Por que será que o Muro das Lamentações atrai gente de todas as origens e religiões? São seis as razões para tal. Vejamos, a seguir.

As forças de Roma, sob o comando do General Vespasiano, já haviam sitiado Jerusalém. Ele, que estava prestes a se tornar o próximo imperador romano, consignou a destruição dos quatro baluartes do Templo a quatro de seus generais. O Muro Ocidental, Kotel, foi designado a Pangar. No entanto, D’us decretara que este Muro jamais deveria ser destruído pois a Shechiná, o Espírito Divino estará sempre presente. 

Quando Tito , filho de Vespasiano e comandante dos exércitos romanos na Judéia entrou em Jerusalém os generais seguiram as ordens recebidas e demoliram a parte que lhes tocara, todavia Pangar não o fez. Vespasiano já imperador chamou-o à sua presença e lhe perguntou: “Por que não destruíste aquilo de que te encarreguei?” Ao que ele respondeu “Por tua vida, agi em honra de teu império, pois se tivesse demolido aquele muro, ninguém, nos anos vindouros, teria idéia da grandiosidade do que destruíste. Mas quando as pessoas virem o Muro Ocidental, hão de exclamar: ´Contemplai o poder de Vespasiano, basta ver pelo que ele não destruiu!” (Midrash Raba, Lamentações 1:31).

Local do Templo Sagrado

O Muro Ocidental é o único vestígio remanescente do Templo Sagrado de Jerusalém, destruído por Tito no ano 68 de nossa era. O Templo, centro do mundo espiritual, era o principal conduto do fluxo da Santidade Divina a este mundo terreno. Quando o Templo existia, havia respeito a D’us, à Sua Torá e entre os homens. Não havia questionamento sobre a existência de D’us. Não havia ateus. Todos reconheciam a existência de um D’us Único e compreendiam a genialidade de suas leis. O mundo transbordava de respeito e amor a D’us. 

O Monte do Templo também é chamado de Monte Moriá. Foi nesse lugar que Abrahão entregou em sacrifício seu filho Isaac e onde Jacó sonhou com a escada que o levaria aos céus. Os sábios explicam que o nome “Moriá” é, na verdade, um jogo de palavras: “Moriá é o local de onde brota a sabedoria (horá) , de onde provém o temor a D´us (yirá) e de onde surge a luz (óra) “. 

O Templo Sagrado serviu igualmente ao mundo não judaico. Quando o rei Salomão construiu o Templo, pediu especificamente a D’us que aceitasse as preces dos não judeus que lá fossem orar (Reis I, 8: 41 - 43). O profeta dos judeus, Isaías, refere-se ao Templo como uma “Casa para todos os povos” (Isaías, 56:7). O Templo era o centro universal da espiritualidade, o ponto de convergência de onde a Consciência Divina era filtrada para a terra. 

Na Antigüidade, durante a semana de Sucot, 70 touros eram ofertados no Templo. Tal número, explica o Talmud, correspondia a cada uma das 70 nações do mundo. De fato, o Talmud diz que se os romanos (aqueles que destruíram o Templo) tivessem compreendido a abrangência dos benefícios que auferiam com a existência do mesmo, jamais o teriam destruído!

Lembrança permanente da Presença Divina

Nossos sábios profetizaram que após a destruição do Templo, a Presença Divina jamais abandonaria o Muro Ocidental. Por essa razão, este jamais será destruído, pois está banhado de eterna santidade. O Talmud (Meguilá 3:3) diz: “Assolarei os vossos santuários” (Levítico 26:31), o que significa que os santuários manterão sua pureza e santidade mesmo quando forem devastados.

No Midrash Raba, Rabi Eliezer diz: A Presença Divina jamais abandonou o Templo, conforme está escrito, “Porque escolhi e santifiquei esta casa, para que nela esteja o Meu Nome, perpetuamente; nela estarão fixos os Meus olhos e o Meu coração, todos os dias” (Crônicas 2, 7:16). Mesmo se o Templo for destruído, sua santidade perdurará... mesmo quando estiver destruído, D’us não o abandonará. Rabi Acha dizia: A Presença Divina e Seu Espírito, a Shechiná, nunca deixarão o Muro Ocidental, conforme está escrito, “Eis que Ele está atrás de nossos muros, a nos espreitar... (Cântico dos Cânticos, 2:9) (Midrash Raba, “Exodo, 2:2). 

O Muro é, portanto, um símbolo do povo judeu. Assim como houve várias tentativas de destruí-lo e, apesar de tudo, o Muro continua eterno, de igual maneira o povo judeu superou seus inimigos e permanece eterno!

Na Torá, D’us nos assegura que o povo judeu jamais será aniquilado. Ao estabelecer o Pacto Divino, D’us diz a Abrahão: “E estabelecerei a Minha aliança entre Mim e ti, e entre a tua descendência depois de ti, no decurso das suas gerações, para ser um pacto eterno; para que Eu seja o teu D’s, e da tua descendência depois de ti” (Gênese, 17:7). 

Conforme escreveu Mark Twain: “Outros povos surgiram e mantiveram bem alta a chama de sua liderança, durante certo tempo, mas sua luz se consumiu e hoje estão na obscuridade ou simplesmente desapareceram. Os judeus conheceram todos esses povos e os sobrepujaram. Tudo é mortal, exceto os judeus; todas as outras forças passam, mas os judeus permanecem. Qual o segredo de tal imortalidade?”