Com o objetivo de tentar apagar páginas trágicas da história de seu país e de sufocar o debate e a pesquisa, o governo polonês aprovou uma lei que prevê até 3 anos de prisão a quem apontar cumplicidade polonesa em crimes cometidos durante o Holocausto. A ofensiva provocou forte reação internacional, capitaneada por Israel e entidades judaicas.
Há anos o vírus do antissemitismo vem-se proliferando na Europa e nos últimos meses tem-se manifestado nos Estados Unidos. As lideranças judaicas americanas, que, até então, haviam-se concentrado em combater o antissemitismo na Europa e os movimentos contra Israel nas universidades e nas Nações Unidas, foram surpreendidas pela onda antissemita que tomou conta do país.
O ódio que começa com os judeus nunca termina com os judeus. Isto é o que quero que entendamos, hoje. Não foram apenas os judeus que sofreram com Hitler. Não foram apenas os judeus que sofreram com Stalin. Não são apenas os judeus que sofrem com o ISIS ou a Al Qaeda ou o Jihad Islâmico. Cometemos um grande erro se pensamos que o antissemitismo constitui uma ameaça apenas para os judeus.
No dia 4 de julho de 1946, a cidade polonesa de Kielce foi palco de um violento pogrom. A sede da comunidade judaica foi atacada por uma multidão de civis, policiais e militares, que massacraram, em plena luz do dia, 42 judeus - homens, mulheres e crianças - e feriram mais de 100. Depois disso estava claro que não havia futuro para os judeus na Polônia.
A chaga do antissemitismo volta a mostrar suas garras em pleno século 21, e em pleno coração da Europa. Marcaram o cenário, a partir de 2012, ataques bárbaros contra alvos judaicos, numa escola em Toulouse, no museu em Bruxelas, no mercado casher em Paris e na sinagoga em Copenhague.
A Europa, mergulhada na sua mais grave crise social e econômica desde a 2ª Guerra Mundial, resgata fantasmas como o terrorismo e o racismo, responsáveis por instaurar no continente uma atmosfera de temor, incerteza e desilusão.