Em 1976, quando ocorreu o seqüestro do avião da Air France em Entebe, o paulista Jacques Stern tinha 17 anos de idade e voltava ao Brasil com um colega de classe de uma Ieshivá isralense, o rabino Rafi Shammah.
Jacques Stern: Fé e Esperança
Em 1976, quando ocorreu o seqüestro do avião da Air France em Entebe, o paulista Jacques Stern tinha 17 anos de idade e voltava ao Brasil com um colega de classe de uma Ieshivá isralense, o rabino Rafi Shammah: "Quando dois dos terroristas entraram no avião, comentei com meu amigo que eles pareciam suspeitos e vi que estava certo, quando eles se levantaram, cada um com uma arma e uma granada nas mãos. Fiquei com medo. Já no solo, em Uganda, recolheram todos os passaportes e foi a terrorista alemã que começou a fazer as chamadas dos nomes, separando os nomes dos judeus, o que me evocou a trágica lembrança dos campos de extermínio. Em seguida, os israelenses foram conduzidos a uma outra sala, que tinha, na porta, uma barra de ferro, sob a qual todos deviam abaixar-se, para passar. Foi muito humilhante. No terceiro dia fui transferido para o lado dos israelenses e interrogado, em português, porque um dos terroristas conhecia o idioma após ter morado algum tempo no Brasil. Quando fomos libertados, na quinta-feira,percebi a prevalência do meu instinto de sobrevivência, mas fiquei arrasado quando constatei que outros judeus continuavam presos. Restou-me a lição de que, mesmo nos momentos mais difíceis, devemos sempre manter a fé e a esperança. Hoje, mesmo decorridos tantos anos, estou convicto de que devemos combater o terrorismo com todas as nossas forças e que todo judeu pode contar com a ajuda do Estado de Israel, em qualquer lugar e sob quaisquer circunstâncias, com a ajuda de D'us. Demos ao nosso primeiro filho o nome de Yoni, em homenagem a Yonathan Netanyahu, um dos comandantes da Operação Entebe".
Um milagre com o Rabino Shammah
O rabino brasileiro Raphael Shammah, hoje com 47 anos de idade, viveu durante cinco dias o pesadelo de Entebe e encarou aquela dramática aventura como um desígnio divino: "Foi avontade de D'us que me colocou naquele avião. Quando os passageiros de Atenas começaram a entrar no avião da Air France, após a escala na Grécia, notamos a presença de dois homens com traços árabes, mas eu não desconfiava o que estava por vir. Percebemos que ocorria algo estranho quando os passageiros da primeira classe começaram a se dirigir para o fundo do avião, com as mãos levantadas. Foram muito tensos os primeiros minutos no vôo seqüestrado.
Os terroristas exigiram todos os documentos dos reféns e começaram um discurso anti-sionista em favor dos palestinos. Fizemos uma primeira escala em Bengazi, na Líbia, sob forte calor, onde ficamos oito horas sem água e sem comida. No domingo à noite partimos para um destino desconhecido. Só duas horas depois do pouso seguinte que soubemos que estávamos em Uganda, onde outros terroristas se juntaram aos alemães. Os reféns foram separados ainda no primeiro dia e logo pudemos perceber que estavam chamando os israelenses. O ambiente era tenso e nem se desanuviava com as espalhafatosas aparições de Idi Amin. Ele fingia ser nosso salvador, mas dava apoio aos terroristas. No terminal de Entebe conhecemos outros brasileiros, mas nossos contatos foram breves. Na quinta-feira, anunciaram que libertariam um grupo de reféns. Combinei com o Jacques que, caso chamassem apenas um de nós, levantaríamos os dois, de qualquer maneira.
Meu nome foi o centésimo a ser chamado, o do Jacques ficou para trás. Mas ele juntou-se a mim e, por milagre, embarcamos os dois para a liberdade".