com suas mulheres. Essa gente se vê, ou se sente, envolta por fantasmas e demônios dos quais o autor se vale como metáforas para a sensibilidade do mundo moderno. Isto explica sua universalidade. Singer não apreciava os autores que escreviam em iídiche no início do século passado porque julgava sua literatura exageradamente voltada para propósitos sociais e educacionais. Desprezava o marxismo, por considerá-lo baseado em uma tola visão otimista da natureza humana. Preferia a tradição religiosa judaica, sobretudo em seus aspectos mais populares, por considerar que esta ensejava uma visão mais profunda da natureza humana do que as encontradas em qualquer pensamento moderno.
Segundo Florence Noiville, Singer se sentia como um exilado onde quer que estivesse, sem pertencer a nenhum lugar geográfico. Também não se imaginava pertencente ao presente ou ao passado, um passado que não mais existia. Ele mesmo se considerava "uma pessoa perdida no mundo". Via-se como "uma letra ou um ponto no infinito livro de D'us". E repetia: "Mesmo se eu for um erro no trabalho de D'us, acho que não posso ser completamente apagado porque D'us é a soma total não apenas de todos as nossas realizações, mas também de todas as nossas possibilidades". No cotidiano, Issac Bashevis Singer era metódico. Escrevia em casa, em seu apartamento situado no alto do lado oeste de Nova York, durante a manhã. Depois, ia almoçar no mesmo restaurante vegetariano e, em seguida, sentava em um banco de praça onde dava farelos para os pombos. Sempre levava no bolso uma vultosa quantia em dinheiro "porque nunca se sabe o que pode acontecer". O grande sonhador também era bem realista.
Zevi Ghivelder é escritor e jornalista