Em 21 de maio de 2001, em Los Angeles, o casal Roz e Jerry Rothstein reuniu-se com Esther Renzer e um pequeno grupo de lideranças judaicas locais para discutir formas de combater o antissemitismo enfrentado por jovens judeus universitários.

Era durante a Segunda Intifada e multiplicavam-se ações anti-Israel e antissemitas nos campi universitários norte-americanos. Em certas instituições, professores e palestrantes acadêmicos tendenciosos atacavam Israel e chegavam a defender ações violentas de grupos muçulmanos extremistas dentro e fora do Estado Judeu. Fora da sala de aula, os estudantes judeus também eram hostilizados.

O antissemitismo e sua atual faceta, o antissionismo, era visível e cada vez mais ousado, fortalecido pelas notícias do conflito árabe-israelense, muitas vezes repassadas fora de contexto e de forma errônea pela mídia.

Sem conhecimento histórico dos fatos, os universitários judeus, ou não, que quisessem debater as acusações falsas e o ódio, muitas vezes não tinham os argumentos para fazê-lo.  

Para contrapor o ódio gerado pelas calúnias e as desinformações sobre Israel, o melhor caminho seria reunir especialistas que explicassem o histórico da região, o contexto do conflito e o porquê das ações tomadas por Israel, com base em fatos verídicos e não suposições ou opiniões. Certas vezes, eram necessárias ações pontuais para defender o país e seus habitantes de atos violentos cometidos por grupos extremistas. Chegou-se à conclusão de que era necessário contratar experts para debater tais questões, apresentando os fatos históricos e sociológicos da região. Assim nascia a StandWithUs, com o intuito de ser uma voz ativa contra o antissemitismo e o antissionismo, em todas as suas formas, em todo o mundo.

A StandWithUs baseia-se na certeza de que o conhecimento dos fatos corrigirá os preconceitos comuns sobre o conflito árabe-israelense. Inicialmente, o trabalho foi direcionado a universitários, sendo logo depois expandido ao Ensino Médio. Hoje, a organização é voltada também à sociedade maior e mídias tradicionais e sociais.

A organização dedica-se a ensinar a história, geopolítica e cultura de Israel, além de narrar com isenção os fatos relacionados ao conflito árabe-israelense. Visa, através da educação, combater o extremismo e o antissemitismo. A disseminação de informação é feita por meio de panfletos, palestras, vídeos, conferências, missões a Israel, livros e milhares de páginas de conteúdo digital. Esse vasto material apresenta, de forma clara e pontual, muitas das questões levantadas pelos opositores de Israel e as responde, de forma assertiva e precisa, procurando dissipar o ódio.

Diante da necessidade de combater o persistente e cada vez mais sofisticado movimento global contra Israel - o qual é indissociável do antissemitismo -, a StandWithUs passou a contratar profissionais logo no primeiro ano de suas atividades. A organização cresceu bastante e se expandiu pelos cinco continentes e, hoje, conta com mais de 150 profissionais, além de milhares de voluntários.

A instituição tornou-se altamente respeitada no meio judaico e não judaico, fato que ajudou a alavancar campanhas importantes. Em 2019, por exemplo, a StandWithUs, junto com outras entidades, lançou uma campanha pelos direitos da enxadrista Liel Levitan. À época, a Federação Mundial de Xadrez (FIDE) havia concedido a realização dos jogos do campeonato de 2019 à Tunísia, país que não mantém relações diplomáticas com Israel. Devido à pressão internacional, o país aceitou conceder visto a Liel Levitan, enxadrista israelense de sete anos, assegurando sua participação na disputa.

Um exemplo recente foi a ativa participação da organização em informar e mobilizar as pessoas contra as medidas tomadas pela marca de sorvetes Ben & Jerry’s, do conglomerado Unilever. A empresa decidiu proibir a venda de seus produtos em qualquer território de Israel localizado fora das fronteiras do Estado em 1967, antes da Guerra dos Seis Dias. Esse posicionamento por parte da Ben & Jerry’s significa a proibição da venda de seus produtos inclusive em Jerusalém.

Em 2018, com a organização já em atividade em diversos países, como Canadá, Inglaterra, África do Sul, Austrália e Israel, decidi trazer a StandWithUs ao Brasil. Começamos pequenos, com apenas quatro funcionários. Hoje contamos com 16 profissionais e dezenas de voluntários. O trabalho da StandWithUS Brasil alcança milhões de pessoas, por meio das redes sociais, de veículos da grande imprensa e de programações em algumas das principais universidades brasileiras.

Desde 2018, já foram realizados eventos em mais de 35 universidades públicas e privadas, como a Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal Fluminense de Volta Redonda (UFF), Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/SP). Também foi criado o Laboratório de Estudos do Oriente Médio (LEOM), atualmente com sete unidades, em universidades do Rio Grande do Norte a Santa Catarina.

Realizamos também atividades em escolas de Ensino Fundamental e Médio, cursos para jornalistas e outras atividades em 16 estados nas cinco regiões brasileiras e no Distrito Federal. Fechamos parcerias com o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória (ES) e as escolas públicas de Cuiabá (MT).

No mundo todo, educação e comunicação são os pilares da instituição. A StandWithUs foi mencionada em mais de 25 mil artigos da imprensa e colaborou com 750 diferentes organizações pró-Israel. O Brasil segue o modelo da matriz. Organizamos nossos especialistas para darem entrevistas, palestras e publicarem artigos em veículos da grande imprensa, como CNN, GloboNews, Folha de S. Paulo, O Globo, CBN, entre outros.

Com a pandemia da Covid-19, o isolamento social e o cancelamento das atividades presenciais, novamente em consonância com a StandWithUs internacional, a StandWithUS Brasil se reinventou. Foram realizadas dezenas de lives e webinars com ilustres convidados em nossas plataformas digitais.

Em 2021, enfrentamos nosso maior desafio desde a fundação da organização no Brasil – quando algumas reportagens tendenciosas foram veiculadas durante o último conflito na Faixa de Gaza, entre os dias 10 e 20 de maio. Fomos uma presença forte e constante nas mídias tradicionais e sociais. Rapidamente traduzimos e lançamos conteúdo explicativo e vídeos a respeito do conflito. Demos entrevistas nos maiores canais de notícias, publicamos artigos e fizemos lives com formadores de opinião, atingindo milhões de pessoas.

Podemos afirmar que a StandWithUs Brasil se transformou em uma das maiores referências sobre Israel no Brasil. Levamos conhecimento aos nossos seguidores, ouvintes e alunos sobre a criação de Israel, as guerras na região e os atuais conflitos. Levamos a todos brasileiros, judeus e não judeus, conteúdo que contextualiza a realidade em Israel, sem deturpar os fatos e sem qualquer tipo de viés político ou ideológico. Estamos sempre prontos para explicar os pormenores da história de Israel, sem perder o compromisso com a integridade intelectual. Somos uma fonte segura e verídica de informação e reforçamos todos os dias nosso compromisso em proteger a imagem de Israel quando, pública e indevidamente, a mesma é atacada e desproporcionalmente colocada em evidência, muitas vezes com notícias deturpadas.

Temos orgulho de fazer parte da história de uma instituição educacional que, há duas décadas, atua em prol de Israel. E continuamos com a firme crença de que a educação é o caminho para a paz.

André Lajst é diretor executivo da StandWithUs Brasil