Um dos ensinamentos judaicos sustentados por nossos sábios e místicos conta que a alma de Rabi Meir intercede em favor daqueles que contribuem para o sustento dos nossos irmãos menos favorecidos e dos que dedicam a vida ao estudo da Torá, em Israel.

Os judeus de todas as partes do mundo, especialmente em momentos de desespero, voltam-se ao Rabi Meir em busca de salvação. Alguns podem nem saber exatamente quem ele foi, onde viveu ou mesmo onde ensinou. Mas sabem que ele é o Grande Rabi Meir, Ba'al Ha-Ness, O Mestre dos Milagres - e que é um poderoso defensor a interceder pelas causas dos homens perante a Corte Celestial.

O Talmud conta a passagem de como Rabi Meir adquiriu esse título e a reputação de operar milagres. Sua mulher, Berúria, tinha uma irmã que, como punição por ser filha de um grande sábio em Torá, foi condenada pelos romanos a ser encerrada em uma casa de prostituição, na Antioquia. Berúria implorou ao marido, Meir, que intercedesse em favor da irmã. Acendendo ao pedido, o grande sábio empreendeu viagem até a casa de maus costumes, oferecendo ao guarda uma medida de ouro para libertar sua cunhada. Disse ao guarda que guardasse para si a metade do ouro, usando o restante para subornar quem quer que se apercebesse da soltura da prisioneira judia. Mas o guarda recusou, dizendo a Rabi Meir que o dinheiro acabaria sendo gasto e ele não teria como aliciar guarda romano algum. O grande sábio assegurou-lhe que não tinha o que temer. Se, em algum momento, se visse em perigo, bastava invocar "Ó D'us de Meir, atende-me!", e seria salvo. Mas não conseguiu convencê-lo. Para comprovar o que dizia, Rabi Meir começou a provocar os cães ferozes que rondavam o bordel. Quando os violentos animais arremeteram contra ele, para destroçá-lo, o sábio exclamou - "Ó D'us de Meir, atende-me!" - e os cães, de imediato, deixaram-no em paz. O guarda, percebendo que podia confiar naquele operador de milagres, aceitou o suborno.

Mas a história não terminou aí. Conforme instruído, o guarda aliciou os superiores, mas, como previra, o dinheiro acabou. A notícia da soltura da moça judia se tornou pública e ele foi condenado à morte. Quando estava para ser enforcado, suplicou: "Ó D'us de Meir, atende-me!", e, milagrosamente, a execução não se consumou pois a corda se rompeu. Os romanos, atônitos, perguntaram-lhe que encantamento era aquele que, após tê-lo pronunciado, conseguira salvá-lo. Ele, então, contou-lhes sobre o tal judeu, operador de milagres. Roma, a seguir, lançou uma caçada maciça em todo o território de Israel para capturar Rabi Meir. Mas o Ba'al Haness os despistou e conseguiu fugir para a Babilônia. Há uma história que conta que ele teria fugido das garras malignas de Roma através de outro milagreiro, conhecido por salvar os judeus da aflição - Eliyahu Ha-Navi, o profeta Eliahu. Desde então - e lá se vão quase dois milênios desde sua morte física - Rabi Meir tem sido invocado vezes sem fim para socorrer os que por ele clamam. Sempre que um judeu se encontra num aperto, recomenda-se que faça uma doação a uma das instituições de caridade em Israel que levam o nome de Rabi Meir Ba'al Ha-Ness. Isto feito, deve clamar "Eloka d'Meir, Aneni" - e pode contar que o Mestre dos Milagres há de interceder perante D'us, rogando ao Todo-Poderoso que o alivie de seu sofrimento.

O Iluminador

Nós, judeus, invocamos o Rabi Meir como se o conhecêssemos, como se fosse um Tzadik que recém tivesse deixado a Terra. Contudo, ele continua sendo um enigma mesmo para os eruditos em Torá que, cuidadosamente, ponderam sobre cada uma de suas palavras. Pouco se sabe acerca de sua origem e, menos ainda, de sua família. Segundo o Talmud, ele descendia de Nero, o desequilibrado imperador romano, conhecido por ter incendiado Roma e que, ainda segundo o Talmud, se teria convertido ao judaísmo.

A vida do Ba'al Ha-Ness foi tão encoberta em mistério que nem seu verdadeiro nome sabe-se ao certo. Alguns acreditam que não fosse Meir, mas Nehorai, e que ele era chamado de Meir, que significa "aquele que irradia luz", pois iluminava a visão e o pensamento dos estudiosos judeus com o que ensinava sobre a Torá. Esta divergência, no entanto, não nos deve preocupar, pois em aramaico, Nehorai significa exatamente o mesmo que Meir, em hebraico.

Mas o que se sabe ao certo sobre o Rabi é que, além de operar milagres, sempre foi e continua a ser um dos pilares do judaísmo. Teve um papel tão primordial no ensino da Lei Divina a ponto de a Mishná - núcleo da Torá Oral - conter mais de 300 leis que levam seu nome. Ainda mais notório é o fato de ter sido ele o autor da maioria das leis da Mishná que são tidas como anônimas, por não terem sido atribuídas a nenhum sábio em particular. O Mestre dos Milagres sozinho decidiu emergir nas águas profundas da Lei Judaica e, com efeito, foi essa profundeza a fonte de seus poderes sobrenaturais. Costumava dizer que o estudo da Torá, a reverência a D'us e a prática de Seus Mandamentos eram os principais objetivos pelos quais devia batalhar o judeu. O nome de Rabi Meir, seus ensinamentos e as histórias extraordinárias sobre sua pessoa aparecem constantemente no Talmud Babilônico e no Talmud de Jerusalém, no Midrash, na Sifrá e no Sifri.

Devemos, contudo, atribuir ao menos parte da magnitude desse grande homem a seus mestres. De fato, ele não poderia ter tido mestres mais notáveis. Primeiro foi discípulo de Rabi Yishmael, com quem aprendeu que a Torá é o arcabouço de toda a Criação. O Talmud narra o seguinte episódio: quando Rabi Meir dirigiu-se, pela primeira vez, a Rabi Yishmael para estudar, este lhe perguntou: "Qual a sua profissão, meu filho?", ao que Meir replicou: "Sou escriba". O mestre, então, o alertou: "Seja, pois, muito cuidadoso em seu trabalho, pois a sua é uma profissão Celestial. Se, porventura, saltar ou acrescentar uma letra sequer a um Sefer Torá, poderá destruir o mundo todo". A Cabalá interpreta as palavras de Rabi Yishmael explicando que as letras da Torá formam os nomes sagrados de D'us. Tais letras foram utilizadas pelo Criador ao constituir o mundo e é através das mesmas que Ele o sustenta. A Energia Divina implícita nessas letras não pode, portanto, ser alterada. Pois, um simples acréscimo ou remoção de uma única letra, estaria ameaçando todo o equilíbrio e a existência mesma do mundo.

Rabi Meir também estudou com Rabi Akiva, o maior de todos os mestres em Torá Oral. O Ba'al Ha-Ness e seu colega, Rabi Shimon Bar Yochai, celebrado autor do Zohar, foram os discípulos mais brilhantes de Akiva. Quando o mestre foi assassinado pelos romanos, coube aos dois a responsabilidade de difundir e preservar a Torá. O Midrash revela que Meir foi um dos cinco grandes sábios que, após a morte de Akiva, "ergueu-se, de corpo e alma, decidido a preencher todos os rincões da Terra de Israel com o espírito da Torá".

Rabi Meir também foi aluno de um homem que, após ter sido sábio respeitado, tornou-se um completo herege. Falamos de Elisha ben Avuyá, a quem os sábios se referiam como "Acher" - em hebraico, "o outro", pelo fato de se recusarem a pronunciar seu nome. Acreditavam que ele se juntara "ao lado das trevas", a dizer, ao lado oposto à santidade. Mas um de seus alunos nunca desistiu de o recuperar. Dizia-se que Rabi Meir conseguia "engolir as sementes de uma romã e cuspir a casca". Era uma maneira simbólica de dizer que ele podia estudar a Torá com Elisha sem que a heresia deste último o pudesse afetar. E era isso o que ocorria. O grande respeito que Rabi Meir tinha pelo saber do mestre acabou sendo reconhecido pelos demais sábios. Digladiavam-se sobre a inclusão ou não dos ensinamentos de Elisha no Talmud; terminaram por aceitar o pedido da filha de ben Avuyá, que lhes disse que "não tomassem por base seus atos, mas seu profundo saber". Por fim, eles se convenceram, imortalizando os ensinamentos de Elisha ben Avuyá na enciclopédia eterna e sagrada do judaísmo.

Lemos, no Talmud, os freqüentes debates entre Rabi Meir e Rabi Yehudá. Em praticamente todos os casos, a lei está de acordo com Rabi Yehudá. Mas isto não significa que Meir estivesse errado ou que sua sabedoria fosse suplantada pela do colega. Pelo contrário; ele era mestre na argumentação sobre assuntos de ordem jurídica e as gerações que o sucederam o consideraram sem paralelo, em sua época. Mas seus pareceres não se tornaram, via de regra, parte do Código da Lei Judaica, pois seu raciocínio e sua lógica eram impenetráveis, de tão elevados e intrincados. Ravina, sábio talmúdico, exaltava a elevada capacidade analítica de Rabi Meir com uma metáfora: dizia que quem o tivesse visto mergulhado na Torá, na Yeshivá, bem poderia imaginá-lo "arrancando enormes montanhas e as esmagando, uma de encontro à outra".

A lógica de Meir era tão profunda que, como atesta o Talmud, ele conseguia convencer qualquer um de que "o casher não era casher, enquanto o não-casher era casher". Mas que ninguém cometa o erro de pensar que o Mestre dos Milagres usava seu brilhantismo para pôr a descoberto eventuais brechas na Lei. Ele nunca tentou aliviar a severidade dos mandamentos da Lei e não tolerava meio-termos na observância do judaísmo. Rabi Meir era um amante da Torá - a tal ponto que freqüentemente discutia situações legais que raramente ocorriam - se é que ocorriam - na Lei Judaica. E, ao assim proceder, transmitia o ideal judaico de que o estudo da Lei é sagrado ainda que permaneça na teoria. Desejava, também, ensinar os alunos a pensar. Mas houve instâncias em que Rabi Meir prevaleceu sobre Rabi Yehudá e demais estudiosos. Basta deleitar-se ouvindo uma de suas vitórias em uma discussão talmúdica, quiçá a maior de todas, cujas palavras deixam transbordar seu amor irrestrito pelo povo judeu. Na Torá está escrito que os integrantes do povo judeu são como filhos para o Eterno, nosso D'us (Deuteronômio, 14:1). Ao que Rabi Yehudá agregou: "apenas quando eles se portam adequadamente". Mas Rabi Meir replicou: "Sempre serão considerados filhos de D'us, ainda que não se comportem devidamente". E quem venceu o debate? Segundo a Torá, que representa a Vontade de D'us, foi o Mestre dos Milagres. A Lei Judaica sintoniza-se com o Rabi Meir, pois um judeu pode tornar-se um apóstata, um converso, um idólatra - no entanto, não importa o que tenha feito, será sempre um judeu e, destarte, D'us sempre o terá como Seu filho, ainda que seja perverso ou tolo.

Rabi Meir não amava e atribuía mérito exclusivamente aos seus. Era muito ligado a um filósofo não judeu, Abnimos Hagardi, que respeitava a supremacia da Torá e era amigo de nosso povo. Meir tinha enorme consideração e amor pelo filósofo. Quando este perdeu os pais, Rabi Meir o visitou para com ele compartilhar a perda. Acredita-se que alguns de seus ensinamentos revelem a influência dessa ligação com o amigo não judeu. Isto se baseia em sua famosa afirmação talmúdica de que "mesmo o gentio que se entrega ao estudo da Torá, estudando e praticando as Sete Leis de Noé que recaem sobre todos os seres humanos, deve ser considerado como um Sumo Sacerdote ."

Suas histórias e ensinamentos

São incontáveis as histórias sobre Rabi Meir. Ele é conhecido acima de tudo pelos grandes milagres que operou, mas o Talmud e o Midrash parecem mais interessados em retratá-lo como o tipo de homem que era. Um de nossos sábios, Rabi Joseph ben Chalafta, declarou que Rabi Meir era "um grande homem, santo e modesto". E ele o era. Não se limitava a estudar e ensinar a Torá; ele a vivia, profundamente. Personificava as virtudes que a Lei Sagrada pretende inculcar na alma e no comportamento dos homens.

Mistério, dissimulação e auto-obliteração são atributos praticamente inerentes a quase todos os milagreiros. E, de fato, há muita coisa encoberta sobre a vida de Rabi Meir. Sabe-se que era honrado, generoso e humilde; que sempre se punha de pé diante de um ancião, ainda que este fosse simplório e ignorante. Sabe-se, também, que não usava seu vasto cabedal de conhecimento em Torá como fonte de rendimento; bem ao contrário, trabalhava duramente como escriba e distribuía um terço de seus proventos aos pobres. E sabemos que amava, com o mais profundo do seu ser, a Terra de Israel e a língua hebraica. Costumava dizer que aqueles que viviam em Eretz Israel, recitavam o Shemá pela manhã e ao anoitecer, e falavam o hebraico, idioma sagrado, Lashon ha-Kodesh, estavam destinados ao Olam Habá, ao Mundo Vindouro. Talvez seja em virtude desse grande amor por nossa Terra e nosso idioma que ele interceda em favor daqueles que socorrem os pobres e os necessitados que habitam Israel.

Rabi Meir não era apenas materialmente generoso, mas, acima de tudo, em espírito. Acreditava, piamente, no poder do arrependimento e ensinava que quando um único homem se arrependia e voltava a D'us, tal feito tinha o poder de fazer com que o Juiz Supremo perdoasse os pecados de todos os homens. Não surpreende, pois, que ele nunca tivesse desistido de trazer de volta seu mestre, Elisha ben Avuyá. Meir sempre procurava ver o lado bom de seu semelhante. Foi ele quem declarou no Talmud que quando um perverso sofre o castigo por um de seus pecados, D'us, por assim dizer, sofre com ele. E ensinava o sábio que se isto se aplicava ao perverso, que dizer então do sofrimento Divino quando o sangue dos justos era derramado?

Era conhecido, também, por fazer a paz entre marido e mulher, em disputa. Conta-nos o Talmud a história de um casal vizinho de Rabi Meir que costumava brigar ao início do Shabat. O sábio, percebendo que aquilo era obra de Satã, em sua tentativa de destruir o dia sagrado, decidiu intervir. Conseguiu impedir que os dois brigassem durante três semanas seguidas, o que fez com que a paz voltasse a reinar naquele lar. O anjo do mal admitiu ter sido vencido pelo Mestre dos Milagres e se lamentou: "Infeliz daquele a quem Rabi Meir expulsou desta casa..."

Ainda há outra história sobre o milagreiro, com semelhante assunto central, que demonstra sua extrema humildade. Relata o Midrash que Rabi Meir tinha por hábito fazer um sermão toda sexta-feira à noite. Certa vez, uma mulher chegou tarde em casa por ter assistido a uma das prédicas. As velas de Shabat já se haviam extinguido e o marido, furioso, a inquiriu sobre onde estivera. Quando ela explicou que ficara ouvindo o sermão do grande Rabi, o homem jurou que não a deixaria pisar em casa se ela não cuspisse no rosto do sábio. Quando ela saiu de casa, o Profeta Eliahu apareceu diante de Rabi Meir, contando-lhe que por causa de seu sermão uma mulher fora expulsa de seu próprio lar. Ao ouvir tal absurdo, Meir se dirigiu à Casa de Orações, à espera da mulher. Quando a viu aproximar-se, fez parecer que estava com algo que o incomodava muito, no olho. E perguntou-lhe: "Você saberia curar um problema de olho?", ao que ela respondeu que não. Ele então lhe pediu que cuspisse sete vezes em seu olho para aliviá-lo do que o afligia. A mulher o atendeu, cuspindo-lhe sete vezes no rosto. Ele então lhe disse: "Vá dizer a seu marido que ele a mandou cuspir uma vez na face de Rabi Meir; e você o fez sete vezes!"

Ele era homem de grande fé, mas isso não o impediu de ser um homem do mundo. Orientava os pais a ensinar aos filhos uma ocupação honesta e factível, mas também dizia que todo ser humano devia orar a D'us pedindo-lhe sucesso em suas empreitadas - pois que em todo tipo de trabalho, sempre havia os que prosperavam e outros que não. E a riqueza, segundo Rabi Meir, não era conseqüência de uma determinada profissão, mas sim uma dádiva Divina. Para ele, tudo era dádiva do Todo-Poderoso. Muitas das bênçãos que recitamos todas as manhãs são de sua autoria. E foi ele quem determinou que o judeu deve abençoar o nome de D'us ao menos cem vezes por dia.

Defensor Celestial

Rabi Meir foi forçado a fugir da Terra de Israel pois os romanos estavam, desesperadamente, à procura do judeu que operava milagres e que conseguira libertar a moça judia. Por esta razão, o Ba'al Ha-Ness faleceu na Diáspora, mas, atendendo seu pedido, foi enterrado em Eretz Israel. Ele descansa em Tiberíades, próximo a outros de nossos grandes sábios, entre os quais, Rabi Akiva.

O local onde seu corpo foi enterrado tornou-se um santuário. Para lá acorrem os judeus a fim de orar a D'us e rogar a Rabi Meir que interceda, em seu nome, perante a Corte Celestial.

Não é simples coincidência o fato de Rabi Meir ter fisicamente deixado este mundo em 14 de Iyar - Pessach Sheni - "o segundo Pessach". Na época do Templo Sagrado, se um judeu se visse impossibilitado de oferecer o sacrifício pascal no 14º dia de Nissan, ele poderia fazê-lo um mês depois, em Pessach Sheni. No calendário judaico, a data simboliza uma segunda chance - mostrando que nunca é tarde demais para se retificar um erro. E este foi o lema da vida de Rabi Meir, pois o Mestre dos Milagres continua sendo um verdadeiro paladino a defender a causa daqueles que necessitam do perdão e da bênção Divina. Diz o Talmud que os estudiosos da Torá não têm descanso - neste mundo nem no Mundo Vindouro. Em lugar de desfrutar de sua serenidade e bem-aventurança, esses sábios e justos continuam ligados ao mundo terreno, em constante vigília por nosso bem-estar. E ninguém melhor do que Rabi Meir, o Ba'al Ha-Ness, personifica esse ensinamento talmúdico.

Em Provérbios 6:23, está escrito: "Pois que o mandamento Divino é o lampião e a Torá, a própria luz". Muito apropriado, portanto, o Mestre dos Milagres ter o nome de Meir, pois a Torá, a Luz Divina, era a própria existência de seu ser. Convém observar que a invocação "Eloka d'Meir, Aneni" pode também ser traduzida como "Ó D'us, da Luz, atende-me!". Rabi Meir iluminou o mundo com suas lições e continua a fazê-lo através da Torá que ele nos transmitiu como legado. E apesar de ser verdade que nem todos os judeus têm a oportunidade de estudar, muito menos de alcançar seus profundos ensinamentos, o Ba'al Ha-Ness continua acessível a qualquer pessoa: através da prática de atos de caridade a nosso irmãos em Eretz Israel, todos nós podemos conquistar um poderoso defensor na Corte Celestial.

"Eloka d'Meir, Anenu" - Ó D'us de Meir, atende-nos - a todos nós que somos o povo do Mestre dos Milagres! Ao estendermos a mão aos necessitados de Israel, invocamos para que - por mérito de Rabi Meir, Ba'al Ha-Ness - D'us Misericordioso se apiede de nós e atenda aqueles desejos de nossos corações que Ele, em Sua Infinita Sabedoria, julgar serem para nosso bem.

O Talmud escreve que a tzedacá - a prática de caridade e justiça social - acelera a redenção que irá beneficiar toda a humanidade. E, por essa razão, oramos para que pelo mérito da tzedacá praticada pelo povo judeu, especialmente na Terra Santa, o Todo-Poderoso nos faça adentrar pela tão ansiada era: aquela na qual, nas palavras do profeta, nem o Sol nem a Lua precisarão iluminar a Terra, pois o mundo será banhado e aquecido pela Luz Divina. E toda a humanidade conhecerá apenas a vida e a saúde, a paz e a prosperidade.

(Traduzido por Lilia Wachsmann)