A Comissão Agranat foi estabelecida em novembro de 1973, por determinação governamental, para investigar os acontecimentos que antecederam a Guerra de Yom Kipur e a falta de preparo do país diante de um conflito eminente com seus vizinhos árabes.
A Comissão Agranat foi estabelecida em novembro de 1973, por determinação governamental, para investigar os acontecimentos que antecederam a Guerra de Yom Kipur e a falta de preparo do país diante de um conflito eminente com seus vizinhos árabes. Foi assim denominada por ser coordenada pelo presidente da Suprema Corte de Israel, Shimon Agranat, e contou com a participação do juiz Moshe Landau; do controlador do Estado, Yitzhak Nebentzal; do tenente-coronel Chaim Laskov; do ombudsman para Queixas dos Soldados, o tenente-coronel Yigael Yadin e também professor da Universidade Hebraica de Jerusalém. A Comissão trabalhou a portas fechadas e sempre na presença do Procurador Geral do país, Meir Shamgar.
Depois de 140 sessões e 58 depoimentos, a Comissão concluiu que as Forças de Defesa de Israel (FDI), sob o comando do então Chefe do Estado-Maior, David Elazar (Dado), foram responsáveis pelas falhas que permitiram o ataque surpresa contra Israel, pelas forças do Egito e da Síria, no dia 6 de outubro, eximindo totalmente da responsabilidade a equipe política que governava o país. O relatório interino, de 1 de abril de 1974, concluiu que as FDI, através de Elazar e os comandantes, falharam na elaboração de um plano detalhado de defesa; na elaboração de instruções claras para os comandos da Região Sul; e que o Chefe do Estado-Maior não fizera uma avaliação própria adequada do quadro pré-guerra e recomendações incisivas, em tempo hábil, para a mobilização dos reservistas.
A Comissão determinou, portanto, que Dado Elazar deixasse o cargo imediatamente, o que ele fez. No entanto, ao renunciar, criticou duramente o grupo de trabalho por não reconhecer os seus feitos durante a guerra propriamente dita e a vitória das FDI, sob seu comando. Ele faleceu em 1976, aos 51 anos, vítima de um ataque cardíaco. A hipótese de que ele fora injustiçado pela Comissão foi levantada por militares que o acompanharam não apenas ao longo de sua carreira, mas principalmente durante o período que antecedeu a guerra e o desenrolar da mesma.
O relatório da Comissão Agranat acusou também o Serviço de Inteligência Nacional por não prever o ataque surpresa, afirmando que o então chefe da Inteligência militar, Eliyahu Zeira (Eli), falhara em sua missão. Zeira e seus assessores também foram afastados de seus cargos. O relatório responsabilizou, ainda, o chefe do Comando do Sul, Shmuel Gonen, pelo deslocamento inadequado das divisões de blindados nesse front.
Para finalizar, o documento afirmou que tanto a Primeira-Ministra Golda Meir quanto o ministro da Defesa, Moshe Dayan, não poderiam tomar outras medidas de prevenção além daquelas que foram tomadas pelas FDI.
As conclusões do relatório interino foram muito criticadas pela população israelense, principalmente por não responsabilizar sequer parcialmente os governantes e ministros pela situação que surpreendeu o país. No dia 11 de abril, com a publicação do relatório oficial, 31 dias após formar um novo governo, Golda Meir renunciou ao cargo de Primeiro-Ministro. Manifestações em frente ao Knesset (Parlamento) e a pressão da opinião pública impulsionaram a sua decisão. Ela foi sucedida no cargo por Yitzhak Rabin.