Das dunas de areia aos arranha-céus, apenas um século transcorreu. A primeira cidade judaica fundada após 2 mil anos de exílio, rapidamente se transformou de subúrbio ajardinado de Yaffo em bela metrópole.

Oficialmente fundada no dia 11 de abril de 1909, Tel Aviv - que quer dizer Colina da Primavera - é fruto da obstinação de um grupo de judeus vindos da Europa Oriental em construir, na terra de seus ancestrais, uma cidade moderna, símbolo vivo do sonho sionista.

Sem sombra de dúvida, o nascimento de Tel Aviv teve grande impacto na história de Israel, pois desde os seus primeiros anos a cidade surgiu como centro urbano e contou com investimentos privados que garantissem o seu desenvolvimento. Tal formato era diametralmente oposto ao modelo tradicional das comunidades agrícolas sionistas, os kibutzim, fundadas segundo a visão socialista de vida comunitária.

Hoje, ao celebrar seu primeiro centenário, Tel Aviv é a maior cidade de Israel, contando com uma população que ultrapassa um milhão e meio de habitantes. A cidade é, também, um dos maiores centros de negócios da região, oferecendo um mundo de lazer, cultura e comércio comparáveis aos existentes nas grandes capitais internacionais.

Símbolo de uma nova era

Tel Aviv surgiu como uma extensão de Jaffa, antigo porto mediterrâneo com mais de 4 mil anos de história. Os mais antigos registros que mencionam a cidade são egípcios e datam dos séculos 15 e 13 antes da Era Comum (a.E.C). De acordo com a tradição judaica, foi Yefet, filho de Noah, quem, após o Dilúvio, fundou Jaffa, em hebraico Yaffo. A Torá a menciona como sendo o porto onde Jonah embarcou antes do incidente com a baleia.

Desde o período helênico, Jaffa já era o maior porto de Eretz Israel e, no decorrer dos séculos seguintes, foi alvo de conquistas e reconquistas, tendo feito parte do Reino Hasmoneu, do Império Romano e do Império Bizantino. Foi conquistado pelos exércitos árabes, aos quais foi tomado pelos cruzados, no século 11. Quando estes últimos foram expulsos de Eretz Israel, Jaffa foi destruído. A história moderna de Jaffa se iniciou no século 17, quando foi repovoada a colina sobre o pequeno porto, na época parte do Império Otomano. No entanto, até ser conquistada por Napoleão, em 1799, as autoridades otomanas não se interessaram pela cidade. Quando o imperador francês deixou a cidade, os otomanos enviaram um contingente militar a Yaffo, nomeando um governador para administrá-la.

Nas décadas seguintes, as estradas que conduziam à cidade foram pavimentadas e o porto sofreu melhorias. A partir da metade do século 19, à medida que aumentava o fluxo de peregrinos à Terra Santa, passou a ser o principal ponto de chegada e partida dos visitantes. Com a construção de uma ferrovia, em 1892, e a inauguração de um serviço de navegação a vapor, tornou-se a mais importante cidade do país. No entanto, as condições de vida eram precárias, as ruas eram sujas, tortuosas e mal iluminadas e tanto moradias quanto saneamento básico deixavam muito a desejar.

Os primeiros bairros fora das muralhas de Jaffa foram erguidos na década de 1880, após a chegada dos primeiros imigrantes judeus à região. O primeiro foi Nevê Tzedek, em 1887, e Nevê Shalom, em 1890, aos quais se seguiram vários outros.

Em julho de 1906, Arieh Akiva Weiss, fervoroso sionista polonês, propôs a um grupo de empresários judeus de Jaffa a criação de um subúrbio residencial judaico fora dos limites da cidade. A idéia foi recebida com entusiasmo e assim se criou a Yaffo Agudat Bonei Batim (Associação de Construtores de Casas). A idéia não era nova, pois já havia 11 subúrbios no entorno de Jaffa, onde viviam 5 mil pessoas; mas o novo núcleo habitacional seria diferente. Essencialmente judaico, protótipo dos futuros núcleos urbanos na Terra de Israel, seria construído de acordo com as linhas do movimento arquitetônico chamado "Garden City", "Cidades Jardins", que defendia a criação de cidades verdes e espaçosas.

No início de 1909, foram adquiridos 34 acres do Pomar Jibali, uma área próxima ao rio Yarkon e à ferrovia Jaffa-Jerusalém. No dia 11 de abril, na semana de Pessach, as 66 famílias fundadoras se reuniram às margens do mar, em meio às dunas de areia, para sortear os lotes das propriedades. Arieh Weiss organizou o sorteio utilizando conchas brancas com os nomes dos participantes e conchas cinza nas quais escreveu o número dos lotes. O local exato do sorteio ficava entre o final do atual Boulevard Rothschild, o Museu da Haganá e o Museu da Bíblia. Lá se ergue o Memorial dos Fundadores, em cujas paredes seus nomes foram gravados. Entre esses estava o nome do lendário Meir Dizengoff, o primeiro prefeito da cidade, que ocupou o cargo até morrer, em 1936. O dia do sorteio, que marca o nascimento oficial de Tel Aviv, foi imortalizado pela famosa foto de Avraham Soskin, que mostra um grupo de homens, mulheres e crianças trajando roupas em estilo europeu, parados em meio à vastidão de um areal. Mesmo que não tenha sido tirada no dia exato da divisão dos lotes, a imagem marca o início de Tel Aviv.

Seis meses depois, as primeiras 50 casas já estavam de pé. Ahuzat Bayit era um subúrbio de ruas amplas e niveladas, água encanada, rede de esgotos; até um pequeno jardim público - que se tornou o hoje famoso Boulevard Rothschild.

Um ano depois, o nome do subúrbio foi mudado. Durante uma reunião do Comitê da Associação Ahuzat Bayit, em meio à discussão sobre o nome mais adequado, Menahem Sheinkin disse: "Sugiro Tel Aviv, que é o título em hebraico do livro de Theodor Herzl, Altneuland, na tradução de Nahum Sokolow. É o nome com que Herzl expressou sua esperança por nosso futuro na terra de Israel. Além disso, o nome Tel Aviv possui um som um tanto árabe, o que facilitará que a população local se acostume, rapidamente". A sugestão de Sheinkin foi aceita e o nome Tel Aviv entrou definitivamente para os anais do moderno Estado de Israel.

Várias lendas urbanas marcam a história de Tel Aviv; uma delas tenta explicar por que a cidade nasceu "de costas para o mar". Conta-se que Meir Dizengoff teria dito ao arquiteto Joseph Minor que a zona industrial da cidade - não a residencial - é que deveria estar ao longo do mar, porque os judeus "não estão interessados em banhos de mar". Lenda ou não, o fato é que os primeiros terrenos comprados pelos fundadores eram distantes da orla marítima e isto acabou direcionando o crescimento geográfico do subúrbio. Uma ressalva: a postura de Dizengoff em relação à faixa litorânea mudou em 1922, quando, como prefeito, resolveu apoiar a construção do Cassino Galei Aviv, à beira-mar.

O crescimento urbano desorganizado era uma das preocupações dos fundadores de Tel Aviv. Assim, como presidente do Comitê Ahuzat Bayit e temendo especulação no preço das terras, Weiss sugeriu que se solicitassem fundos ao Keren Kaiemet LeIsrael, Fundo Nacional Judaico, para a compra da área ao redor do subúrbio. Seria uma forma de garantir a aplicação do planejamento urbano inicial e evitar a especulação imobiliária, como de fato aconteceu nos anos seguintes, quando os terrenos alcançaram preços vertiginosos. A idéia, no entanto, não foi aceita pelo Comitê.

À medida que novos subúrbios estabelecidos por diferentes grupos de imigrantes foram surgindo em volta de Tel Aviv, iam sendo incorporados à cidade. Esta integração levou ao fim do planejamento coerente de Tel Aviv, que se tornou uma junção de inúmeros subúrbios, cada um planejado de uma forma, com um perfil arquitetônico singular, ligados uns aos outros por uma rede de estradas e avenidas aleatórias, em um verdadeiro labirinto viário.

De subúrbio a município independente

Na primeira década do século 20, perseguições na Europa Oriental levaram novos imigrantes à então Palestina. Tel Aviv sentiu imediatamente o impacto, com o aumento de sua população e, conseqüentemente, dos preços das casas e dos terrenos. Quando eclodiu a 1ª Guerra Mundial, em 1914, a área de Tel Aviv era dez vezes maior do que a englobada originalmente pela Associação Ahuzat Bayit, com uma população superior a 2 mil pessoas.

A guerra trouxe consigo fome e miséria. Em todo o Império Otomano os que possuíam a cidadania foram convocados a se alistar no exército turco, inclusive os judeus e as outras minorias não-muçulmanas. Querendo deixar a população não-turca em estado de aterrorizada submissão, em dezembro de 1914, o governador de Jaffa ordenou a imediata expulsão dos judeus que não possuíam cidadania otomana.

Durante o ano de 1917 as condições do Ishuv (como era chamada a comunidade judaica em Eretz Israel) se tornam críticas. No fim de março daquele ano, vendo a ofensiva britânica que avançava até Jaffa, os turcos expulsam de Tel Aviv e Jaffa os judeus remanescentes. Eram considerados pró-aliados e, portanto, potenciais traidores. Em outubro daquele ano, o general britânico Edmund Allenby inicia sua invasão da então Palestina.

Com o término da guerra e a queda do Império Otomano, a região ficou sob Mandato Britânico. Em abril de 1921, quando Jaffa foi sacudida por violentos distúrbios anti-judaicos, a população de Tel Aviv era de 3.600 judeus. Durante três dias, atendendo apelo do Mufti de Jerusalém, Haj Amin Al-Husseini, as turbas árabes atacaram os judeus de Jaffa, queimando e saqueando suas propriedades. O resultado foram 43 judeus mortos e 200 feridos. A violência fez a população judaica abandonar a cidade portuária. Temendo novos conflitos, as autoridades britânicas decidiram separar a árabe Jaffa da judaica Tel Aviv, concedendo-lhe o status de município.

Maior cidade da então Palestina

As décadas de 1920 e 1930 foram excepcionais para o crescimento de Tel Aviv, que viu sua população passar de 16 mil, em 1924, para 46 mil, em 1929. O caráter judaico e a estrutura da cidade faziam desta um lugar atraente para as contínuas ondas de imigrantes que chegavam a Eretz Israel. A maioria dos 37 mil imigrantes que lá chegaram com a Terceira Aliá, entre 1919 e 1923, imbuídos do ideal kibutziano estabeleceram-se em comunidades agrícolas. No entanto, a partir de 1922, aumenta o número de imigrantes de classe média, tendência que cresceu nos dois anos seguintes com o fluxo de judeus poloneses vítimas do anti-semitismo e das restrições econômicas impostas pelo governo de seu país.

Poucos dos recém-chegados eram partidários de ideais sionistas trabalhistas ou almejavam construir sua nova vida trabalhando no campo. A maioria, pequenos comerciantes e empresários, acostumados com a vida urbana, estabeleceram-se nas cidades da então Palestina, onde criaram as bases da economia urbana do Ishuv. Jerusalém e Haifa viram duplicar suas respectivas populações; no entanto foi em Tel Aviv que se instalou grande parte deste contingente. No final de 1925, lembrado como o ano do boom demográfico, 40 mil pessoas viviam na cidade que, em poucos anos, transformara-se na maior da então Palestina. A partir dali o crescimento seguiu seu próprio impulso e, oito anos depois, o número tinha chegado a 75 mil habitantes, distribuídos em 5 mil casas. Às vésperas da 2ª Guerra Mundial, Tel Aviv já contava com 160 mil habitantes, todos judeus.

A década de 1920 testemunhou, também, o início da indústria judaica no Ishuv. A construção civil era o setor que mais empregos gerava. Em 1927, o setor absorvia 45% da mão de obra de Tel Aviv.

Símbolo de uma nova era

Construída pela iniciativa privada, a cidade se tornara uma espécie de laboratório para arquitetos judeus em busca de uma linguagem arquitetônica para expressar, na pedra, o seu sionismo. Em Tel Aviv, uma das cidades de mais alta taxa de crescimento no mundo, o estilo das construções mudava praticamente a cada década. Na primeira, as residências haviam sido construídas segundo os conceitos de "Cidades Jardins". Destinadas a uma única família, eram em pedra e circundadas por árvores frutíferas e muros baixos.

Quando o rápido crescimento transforma o ajardinado subúrbio residencial em centro urbano em contínua expansão, transforma-se, também, o estilo de construção. Inicialmente era acoplado um andar suplementar às construções existentes, mas logo começam a aparecer novos edifícios, de dois ou três andares. O estilo dessas edificações é "oriental-moderno", que alguns definem como "eclético" ou "fantasioso", por ser resultado da combinação das idéias modernas dos arquitetos de Tel Aviv, em sua maioria europeus, com os elementos orientais que refletem o retorno à Pátria. Assim, às linhas retas da Art Nouveau e Art Déco são acoplados elementos locais orientais, como arcos e pórticos com colunas, e adornos com temas judaicos.

Em 1924 o poeta Chaim Nachman Bialik se estabelece em Tel Aviv. Outros escritores, artistas e pintores seguiram seu exemplo, transformando a cidade no centro do ressurgimento da cultura hebraica, no mundo. Vindos de toda Europa, esses émigrés judeus criaram na então Palestina um ambiente culturalmente rico e sofisticado. Havia, no entanto, uma grande diferença - em tudo prevalecia a língua hebraica. Para eles, não havia a menor dúvida de que deviam, por todos os meios, fazer do hebraico o idioma do cotidiano, qualquer que fosse a esfera de uso - profissional, educacional, artística ou outra.

Tel Aviv se tornou, também, um centro de esportes. No ano de 1932 as Macabíadas foram realizadas, pela primeira vez, em Eretz Israel, no estádio de Tel Aviv, o primeiro a ser construído no país desde a época romana. Participaram 500 atletas judeus vindos de 23 países.

A maior preocupação da prefeitura da cidade continuava sendo seu crescimento desordenado. Em 1931, o urbanista escocês Sir Patrick Geddes é convidado a elaborar um Plano Diretor. Profissional respeitado, havia projetado o campus da Universidade Hebraica de Jerusalém, no Monte Scopus, e dirigido por algum tempo a Divisão de Planejamento Urbano da Organização Sionista Mundial. Juntamente com o arquiteto Richard Kauffmann, Geddes preparou um plano para Tel Aviv, acomodando a expansão de uma cidade de 40 mil habitantes para uma apta a acomodar 100 mil. Adepto da linha urbanística "Garden City", Geddes a planejou como uma cidade ajardinada, com edifícios que não ultrapassariam três ou quatro andares. Cada bloco residencial teria um pequeno jardim comum, além de pomar e horta. Como não era viável organizar os bairros mais antigos, Geddes decidiu trabalhar seguindo o desenvolvimento da cidade para o Norte, em direção ao rio Yarkon. O maior problema urbano era a conexão entre a artéria principal de tráfego e os blocos residenciais. Para solucioná-lo, criou longas estradas paralelas ao mar (ruas Yarkon, Ben-Yehuda e Dizengoff) e seis ruas no sentido Oeste-Leste, além de boulevards que convergiam às mesmas, em ângulo reto.

Nova onda migratória

No início de 1930, com o crescente anti-semitismo na Europa,uma nova onda de imigrantes busca refúgio na então Palestina. A maioria dos imigrantes desta Quinta Aliá ainda provinham da Europa Oriental, mas, entre os recém-chegados, já havia um número significativo de judeus de língua alemã, em fuga das perseguições na Alemanha de Hitler.

Com a chegada do novo contingente, os centros urbanos adquirem o aspecto de cidade moderna. Tel Aviv, que absorveu mais da metade dos novos imigrantes, era uma cidade cosmopolita, com restaurantes e cafés elegantes. Sua população metropolitana, incluindo Jaffa, cresceu de 53 mil, em 1931, para 70 mil, em 1935.

Entre os novos imigrantes havia inúmeros arquitetos europeus, adeptos do estilo "Bauhaus", também chamado de "Moderno Internacional", que, aos poucos, foram mudando o perfil arquitetônico da cidade. Os subúrbios ao Norte de Tel Aviv foram tomados por edifícios nesse estilo, em voga na Europa. Eram construções simples, funcionais e lineares, com tetos retos e paredes brancas. O sol e o calor de Eretz Israel levaram à introdução de algumas modificações arquitetônicas, como as varandas reentrantes e as janelas salientes, em vidro. A presença constante deste material, bem como das curvas de concreto e, sobretudo, da cor branca nas sacadas que enfeitam as construções garantem a leveza e a luminosidade desta parte da cidade. Daí, o título de "Cidade Branca" que lhe foi atribuído.

Em 1936, turbas islâmicas, mais uma vez instigadas por el-Husseini, Mufti de Jerusalém, atacam judeus dessa cidade e a violência varre todo o país. Em Jaffa, estivadores árabes convocam uma greve geral cujo objetivo era paralisar o porto e, conseqüentemente, a economia da cidade; e, sobretudo, fechar as portas a novos imigrantes judeus.

A população judaica da cidade pede permissão às autoridades britânicas para construir um novo porto em Tel Aviv. Os ingleses concordam. E, em 19 de maio de 1936, o primeiro navio atraca no novo porto, localizado na foz do rio Yarkon. O porto operou até 1965, quando foi desativado devido à abertura do porto de Ashdod.

O moderno Estado de Israel

Em 1941, apenas uma década depois do plano urbanístico de Sir Patrick Geddes, a população de Tel Aviv supera todas as projeções, atingindo a marca de 160 mil habitantes. No final da 2ª guerra, era uma das cidades mais modernas do Oriente Médio e, durante certo tempo funcionou como capital temporária do recém-criado Estado.

No dia 14 de maio de 1948, na antiga casa de Dizengoff, então parte do Museu de Arte de Tel Aviv, David Ben-Gurion lê a Declaração de Independência de Israel. No dia seguinte, os exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram o país, forçando Israel a defender a soberania que mal acabara de reconquistar em sua pátria ancestral. A guerra era a ampliação da luta que vinha ocorrendo entre os habitantes judeus da região e seus vizinhos árabes, desde a determinação da ONU sobre a Partilha da Palestina, em 29 de novembro de 1947. Nos primeiros dias de abril, após meses de constante ataque por parte de forças palestinas e voluntários vindos de vários países árabes, as forças judaicas realizaram inúmeras operações. Seu objetivo era garantir o controle sobre o território que, de acordo com a Partilha, seria destinado ao futuro Estado de Israel. A área de Jaffa e Tel Aviv foi palco da Operação Chametz. Realizada às vésperas de Pessach, tinha como objetivo capturar os vilarejos árabes a Leste de Jaffa. No dia 29 de abril, a maioria dos 70 mil árabes que viviam na área optam por deixar a cidade. No dia 13 de maio, Yaffo se rendeu.

Durante a Guerra de Independência, das nove brigadas que compunham as Forças de Defesa de Israel (FDI), duas foram destinadas à proteção de Tel Aviv. Quando Igal Yadin, então comandante das FDI, percebeu que a cidade era o alvo de uma brigada egípcia de 5 mil homens, que avançava pela estrada costeira que se estende de Gaza a Tel Aviv, destacou para defendê-la 2 mil homens da Brigada Sul. Para Yadin, a queda de Tel Aviv significaria a derrota de Israel. Ele, então, arrisca uma ofensiva tática. Em 29 de maio, seus soldados cercam as posições egípcias, atacando-as pela retaguarda e desnorteando os inimigos. Após este revés sofrido pelo exército egípcio, Tel Aviv não voltou a ser ameaçada.

Nova fase de expansão

Ao término do conflito, apesar de Jerusalém se tornar a capital de Israel, para onde foram transferidos parte dos serviços públicos, Tel Aviv continuou a abrigar a maioria das autarquias e agências públicas. Centro econômico do país, com uma população de 250 mil habitantes, Tel Aviv desabrochara espetacularmente; era uma das mais adiantadas e pujantes cidades do Oriente Médio.

A partir da década de 1950, a cidade passa por novo boom demográfico, já contando, em 1956, com pouco mais de um milhão de habitantes. As autoridades municipais enfrentam, então, o desafio contínuo de atender as demandas da população por moradia, educação, saúde e serviços públicos. Expandindo-se a Norte ao longo do rio Yarkon, começam a surgir prédios com até seis andares. Cada vez mais cosmopolita, enriquecida por imigrantes de vários países, Tel Aviv abre espaço para a boemia. A Praça Dizengoff é construída sobre a ampla avenida que leva seu nome, onde proliferam movimentados cafés.

Nas duas décadas seguintes, novos subúrbios são construídos a Norte do centro, praticamente impossibilitando a definição dos limites das cidades ao redor. Tel Aviv, Nahalat Yitzhak, Guivataim, Ramat Gan, Holon e Bat Yam formam um único bloco urbano, cercado por povoados como Ramat Hasharon, Petach Tikva, Or Yehuda, Yedu e Rishon Letzion. Durante os anos 1970 e 1980, as áreas ainda abertas passam a ser ocupadas por conjuntos habitacionais. Os edifícios são erguidos de forma desordenada, frente ao mar. O Norte de Tel Aviv se estende, aproximando-se de Herzlia e Ramat Hasharon.

Edifícios cada vez mais altos definem a paisagem urbana. Amplos shoppings substituem gradativamente as pequenas lojas de souvenirs e produtos típicos das principais avenidas do passado, como a Ben Yehuda. Na ampla avenida à beira-mar, ao lado de restaurantes e hotéis cada vez mais sofisticados, multiplicam-se as redes de lanchonetes fast-food e as cadeias locais de café conquistaram o paladar da população local e se tornaram parte das atrações turísticas da cidade.

Cidade Moderna

Tel Aviv, "A cidade que nunca pára", oferece os atrativos de uma grande metrópole. Margeada por amplas praias formadas pelas águas cristalinas do Mar Mediterrâneo, seus elegantes hotéis ao longo da avenida litorânea atraem um fluxo ininterrupto de visitantes, o ano inteiro.

Ao lado de monumentos históricos, Tel Aviv abriga atualmente importantes edifícios modernos, como a Bolsa de Diamantes, o Shopping Center Azrielli, um dos mais novos em Israel, com as duas torres mais altas do país; o Dizengoff Center e o Opera Tower; o Teatro Habima, um dos primeiros a serem construídos; o Museu da Diáspora (Beit Hatefutsot); e a Universidade de Tel Aviv - uma das quatro mais importantes de Israel.

Em parceria com órgãos nacionais, as autoridades municipais têm investido em projetos de recuperação da memória da cidade e preservação de seus prédios históricos. Em 2004, Tel Aviv foi escolhida pela Unesco como um dos 24 novos patrimônios históricos da humanidade, devido aos numerosos edifícios construídos segundo o estilo arquitetônico Bauhaus. Trata-se da cidade com mais exemplos da conceituada escola alemã, no mundo. No total, são 4 mil edifícios, construídos entre 1931 e 1956. Capital do "Mediterranean cool", como a chamou o The New York Times, assim a descreveu a revista Travel+Leisure: "Um afluxo de riqueza, cultura progressista e cozinha de classe mundial está dando nova forma a essa metrópole do Mediterrâneo". Para marcar seu 100º aniversário, neste ano de 2009, Tel Aviv está esquentando os motores para uma das maiores festas da história de Israel. As celebrações ocorrerão durante o ano inteiro, mas o kick-off será em 4 de abril, com um concerto que promete levar multidões à Praça Rabin, complementado por recursos multimídia e apresentações de astros internacionais, junto com a Nova Ópera Israelense e a Orquestra Filarmônica de Israel, sob a regência de Zubin Mehta.