Campos do Jordão foi sede do simpósio internacional 'Judaísmo no Século XXI', promovido pela Sociedade Brasileira dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém, no período de 12 a 15 de novembro último.
Sob a presidência de Paola De Picciotto, o evento foi muito bem-sucedido e contou com a presença de professores da Universidade Hebraica, sendo prestigiado por representantes de grande parte das instituições judaicas do Estado de São Paulo e convidados estrangeiros. O evento contou, ainda, com a presnça de Menachem Magidor, presidente da Universidade Hebraica. Entre os objetivos do simpósio estavam o exame da tendência de assimilação da diáspora e a observação de forma renovada do sionismo.
"Nos umbrais do incógnito: tendências e escolas da vida religiosa e intelectual do povo judeu" foi o primeiro tema abordado no evento pelo professor Shalom Rosenberg. O ponto central de sua palestra foram os horizontes e problemas com os quais o pensamento judaico se depara no terceiro milênio, quando a cultura dos tempos atuais desafia a tradição espiritual do judaísmo. Rosenberg mostrou aos presentes que ser verdadeiramente humano implica a necessidade de estar, às vezes, em oposição, ser contra tendências, tolerar ser minoria e lutar para integrar um futuro incógnito com os ensinamentos de um passado que sobreviveu ao exame do tempo.
"Do Oriente ao Ocidente - tradição e conflito nas comunidades de imigrantes da nova era" foi o tema analisado pelo professor Yom Tov Assis, avaliando as possibilidades de uma futura tradição judaica e sua preservação no próximo século. O professor Menachem Ben Sasson, reitor da Universidade Hebraica de Jerusalém, falou sobre "A posição de Israel no mundo judaico: passado, presente, futuro", abordando o vínculo entre o país e os judeus durante o milênio passado e o próximo.
Sérgio Della Pérgola, professor de Demografia do Instituto de Judaísmo Contemporâneo da Universidade Hebraica de Jerusalém, falou sobre "A demografia e identidade judaica na América Latina e na era da globalização". Della Pérgola fez uma análise das tendências sociais e demográficas entre os judeus da América Central e da América do Sul, considerando as várias influências da cultura local e do ambiente político e sócio-econômico que os cercam. A população judaica mundial conta atualmente com cerca de 13 milhões de pessoas, das quais quase a metade vive no Estado de Israel. Ao falar sobre o crescimento demográfico da diáspora, fez um prognóstico assustador considerando a tendência atual de assimilação: no ano 2080 não haverá judeus fora de Israel.
Os judeus do continente latino-americano também foram tema da palestra do professor Bernardo Kliksberg, assessor das Nações Unidas, Unesco, Unicef e outros órgãos internacionais. Kliksberg abordou "Os problemas sociais da América Latina e seus impactos nas comunidades judaicas: perspectivas e alternativas para a ação", comovendo os presentes quando analisou o empobrecimento das comunidades judaicas da região, afetadas pelas crises econômicas que atingem os países nos quais vivem.
O simpósio internacional contou com o apoio do Congresso Judaico Latino-Americano, da Confederação Israelita do Brasil e da Federação Israelita do Estado de São Paulo.