O humor judaico tem características próprias. Extremamente cerebral e verbal, não deprecia, não faz graça em cima de estereótipos preconceituosos e tampouco apela para piadas que não podem ser contadas na presença de menores.
“Um mendigo pedia dinheiro. O Barão de Rothschild passou e jogou uma moeda de 10 centavos.
– Que miséria – reclamou o mendigo. Ontem seu filho me deu uma nota de 10 libras!
– Ele tem pai rico!, respondeu o Barão”.
Existe uma diferença muito grande entre humor judaico e humor antissemita. Essa confusão acaba criando situações constrangedoras. Já aconteceu várias vezes comigo e provavelmente com você, leitor, ao ser apresentado a um não judeu, e ele contar uma piada racista, achando que está-lhe agradando, sendo simpático.
Piadas sobre sovinice, esperteza, malandragem, são exemplos de humor antissemita. É como piada sobre “português ignorante”, “turco ladrão” ou “preto preguiçoso”. Fazer graça em cima de estereótipos preconceituosos não é humor, é agressão. É racismo, politicamente incorreto. O humor judaico passa longe disso. É único. Tem características muito próprias, que o diferencia do humor em geral.
O humor judaico não faz graça sobre defeitos físicos, não apela para o sexo e nem pela preferência sexual, não humilha ou ofende terceiros. É um humor familiar, que pode ser contado na mesa do jantar, na presença da vovó.
“Doutor, meu marido pensa que é uma galinha!
– E porque você não troca de marido?
– Está louco, doutor, eu preciso dos ovos!”
O humor judaico, em vez de depreciar os outros, faz autocrítica, autocomiseração.
“A vida no shtetl era tão difícil, que quando a gente comia frango, um dos dois estava doente”.
Se for para criticar, que seja aos poderosos, pois eles podem defender-se.
“OK, D’us, nós somos o Povo Escolhido; mas não dava para escolher outro, de vez em quando?”
Por isso, a iídiche mame é tema de tantas piadas. Existe alguém mais poderoso que a iídiche mame?
“Golda Meir participava de um jantar para arrecadação de fundos pró-Israel em Nova Iorque. Após intermináveis discursos de líderes e autoridades, chegou a vez da primeira ministra falar. Era a última a discursar.
Já é tarde, e como sou uma boa iídiche mame, todos devem ir para casa dormir. Boa noite e obrigada’ ”.
O humor judaico é caracterizado por ser extremamente cerebral e verbal. É um humor baseado muito mais em frases, construções de ideias e diálogos do que na comicidade gestual. São tiradas capciosas. Diálogos rápidos. No cinema judaico-americano isso pode ser facilmente identificável. O chamado “ping-pong”, onde cada frase é engraçada. O interlocutor não pode se distrair, ou perde a piada.
No filme Os homens preferem as louras (Some like it hot), do cineasta judeu alemão Billy Wilder, temos um diálogo que se tornou um dos maiores clássicos do cinema. Para escapar da máfia, Tony Curtis (Bernard Schwartz) se disfarça de mulher e se junta a um grupo de coristas. O empresário do grupo, sem perceber que ele é um homem, se apaixona.
“Empresário: – Quero me casar com você!
Tony Curtis travestido de mulher: – Impossível.
Empresário: – Estou apaixonado!
Tony Curtis: – Eu fumo!
Empresário: – Isso não é problema!
Tony Curtis: – Não posso ter filhos.
Empresário: – Adotaremos.
Tony Curtis: – Sou homem!
Empresário: – Ninguém é perfeito!”
Outro exemplo clássico desse humor construído com sacadas inteligentes e rápidas, que os americanos chamam de “wit”, está numa das autobiografias de Groucho Marx.
“– Papai, o lixeiro está aí.
– Diz pra ele que não precisamos de nada”.
Como toda regra tem exceção, existem alguns humoristas judeus extremamente talentosos no gestual, no humor corporal. Jerry Lewis, Peter Sellers e os mímicos Harpo Marx e Marcel Marceau são bons exemplos.
Jerry Lewis era representante quase que de um pastelão, um humor carregado de gags visuais, caretas e gestos histriônicos. Seus filmes tinham roteiros engraçados, repletos de piadas, mas era especialmente no humor corporal que ele se destacava.
Peter Sellers, ator inglês, unia o gestual e o verbal. Seus diálogos eram inteligentes e muito engraçados, e era principalmente nas imitações que ele atingia sua melhor comicidade. No filme de humor negro, Dr. Strangelove, do também cineasta judeu, Stanley Kubrick, Peter Sellers faz três papeis diferentes. No Convidado bem trapalhão, interpretou de maneira hilária um indiano. Mas, provavelmente, sua melhor caracterização, e a mais famosa, é do policial francês, Inspetor Clouseau, da série A pantera cor de rosa.
“Se me pedirem para interpretar eu mesmo, não conseguiria. Não sei quem ou o que sou”. P.S.
Harpo era um dos famosos “Marx Brothers”, e o único que não tinha humor verbal. Seu personagem fazia papel de mudo e só era menos engraçado que o genial Groucho. Conseguia tocar harpa com extrema habilidade e de maneira hilariante, por isso seu apelido Harpo. Graças aos seus talentos de mímico, conseguiu fazer uma turnê internacional de humor, inclusive na Rússia, onde, sem falar uma palavra em russo, fez um grande sucesso.
O judeu francês Marcel Marceau (né Mangel) levou a mímica ao patamar da grande arte. Foi o primeiro mímico a ser reconhecido mundialmente. Criou o personagem Bip, um “clown” de cara pintada, com casaco velho listrado, de olhar triste. Bip conseguiu fazer em gestos o que o humor judaico faz com as palavras. Emocionar e rir, ao mesmo tempo. (Ver Morashá 73).
Outra característica do humor judaico é que em algumas piadas, só os judeus são capazes de ver a graça.
“– O senhor é o presidente da sinagoga, não é?
– Sou, sim senhora.
– E o senhor sabe quem eu sou?
– Se nem a senhora sabe, como eu vou saber?”
Alguns estudos psicológicos, ou antropológicos, tentam explicar que os judeus são grandes humoristas porque usam o humor como uma forma de autodefesa ou válvula de escape para tantas perseguições que sofreram através dos séculos. Ou seja, fazer do limão uma limonada. Rir da própria desgraça, não deixa de ter certa razão. Afinal, rir é o melhor remédio...
Pessoalmente, não concordo com essa explicação. Os ingleses também são reconhecidos como grandes humoristas, assim como os italianos, e não foram perseguidos ao longo da História. A fama do humor judaico em todo o mundo se deve às imigrações. E principalmente a Hollywood e ao show business americano.
Sem capital para abrir o próprio negócio ou estudar numa universidade, uma boa oportunidade que os Estados Unidos ofereciam aos imigrantes judeus era entrar no show business como cantores, músicos, atores ou humoristas – obviamente incentivados pelas iídiche mames, que achavam seus filhos muito talentosos.
“– Que bebês lindos! Como se chamam?
– O advogado é Leibe. O médico é Mendel”.
No início do século 20, no teatro e no vaudeville, os judeus começaram a brilhar nos palcos. O caminho natural foi o cinema e a televisão, onde o humor judaico se espalhou pelo mundo, através dos filmes e dos seriados de TV.
Os programas de TV no Brasil que se desenrolam em salas de aula, como a Escolinha do Golias e Escolinha do Professor Raimundo (Chico Anísio) foram criados por Groucho Marx, no teatro, na década de 1910.
O primeiro talk-show em todo o mundo, copiado por humoristas brasileiros, como Jô Soares e Danilo Gentili, foi criação de um judeu americano, Joseph Fortgang, conhecido como Joe Franklin, inicialmente no rádio, em 1950.
Groucho Marx também teve uma espécie de talk show. Começou no rádio, chamava-se “I bet your life”, e depois foi para a televisão. Fez imenso sucesso durante anos. Groucho foi um dos maiores gênios do humor judaico.
Os humoristas judeus transitam em todas as formas de arte e comunicação. É claro que o início foi nos livros. Na literatura, teatro, cinema, televisão, histórias em quadrinhos e cartuns, o humor judaico está presente e faz sucesso.
Gostaria de começar por Sidney Joseph Perelman, escritor e roteirista. Ele foi considerado o melhor de todos, o mais engraçado dos humoristas judeus que viveu nos Estados Unidos. E seu nome foi escolhido por ninguém menos que Woody Allen, Groucho Marx, Mel Brooks e Jerry Seinfeld. Por esse júri, podemos ter uma ideia de sua genialidade. É um humor extremamente inteligente, bem construído, tem o famoso “wit”. S.J.Perelman, como ficou conhecido, fazia humor cáustico, irônico, finíssimo. É coautor de vários filmes dos Irmãos Marx e ganhou um Oscar pelo roteiro de A volta ao mundo em 80 dias. Seus livros nunca foram traduzidos para o português, talvez porque isso seja impossível. São jogos de palavras, trocadilhos, frases delicadamente construídas. Quem dominar perfeitamente a língua inglesa deve se aventurar a ler seus livros.
“– Garçom, você está com o dedo dentro do meu prato de sopa.
– Não se preocupe, ela está fria”. S.J.P.
Na literatura podemos destacar Ephraim Kishon, nascido Ferenci Hoffman, em Budapeste. Depois da 2ª Guerra Mundial, emigrou para Israel. Sua biografia é fantástica. Durante a 2a Guerra foi enviado a vários campos de concentração. Em um deles, escapou da morte pois era um excelente enxadrista, e o comandante, que também gostava de xadrez, via nele um oponente à altura. Foi um escritor prolixo, escreveu romances, livros infantis e de humor. Também escreveu peças de teatro e roteiros para cinema. “Eu não sou escritor. Sou humorista. Só quando a gente morre, vira escritor”. E.K.
No cinema, é claro que a unanimidade é Woody Allen, um clássico do humor judaico, principalmente durante os primeiros anos de sua carreira, em filmes como Bananas ou Play it again. Allen começou cedo, aos 16 anos, escrevendo piadas para outros humoristas, o chamado “gag man”. Depois escreveu para jornais e revistas. Um dia, venceu a timidez e começou a fazer “stand-up comedian”, show onde os humoristas se apresentam ao vivo, num palco, apenas com o microfone. Foi no “stand-up” que ele treinou e afiou seu humor, para depois escrever livros, peças de teatro e ir para o cinema.
“Não tenho medo da morte. Só não quero estar lá quando isso acontecer.”. W.A.
Um ícone do cinema e da TV é Mel Brooks. Criou um dos programas de humor de maior sucesso da televisão em todo o mundo: Agente 86, Maxwell Smart. Mel Brooks é especialista em paródias. O Agente 86 seguia a linha dos espiões, iniciada por James Bond. Parodiou também Frankenstein (no filme O jovem Frankenstein), o velho Oeste americano (no filme Banzé no Oeste), e parodiou até mesmo Moisés, no filme a História do Mundo.
“Tudo o que a gente faz na vida é baseado no medo. Especialmente o amor”. M.B.
Outro judeu que fez retumbante sucesso na televisão é Jerry Seinfeld. Seu “sitcom” homônimo foi considerado o melhor programa de humor da televisão de todos os tempos, e é um humorismo 100% judaico. Ele não esconde a origem dos seus personagens. Todos são judeus. Quando os pais aparecem na série, também mostram o estereótipo característico da iídiche mame e do pai judeu.
A série Seinfeld revolucionou o humor na televisão americana, pois mostrou que os personagens podiam ser pessoas normais e muito engraçadas. Seinfeld só poderia ter sido criado e realizado em Nova York, uma das cidades mais judaicas do mundo.
“Uma criança de dois anos é como um liquidificador sem tampa”. J.S.
É claro que as mulheres também fazem humor judaico, e da melhor qualidade. Talvez a mais conhecida seja Nora Ephron. Escritora, roteirista e diretora de cinema, sabe como ninguém unir o humor à emoção, fazendo seu público rir e chorar. Escreveu vários roteiros de filmes, e vários livros que se tornaram filmes. O meu preferido é “A difícil arte de amar”, uma semi biografia que chegou aos cinemas com Jack Nicholson e Meryl Streep, dirigido pelo também judeu Mike Nichols.
“Se a gravidez fosse um livro, deveriam cortar os últimos dois capítulos”. N.E.
Saindo um pouco dos Estados Unidos, podemos destacar um novo sucesso no humor judaico, o inglês Sacha Baron Cohen, que segue a linha de Peter Sellers, unindo o visual com o verbal, criando personagens memoráveis. Durante muitos anos teve um programa de humor na televisão britânica, até que estourou mundialmente quando lançou o filme Borat, uma das melhores sátiras dos últimos anos. Seu humor é um pouco mais agressivo que a média, abusa do sexo, é extremamente irônico e autodestrutivo. Tem um mérito: conseguiu transformar o antissemitismo do Leste europeu em gargalhadas.
“É agradável ser importante, mas também é importante ser agradável Nunca esqueça isso”. S.B.C
Nas histórias em quadrinhos os judeus também têm importância relevante. Não falarei do Super-Homem, criado do Jerry Siegel e Joseph Shuster, cujo nome no seu planeta natal Krypton era Kal-El e seu pai Jor-El. Vamos focar nos humoristas.
Art Spiegelman nasceu na Suécia, onde seus pais emigraram após a 2ª Guerra. Depois a família se muda para os Estados Unidos, onde ele faz carreira como ilustrador, cartunista e escritor. Seu humor tem uma característica muito própria. É carregado de tensão e tristeza, com personagens altamente neuróticos. Freud explica. É filho de sobreviventes que não conseguiram superar o trauma da Shoá. Sua mãe comete suicídio quando ele tem apenas 20 anos. Essa convivência traumática com os pais o leva a escrever o clássico livro de quadrinhos Maus, agraciado com o prêmio Pulitzer, a maior honraria do jornalismo.
Will Eisner é outro clássico dos quadrinhos. Seu mais famoso trabalho é o personagem The Spirit, que revolucionou a linguagem dos quadrinhos. É considerado uma obra prima, tanto pelo desenho, que segue a linha do cinema “noir” americano, onde abusa das sombras e das luzes, ou como dizem os italianos “chiaro-scuro”, quanto do humor das histórias. A temática judaica está presente em vários dos seus livros de quadrinhos. Veio algumas vezes ao Brasil a convite de Enrique Lipszyc, fundador da escola Panamericana de Arte de São Paulo e de Mauricio de Souza.
Não podemos deixar de citar Jules Feiffer, outro gênio. Feiffer é cartunista, dramaturgo e roteirista. Seus personagens tem o humor judaico inconfundível, sempre questionando a vida, procurando seu sentido, se lamentando. São personagens sofridos, onde o humor faz cócegas no cérebro, e nos faz rir sem mover os lábios. Os desenhos nos quadrinhos de Feiffer são extremamente simples, delicados, com traços finos. Por vezes as figuras não se movem, se repetem estáticas a cada quadrinho, pois o importante não é a imagem, e sim as falas, os “baloons”. Escreveu o roteiro de “Ânsia de amar”, onde o cantor e compositor Arthur Garfinkel estreia no cinema. Escreveu também a peça “Pequenos assassinatos”, montada no Brasil com Tony Ramos. Ganhou Oscar de roteiro, ganhou o Pulitzer e está no Hall da fama dos cartunistas americanos.
“A maturidade é um pequeno espaço de tempo na adolescência”. J.F.
No Brasil se destacam pelo menos dois excelentes humoristas judeus.
Um deles, infelizmente, caiu no esquecimento. Foi Leon Eliachar. Seu humor era tipicamente judaico. Nascido no Cairo, imigrou para o Rio de Janeiro e se considerava “Cairoca”. Na sua autobiografia escreveu: “tenho cabelos castanhos, cada vez menos castanhos e cada vez menos cabelos”. Também afirmava:... “meu sonho é ter uma casa de campo com piscina, um iate, um apartamento duplex, um grupo de secretárias, uma praia particular e um short. Por enquanto, já tenho o short”.
A autocomiseração estava presente no seu humor. Escrevia para jornais e revistas e publicou vários livros, como “O homem ao cubo”, “O homem ao quadrado” e “O homem ao zero”. Morreu em 1987, aos 65 anos, assassinado. Leon Eliachar não deixou herdeiros, e acabou esquecido. Vale a pena procurar seus livros em sebos, em bibliotecas, e ler um pouco sobre ele na internet. É extremamente engraçado, e tipicamente judaico em seu humor.
O outro grande humorista judeu brasileiro é Jurandir Czaczkes, mais conhecido como Juca Chaves. Músico e humorista, se auto intitula “O menestrel maldito”. Suas músicas são carregadas de humor judaico. Sempre usou o humor para atacar o Governo (“os poderosos”). Mesmo durante a ditadura militar, usava da ironia e do humor para fazer denúncias. Ou então faz graça consigo mesmo, especialmente sobre sua altura (mínima) e seu nariz (máximo). Juca Chaves é único em reunir no mesmo espetáculo músicas engraçadas ou românticas, e piadas hilárias. Um verdadeiro “one man show”.
“O circo decidiu convidar os políticos da cidade para verem o espetáculo. Como ficava perto de uma favela, o dono do circo foi falar com o chefe da comunidade.
– Gostaria de saber como vai ficar a segurança, a história do roubo – falou, sem papas na língua.
– O senhor pode ficar tranquilo que a gente já se garantiu e pediu proteção para a polícia”. J.C.
O Brasil também tem várias atrizes de humor, como Berta Loran, Etty Fraser e Deborah Bloch, que participaram do programa “Casseta e Planeta”. Não escrevem, mas interpretam papéis cômicos com maestria. Listar humoristas judeus é uma missão impossível. É como a piada da velhinha na sinagoga.
“– Em um bilhão de anos o sol resfriará e terminará a vida na face da terra – disse o rabino.
– Quanto? – Grita assustada uma velhinha.
– Um bilhão de anos!
– Oy vey, entendi um milhão!”
E esse humor é tão antigo quanto a história do nosso povo. Deve ter começado quando os judeus seguiram Moisés e fugiram do Egito. Durante 40 anos pelo deserto, começaram a contar piadas. Faraó, presidente, imperador, czar, qualquer líder serve para esta piada que nunca sai de moda.
“Dois judeus estão sentados no vagão de um trem.
– Oy, oy, oy! – exclama Leibe.
– Oy oy oy! – responde Mendel.
– Chega de falar de política – diz o primeiro – vamos mudar de assunto!”
Marcio Pitliuk é escritor, cineasta e palestrante. Escreveu o livro e adaptou para o teatro a comédia “Iidiche Mamma Mia”, semelhanças e diferenças entre as mães judias italianas. Realizou os filmes Marcha da Vida e Sobrevivi ao Holocausto. É autor da trilogia sobre imigração judaica da Editora Mayaanot.