Os bancos de dados cada vez mais atualizados sobre o Holocausto, somados às vantagens que a tecnologia da informação oferece, vêm permitindo escrever um final feliz para algumas trágicas histórias que ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial.

O reencontro dos irmãos Lazar e Leonid Sheiman, após uma separação de mais de 60 anos, no Yad Vashem, em Jerusalém, é um dos inúmeros exemplos disso. Por mais de meio século, Lazar e Leonid acreditavam ser, cada um, o único sobrevivente de uma família separada durante o Holocausto. Cada um acreditava que os nazistas ha-viam eliminado seus pais, três irmãos e uma irmã.

Os dois se haviam visto pela última vez em sua cidade natal, Tomaszov, na Polônia, em 1941. Há algumas semanas, pesquisadores do banco de dados do Yad Vashem sobre sobreviventes cruzaram informações sobre os Sheiman e descobriram que, além de serem irmãos, moravam a menos de uma hora de distância de carro. "Ele acreditava que era sozinho e eu pensava o mesmo", disse Lazar, 78, quando encontrou Leonid no Yad Vashem. Na mão, seguravam uma fotografia em branco e preto na qual apareciam seu pai, três irmãos e uma irmã; e outra, menor, da mãe.

Lazar conta que voltou para a Polônia logo depois da Segunda Guerra Mundial, emigrando para Israel em 1957. Leonid foi forçado a ficar na Ucrânia, onde trabalhou na área de construções. Cada um tentou desesperadamente localizar sua família, sem resultados.

Foi somente no início dos anos 90, com a mudança na política da então União Soviética, que permitiu a imigração dos judeus para Israel, que, motivado pela esposa Orit, começou a procurar informações sobre a família desaparecida. "Mal eu ouvia o nome Sheiman e já bombardeava as pessoas com perguntas para saber de onde vinham", lembra Orit. Em 1991, durante uma viagem a Jerusalém, ela insistiu para que Lazar registrasse seu sobrenome no Yad Vashem.

Leonid foi um dos milhares de imigrantes soviéticos que chegaram a Israel em 1995, mas jamais pensou em procurar algum parente, certo de que todos haviam morrido vítimas das perseguições nazistas. No entanto, um dia sua filha disse ter ouvido falar na escola sobre o programa de reunificação de famílias do Yad Vashem, estimulando-o a escrever para a instituição para se cadastrar. E o reencontro aconteceu.

Atualmente os dois irmãos se comunicam em russo, a única língua que Leonid fala. Seus cabelos ficaram grisalhos desde a última vez que se viram, mas seus sorrisos quase idênticos são sinais claros de que são irmãos.

Com o advento da Internet, os bancos de dados das instituições que procuram sobreviventes do Holocausto estão interligados, e em Israel aconteceram outros encontros emocionantes entre pessoas que pensavam ter perdido toda a família nas mãos dos carrascos de Hitler.

Baseado em artigo do Jewish Chronicle, 25 de agosto de 2000.