No dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas, presidida pelo estadista brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou um relatório segundo o qual o território da Palestina, então sob mandato britânico, deveria ser dividido em dois estados: um árabe e outro judeu.

O primeiro documento oficial que deu uma pálida esperança do retorno do povo judeu à sua terra de origem data de 1917, quando o ministro britânico dos Assuntos Estrangeiros, Lord Arthur James Balfour, escreveu uma carta a Lord Rotschild, proeminência da comunidade judaica da Inglaterra, com os seguintes dizeres: "O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização deste objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país". A carta do ministro foi imediatamente aprovada pela França e pela Itália, desde que a Palestina fosse submetida a um mandato britânico. Os Estados Unidos só ratificaram os termos daquela carta em agosto de 1918. Entretanto, no decorrer das décadas seguintes, a chamada Declaração Balfour acabou tornando-se um inútil pedaço de papel, pois foi o próprio Reino Unido que empreendeu inesgotáveis esforços, é verdade, mas no sentido contrário, para impedir que o ideal sionista viesse a se concretizar.

A hostilidade dos árabes palestinos contra as primeiras levas de imigrantes judeus, que implantaram colônias agrícolas (kibutzim e moshavim) em Eretz Israel, foi fruto da política externa desenvolvida pela Inglaterra de 1919 até 1948. Durante o período de seu mandato, a diplomacia inglesa era orientada no sentido de se apresentar perante o mundo como um árbitro imparcial, empenhado em promover a paz e a justiça entre os povos daquela região. Mas, na verdade, o Reino Unido foi ativo participante na confrontação entre árabes e judeus. Não se tratou de um comportamento causado por simples malignidade ou anti-semitismo explícito, mas pela coerência em manter seu domínio sobre um inigualável reinado, que ocupava quase um terço do planeta e ao longo do qual, como se dizia na época, o sol nunca se punha. A Inglaterra mantinha colônias em todos os continentes, algumas extensas e importantes como a Índia, e não tinha razões concretas para abrir mão de sua vocação imperial que, naturalmente, abrangia a Palestina e outros países do Oriente Médio. Para começar, a administração militar britânica, sediada no Cairo, proibiu, durante dois anos, que o conteúdo da Declaração Balfour fosse divulgado na Palestina "por se tratar de um documento altamente confidencial". O líder sionista Zeev Jabotinsky, nascido na Rússia, que serviu como tenente da Legião Judaica durante a 1a Guerra Mundial, anotou em seu diário: "Nem na Rússia, nem na Polônia, houve uma atmosfera tão impregnada de ódio como aquela que prevaleceu nas forças armadas britânicas, na Palestina, em 1919 e 1920".

É preciso acentuar que o Reino Unido havia recebido um mandato e não um título de soberania sobre a Palestina, concedido pela Liga das Nações, formada em Versalhes, em 1919. Entretanto, à medida que diminuía a influência internacional da Liga, aumentava a prepotência da Inglaterra na Palestina. A título de preservar o que intitulavam de "capacidade econômica de absorção", os britânicos impuseram medidas cada vez mais severas para impedir a imigração judaica, ao mesmo tempo em que faziam vista grossa para o influxo de sírios e transjordanianos, atraídos pelo progresso com que os judeus já haviam beneficiado a região. Como resultado da política britânica de disseminar o conceito do pan-arabismo, ocorreram os massacres de 1929 contra os judeus, apontados pelos ingleses como autores de um complô para ocupar os lugares sagrados muçulmanos no Monte do Templo, em Jerusalém. Os mandatários nada fizeram para impedir o derramamento de sangue e é impressionante constatar como esta bem arquitetada mentira é invocada até os dias atuais, como pretexto para ataques de palestinos contra alvos israelenses. Os ingleses decerto incrementariam seu domínio sobre a Palestina se um acontecimento maior, e de graves proporções, não os obrigasse a um sério envolvimento em outra direção: a eclosão da 2a Guerra Mundial. Antes, em maio de 1939, eles haviam emitido o White Paper, documento que proibia a imigração judaica para a Palestina e enterrava, de vez, a Declaração Balfour. Contudo, além da proibição, havia outros itens inaceitáveis: o estabelecimento de um estado árabe nos dez anos seguintes; a nomeação de um governo palestino; a admissão de apenas 75 mil judeus nos cinco anos seguintes; futuras imigrações dependeriam da aprovação dos árabes e as vendas de terras para judeus se tornariam rigidamente restringidas. Em setembro daquele ano, enquanto os nazistas ocupavam a Polônia, David Ben Gurion, líder da Agência Judaica na Palestina, declarou: "Guerrearemos contra Hitler como se não houvesse o White Paper e lutaremos contra o White Paper como se não houvesse guerra". Em maio de 1940, quando Winston Churchill, simpatizante do sionismo, tornou-se primeiro-ministro do Reino Unido, houve a esperança de que o White Paper fosse revogado. Chegou a haver, mesmo, um período de distensão entre ingleses e judeus. No entanto, quando a Itália entrou na guerra, naquele mesmo mês, a proximidade das ações militares entre os aliados e as forças do Eixo, no Oriente Médio, fez com que Churchill deixasse intocado o White Paper, de modo a não antagonizar os países árabes. A causa sionista só começou, ainda que longinqüamente, a ser considerada pela opinião pública mundial quando, em abril de 1942, o navio Struma, transportando refugiados judeus da Romênia, não pôde aportar em Haifa e acabou afundando, talvez torpedeado, no Mar Negro. Das centenas de passageiros, apenas dois sobreviveram. Foi sob o luto do Struma que um judeu polonês chamado Menachem Begin conseguiu entrar na Palestina e ali começou a organizar uma luta armada clandestina contra a Inglaterra.

Em 1943, à medida que aumentavam as atrocidades e os assassinatos em massa cometidos pelos nazistas contra os judeus na Europa, crescia também a resistência judaica contra os ingleses com a finalidade de forçar o acolhimento de um maior número de imigrantes na Palestina. Em novembro do ano seguinte, Lord Moyne, o ministro britânico residente no Cairo, foi assassinado por um grupo de extremistas judeus. Moyne era amigo íntimo de Churchill e sua morte fez com que este se alienasse por completo da causa sionista. Ao fim da 2a Guerra Mundial, a situação do mandato inglês tornava-se cada vez mais insustentável. Derrotando Winston Churchill, o trabalhista Clement Atlee assumiu o cargo de primeiro-ministro no Reino Unido. Os judeus de Eretz Israel, na maioria socialistas, acreditavam que teriam um novo e bom entendimento com o governo de Londres. Pura ilusão. Não houve qualquer mudança na política externa britânica e, enquanto as portas da Palestina continuavam fechadas, centenas de milhares de sobreviventes do Holocausto permaneciam em rudimentares acampamentos espalhados por diversos países europeus.

Pressionado pela opinião pública judaica americana, o presidente Harry Truman pressionava Atlee para que abrandasse sua política no Oriente Médio. Contudo, os ingleses endureciam cada vez mais, por perceberem que estavam prestes a perder seus poderes coloniais, tendo como foco principal a Índia. Em maio de 1946, uma Comissão de Inquérito Anglo-americana, depois de percorrer a Palestina, recomendou que o White Paper fosse revogado e que fossem imediatamente recebidos cem mil refugiados. Os ingleses recusaram, argumentando que se isto acontecesse, aumentaria a tensão entre árabes e judeus. No começo de 1947, a Palestina era uma espinha atravessada na garganta do império britânico, que para lá havia deslocado um contingente de cem mil homens e se via obrigado a arcar com os altos custos de sua manutenção, pesada despesa para a combalida situação econômica do país no pós-guerra. No dia 14 de fevereiro de 1947, o chanceler britânico Ernest Bevin anunciou que a Inglaterra renunciaria a seu mandato desde que o assunto da Palestina fosse levado à tutela das Nações Unidas. Além de ser um declarado anti-semita, Bevin se apegava a um ferrenho pragmatismo, argumentando que a Grã-Bretanha seria sempre dependente do petróleo dos países árabes e isto não poderia ser ameaçado pela existência de uma minúscula pátria judaica no Oriente Médio. Enquanto ele pouco se importava com os deslocados e sobreviventes de guerra, estes ainda encontravam bom humor para cantar, em iídiche, em seus improvisados barracões em campos europeus: "Que viva o camarada Bevin, que viva 100 anos, 99 em hospitais".

Em função da atitude britânica, as Nações Unidas criaram um Comitê Especial, também conhecido como Comitê Ad Hoc, encarregado de ouvir de viva-voz os argumentos de judeus e árabes na Palestina, devendo seu relatório ser entregue até o dia 31 de agosto. Foi durante esta viagem que os membros do Comitê puderam testemunhar a agonia do navio Exodus, ancorado no porto de Haifa, quando foram proibidos de desembarcar centenas de refugiados judeus, levados de volta para a Europa. Aquele dramático episódio foi, sem dúvida, um dos fatores que levaram o Comitê Especial a sugerir a partilha da Palestina entre árabes e judeus, ficando Jerusalém sob administração internacional. O debate e a votação sobre o relatório do Comitê na sede das Nações Unidas, em Flushing Meadows, Nova York, foram marcados para o dia 26 de novembro. Nesse meio tempo, o sinistro Ernest Bevin enviou um memorando para a delegação inglesa na ONU no qual dizia que a partilha seria injusta para os árabes, que inflamaria o mundo muçulmano e que "qualquer acordo com os sionistas teria pouca compensação se comparado à perda do mundo árabe". Às três horas da tarde da data marcada, foi aberta por Oswaldo Aranha a sessão da Assembléia Geral que registrou, com enorme surpresa, o discurso pró-sionista proferido pelo delegado soviético, pois o Kremlin seguia a política de enfraquecer as posições americana e inglesa no Oriente Médio. Seguiram-se outros pronunciamentos, contra e a favor da partilha. Boa parte dos oradores contrários bateu na tecla de que um estado judeu naquela região corresponderia a um enclave comunista.

Embaixador Andrei Gromiko, da União Soviética: "A experiência que extraímos ao estudar a questão palestina, bem como o relatório do Comitê Especial, evidenciam que árabes e judeus não podem e não querem estar juntos. Não há o que fazer para que ambos vivam no mesmo território e, portanto, a única alternativa viável é dividi-lo. Essa partilha terá um profundo significado histórico porque irá de encontro aos legítimos anseios do povo judeu".

Embaixador Lange, da Polônia: "A comunidade judaica da Polônia resistiu contra a ocupação alemã de nosso país, destacando-se a revolta do gueto de Varsóvia que hoje já é conhecida pelo mundo inteiro. Sabemos que a maioria dos judeus considera a Palestina como seu lar nacional e não podemos deixar de simpatizar com essa aspiração. A atual situação exige uma solução imediata e não podemos mais adiá-la".

Embaixador Amir Faisal Al Saud, da Arábia Saudita: "Senhores membros desta Assembléia, lembrem-se que conforme o preâmbulo da Carta das Nações Unidas, todos juraram que desaprovariam, perante D'us e a história, atos de agressão e envidariam esforços em favor da paz. O que hoje está sendo tentado com relação à Palestina não é um ato de flagrante agressão? Não é tirânico que um organismo internacional partilhe um país para presentear o agressor?"

Embaixador Amir Arslan, da Síria: "Todos aqueles que aprovam o plano de partilhar a Palestina em dois estados independentes certamente ignoram os aspectos legais da questão. As manobras feitas para colocar este plano em marcha fazem com que a opinião pública mundial o veja como uma ação humanitária, mas trata-se do maior escândalo político de todos os tempos".

Embaixador Rodriguez Fabregal, do Uruguai: "Por que é necessário que exista um estado dos judeus? Para dar fim à discriminação e à perseguição deste segmento da humanidade. Nenhum outro povo tem sofrido tanto quanto o povo judeu. Os que votarem a favor da partilha, não estarão votando contra os dois setores da realidade social da Palestina. Estarão votando pelo progresso de ambos, por seu desenvolvimento cívico e por sua futura presença na comunidade das nações".

Embaixador Sassen, da Holanda: "Quando os nazistas perseguiram os judeus em nosso país, a resistência holandesa teve como uma de suas prioridades a sua salvação. O mandato britânico na Palestina revelou-se ineficiente e as Nações Unidas têm a obrigação de resolver essa questão, mas não de forma unitária. Nossa delegação votará a favor do relatório do Comitê Especial".

Embaixador Sir Carl Berendsen, da Nova Zelândia: "Todas as soluções propostas contra a partilha da Palestina se revelaram inviáveis e impraticáveis. A criação de dois estados separados irá de encontro às legítimas reivindicações do povo judeu".

Embaixador Van Langenhove, da Bélgica: "Já expusemos as nossas dúvidas quanto à solução adotada pelo Comitê Especial. Não sabemos se é inteiramente justa, duvidamos que seja prática e tememos que envolva grandes riscos. Mas, qual a alternativa? Uma solução ou nenhuma, ou seja, maiores problemas e até mesmo o caos. Não queremos assumir tal responsabilidade votando de forma negativa ou nos abstendo. Votaremos a favor".

Ao fim dos debates, Oswaldo Aranha marcou uma nova rodada para o dia seguinte, 27 de novembro. Reproduzo aqui um trecho de um texto que escrevi para esta revista, intitulado "O Dia em que Israel Nasceu", já que não existe a respeito outra verdade, nem outra versão: "Naquele dia, quando a Assembléia Geral se reuniu, os líderes judeus eram uma só depressão. Estavam longe de serem alcançados os dois terços dos votos necessários para a partilha. A única alternativa era pedir aos embaixadores favoráveis que discursassem o máximo possível para que o horário extrapolasse, obrigando o adiamento da sessão. O dia seguinte seria feriado nos Estados Unidos e, atendendo aos apelos da liderança judaica, Oswaldo Aranha, num gesto amigável, marcou a próxima sessão para dois dias depois. Esse intervalo de 24 horas era crucial para que a causa sionista obtivesse mais votos, como de fato aconteceu".

Finalmente, no dia 29 de novembro de 1947, a proposta partilha da Palestina foi colocada em votação na Assembléia Geral das Nações Unidas. Ao término, Oswaldo Aranha declarou com voz firme: "O relatório do Comitê Especial está adotado por 33 votos a favor (entre os quais o do Brasil), 13 contra, 10 abstenções e uma ausência". Foi estabelecido o dia 14 de maio de 1948 para que o Reino Unido se retirasse totalmente da Palestina. Passaram-se, portanto, cinco meses e meio antes da independência do Estado de Israel, no decorrer dos quais os ingleses fizeram o possível e o impossível para favorecer os árabes e prejudicar os judeus. Porém, esta já é outra longa e tortuosa história.

"Nem na Rússia, nem na Polônia, houve uma atmosfera tão impregnada de ódio como aquela que prevaleceu nas forças armadas britânicas, na Palestina, em 1919 e 1920".

Zevi Ghivelder é escritor e jornalista

Como os americanos reconheceram Israel

1939

17 de maio - Emissão de um documento britânico (White Paper) restringindo a imigração de judeus para a Palestina.

25 de maio - O senador Harry S. Truman protesta contra a decisão da Inglaterra.

1945

24 de agosto - O Relatório Harrison é apresentado ao presidente Truman, denunciando maus tratos infligidos aos refugiados judeus sobreviventes do Holocausto.

31 de agosto - Com base no Relatório Harrison, o presidente Truman escreve ao primeiro-ministro britânico, Clement Atlee, pedindo que um razoável número de judeus seja admitido na Palestina.

22 de outubro - Os senadores americanos Robert Wagner e Robert Taft expressam-se favoráveis à constituição de um estado judeu na Palestina.

13 de novembro - O governo Atlee anuncia a formação de um Comitê Anglo-americano para analisar a questão da Palestina.

1946

20 de abril - O Comitê Anglo-americano recomenda a admissão de 100 mil judeus na Palestina.

8 de maio - Truman escreve para Atlee manifestando o desejo de que a recomendação do Comitê seja cumprida.

24 de setembro - Clark Clifford, assessor de Truman, escreve ao presidente advertindo que a União Soviética deseja alcançar total influência no Oriente Médio. Assim, a política do Kremlin será encorajar a imigração judaica, constituída por milhares de russos, ucranianos e georgianos e, ao mesmo tempo, denunciar a política de sede por petróleo dos Estados Unidos e da Inglaterra no tocante à Palestina, com a finalidade de inflamar os árabes.

4 de outubro - Na véspera do Yom Kipur, o presidente Truman se declara a favor da criação de "um estado judeu viável".

28 de outubro - O presidente Truman escreve ao Rei Saud, da Arábia Saudita, dizendo que "um lar nacional judaico deve ser instituído na Palestina".

1947

7 de fevereiro - O governo britânico anuncia que dará término a seu mandato na Palestina.

14 de fevereiro - O governo britânico anuncia que vai delegar às Nações Unidas a resolução da questão da Palestina.

13 de maio - A Assembléia Geral das Nações Unidas anuncia a formação de um Comitê Especial constituído por onze países para estudar a questão.

31 de agosto - O Comitê Especial apresenta seu relatório que sugere que a Palestina seja partilhada entre um estado árabe e outro judeu.

17 de setembro - George Marshall, secretário de estado americano, manifesta sua relutância no sentido de endossar a partilha.

10 de outubro - O Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos emite um documento intitulado "O Problema da Palestina", no qual sustenta que a partilha ensejará que a União Soviética assuma o lugar de ingleses e americanos no Oriente Médio, ameaçando o suprimento de petróleo para o Ocidente.

11 de outubro - Herschel Johnson, vice-representante americano no Conselho de Segurança da ONU, afirma que os Estados Unidos apoiam o plano de partilha.

19 de novembro - O presidente Truman recebe Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial, que lhe discorre sobre a importância da incorporação do Neguev ao futuro estado judaico. (O Neguev estava fora do traçado inicial da partilha).

29 de novembro - A Assembléia Geral das Nações Unidas aprova a partilha proposta pelo Comitê Especial.

5 de dezembro - O secretário de estado George Marshall anuncia a imposição de um embargo dos Estados Unidos a qualquer carregamento de armas para o Oriente Médio.

1948

12 de fevereiro - James Forrestal, secretário de defesa americano, afirma que a implementação da partilha acarretará eventos que obrigarão a uma mobilização das forças armadas dos Estados Unidos.

21 de fevereiro - O judeu Eddie Jacobson, ex-sócio e amigo pessoal de Truman, escreve ao presidente pedindo que torne a receber Chaim Weizmann, mas a solicitação é recusada.

8 de março - O assessor presidencial Clark Clifford apresenta a Truman um memorando intitulado "A Política dos Estados Unidos com Relação à Palestina", no qual afirma que o apoio à partilha está em plena conformidade com a política externa dos Estados Unidos.

13 de março - Sem solicitar audiência, Eddie Jacobson irrompe na Casa Branca e reitera a Truman seu pedido para que receba Chaim Weizmann. Resposta de Truman: "OK, você venceu!"

18 de março - Truman recebe Weizmann e diz que espera seja feita justiça na Palestina sem derramamento de sangue.

22 de março - Diferentes escalões do Departamento de Estado continuam opondo-se à partilha e o presidente americano escreve para seu irmão, Vivian Truman: "Acredito estar agindo corretamente, e que todos eles vão para o inferno".

12 de maio - Harry Truman reúne-se no Salão Oval da Casa Branca com o secretário de estado George Marshall, com o subsecretário Robert Lovett e o assessor Clark Clifford. Este argumenta em favor do reconhecimento do estado judaico, conforme a resolução das Nações Unidas. Marshall fica enfurecido e diz que se tal medida for aprovada por Truman, ele sequer votará no presidente nas eleições que se aproximavam. O presidente nada comenta.

13 de maio - Clark Clifford, defensor inabalável da causa judaica, informa a Robert Lovett que, finalmente, Marshall não vai apoiar nem se opor à decisão de Truman, posicionando-se alheio ao problema.

14 de maio - David Ben Gurion proclama a independência do estado judaico, a ser chamado Israel, a partir da meia-noite daquele dia, correspondendo às 6 da tarde em Washington.

14 de maio - Às 6 horas e 11 minutos, a Casa Branca divulga a seguinte declaração: "Este governo foi informado de que um estado judeu acaba de ser proclamado na Palestina. Os Estados Unidos reconhecem o governo provisório e a autoridade de facto do Estado de Israel".

15 de maio - Os exércitos do Egito, Síria, Jordânia. Líbano e Iraque atacam o Estado de Israel.

1949

25 de janeiro - Após eleições populares um governo permanente toma posse em Israel.

31 de janeiro - Os Estados Unidos reconhecem Israel na condição de jure.

24 de fevereiro a 20 de julho - Israel assina, na ilha de Rodes, sob mediação do diplomata americano Ralph Bunche, tratados de armistício com o Egito, Líbano, Síria e Jordânia.