Mais do que um símbolo religioso de profundo significado para o judaísmo usado nas bênçãos de Rosh Hashaná e na época do Templo e em Shavuot, esta fruta mencionada na bíblia vem sendo pesquisada por cientistas israelenses. Estes estudos comprovam que a romã possui qualidades terapêuticas, podendo ser usada no tratamento de vária moléstias.

As propriedades medicinais da romã, até há pouco tempo, eram conhecidas apenas pelos interessados em mitologia ou em medicina chinesa antiga. De acordo com o herbário chinês, o suco de romã aumenta a longevidade. No Brasil, atualmente, um chá à base de casca de romã está sendo utilizado pelos seguidores da medicina alternativa como antibiótico natural.

A romã, cujas sementes e gosto meio ácido sempre foram apreciados como fruta, vem sendo, agora, considerada também uma moderna fonte medicinal. Cultivada na região do Mediterrâneo, Israel é um de seus grandes produtores, respondendo pela produção anual de três mil toneladas. Atualmente, dois estudiosos israelenses realizam pesquisas sobre tratamentos e produtos derivados da fruta. 

O dr. Michael Aviram está desenvolvendo sua pesquisa no Lipid Research Laboratory, do Ramban Medical Center, em Haifa, utilizando o suco de romã para combater o colesterol e os problemas cardíacos. Já Efraim Lansky realiza suas pesquisas na Rimonest, companhia fundada pelo Instituto Tecnológico de Israel – Technion, partindo da premissa de que o suco, a polpa e a casca da romã contêm propriedades que além de reduzir o colesterol, retardam o envelhecimento e talvez até levem à cura do câncer e da Aids.
Aviram, 53, é bioquímico no Technion. Ele dedicou os últimos vinte anos pesquisando formas de evitar ou eliminar os depósitos de colesterol nas artérias, o que causa arteriosclerose, distúrbios cardíacos e enfarte do miocárdio. Buscando antioxidantes naturais, o dr. Aviram testou vinte produtos diferentes antes da romã. Descobriu que o suco da fruta contém um poderoso antioxidante, um tipo de flavonóide mais eficiente na prevenção de problemas cardíacos do que o existente no tomate e no vinho tinto. 

Ele tem administrado o suco a seus pacientes com estenose nas artérias carótidas, isto é, um estreitamento nas artérias que levam o sangue ao cérebro, e os resultados foram rápidos e impressionantes. “Tenho visto melhoras desde o primeiro mês de tratamento”, afirmou Aviram.

O médico relata, em detalhes, a sua pesquisa, com a segurança adquirida ao longo de anos de experiência em um hospital de renomada reputação, doze diplomas e vários certificados. Conta que muitos pacientes de alto risco, sérios candidatos a implantes de ponte safena, conseguiram evitar a cirurgia apenas com o suco da romã. A única queixa que ouviu de alguns foi sobre a acidez da fruta. Atualmente Aviram está envolvido no projeto para isolar os flavonóides e transformá-los em pílulas. 

Efraim Lansky é o principal acionista e chefe da Divisão de Pesquisas da Rimonest, formado pela Universidade da Pensilvânia, com doutorado em psicologia e biologia, além de especialização em acupuntura e homeopatia.Afirma não estar interessado apenas no suco da romã, mas na fruta como um todo. Está fabricando o que denominou de “cardiogranado”, um suco concentrado que, segundo ele, ajuda a baixar o nível de colesterol. E, em breve, lançará também uma nova linha de cosméticos - cremes anti-envelhecimento, óleos para massagem e máscaras - usando estrógeno extraído da semente e da casca da romã. Em sua clínica homeopática, tem receitado o suco de romã em casos de febre e, em mulheres pós-menopáusicas, na prevenção de problemas cardíacos e osteoporose.

O Dr. Lansky acredita que esse seja um grande projeto farmacêutico, com inúmeras possibilidades, entre as quais, a cura do câncer de próstata, da leucemia, do herpes e até da Aids. Segundo o estudioso, a aplicação de vinho e óleo da semente nas células de certos tipos de câncer interrompe a reprodução das mesmas, evitando que a doença se espalhe. Lansky pretende iniciar, proximamente, mais uma fase da pesquisa, usando camundongos. 
Ao falar sobre os atuais rumos da indústria farmacêutica, de modo geral, o estudioso adverte que as pressões econômicas podem levar grande parte das empresas a interromper suas pesquisas. “Quem assistiu o filme ‘O homem do terno branco’, uma comédia inglesa estrelada por Alec Guinness, deve lembrar-se da história do homem que inventa um terno branco que não mancha e nem rasga e, por isso, a indústria têxtil quer matá-lo”, comenta, com ironia.

Enquanto Lansky refere-se à sua fruta predileta como uma espécie de “remédio milagroso”, Aviram é mais cauteloso ao afirmar que: “...não acredito que uma fruta faça tudo isso. Não há frutas milagrosas”. Referindo-se à pesquisa de Lansky, Aviram diz que a hora da verdade será quando o teste for feito em seres humanos. “É muito difícil dizer que este ou aquele trabalho será eficiente contra o câncer se seus resultados foram apenas analisados em provetas ou células”.

No entanto, Lansky está confiante e, para ilustrar, lembra a “Doutrina das Assinaturas”, “uma antiga referência de que o Criador teria deixado uma assinatura sobre as plantas, esclarecendo suas finalidades terapêuticas”. Diz isto, segurando uma romã em uma mão e abrindo, com a outra, um livro de medicina.

Bibliografia:
Baseado em artigo de Avigail Schwartz, no Jerusalem Report, janeiro de 2002

Romã, o rimon de Israel,
uma das sete espécies de frutos da Bíblia

Apesar de a Terra de Israel ser abençoada com muitas frutas, as sete espécies descritas no verso bíblico abaixo tinham um caráter especial, pois foram as “primícias” – ou os frutos da primeira colheita levadas ao Templo Sagrado, em Shavuot, e entregues como oferenda a D’us. Como tal, simbolizam Eretz Israel e a intensa ligação do Povo de Israel à sua terra: “... Pois o Senhor, teu D’us, levar-te-á a uma terra boa... de trigo e cevada, uvas e figos e romãs; uma terra de azeite e mel”.

A romã é uma fruta de cor vermelho escuro, com flores de uma tonalidade intensa, cujas sementes abundantes são o símbolo da fertilidade. É cantada em verso e prosa e uma antiga canção hebraica assim descreve o rimon: “O aroma da romãzeira está em toda parte, é transportado pelo vento do Mar Morto a Jericó...”

É um símbolo de muito significado para a vida judaica e os compromissos assumidos pelos judeus. Uma das sete frutas mencionadas na Torá, contém 613 sementes – uma para cada mitzvá da Lei judaica. A romã lembra-nos da ligação com nossa comunidade e de nosso compromisso com o tikun olam, a responsabilidade moral que cada judeu tem de consertar o mundo e aliviar o sofrimento onde quer que exista.

Em forma estilizada ou fielmente reproduzida, a romã adorna diversos objetos de culto judaico, entre os quais destacam-se os belos rimonim usados para guarnecer a extremidade de madeira dos rolos da Torá, os 200 rimonim de cobre que enfeitavam as vigas do Templo de Jerusalem e os rimonim que, alternando-se com os paamonim (pequenos sinos), decoravam a bainha do manto do Sumo Sacerdote.

Sempre esteve presente na literatura rabínica, em uma alusão a coisas boas. Rabi Shimon Ben Lakish costumava dizer: “Até os mais simplórios dentre os homens do teu povo estão transbordando com os Mandamentos Divinos, como uma romãzeira carregada. Ao dizermos ‘... quando as romãzeiras florescem’, referimo-nos aos meninos pequenos estudando a Torá, sentados enfileirados diante de seus mestres, como as sementes de uma romã acomodadas na polpa da fruta”. Shir HaShirim – Cântico dos Cânticos (Tratado Rabá 6, 17).