Muitos se perguntam como será o novo Presidente dos Estados Unidos e quais os seus vínculos com a comunidade judaica americana e com Israel. Vejamos, pois, algumas de suas principais escolhas: O Chefe de Gabinete, Secretário de Estado, Secretário de Segurança Interna, Secretário do Tesouro e seu Procurador Geral (equivalente ao nosso Ministro da Justiça) estão entre os membros judeus do gabinete de Governo do Presidente Biden.

O consistente apoio do novo presidente a Israel tem sido uma constante em todas as cinco décadas de sua carreira na vida pública, desde que foi eleito para o Senado americano em 1972. No ano seguinte, Biden visitou Israel. Apesar de nem sempre estar de acordo com as decisões políticas do país, seu comprometimento com Israel sempre foi inamovível. Batalhou no Senado pela valiosa ajuda americana anual a esse país, referindo-se à mesma como “o melhor investimento de US$3 bilhões que já fizemos”, além de se opor a qualquer tentativa de corte ou imposição de condições negativas à ajuda ao país amigo.

Ele também representa uma forte voz contra o antissemitismo. Joe Biden prometeu que, como Presidente, continuará a assegurar que o Estado Judeu, o Povo Judeu e os valores judaicos tenham o apoio inquebrantável dos Estados Unidos da América. Ademais desse tradicional apoio, o Presidente Biden e a Vice-Presidente Harris têm laços familiares muito próximos com os judeus.

O marido de Kamala Harris, Douglas Craig Emhoff, é judeu. E o Presidente Biden também tem uma mishpachá judaica – todos os seus três filhos são casados com cônjuges judeus. Em um evento político em Ohio, em 2016, Biden declarou: “Sou o único católico irlandês que vocês conhecem que viu concretizado o seu sonho de ver sua filha casada com um cirurgião judeu”...

No tocante à questão israelense, a escolha do gabinete de Biden alinha-se muito intimamente com suas visões políticas. Talvez ele nem sempre concorde com o Primeiro-Ministro Bibi Netanyahu quanto à necessidade de uma solução de dois estados ou quanto aos assentamentos na Cisjordânia, mas para ele a salvaguarda da segurança do Estado Judeu não é negociável e é da maior importância na região.

Antes mesmo de tomar posse, o novo presidente já havia dado sinais sobre a possibilidade de os Estados Unidos voltarem ao Acordo Internacional sobre o programa nuclear do Irã.

A princípio, Israel se opõe a isso e pede que o governo Biden inclua novos termos no acordo, como limitações do programa balístico iraniano e exigências de que o Irã pare de patrocinar o terrorismo ao redor do mundo. Ainda é cedo para se dizer se o Presidente Biden retornará ao acordo inicial, assinado pelo governo Obama, sem novas exigências. E isso constitui um preocupante ponto de interrogação para Israel.

O Primeiro-Ministro Bibi Netanyahu vê o Irã como a maior ameaça a Israel e sempre se opôs abertamente aos termos do Acordo Nuclear de 2015. Em 2018, o Presidente Trump retirou os Estados Unidos desse Acordo Nuclear com o Irã, afirmando que o país é o “principal Estado patrocinador do terrorismo” e que nada que o Irã faça é mais perigoso do que a busca por armas nucleares. Ao retirar os Estados Unidos desse Acordo, Trump restaurou sanções econômicas contra o Irã. Contudo, o governo de Donald Trump não demonstrou que tomaria ações militares para impedir que esse país adquirisse armas nucleares, apesar do programa nuclear iraniano ter avançado durante os quatro anos da administração Trump. Não se sabe o que uma administração Biden fará se o Irã continuar com suas ambições nucleares.

Vejamos os integrantes judeus do Gabinete do novo Presidente dos Estados Unidos da América:

Ron Klain, Chefe de Gabinete

Ron Klain foi a primeira nomeação importante do novo presidente americano e sua função é a de Chefe de Gabinete na Casa Branca (ou Chefe da Casa Civil, como conhecemos no Brasil). Klain foi uma escolha óbvia para Biden, que gosta de se cercar de seus leais confidentes de longa data. Ademais de ser um veterano insider com grande vivência e trânsito em Washington, Klain é conhecido como o “alter ego político” do presidente.

O Chefe de Gabinete da Casa Branca serve de íntimo conselheiro presidencial e gerencia toda a equipe da Casa Branca, inclusive o escritório de comunicações. O ocupante dessa função desempenha importante papel na implementação da agenda do Presidente. Negocia com o Congresso, outras agências e grupos políticos em nome da Casa Branca. Ademais, atua como confidente do Presidente, além de controlar o acesso ao Oval Office e ao próprio Presidente.

Ron Klain nasceu em 8 de agosto de 1961, em Indiana. Seu pai era empreiteiro e sua mãe, agente de viagens. “Cresci em Indiana, em uma comunidade judaica de bom tamanho, mas sempre fomos uma minoria”, ele contou ao The New York Times em 2007. “O fato de não termos uma árvore de Natal era parte importante de nossa identidade judaica em um lugar onde todo mundo a tinha”.

Klain ainda frequenta a sinagoga onde cresceu, sendo sempre convidado para dirigir a palavra ao Kahal, e comparece aos serviços religiosos nos feriados judaicos.

Juntamente com seu Rabino, ele participou de um vídeo sobre a pandemia da Covid-19, em que comparou a praga dos primogênitos da história de Pessach a uma doença infecto-contagiosa, e os judeus que receberam a ordem de ficar em casa durante essa praga a todos nós que temos que manter distanciamento social, atualmente.

Biden e Klain têm trabalhado juntos desde a década de 1980. Em 1987, Klain trabalhou na primeira campanha presidencial do hoje presidente. Serviu como Chefe de Gabinete de Al Gore (no governo Clinton) e de Joe Biden (durante o primeiro mandato de Obama), em que ambos eram vice-presidentes. Em 2009, Klain teve um papel central na redação e implementação do Plano de Recuperação Econômica do governo Obama.

Ele foi também um importante assessor da campanha presidencial de 2020 de Joe Biden. Ajudou a formatar a resposta de Biden ao Coronavírus, ajudando-o também a se preparar para os debates presidenciais. Klain tem experiência com os surtos de vírus, tendo sido o coordenador da reação da Casa Branca ao Ebola, no governo de Obama, e foi apelidado de “Tsar do Ebola” pela maneira hábil com que conduziu a reação ao surto dessa doença, em 2014. No ano seguinte, foi incumbido pelo presidente e seu vice Biden a implementar um gabinete de prevenção a pandemias, na Casa Branca, que funcionou até 2018, quando foi extinto pelo Presidente Donald Trump.

Pelo acima descrito, a escolha de seu Chefe de Gabinete deixa muito evidente o alto comprometimento do Presidente Biden com o controle e erradicação da pandemia do Coronavírus.

Já a política do Oriente Médio não é a área de especialização de Ron Klain, mas ele é considerado amigo de Israel. Em certa ocasião criticou o Primeiro-Ministro Bibi Netanyahu pelo Twitter por seu relacionamento com o Presidente Trump. “O Primeiro -Ministro de Israel aparentemente não vê problema em Trump abraçar os nazistas que cantam ‘Os judeus não nos substituirão’ ”, ele tuitou em 17 de março de 2018, após protestos de supremacistas brancos em Charlottesville.

Klain conhece bem o Presidente Biden, bem como o funcionamento interno da Casa Branca. Seu staff conta com aproximadamente 4 mil funcionários e um orçamento anual de cerca de 700 milhões de dólares.

Tony Blinken, Secretário de Estado

Este é outro dos leais confidentes, de longa data, de Biden. Os dois trabalham juntos há 20 anos. Há mais de uma década Blinken tem sido um dos assessores políticos mais próximos do novo Presidente americano.

Antony John Blinken nasceu em Nova York em 16 de abril de 1962. Seu pai, Donald, era um gigante no ambiente de capital de risco e sua mãe, Judith, mecenas das artes.

O bisavô de Blinken, Meir Blinken, conseguiu escapar dos pogroms da Rússia, e emigrou para os Estados Unidos. Era um conceituado escritor em iídiche.

Samuel Pisar, padrasto de Tony Blinken, era sobrevivente do Holocausto e se tornou um renomado advogado, autor de livros e Assessor de Política Externa do Departamento do Estado e dos comitês do Senado e da Câmara. Tendo sobrevivido a dois campos de morte, Auschwitz e Dachau, contou certa vez ao The Washington Post que acreditava que as histórias que contara a seu enteado tinham causado grande impacto no jovem, influenciando sua visão de mundo. Pisar foi co-fundador do Yad Vashem-França.

Seguem-se alguns comentários de Tony Blinken ao aceitar sua nomeação para titular da Secretaria de Estado:

“Meu falecido padrasto, Samuel Pisar, era uma das 900 crianças de uma escola em Bialystok, Polônia, mas o único a sobreviver ao Holocausto, após quatro anos em campos de concentração. Ao fim da guerra, conseguiu fugir da Marcha da Morte e se refugiou nas florestas da Bavária. Em seu esconderijo, ouviu o som de um tanque que se aproximava. Ao invés da Cruz de Ferro, ele avistou uma Estrela Branca de cinco pontas. Correu em direção ao tanque. A abertura superior se abriu e um soldado afro-americano olhou para ele. Ele caiu de joelhos e disse as únicas três palavras que sabia em inglês, ensinadas por sua mãe: “God Bless America”, D’us Abençoe a América. O soldado o fez subir ao tanque, à América, à liberdade. É isso que somos”.

No início da década de 2000, Tony Blinken foi nomeado Diretor de Pessoal da Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida pelo então Senador Joe Biden. Em 2008, ajudou o Senador na campanha presidencial. Quando Biden foi escolhido para vice de Obama, Blinken serviu como Assessor de Segurança Nacional de Biden, até posteriormente quando Obama o promoveu a Vice-Assessor Nacional de Segurança e Vice-Secretário de Estado, de 2015-2017.

Blinken tem credenciais muito sólidas a favor de Israel. Em várias oportunidades, durante a campanha presidencial, ele declarou perante grupos judeus que Biden não exporia as divergências entre os Estados Unidos e Israel em público – de maneira diferente da posição assumida pelo governo Obama. E disse que, no entender do novo presidente, amigos mantêm suas diferenças entre quatro paredes. Blinken tentou levar Obama a adotar semelhante atitude com Israel, mas nem sempre teve sucesso.

O novo Secretário de Estado também afirmou que Biden jamais condicionaria a ajuda militar a Israel a uma determinada política israelense. Em outras palavras – o novo presidente dos EUA não condicionará a ajuda a Israel a qualquer decisão política, como a anexação ou outras decisões do governo de Israel com a qual o governo americano possa não concordar. Blinken reiterou o compromisso de Joe Biden de retomar o auxílio aos palestinos desde que se cumpram as restrições do Congresso – que o condicionam à cessação, por parte da Autoridade Palestina, de pagamentos de recompensa a família de palestinos que mataram ou atentaram contra a vida de americanos e israelenses.

Blinken afirmou que manterá a Embaixada americana em Jerusalém, dará apoio incondicional a Israel nas Nações Unidas e rejeitará o movimento BDS. E pretende dar continuidade aos Acordos de Abrahão intermediados pelo governo Trump entre Israel, os Estados Unidos, os Emirados Árabes Unidos e Bahrein. E manifestou sua esperança de que à medida que mais países árabes normalizem suas relações com Israel – a exemplo dos recentes Marrocos e Sudão – Jerusalém se sinta mais seguro para firmar um acordo de paz com os palestinos.

Os políticos israelenses conhecem Blinken, com quem mantêm uma boa relação de trabalho. Assim sendo, a indicação de seu nome foi muito bem recebida por israelenses de todos os setores. Michael Oren, que foi Embaixador nos EUA, tuitou que não podia imaginar uma escolha melhor e mais adequada do que Blinken para o cargo.

O Departamento de Estado tem um orçamento de cerca de 52 bilhões de dólares e conta com 69.000 funcionários.

Alejandro Mayorkas, Secretário de Segurança Interna 

Nascido em Cuba, em 24 de novembro de 1959, Alejandro Mayorkas é um imigrante judeu-cubano, filho de pai judeu sefardita, de Cuba, e mãe judia da Romênia, que, sobrevivendo ao Holocausto, conseguiu escapar para Cuba. Em 1960 a família conseguiu fugir do regime de Fidel Castro para os Estados Unidos. Alejandro tinha um ano.

Ele conta que cresceu com uma forte identidade judaica. Hoje, casado e com três filhas, diz com orgulho que lhes transmitiu essa sólida herança.

No governo do ex-Presidente Clinton, Mayorkas ocupou o cargo de Secretário de Justiça para o distrito central da Califórnia e durante o mandato de Obama foi Vice-Secretário de Estado de Segurança Interna. Nessa função trabalhou muito próximo a grupos judaicos, discursando com frequência sobre as ameaças enfrentadas pelos judeus americanos e a ascensão do antissemitismo e dos crimes de ódio.

Durante o mandato de três anos na Secretaria de Segurança Interna, Mayorkas alocou grande parte de doações não-governamentais destinadas à área de segurança para combater manifestações antissemitas online, e para implementar medidas de contraterrorismo para proteger sinagogas e outras instituições judaicas. Ele luta feroz e abertamente contra o antissemitismo.

Mayorkas foi homenageado pelo Conselho das Federações Judaicas “por seu trabalho no combate ao antissemitismo como parte de suas obrigações com a pasta de Segurança Interna”.

Sua primeira visita a Israel ocorreu em 1977 e desde então tem voltado inúmeras vezes, muitas delas a trabalho. Tem vários parentes em Israel, adora a comida israelense e sempre manifesta seu respeito pelo excelente trabalho feito pelo país na questão da segurança cibernética.

O novo Secretário de Segurança Interna de Biden é conhecido por seu empenho na questão de cibersegurança. Em 2016, Mayorkas liderou um contrato para automatizar o compartilhamento de dados cibernéticos entre Israel e os Estados Unidos: “Compartilhamos informações de modo a fortalecer ambos os nossos países”.

O novo Secretário não tem medido esforços para fortalecer e melhorar as relações entre os Estados Unidos e Israel e seu empenho ajudou a reforçar a sólida parceria que existe entre ambos.

Apesar de não ser o primeiro judeu a chefiar o Departamento de Segurança Interna, ele é o primeiro imigrante, e de origem latina, nesse importante cargo. E chefiará uma Secretaria que dispõe de um orçamento de cerca de 50 bilhões de dólares e conta com 240.000 funcionários.

Janet Yellen, Secretária do Tesouro

Janet Yellen nasceu em 13 de agosto de 1946, no Brooklyn, filha do médico Julius e da professora Anna Yellen. Ambos judeus poloneses, “não eram muito chegados à religião”.

Como mulher e economista, ela quebrou todas as barreiras em sua profissão, sendo uma das pessoas mais respeitadas em sua área. Em 1963, Janet se formou em primeiro lugar no Ensino Médio e foi aceita pela Brown University, onde cursou Economia. Em 1971, tirou o Doutorado em Economia, por Yale, sendo a única mulher da turma. De 1971-1976 foi Professora Assistente em Harvard, à época a única mulher a lecionar Economia. A faculdade, no entanto, não lhe abriu o caminho para ser professora titular. Em 1976, começa a trabalhar como pesquisadora em Economia no Federal Reserve, o Banco Central americano, onde ela conheceu seu futuro marido, George Arthur Akerlof, também economista.

Casaram-se e têm um filho, que seguiu a profissão dos pais. Seu marido, George, foi o co-ganhador do Nobel de Economia, em 2001.

Durante vários anos Janet foi professora titular na Universidade da Califórnia em Berkeley e, de 1997 a 1999, presidiu o Conselho de Consultores Econômicos, no governo de Bill Clinton.

Em 2005, ela foi a primeira gestora no âmbito federal a descrever como uma “bolha” os crescentes preços das moradias, com sérias possibilidades de se tornar um grave problema para a Economia. E alertou sobre o crescente perigo dos créditos hipotecários de alto risco, conhecidos como sub-prime, que, como se viu, contribuíram para o colapso financeiro de 2008.

Em 2010, o Presidente Barack Obama a nomeou para a vice-presidência do Federal Reserve. Três anos depois ele a indicava para presidir o importante banco central americano, no lugar do economista Ben Bernanke, também judeu. Em 2014, Janet Yellen teve importante papel na recuperação do país da grande recessão que o assolava, com repercussão nas economias mundo afora.

Ela foi a primeira mulher a presidir o todo-poderoso Fed, e nessa função contribuiu para o controle da inflação e do desemprego. Em seu mandato também cresceram a empregabilidade e os salários, enquanto conseguia manter baixas as taxas de juros. Discreta e muito eficiente, esteve durante um mandato à frente do Federal Reserve, até ser substituída pelo Presidente Trump, em 2018.

Seu trabalho foi elogiado por democratas e republicanos. Muito respeitada na Wall Street, ela ficou conhecida por não ter medo de enfrentar os grandes banqueiros.

Seus colegas a descrevem como firme, mas muito gentil, brilhante e sempre a pessoa mais preparada em uma reunião. Conhecida, também, por sua habilidade de conseguir o consenso e ser ótima mediadora, ela é discreta e simples. Quando trabalhava no Fed ela era vista frequentemente almoçando no refeitório do Fed – e não nos caros restaurantes preferidos pelo mercado.

Durante meados do ano de 2020, Janet Yellen foi uma voz forte a pressionar o Congresso para aprovar mais auxílio financeiro para evitar os danos duradouros da pandemia da Covid-19. Ela também é forte defensora da regulamentação a favor do clima e endossa a criação de um imposto sobre as emissões para combater as mudanças climáticas.

Rompendo novamente as barreiras, ela é a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária do Tesouro desde que a instituição foi criada, em 1789. E é a terceira pessoa judia, em seguida, a ocupá-lo, após Steven Mnuchin (no governo Trump) e Jack Lew (no segundo mandato de Obama).

Esta Pasta é responsável pela cobrança de impostos, emissão de dívida, impressão de papel moeda, supervisão dos bancos e aconselhamento do Presidente em questões de política econômica e financeira. E como Secretária do Tesouro, Janet Yellen enfrentará o gigantesco desafio de reerguer a economia americana num momento em que a mesma tenta se recuperar do baque do Coronavírus.  

A pandemia tirou a vida de centenas de milhares de americanos, levando ao fechamento de outros tantos milhares de empresas, grandes e pequenas. A nova Secretária terá que enfrentar o enorme desemprego, o aumento nos números da pobreza e os incontáveis cidadãos que enfrentam despejos e outros inúmeros e graves problemas de subsistência.

Janet Yellen é a primeira pessoa a acumular em seu currículo a Presidência do Tesouro, do Federal Reserve e do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca – um feito nada desprezível. Como Secretária do Tesouro, ela supervisionará 87 mil funcionários e um orçamento de cerca de 20 bilhões de dólares.

Merrick Garland, Procurador Geral

Merrick Brian Garland nasceu em Chicago, em 13 de novembro de 1952, e cresceu em um subúrbio com uma grande população judaica. Advogado e jurista, ele conta com grande orgulho a história de sua família, imigrantes judeus aos Estados Unidos. Seus avós vieram da Rússia no início dos anos 1900, fugindo do antissemitismo e almejando uma vida e um futuro melhor na América. Seu pai, Cyril, provém de uma família de imigrantes judeus da Letônia e tinha uma pequena empresa de publicidade que funcionava em sua casa.

A mãe, Shirley, fazia trabalho voluntário, tendo trabalhado como diretora do Voluntariado do Conselho de Idosos Judeus, em Chicago. Ao ser nomeado para o Supremo pelo Presidente Obama, Garland declarou que aprendera com seu pai “a importância do trabalho duro e dos acordos justos” e, com a mãe, o valor do trabalho voluntário.

Sua esposa, Lynn Rosenman, vem de uma respeitada família judia. Seu avô, Samuel Rosenman, de Nova York, foi juiz da Corte Suprema estadual e conselheiro especial de dois presidentes, Franklin Roosevelt and Harry Truman. O casal, que se casou em 1987 e tem duas filhas, é conhecido por seus Seders de Pessach, que contam com ilustres convidados.

O novo Procurador Geral, cargo que equivale a nosso Ministro da Justiça, é descrito com tendo fortes valores éticos judaicos. E quem trabalhou com ele o descreve como muito metódico, detalhista, determinado e muito inteligente. Antes de se tornar juiz, Merrick Garland ocupou vários cargos importantes no Ministério da Justiça. Também trabalhou na Promotoria federal, tendo contribuído para a condenação de Timothy McVeigh pela explosão de Oklahoma City, que matou 168 pessoas.

Em 1997 foi indicado pelo Presidente Bill Clinton para Juiz do Tribunal de Recursos dos EUA pelo Distrito de Colúmbia, tornando-se presidente desse tribunal em 2013, onde serviu até se tornar Procurador Geral.

Em várias ocasiões esteve na lista de finalistas para um assento no Supremo. O Presidente Obama chegou a indicá-lo para esse tribunal máximo em 2016, mas os republicanos do Senado se recusaram a votar nele ou sequer sabatiná-lo. Mas hoje ele é o Procurador Geral do governo do Presidente Joe Biden.

O Procurador Geral é o titular da pasta da Justiça dos Estados Unidos, membro do Gabinete e principal advogado do governo federal. Representa os Estados Unidos em questões legais e aconselha e emite opinião diretamente ao Presidente e aos chefes dos demais ministérios, quando consultado.

Durante a campanha eleitoral, Biden prometeu adotar medidas para pôr um fim às disparidades raciais nos julgamentos, acabar com o uso da pena de morte federal e restaurar o papel do Ministério da Justiça de investigar e responsabilizar os departamentos de polícia pela “má-conduta sistêmica”.

Apesar de muitas dessas iniciativas necessitarem de aprovação do Congresso, na qualidade de Procurador Geral Garland terá muito poder e poderá tratar desses assuntos e influenciar as políticas a serem adotadas.

O Presidente Biden chamou Merrick Garland de “um dos mais respeitados juristas da atualidade”, dizendo que o colocou à frente desse ministério para “restaurar a fé dos americanos no Estado de Direito e tentar erguer um sistema de justiça mais equilibrado”.

Com esse Gabinete tão qualificado, fazemos votos de que o novo presidente dos Estados Unidos da América tenha sucesso em contribuir para a tranquilidade do povo americano e a paz entre as nações e os povos.