‘A maior glória de Damasco é o esplendor de suas residências’, escreveu Josias Porter, em 1855, ao se referir à extraordinária opulência e beleza das mansões da Cidade Velha. Entre as mais bonitas, imortalizadas em imagens por artistas famosos, havia várias residências de famílias judias.
Quando, na segunda metade do século 19, Damasco abre-se ao Ocidente e intensifica o comércio com os países europeus, as companhias estrangeiras passam a usar representantes locais em suas transações. Estes parceiros de negócios dos europeus eram quase todos cristãos ou judeus. Esse comércio fez com que várias famílias judias e cristãs acumulassem grandes fortunas. O reverendo Josias Porter, autor do Murray's Handbook, guia publicado em 1855 para turistas interessados em conhecer a Síria e a então Palestina, assim se referiu à comunidade judaica de Damasco: "Os judeus da cidade não são numerosos, mas são muitos influentes devido à grande riqueza de algumas de suas famílias".
As residências de famílias proeminentes, como os Farhi, Lisbona, Stambouli, Totah e Anbar, localizadas em Hara Al-Yahud, o bairro judeu, situado a sudeste da Cidade Velha, eram visitadas como se fossem museus. Com a abertura ao Ocidente, europeus e norte-americanos passaram a incluir Damasco em seu roteiro ao Oriente e queriam ver os seus famosos "palácios de mármore ". Como as casas dos muçulmanos eram fechadas a estrangeiros, os turistas eram levados para visita em residências de judeus ou de cristãos. Em seu Handbook, o autor aconselhava a quem as quisesse conhecer que procurasse pelo "velho Abu Ibrahim, o cicerone judeu que guia os viajantes às casas judias... Beit Lisbona e Beit Farhi são de uma beleza excepcional".
O esplendor das residências é revelado nos relatos de ocidentais que visitaram Damasco, à época. George William Curtis, convidado em 1852 à casa de um comerciante judeu, escreveu: "... um palácio de sonho... A luz do dia espalha-se ao longo do pátio espaçoso... um amplo reservatório em mármore ocupa o centro desta área onde fontes decoradas despejam torrentes d'água... plantas frondosas ladeiam a fonte. Rosas, limões e laranjeiras confundiam suas folhagens, entrelaçando suas flores e inebriando o ar com seu perfume... Construídas pouco acima do nível do pátio e abrindo para o mesmo, há alcovas grandiosamente arqueadas, atapetadas e com divãs luxuosos. As paredes e o teto das alcovas são pintados com arabescos de sonho...".
Pintores e fotógrafos imortalizaram em suas obras as mansões da Cidade Velha. Várias fotografias de Felix Bonfils, em preto e branco, mostram as casas em seu apogeu. O artista, fotógrafo francês que viveu na segunda metade do século 19, ficou famoso pelas imagens que retratam as últimas décadas do Império Otomano.
Infelizmente, pouco resta atualmente da beleza das antigas casas da Cidade Velha de Damasco. Várias foram demolidas em função de supostos projetos de modernização da área; outras, após terem sido abandonadas pelos proprietários, estão em estado deplorável. Muçulmanos e cristãos as deixaram para ir morar nos bairros novos da cidade; os judeus as abandonaram quando compreenderam que a vida judaica na Síria chegara ao fim. A maioria das mansões dos judeus, que tanto deslumbramento causaram, são hoje cortiços. Desapropriadas pelo governo, eram quase sempre entregues a refugiados palestinos ou aos mais carentes na população. Algumas, com um pouco mais de sorte, foram compradas por muçulmanos de posses ou, mais recentemente, por investidores estrangeiros.
Apesar do decreto governamental de 1972, determinando a preservação da Cidade Velha, e do fato de ter sido considerada pela UNESCO Patrimônio Histórico da Humanidade, até hoje pouco foi feito para preservar esta parte da cidade e as antigas mansões.
A jornalista britânica Brigid Keenan, esposa de um diplomata, viveu cinco anos em Damasco (1993 a 1998) e, encantada com as mansões da Cidade Velha, iniciou um projeto conjunto com o fotógrafo Tim Beddow, do qual resultou um livro, Damascus, Hidden Treasures of the Old City (Damasco, tesouros ocultos da Cidade Velha). Entre as mansões fotografadas, cinco haviam pertencido a famílias judias de destaque na vida local: Beit Farhi, Beit Dahdah, Beit Stambouli, Beit Lisbona, Beit Totah e Beit Anbar. (Maktab 'Anbar).
Arquitetura da época
Todas as mansões da Cidade Velha de Damasco - fossem de famílias muçulmanas, cristãs ou judias - seguiam os padrões da arquitetura islâmica no projeto arquitetônico e na estética, caracterizada por inegável paixão pela cor e pela riqueza de seus interiores. Para a execução dos elaborados projetos eram contratados artesãos de virtuosismo técnico e sensibilidade artística, especializados no trabalho em madeira, metal, vidro, mármore e pedra, além de exímios pintores.
A típica casa damascena, Beit em árabe, era ampla, pois várias gerações de uma mesma família a habitavam, em conjunto. Sempre voltada para seu interior, a casa era construída em volta de um ou mais pátios (ard al-diyar ) Os muros que a circundavam, assim como a porta de entrada, eram de uma simplicidade extrema, impossibilitando a quem caminhasse pelas ruelas escuras e sujas da Cidade Velha adivinhar a riqueza que se escondia atrás dos mesmos. Já os muros que davam para o pátio eram elaborados. Geralmente em pedra preta e branca, eram decorados com vivo trabalho em pasta de pedra colorida. Esta técnica decorativa, desenvolvida pelos mamelucos e que atingiu a perfeição na Damasco do século 18, consistia em blocos de pedra gravados com motivos geométricos, esculpidos na pedra. Seus sulcos eram preenchidos com pasta de pó de pedra colorida. A beleza do resultado enchia os olhos.
O pátio era projetado para refrescar os verões quentes e secos da Síria. Em seu centro sempre havia uma fonte, que, no verão, mantinha a umidade do ar, perfumado pelas roseiras e jasmineiros. Árvores de frutas, como de kabad, uma espécie de limão grande, ou de naranj, laranja da terra, e videiras davam sombra e frutos. Até o século 19, os pátios eram pavimentados de basalto preto, com intrincados desenhos em pedras vermelhas. Daí em diante passou-se a usar mosaicos de mármore no revestimento dos pisos.
Todas as mansões contavam com uma profusão de fontes e chafarizes, que ornavam pátios e o interior das casas. O sistema de abastecimento d'água da Cidade Velha, que remontava à Antigüidade, era impressionante. As casas eram alimentadas pela água canalizada, que era distribuída de fonte em fonte até chegar à cozinha e aos lavatórios. Até o século 19, quando passaram a ser de mármore, as fontes eram em pedra, principalmente nos pátios. No interior das casas, eram menores e bem mais trabalhadas, muitas vezes em mosaicos de mármore com incrustações em madrepérola.
Na parte sul da casa, abrindo em direção ao norte, em linha reta com a fonte do pátio, ficava o liwan, o principal cômodo da casa, onde a família e os hóspedes ficavam no verão. Era um recanto amplo e alto, fechado em três lados - o lado aberto em arco sempre se abria para o pátio. A decoração desse local era deslumbrante: o teto em madeira ricamente pintada, detalhes em pedra esculpida e com incrustações formando mosaicos, paredes com afrescos e, ainda, pisos em mármore com desenhos tão rebuscados que mais pareciam tapetes persas.
No pátio, do lado oposto ao Iiwan, beneficiando-se do sol invernal, localizava-se o principal salão de recepções, qâ'a, que era fechado. Este salão era o ponto alto de toda a casa; era onde melhor se podia admirar o gosto dos proprietários e toda a técnica e sensibilidade artística de seus arquitetos e artesãos. Um grande arco dividia o qâ'a em dois ambientes. Uma área de entrada, no mesmo nível que o pátio, chamada de ataba, e uma sala de estar, a mastaba. As residências maiores chegavam a ter duas mastabas, uma de cada lado da ataba.
Estes dois ambientes diferiam muito em sua decoração, ainda que fizessem fazer parte da mesma sala. Pavimentada em pedra ou mármore, com uma fonte no centro, a ataba tinha suas paredes decoradas em pedra trabalhada. Já a mastaba tinha as paredes decoradas com painéis em madeira pintada e entalhada, com douração. O piso, mais elevado, em pedra ou mármore, era coberto por tapetes persas, havendo, encostados nas paredes almofadas de seda ou divãs baixos (divan, em árabe). Nesse local as famílias e seus freqüentes hóspedes sentavam-se, durante o inverno. Em volta do pátio havia outras salas, também com opulenta decoração.
Nas antigas casas damascenas, os cômodos não tinham finalidade definida. Durante os invernos, as famílias viviam no andar térreo, mais quente, em virtude das paredes e tetos serem em madeira. Qualquer cômodo podia ser rapidamente adaptado para servir de sala de jantar ou de dormitório, pois as refeições podiam ser servidas em bandejas, e havia armários nas paredes que continham colchões, que podiam ser rapidamente estendidos no piso. Somente no final do século 19, por influência européia, começam a surgir casas com salas de jantar ao gosto europeu.
Os tetos das mansões eram verdadeiras obras de arte. Geralmente de madeira, eram pintados com tanto requinte e detalhamento que pareciam tapetes orientais. Em fins do século 19, por influência da Europa, estes passam a ser de madeira e tela, pintadas com motivos ocidentais.
As mansões do Bairro Judeu
Em 1936, quando os franceses governavam a Síria, os engenheiros militares fizeram um detalhado plano cadastral da Cidade Velha de Damasco, mapeando todas as casas e seus pátios e fontes. Apesar do plano facilitar a identificação das casas, não é tarefa fácil pesquisar a história desses palacetes, dificultada pelo fato de que cada novo proprietário emprestava seu nome à casa. É o caso das mansões dos judeus na Cidade Velha, originalmente conhecidas pelo nome do proprietário quando da construção. Atualmente ocupadas por outros donos, tiveram seus nomes mudados. Mesmo assim, a população de Damasco ainda se recorda do nome original das mais famosas.
Beit Farhi
Os Farhi eram uma das famílias mais importantes e ricas de Damasco e, sem sombra de dúvida, a mais proeminente da comunidade judaica do século 19. No início desse século, o homem mais rico da Síria era Haim Farhi, conhecido como o Haim Al-Moualem, o professor, em árabe. De 1789 a 1818, ano em que foi morto, Haim Farhi desempenhou as funções de Vizir financeiro (cargo semelhante ao de um ministro), banqueiro e administrador do notório governador otomano de Saida e Damasco, Ahmad al-Jazar. Era assim chamado por sua crueldade, pois al-Jazzar significa carniceiro.
A família Farhi era, na época, uma das maiores proprietárias de imóveis da cidade. Segundo um estudo sobre a comunidade judaica de então, 24 casas e terrenos foram adquiridos pela família apenas nesse período, em Damasco, não apenas no bairro judeu, mas também em outras áreas da cidade.
No século 19, a casa mais luxuosa e famosa do bairro judeu e uma das maiores de Damasco era a Beit Farhi, ou Beit Al-Moualem, nome de seu proprietário, Raphael Al-Moualem. É a casa retratada, em 1873, pelo pintor inglês sir Frederic Leighton, na tela Colheita de limões, que Morashá reproduz em sua capa, nesta edição. Na tela vê-se o pátio da residência em seus dias de fausto, com duas senhoras e uma criança, provavelmente da família Farhi, colhendo limões em uma das árvores da casa. Parte do acervo do Leighton Trust, o bonito quadro está exposto na Academia Real de Artes, de Londres.
Ocupando um quarteirão inteiro do bairro, a mansão provocava espanto e admiração em quem a visitava. Por exemplo, Lady Hester Stanphope, que a visitou em 1812, relatou que "se parecia a um palácio de contos de fada, com seus quatro pátios internos e paredes vivamente ornadas em ouro, espelhos, tetos pintados com imitações de pedras preciosas incrustadas e pisos de mosaicos". Apesar de ser, ela mesmo, membro da nobreza, isto não diminui o encantamento com que descreve as xícaras em que lhe serviram café, "com incrustações em ouro maciço".
John Wilson, na obra "Terra da Bíblia" (1847), narra sua visita à Beit Al-Moualem. "No dia 8 de junho, visitamos a mansão de Raphael, o chefe do clã dos Farhis, o Nasi dos judeus de Damasco... Um dos viajantes britânicos que estava conosco disse duvidar que os nossos próprios palácios reais fossem superiores àqueles... Em um dos apartamentos principais, a inscrição em hebraico invocando a bênção de D'us sobre seus moradores é esculpida e pintada em ouro, em belas letras grandes... Visitamos a biblioteca, de considerável extensão. É usada, às vezes, como sinagoga particular. Contém três lindos Rolos da Lei, acondicionados na mais rica arca de prata que meus olhos já avistaram. Além disso, lá se encontra uma cópia da Bíblia, de cerca de 450 anos, com esplêndidas iluminuras e coloridos".
Depois da criação do Estado de Israel, em 1948, a casa foi habitada por várias famílias palestinas, que a dilapidaram. O complexo de Raphael El-Moualem foi comprado recentemente por um arquiteto, que pretende restaurar o local, devolvendo-lhe a glória passada para transformá-lo em hotel de luxo.
Apesar de não ser tão luxuosa como a de Raphael El-Moualem Farhi, a residência de Mourad Farhi também era das mais bonitas de Damasco. Sobre Beit Farhi, hoje chamada de Beit Dahdah, John Wilson escreveu: "Visitamos a casa de Mourad Farhi, uma das mansões principescas dos Farhi, os mais ricos banqueiros e comerciantes de Damasco. Visitamos a biblioteca, que continha todo o universo da vasta literatura judaica... A biblioteca era aberta a todos os judeus locais, tanto para visitação quanto para consulta. Quatro rabinos da comunidade e algumas personalidades nos esperavam, à entrada, para nos dar sua calorosa acolhida a Damasco...".
Até 2006, o Beit Mourad Farhi, ou Beit Dahdah, pertencia a um rico antiquário, que ali morava e mantinha sua loja. Foi comprado pelo escultor Mustafá Ali. Infelizmente desaparecem todas as referências aos antigos proprietários e os símbolos judaicos das paredes originais foram raspados ou tapados por jornais. Uma das 24 residências Farhi na Cidade Velha de Damasco foi transformada no Hotel Talismã, que pode ser visto no site http://www.hoteltalisman.net
Beit Stambouli ou Beit Niyadu
Pertencia à família Stambouli e era uma belíssima mansão do bairro judaico. Construída em 1868, foi fotografada em 1870 por Bonfils. Diferentemente do que se pensa, a família não é originária de Istambul. David Levy, pai de Aharon, um dos implicados no Caso Damasco, escolheu este nome para se diferenciar dos inúmeros Levys que viviam na cidade. Escolheu esse toponímico porque viajava muito a Istambul para cuidar de assuntos jurídicos.
A suntuosidade da Beit Stambouli é mencionada em um depoimento de 1868 (divulgado apenas em 1993), feito por um grupo de pintores orientalistas em visita ao Oriente Médio. A viagem foi organizada pelos pintores Jean-Léon-Gerome e Wilhem de Famars-Testas, que possuíam uma carta de apresentação de Adolphe Crémieux. Este advogado e estadista francês foi quem, em julho de 1840, junto com Sir Moses Montefiore, conseguiu libertar judeus presos em Damasco, sob a falsa acusação de "assassinato ritual". (ver O Caso Damasco).
A carta abriu muitas portas, na cidade, aos artistas. Foram, inclusive, convidados para jantar na Beit Stambouli, pois Aharon Stambouli era um dos que haviam sido presos e condenados à morte, até ser finalmente inocentado, graças à comitiva liderada por Crémieux e Montefiore.
Provavelmente, a casa foi construída por Jacob Stambouli, sobrinho de Aharon, e devia estar quase pronta em 4 de maio de 1868, quando Jean-Léon-Gerome e Wilhem de Famars-Testas foram convidados para jantar.
Numa das fotografias da casa, tiradas por Bonfils, em 1870, pode-se ver, à esquerda do liwan uma porta acima da qual há uma inscrição em hebraico, com os dizeres "em memória", na primeira linha; na segunda, a inscrição "Levy Stambouli ". A porta na direção de Jerusalém e os dizeres em hebraico são indicações que o local era uma sinagoga particular.
Em 1895, a casa foi comprada por Joseph Bay Liniado (1850-1942), rico comerciante e financista judeu, e passou a ser conhecida como Beit Niyadu, uma modificação do nome Liniado. Como conseqüência de alianças matrimoniais entre as famílias, a casa continuou sendo ocupada pela família Stambouli. Em 1943, Sabri Liniado a vendeu a uma instituição norte-americana, quando se transferiu para Beirute. Durante a década de 1950 a casa funcionou como escola. Hoje pertence a um xeque xiita.
Beit Lisbona
No século 18, a proeminente família Lisbona, de bem-sucedidos comerciantes, construiu um verdadeiro palácio nas vizinhanças da Grande Sinagoga.
Com suas portas em madeira entalhada, enfeites em folha de ouro, tetos pintados e incrustações nacaradas nas colunas em pedra esculpida, a Beit Lisbona era, no entender de Isabel Burton, esposa do cônsul da Inglaterra em Damasco, "a segunda casa mais bonita da cidade, perdendo apenas para o Palácio Azem." Aristocrata inglesa e escritora, Isabel se casara com Richard Francis, escritor e aventureiro, que já ocupara o posto de cônsul em Santos, no Brasil. Em um de seus livros, Isabel descreve assim uma visita que fez ao Khawaja, isto é, Senhor Lisbona, no bairro judeu: "Era uma casa suntuosa, a mais bonita da cidade, suas paredes revestidas de mosaicos dourados, o interior inteiramente recoberto de mármore e, as colunas, em mármore e madrepérola".
Inúmeros são os depoimentos sobre tão vistosa riqueza e bom-gosto, como o de Wilhem de Famars-Testas. Durante visita à cidade, jantou na Beit Lisbona com membros de sua comitiva. Descreve assim o liwan para onde ele e os outros convidados foramconduzidos, após o jantar, para degustar os doces que eram servidos. Era um "luxuoso hall de entrada, com uma abóbada muito alta, dando a impressão de estar suspenso em pleno ar".
A requintada casa da família Lisbona foi fotografada pelo francês Louis De Clercq, viajante do século 19. Tais fotos foram publicadas no primeiro álbum sírio, intitulado "Cidades, monumentos e vistas pitorescas na Síria". O livro registra sua viagem ao Oriente Médio, em 1859 e 1860.
Beit Lisbona está sendo restaurada por seu proprietário, um cristão, e talvez seja transformada em hotel.
Maktab 'Anbar
Na época em que Isabel Burton vivia em Damasco, outra luxuosa casa estava sendo construída por um judeu, Yusuf Anbar, fora do bairro judeu. Anbar havia adquirido todas as casas vizinhas, construindo a sua mansão, com três amplos pátios, em estilo mais moderno.
Yusuf Anbar fizera sua fortuna na Índia. Segundo a lenda em torno de seu nome, tinha ido para a Índia como criado. Ao voltar, tinha encravados em seu turbante, o típico fez, lindos brilhantes. Quando, em 1890, Yusuf não conseguiu pagar abusivos impostos, as autoridades otomanas confiscaram sua propriedade e a transformaram na escola Maktab 'Anbar. Restaurada pelo governo sírio em 1986, foi reaberta como sede da Comissão para a Cidade Velha.
Bibliografia:
Keenan, Brigid, Damascus, Hidden Treasures of the Old City, Thames and Hudson
Artigo publicado no site www.farhi.org, A description of the Farhi Houses, In 18th & 19th century Damascus
Artigo de Jacques Stambouli, La Maison Stambouli, publicado na revista L'Arche, novembro de 2007