Ao meio-dia de 20 de janeiro de 1942, 15 líderes nazistas estavam reunidos num palacete à beira do lago Wannsee, em Berlim. O assunto em pauta era a “Solução Final da Questão Judaica” – o genocídio dos judeus europeus.
A reunião, que passaria à história como a Conferência de Wannsee, foi convocada por Reinhard Heydrich, um dos mais brutais e cruéis assassinos da Alemanha nazista, Como ele próprio afirmou ao abrir a reunião, Hermann Göring, o Reichsmarschall, “o nomeara delegado para os preparativos da Solução Final para a questão judaica na Europa”. Temido por amigos e inimigos, Heydrich comandava o RSHA – Escritório Central de Segurança, que controlava a Polícia de Segurança Nazista (a Gestappo e a Kriminalpolizei) e o Serviço de Inteligência das SS.
Presentes à reunião estavam oficiais das SS, representantes do Partido Nazista, secretários de Estado e chefes da administração alemã. Para esses 15 personagens Heydrich iria explicar a implementação da "solução final do problema judaico" e pedir sua colaboração. O objetivo não era resolver “problemas” práticos, mas dobrar qualquer resistência organizacional que pudesse desacelerar a máquina de extermínio.
O encontro deveria ser mantido em sigilo, pois a Alemanha de Hitler não queria que sua “política” em relação aos judeus se tornasse pública. E assim foi até 1947, quando uma ata da reunião, o chamado Protocolo Wannsee, foi acidentalmente encontrado. Heydrich encarregara seu braço direito, Adolf Eichmann, diretor da Seção para os Assuntos Judaicos (Judenreferat) da Gestapo, de preparar o resumo da reunião.
Como Eichmann testemunhou em seu julgamento, iniciado em abril de 1961, em Jerusalém, “o documento não refletia tudo que havia sido discutido durante o encontro”, pois coube a ele "polir as anotações, atenuando aqui e ali um determinado jargão, e lhes dar um tom oficial". Em seguida, Heydrich revisara o Protocolo, várias vezes, antes de dar sua aprovação. Alguns dias após a reunião, 30 cópias numeradas foram distribuídas aos participantes e a outras partes interessadas. A ordem era ler e destruir o material.
No entanto, por obra do acaso, a cópia de no 16, não foi destruída. E, em 1947, Robert Kempner, procurador norte-americano, encontrou-a, durante os Julgamentos de Nuremberg, nos documentos do subsecretário alemão das Relações Exteriores, Martin Luther, que morrera em maio de 1945. Rapidamente o Protocolo de Wannsee alcançou grande notoriedade, pois expunha de maneira fria e burocrática o plano de extermínio dos judeus da Europa, a “Solução Final para a Questão Judaica” – no original, Die Endlösung der Judenfrage, um plano tão monstruoso que transformaria para sempre a definição do "mal".
Os meses que precederam
Após a descoberta do Protocolo, acreditou-se que a decisão de exterminar todos os judeus tivesse sido tomada em Wannsee, em janeiro de 1942. Ainda eram escassas as informações sobre o Holocausto e seu estudo apenas se iniciava. O mundo ainda tentava assimilar o inconcebível, chocado com as assombrosas provas da crueldade nazista encontradas pelos aliados, provas daquilo que não se imagina um ser humano seja capaz de infligir a outro.
Hoje, no entanto, sabemos que o destino dos judeus já fora selado nos meses anteriores, nos altos escalões da hierarquia nazista. Mas, ainda assim, a reunião foi um marco importante na história da Shoá, pois representa o envolvimento de todo o aparelho de Estado alemão no extermínio organizado do Povo Judeu.
Apesar de não ter sido encontrado nenhum documento que indique especificamente em que momento e de que forma foi decidido dar “o sinal verde” para o extermínio, os historiadores acreditam que a ordem tenha sido dada oralmente por Hitler ou, no mínimo, com seu conhecimento, antes ou no decorrer do verão alemão de 1941. Vários pronunciamentos feitos pelo Führer aos seus assessores mais próximos, como Göring e Himmler, chefe das SS – confirmados durante julgamentos realizados após a 2ª Guerra – deixaram claro que havia que se “providenciar” rapidamente uma “Solução Final para a Questão Judaica”, com a completa “remoção” daquele povo dos territórios sob controle alemão.
Não restam dúvidas de que a invasão da União Soviética – a Operação Barbarossa, iniciada em 22 de junho de 1941 – foi um momento decisivo na Shoá, pois foi em território soviético que o genocídio sistemático de judeus se tornou operacional. O rápido avanço das forças da Alemanha, nas primeiras semanas da invasão, levara a liderança nazista a um clima de euforia. A suposta vitória nessa frente, no entanto, colocaria sob controle do Reich cerca de quatro milhões de judeus que viviam na parte ocidental da então URSS. Diante dessa “perspectiva”, tornava-se cada vez mais urgente para Hitler encontrar uma “solução” rápida e eficiente para o que eles chamavam de “Questão Judaica”.
No dia 31 de julho daquele mesmo ano, Heydrich recebe de Göring uma autorização, por escrito, “para tomar as providências necessárias para uma solução total para a tal “Questão”, “em todas as regiões sob influência alemã”. Caberia a Heydrich, segundo homem na hierarquia das SS – e que respondia apenas a Himmler – coordenar a participação de todas as organizações governamentais cuja cooperação fosse solicitada, e apresentar um “esboço preliminar do plano para a Solução Final”.
Na mesma época, Rudolf Lange, comandante do Einsatkzkommando na Letônia e um dos participantes da Conferência, recebera ordens para ir em frente com a “solução radical do problema judaico através da execução a tiros de todos os judeus”. Assim que o exército alemão ocupava alguma área da União Soviética, os Einsatzgruppen (Esquadrões da morte móveis das SS) entravam em ação, fuzilando os judeus. Estima-se que mais de 1,5 milhão foram executados dessa forma.
No entanto, para os altos escalões da hierarquia nazista, essa não era a melhor “solução”. Além da lentidão e custo da munição, as sangrentas matanças afetavam psicologicamente alguns dos soldados envolvidos. Decidiu-se, então, planejar o assassínio dos judeus em escala industrial, organizada e sistemática. Ainda naquele fatídico verão de 1941, Rudolf Höss, comandante de Auschwitz-Birkenau, recebeu ordens para tentar novos métodos de assassinato usando gás venenoso. Em setembro era realizada a primeira “experiência” de extermínio em massa com gás. E, a partir de dezembro ainda daquele mesmo ano, as câmaras de gás do campo de Chelmmo começam a aniquilar os judeus.
É nesse contexto que, em 29 de novembro, Heydrich convoca a reunião, anexando aos convites a autorização escrita de Göring de 31 de julho, indicando sua autoridade na questão. A reunião foi marcada para o dia 9 de dezembro, mas foi adiada em virtude dos novos desdobramentos da Guerra: o ataque japonês a Pearl Harbor e a consequente entrada dos Estados Unidos no conflito, que vieram somar-se às dificuldades enfrentadas pela Alemanha na frente russa.
Em carta que anexara ao convite enviado à Martin Luther, Heydrich deixa claro o objetivo da reunião: “Em meados de novembro de 1941, os altos escalões da liderança nazista e os órgãos governamentais haviam tomado conhecimento de que Hitler pretendia deportar todos os judeus da Europa para os territórios ao Leste e lá os executar. Esta empreitada, que exige registrar, reunir e transportar milhões de pessoas em um momento em que os recursos materiais e humanos estão escassos, será um desafio logístico formidável. Espera-se que alguns elementos da máquina do Estado tentem obstruir ou não colaborar com o projeto. Por isso, torna-se necessário reunir representantes de todos os departamentos envolvidos para explicar o que se pretende e como será colocado em prática, deixando bem claro que o projeto foi decidido no mais alto escalão do Reich”.
A reunião
Todos que estavam sentados à volta da mesa naquele fatídico 20 de janeiro de 1942 sabiam que o extermínio já estava em andamento. Alguns, como Schöngart e Lange, eram os autores das chacinas em curso na União Soviética, outros ocupavam cargos de alta responsabilidade e era de seu conhecimento o que ocorria no Leste. Sendo assim, por que Heydrich decidira convocar a reunião?
Antes de mais nada, para deixar bem claro que “a liderança na preparação da Solução Final pertencia exclusivamente a ele, independentemente das fronteiras geográficas”.1 Estabelecido esse ponto, ele fez um breve relato sobre “o esforço” que tinha sido realizado, desde 1933 até aquele momento, “contra o inimigo, cujos pontos principais tinham sido: a remoção dos judeus de todas as esferas da vida alemã e a expulsão dos judeus de todos os espaços vitais do povo alemão”. Assim sendo, continuou Heydrich, “criara-se o Escritório Central para Emigração Judaica para facilitar e estimular a emigração dos judeus. No entanto, esse processo provou ser muito lento e limitado em seu escopo”. Ademais, a opção já não estava mais aberta, pois Heinrich Himmler, ReichsFührer -SS, proibira “a emigração de judeus devido aos perigos de uma emigração em tempos de guerra e tendo em vista as possibilidades do Leste”. As “possibilidades” a que se referia Heydrich era a evacuação dos judeus para o Leste, aprovada pelo Führer. Mas, ele frisou que mesmo essa opção devia ser considerada provisória, pois já estavam sendo “coletadas experiências práticas que são da maior importância para o futuro da Solução Final da Questão Judaica”. As “experiências práticas” a que se referia eram as operações de extermínio dos Einsatzgruppen.
A essa altura da reunião, Eichmann mostrou aos presentes um mapa da Europa que exibia os países conquistados pelos alemães, os inimigos e nações neutras. Havia também uma estimativa do número de judeus que viviam em cada nação. Heydrich concluiu que cerca de “11 milhões de judeus estarão envolvidos na Solução Final da Questão Judaica europeia”. No Protocolo de Wannsee está reproduzida a tabela com os números e a distribuição de todos os judeus na Europa.
Como a Alemanha pôde conseguir isso? Para quem conhece a linguagem e o eufemismo utilizados na Alemanha nazista, as palavras de Heydrich são de assustadora clareza. “Sob a orientação adequada, no curso da Solução Final, os judeus deverão ser destinados a trabalhos forçados no Leste. Os que forem fisicamente aptos, separados por gênero, serão encaminhados, em grandes colunas, para as áreas de trabalho, a pé pela estrada, sendo que no decorrer de tais ações uma grande parte deles certamente perecerá de causas naturais, pelo caminho. Como os que restarem serão, indiscutivelmente, a parte mais resistente de todo o contingente, estes deverão ser tratados de forma condizente, porque este será o produto da seleção natural e atuarão, se libertados, como a semente de um novo renascimento judaico (Ver a experiência da História). No transcurso da execução prática da Solução Final, a Europa será varrida do Oeste a Leste. A própria Alemanha, inclusive os Protetorados da Boêmia e Morávia, serão tratados primeiramente, em virtude do problema de moradia e das necessidades sociopolíticas adicionais (... ) Os judeus que forem evacuados primeiro serão enviados, grupo por grupo, aos chamados ‘guetos de trânsito’, de onde serão transportados para o Leste”.
A afirmação de Heydrich de “tratar” primeiramente da própria Alemanha revela a crescente pressão que vinha sendo feita sobre os líderes regionais do Partido Nazista para que os judeus fossem removidos das áreas na Alemanha, onde viviam, de modo a acomodar os desabrigados em decorrência dos bombardeios dos aliados e os trabalhadores estrangeiros vindos dos países ocupados.
Heydrich nada diz sobre o destino dos judeus incapazes de trabalhar, mas é evidente que sua eliminação iria ser imediata. Assim, foram lançadas as bases do genocídio: eliminação imediata, eliminação por meio de trabalho forçado e aniquilação dos que porventura conseguissem sobreviver.
Um ponto importante ainda precisava ser esclarecido para o “bom andamento” da Solução Final: a definição exata das pessoas que estariam sujeitas à deportação. Antes de mais nada, Heydrich queria acabar com toda e qualquer oposição às deportações dos judeus alemães. A divulgação da notícia de que os judeus berlinenses faziam parte dos contingentes assassinados na URSS, em novembro de 1941, causara certo “mal-estar” em Berlim. Ademais, os líderes nazistas haviam recebido informações de que os fuzilamentos em massa de judeus alemães em Riga e Kovno, em novembro, tinham causado um forte impacto sobre os soldados. Wilhelm Kube, diretor da administração civil alemã na Bielorússia, que assassinara friamente crianças judias, chegou a declarar: “Oponho-me a que soldados alemães matem aqueles que vêm do nosso próprio círculo cultural”.
Outro objetivo de Heydrich era a inclusão dos casos que ainda eram considerados “especiais“. Ele só não conseguiu a aprovação da inclusão nas deportações dos chamados “Mishlinge” (pessoas com pais ou avós cristãos e judaicos) e de parceiros judeus em “casamentos mistos”. Foi o único ponto, de tudo que foi tratado em Wannsee, que levantou polêmica e onde houve algum tímido protesto. Conseguiu, no entanto, a aprovação para a realização da esterilização forçada das “pessoas de sangue misto”.
No final do Protocolo, há o “apelo” feito pelo Dr. Bühler, que representava os interesses das autoridades do Governo Geral, nome dado pela Alemanha Nazista à autoridade governamental na Polônia. Ele pediu que a Solução Final do problema judaico fosse iniciada nesse território, explicando: “O transporte não tem papel muito importante aqui, nem os problemas de suprimento de mão-de-obra impediriam tal ação. Os judeus precisam ser removidos do território do Governo Geral o mais rapidamente possível .(...)Ademais, dos cerca de 2,5 milhões de judeus em questão, a maioria não é apta ao trabalho”.
Os organizadores e gestores da morte discutiram em seguida diferentes tipos de “soluções” e a posição a que se chegou foi a de que seriam realizadas imediatamente certas “atividades preparatórias”, tomando-se, contudo, o cuidado de não inquietar a população. A reunião foi concluída com a solicitação de Heydrich aos participantes para que lhe dessem todo o apoio durante a execução das tarefas para o desempenho da Solução Final.
De acordo com o depoimento de Eichmann em seu julgamento, em Jerusalém, o clima da Conferência foi muito tranquilo. Heydrich estava exultante com os resultados. “Não houve protestos”, testemunhou Eichmann. “A atmosfera de consenso superou as expectativas. Alguns presentes revelaram grande entusiasmo em relação à “Solução Final”. A Conferência durou talvez uma hora ou hora e meia. Depois, as pessoas se reuniram em pequenos grupos para trocarem ideias; serviu-se conhaque e a conversa foi mais descontraída”.
Quando a promotoria lhe perguntou se haviam sido abordadas as formas específicas de execução e os sistemas de matança, Eichmann respondeu não se lembrar dos detalhes, mas que “todas as conversas foram muito francas. As pessoas falavam de uma maneira mais direta, com uma linguagem diferente daquela que eu deveria usar no relatório... Eles falaram sobre métodos de matança, sobre liquidação, sobre extermínio”.
O monstruoso plano, selado com um brinde de conhaque, foi imediatamente posto em ação. Já no final de janeiro de 1942, Eichmann enviara uma ordem por correio expresso a todos os órgãos estatais e militares envolvidos para ir adiante com a deportação dos judeus iniciada em outubro de 1941. Falava agora explicitamente do “início da Solução Final".
A matança continuou, implacável, até 8 de maio de 1945, dia da rendição incondicional da Alemanha. Como disse Elie Wiesel, até o último momento os nazistas caçaram e trucidaram nosso povo pela única e simples razão de serem judeus. Foi uma guerra sem fronteiras, sem piedade, sem trégua. Seis milhões de judeus – um milhão e meio dos quais eram inocentes crianças, foram brutalmente assassinados pelos nazistas durante a Shoá, e os que sobreviveram ficaram marcados física, psicológica e mentalmente para o resto de seus dias.
Hoje, a mansão onde houve a reunião abriga um memorial e um centro de formação educacional. O “Memorial and Educational Site House of the Wannsee Conference” foi inaugurado em 1992, no cinquentenário de sua realização.
Os Participantes da Conferência
Os 15 participantes da conferência pertenciam à elite política do regime nazista. A maioria provinha de “boas famílias burguesas”, possuía educação superior e oito deles tinham doutorado. Alguns eram nazistas convictos, outros tinham entrado para o partido mais por oportunismo. A grande maioria escapou de toda e qualquer punição tanto em relação à sua participação na Conferência de Wannsee quanto por seu envolvimento no extermínio dos judeus.
Apenas três dos participantes foram julgados e condenados à morte:
Dr. Eberhard Schöngarth - Comandante da polícia de segurança
e das SD (BdS), participou ativamente do aniquilamento dos judeus da Polônia. Preso pelos aliados, foi condenado à morte por um tribunal militar inglês, não em virtude de sua participação no assassinato de judeus, mas por ter ordenado pessoalmente o fuzilamento de um prisioneiro de guerra. Foi executado em 1946.
Dr. Josef Bühler - Secretário de Estado do Governo Geral, um dos responsáveis pelo assassinato em massa dos judeus na Polônia. Na Conferência, pediu a Heydrich para iniciar o extermínio pelo Governo Geral. Preso pelos aliados, foi condenado à morte em 1948, em Cracóvia.
Adolf Eichmann - Serviço Central de Segurança do Reich, foi o Chefe do Relatório IV B 4 e organizador das deportações. Desempenhou um papel central no processo de assassinato dos judeus europeus. Ele coordenava todos os aspectos técnicos relativos ao transporte dos locais de residência dos judeus para guetos e campos de concentração e extermínio. Levado prisoneiro em maio de 1960 para Israel, foi julgado e condenado à morte, sendo executado em 31 de maio de 1962.
Um terço dos participantes já tinha morrido ao fim da guerra ou morreu pouco depois:
Reinhard Heydrich - Comandou o Escritório Central de Segurança do Reich (RSHA). Chamado de “a face demoníaca do mal” foi um dos principais arquitetos do Holocausto.Tornou-se Protektor da Boêmia e Morávia (ex-Checoslováquia) e sua brutalidade lhe valeu o codinome “o Carniceiro de Praga”. Morreu poucos meses depois da Conferência, no dia 4 de junho, em consequência de um atentado levado a cabo por resistentes checos.
Dr. Alfred Meyer - Secretário de Estado do Ministério do Reich para Zonas Ocidentais Ocupadas. Participou na pilhagem das zonas soviéticas ocupadas e assassinato dos seus habitantes, principalmente do extermínio da população judaica. Suicidou-se em maio de 1945.
Dr. Rudolf Lange - Comandante da Polícia de Segurança e das SD (KdS). Comandante dos Einsatzkommando 2, já tendo massacrado os judeus de Riga e os judeus alemães deportados, faz, na Conferência, o papel de perito nas execuções em massa. Suicidou-se em fevereiro de 1945.
Dr. Roland Freisler - Secretário de Estado Ministério da Justiça do Reich. Jurista, símbolo da depravação do judiciário alemão, encabeçou a perseguição jurídica aos judeus alemães desde as Leis de Nuremberg de 1935. Morreu durante um ataque aéreo, em fevereiro de 1945.
Martin Luther - Subsecretário de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, colaborou intensamente com as SS e a RSHA. Nomeado chefe da seção Ressort D III - que tratava da “Questão Judaica”, transformou-a numa das entidades que mais participaram no “extermínio”. Em 1943, cai em desgraça e é enviado ao campo de Sachsenhausen. Morreu no início de 1945, num hospital de Berlim.
Dois participantes foram libertados da prisão e morreram de doença nos primeiros anos após a guerra:
Wilhelm Kritzinger - Diretor de um ministério e homem-chave da Chancelaria do Reich, possuía conhecimentos sobre todas as medidas antijudaicas, tendo colaborado na elaboração de decretos contra os “parasitas nacionais”. Preso pelos aliados, ao ser interrogado em Nuremberg, em 1945, na preparação do “Processo Wilhelmstraße”, confirmou sua participação na Conferência de Wannsee e a autenticidade do Protocolo. Morreu em 1947, pouco depois de ser libertado da prisão por motivo de doença.
Erich Neumann - Secretário de Estado do Plano Quadrienal encabeçado por Göring para organizar a economia. Mantinha fortes ligações com todos os empresários alemães interessados em “conseguir” mão-de-obra judaica barata. Preso pelos aliados, foi libertado da prisão em 1948, por doença, morrendo no mesmo ano.
O restante dos participantes conseguiu escapar de qualquer punição e ter uma vida normal:
Dr. Gerhard Klopfer, Diretor ministerial da Chanceleria do NSDAP. Um dos burocratas mais influentes do Reich, era responsável pelas “questões nacionais e raciais” e pela colaboração com o RSHA. Preso em 1945 pelos aliados, em 1949 foi libertado da prisão. Em 1962, o processo que corria contra Klopfer por sua participação em Wannsee foi suspenso. Viveu em paz até sua morte, em 1987.
Dr. Georg Leibbrandt - Diretor Ministerial do Reich para os territórios ocupados no Leste. Suas atribuições estavam relacionadas
em grande medida com o genocídio dos judeus. Preso pelos aliados em 1945, foi libertado em 1949 da prisão. Em janeiro de 1950 foi investigado pelo tribunal de Nürnberg-Fürth, mas o processo foi arquivado em 1950. Viveu em paz até sua morte, em 1982.
Otto Hofmann - Chefe das SS-Serviço Central Colonial e Racial. Na Conferência, exigiu a esterilização de “mestiços”. Inicialmente condenado a 25 anos de prisão, em 1948, como muitos outros, foi absolvido e libertado da prisão para criminosos de guerra, em 1954. Viveu em Württemberg até sua morte, em 1982.
Dr. Wilhelm Stuckart - Secretário de Estado do Ministério do Interior do Reich, colaborou na elaboração de todas as leis e decretos fundamentais contra os judeus, em particular das Leis de Nuremberg. Preso pelos aliados, saiu da prisão em 1949, após o Processo de Wilhelmstraße, tendo já cumprido sua pena de meros 3 anos e 10 meses. Morreu num desastre de automóvel, em 1953.
Heinrich Müller - Chefe da Gestapo, o mais feroz dos assassinos do Terceiro Reich, esteve envolvido em quase todos os crimes levados a cabo pelo RSHA, principalmente no genocídio dos judeus europeus. Foi visto ainda em finais de abril de 1945 no Führerbunker. Os rumores sobre sua fuga para a América do Sul não puderam ser confirmados.
Bibliografia:
The Minutes from the Wannsee Conference, January 20, 1942, (Translation to English ), www.holocaustresearchproject.org
House of the Wannsee Conference "The Wannsee Conference and the Genocide of the European Jews", www.ghwk.de/engl
Cesarani, David,Holocaust: The "final solution", Kindle eBook, 2007
Roseman, Mark, The Wannsee Conference and the Final Solution, A Reconsideration, Ed. Picador, 2003
“La conferenza del Wannsee 3- Quindici uomini per un genocídio” artigo publicado no site www.olokaustos.org