As luzes da chanuquiá são sagradas e afirmam a supremacia da Luz Divina sobre as limitações humanas.
Ano após ano, quando chega a época de Chanucá, as luzes são acesas em cada lar judaico celebrando os acontecimentos na época dos chashmonaim, quando estes se rebelaram contra o jugo do império greco-sírio de Antiocos (175 a.EC). Decidido a helenizar todo seu império, o dominador direcionou seu poder despótico contra o espírito de Israel. Os judeus, ao derrotar as forças de Antiocos e com a retomada do Templo Sagrado, iniciaram um processo de purificação espiritual. Era indispensável, antes de mais nada, reacender a Menorá, símbolo da luz espiritual de Israel, criada por D'us. A cada ano, em Chanucá, comemoramos a preservação do espírito de Israel.
O esforço da vida é captar a luz para iluminar a escuridão. É empenhar-se em cultivar tudo que é bom neste mundo e dirigir todos os recursos para sobrepujar e transformar a negatividade do "lado obscuro" da Criação. Este processo era exemplificado pelo acendimento da Menorá no Templo Sagrado. Diariamente, óleo da mais pura qualidade era colocado em cada lamparina, acesa pelos Cohanim antes do anoitecer. Colocada dentro do Santuário a luz da Menorá irradiava um brilho Divino que passava através das paredes do Templo e iluminava a escuridão do mundo exterior. As sete chamas emanavam para o mundo uma verdadeira Luz Sagrada.
A Menorá do Templo simboliza a criação do universo. Suas sete lamparinas aludiam à perfeição, dentro da ordem natural refletida nos sete dias da semana. Aludem, também, às sete sefirot, que são os sete traços mais importantes do caráter humano. Ei-los: chessed: o amor e a benevolência para com o próximo; guevurá: o auto-controle e temor a D'us; tiferet: compaixão; netzach: vitória; hod: humildade e devoção; yessod: comunicabilidade e malchut: receptividade.
No deserto, D'us ordenou a Moisés atirar o ouro no fogo e logo apareceu milagrosamente a Menorá Sagrada. Forjado numa única peça de ouro, o candelabro de sete braços simbolizava as almas que se originam de uma única fonte. Todas as lamparinas são igualmente "parte da Centelha Divina", cada qual com sua personalidade única. Todas se voltam ao centro da Menorá, como as almas se empenham em direção a um mesmo objetivo.
O óleo significa a essência destilada. Nítido e separado ao mesmo tempo, penetra em tudo à sua volta. O óleo sobe à superfície, enquanto os outros líquidos permanecem estáticos e não se espalham; o óleo, como a alma, se expande, penetrando, afetando e tocando tudo. Ao profanar o óleo sagrado da Menorá do Templo, os gregos tentaram destruir a essência da alma judia.
Um pavio sem óleo produz luz fraca. Uma vida sem Torá e mitzvot, apesar de arder pelo desejo de se relacionar com D'us, é incapaz de sustentar sua chama. Podem-se experimentar breves momentos de experiência espiritual, mas, faltando o óleo da genuína substância Divina, rapidamente desaparecem e falham ao tentar introduzir uma luz resistente no mundo. Quando o pavio é inserido no óleo e é aceso, o pavio absorve, transmite e transforma o óleo em uma luz firme e estável.
Com a destruição do Templo Sagrado não há mais como acender a Menorá do Templo. A Menorá que acendemos em Chanucá, e que chamamos de chanuquiá, tem oito braços e não sete. Na época do Templo, quando a Divindade era revelada, sete lamparinas eram suficientes para iluminar o mundo, mas após a destruição do Templo, para clarear a escuridão do exílio, deve-se empregar uma luz que transcenda a ordem natural. Tal luz é produzida pelas oito chamas que são acesas em Chanucá. O número oito reflete a luz que não está presa por limitações.
Enquanto a Menorá do Templo era acesa durante o dia e no interior do Santuário, a Menorá de Chanucá é acesa à noite e colocada perto de uma janela onde possa ser vista de fora.
As luzes da chanuquiá são sagradas. Não é permitido fazer uso delas, somente olhá-las, afirmando assim a supremacia da Luz Divina sobre as limitações humanas. Colocada em lugar visível, a Menorá de Chanucá ensina que deve-se espalhar a luz da Torá para todos. É acesa após o anoitecer (com exceção do Shabat), durante oito dias, a partir do dia 25 de Kislev. Sua luz nos lembra que, mesmo nos momentos mais obscuros da existência, a luz da sabedoria pode brilhar intensamente; e também que a redenção é possível de ser alcançada bastando acender mais uma chama.